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O PLANEJAMENTO ECONÔMICO E A ARTICULAÇÃO REGIONAL *

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Academic year: 2021

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O PLANEJAMENTO ECONÔMICO E A ARTICULAÇÃO REGIONAL*

Lúcio Alcântara** Durante o dia de hoje estaremos dando continuidade aos debates que vêm sendo realizados desde o início do governo Lula sobre a reestruturação da SUDENE e das políticas de desenvolvimento regional no Brasil.

Esta nova rodada de debates está sendo organizado pelo INESP, presidido pela Professora Gina Pompeu, atendendo a requerimento dos deputados Chico Lopes, João Jaime e Luzianne Lins, aprovado em plenário.

Até maio de 2001, a SUDENE, mesmo esvaziada, era a mais importante agência de desenvolvimento regional no Brasil, pois era nominalmente responsável pela coordenação de qualquer instituição de governo operando no Nordeste, a região problema número um do país.

Como se sabe, a SUDENE também comandava uma razoável soma de recursos financeiros, administrando o FINOR (Fundo de Investimento do Nordeste), com alguma interferência no FNE (Fundo Constitucional do Nordeste).

Esse processo foi encerrado em maio de 2001, quando a SUDENE foi extinta, sob as acusações de corrupção e ineficiência, sendo criada em sua substituição, a ADENE (Agência de Desenvolvimento do Nordeste).

Depois de uma espera razoável, os diretores assumiram em agosto de 2002, mas a eles não foram dados os recursos humanos e financeiros para se montar até mesmo o aparato administrativo da instituição. Até agora a ADENE tem sido uma sigla, sem existência de fato.

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Pontos a serem desenvolvidos no Seminário SUDENE. Palestra: O Planejamento Econômico e a Articulação Regional. Assembléia Legislativa do Estado do Ceará. Fortaleza(CE), 02 de junho de 2003.

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A extinção do órgão de certa forma oficializou um estado de esvaziamento, que vinha se delineando desde a época do regime militar, quando perdeu a autonomia e a liderança política e intelectual que anteriormente detinha.

Condicionada pelos pressupostos que inspiraram a sua criação, a SUDENE teve sua imagem associada à idéia de desenvolvimento econômico, onde os empresários disputavam com os concorrentes, junto ao governo, pelas melhores condições possíveis com relação aos fatores básicos da produção, na tentativa de obterem vantagens comparativas. Partia-se do princípio que caberia ao Estado resolver os problemas da região, contando, quando possível, com a participação do empreendedor privado. Esta concepção deu margem a enorme teia de Políticas Públicas, Órgãos, Programas, Projetos, Linhas de Crédito e Financiamento, Campanhas, Planos de Emergência, etc.

Hoje, temos a absoluta necessidade de repensar esta estratégia, pois apesar da existência dos esforços para otimização dos recursos destinados ao Nordeste ao longo dos últimos 50 anos, manteve-se a distância que separa os indicadores de desenvolvimento econômico e sociais da Região Nordeste daqueles das regiões Sul e Sudeste, pois aconteceram equívocos na destinação e na finalidade dos fundos e dos incentivos.

Os empresários nordestinos, segundo alguns estudiosos, fixaram um modelo mental, de acordo com o modelo de gestão governamental adotado para a região, cujas características eram: (a) crescente e dramática dependência nos fatores básicos de produção fornecidos pelo governo, ou seja, o paternalismo estatal era uma das únicas fontes de desenvolvimento; (b) níveis mínimos, quando não inexistentes, de cooperação entre as empresas, pois estas tinham que competir para dispor dos benefícios governamentais, que, aliás, muitas vezes, eram cedidos devido a

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compromissos políticos; (c) baixa integração vertical; e, por último, a inexistência da visão estratégica necessária para fazer face à hiper-competitividade globalizada.

Nesta discussão que está prestes a se consolidar numa proposta real, que tem sido cobrada pelo Presidente da República, achamos que ela deveria conter alguns objetivos e estratégias, alguns dos quais, defendidos de longa data pela Professora Tânia Bacelar, Secretária Nacional de Política Regionais, que nos honra com a sua presença:

• Redução das Desigualdades Regionais: Eqüidade é a palavra chave neste caso. Este princípio se traduzirá numa luta sem trégua para reduzir a desigualdade entre as regiões, fazendo escolhas políticas de localização de investimentos públicos, a exemplo dos Estados Unidos que sediou sua indústria militar no sul do país. A localização da refinaria é um teste para o atual Governo.

• Eficiência e Competitividade: O projeto deverá prever mecanismos para orientar investimentos públicos e privados, no sentido de atingir maiores níveis de eficiência e competitividade, além de uma melhor distribuição no território. Recentemente nós lançamos novas regras de incentivos para empreendimentos, visando a redução da enorme concentração que se observa na Região Metropolitana de Fortaleza. • Guerra Fiscal entre os Estados: A ausência de uma política

regional que valha tem incentivado uma competição não saudável entre os estados, e em alguns casos, entre os municípios, resultando numa guerra fiscal. Com a ajuda do Governo Federal, o atual estado de coisas seria substituído por uma coordenação responsável e flexível das ações dos estados e municípios, sem eliminar, todavia, um certo grau de competição saudável que deverá continuar existindo.

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• Concentração de produção: É simpática a idéia de que o Governo Federal deva estimular a redução da concentração da riqueza e da produção, através do fortalecimento de vocações locais. A nova política regional, como pregam vários estudiosos, inclusive a Professora Tânia Bacelar, deverá tratar de modo diferente os vários tipos de sub-regiões, como por exemplo, as áreas dinâmicas, que estão indo bem e cuja capacidade produtiva é moderna e competitiva; as áreas em reestruturação, que eram ricas e competitivas, mas que estão mudando suas estruturas econômicas, embora continuem potencialmente competitivas, ou ainda as áreas estagnadas ou áreas subdesenvolvidas, todas com políticas próprias e diferenciadas. Para tratar desse tema, temos, no Ceará, a Secretaria de Desenvolvimento Regional e Local.

Torna-se ainda necessária a criação de um local de discussão e de decisão, com força política, que poderia ser o Conselho Nacional de Políticas Regionais, ligada à Presidência da República ou ao Ministério de Integração Nacional e, a exemplo da União Européia, a criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional.

Vale lembrar que a OECD e o Governo do Ceará realizaram, em dezembro de 2002, uma Conferência Internacional sobre Desenvolvimento Regional em Fortaleza, tendo como sede o Banco do Nordeste. Nesta Conferência, vimos como a ocupação homogênea do território é preocupação não só da União Européia, mas da China, Turquia, e outros países que têm adotado políticas muito afirmativas para o resgate de suas regiões periféricas.

Ao final, o que queremos neste novo arranjo, fruto de inúmeros debates, é que ele propicie a realização de uma profunda mudança cultural, já que os nordestinos mantêm a visão tradicional da prosperidade, onde

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recursos naturais e mão-de-obra barata são fatores determinantes da competitividade. A idéia é envolver todos os participantes das cadeias produtivas da região (empresas, instituições acadêmicas e governo, entre outros), num trabalho que possibilite um compromisso dos diversos atores com novas formas de ação. Só assim, a globalização e a competição poderão ser aceitas e acatadas, com a inovação sendo reconhecida como fonte importante de riqueza.

Referências

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