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Resumo. Palavras Chave: resíduos eletroeletrônicos; cadeia reversa; saúde e segurança no trabalho; sistema de gestão ambiental; normas técnicas

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Elaboração de normas técnicas para a cadeia reversa de eletroeletrônicos: o

caso da ABNT NBR 16156:2013 - Resíduos de equipamentos

eletroeletrônicos - Requisitos para atividade de manufatura reversa

Marcia Regina Ewald - Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer - CTI (marcia.ewald@cti.gov.br) Daniela da Gama e Silva Volpe Moreira de Moraes - Instituto Federal do Espírito Santo -

IFES (daniela.moraes@ifes.edu.br) Resumo

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010, motivou uma série de discussões e ações para definição dos modelos de negócio a serem adotados pelas organizações que participam da cadeia reversa de eletroeletrônicos.Uma das discussões está relacionada à garantia da correta destinação dos resíduos oriundos de equipamentos eletroeletrônicos, aliada à preocupação com as práticas adotadas pelas recicladoras de eletroeletrônicos que, muitas vezes, envolvem operações manuais e expõem os trabalhadores a substâncias perigosas. O questionamento feito era o de como qualificar uma operação da cadeia reversa e quais seriam os principais requisitos a serem avaliados, de maneira a eliminar possibilidades de destinações e processamento inadequados. A primeira resposta concreta foi dada com a publicação da norma ABNT NBR 16156: 2013 - Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos -Requisitos para atividade de manufatura reversa que foi estruturada como um sistema de gestão certificável. Este artigo tem como objetivo apresentar um histórico das principais discussões ocorridas durante a elaboração deste documento técnico normativo brasileiro, bem como os principais conceitos adotados para sua elaboração.

Palavras Chave: resíduos eletroeletrônicos; cadeia reversa; saúde e segurança no trabalho;

sistema de gestão ambiental; normas técnicas

1. Introdução

Os atuais hábitos de consumo da sociedade brasileira, a rápida obsolescência dos equipamentos eletroeletrônicos, aliadas a falta de legislação específica e de ações para orientação aos proprietários destes itens no que se refere à destinação correta do chamado “lixo” eletroeletrônico têm contribuído para que esses resíduos e suas partes e acessórios, tais como computadores, celulares e eletroportáteis em geral sejam descartados no lixo comum.

É conhecido que os equipamentos eletroeletrônicos podem possuir, dentre seus diversos materiais, metais pesados e outras substâncias altamente tóxicas, tais como mercúrio, cádmio, chumbo, retardantes de chamas polibromados, entre outras, que representam riscos à saúde daqueles que os manipulam, principalmente, quando estes resíduos são desmontados e tem suas partes internas expostas. Além disso, os resíduos eletroeletrônicos em contato com o solo podem poluir lençóis freáticos e, consequentemente, afetar a saúde humana (WONG et. al., 2007; NNOROM E OSIBANJO, 2008; SCHLUEP et. al., 2009; SEPULVEDA et. al., 2010;

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ONGONDO, WILLIAMS E CHERRETT, 2011; OLIVEIRA, BERNARDES E GERBASE, 2012; INFODEV, 2013).

A cadeia reversa dos eletroeletrônicos, que pode ser definida como o conjunto de organizações ou empresas, que isoladamente ou em sequência encadeada de procedimentos ou operações, coletam, armazenam, selecionam, processam, transferem ou praticam a manufatura reversa de resíduos eletroeletrônicos para fins de transformação, reinserção de materiais na cadeia produtiva e disposição final, tem um papel importante na solução deste problema.

As empresas envolvidas na cadeia reversa tratam os produtos eletroeletrônicos descartados realizando diversas operações que, em muitos casos, incluem processos manuais nas etapas de desmontagem, separação, descaracterização, trituração, compactação e embalagem, com objetivo de destinar estes materiais para empresas nacionais e internacionais que possuam

know-how tecnológico e responsabilidade ambiental.

O mercado nacional da cadeia reversa, que é vislumbrado a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010a) e regulamentada pelo Decreto nº 7.404 de 23 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2010b), traz consigo a possibilidade de instalação de novas unidades de reciclagem no território brasileiro, assim como indica para a necessidade de elaboração de documentos operacionais e técnicos que promovam o crescimento desta indústria com foco na sustentabilidade de suas operações.

Como resposta a esta necessidade, em março de 2013, foi publicada a norma ABNT NBR 16156:2013 – Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos – Requisitos para atividade de manufatura reversa (ABNT, 2013), que estabelece requisitos para proteção ao meio ambiente e para o controle dos riscos de segurança e saúde no trabalho na atividade de manufatura reversa, sendo aplicável a organizações que realizam atividades de manufatura reversa de resíduos eletroeletrônicos como atividade fim.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a publicação da ABNT NBR 16156 é um “grande passo para assegurar a qualidade dos processos, sem causar danos aos trabalhadores, garantindo a segurança dos dados e a propriedade intelectual dos equipamentos” (MDIC, 2013). Além disso, o MDIC destaca que a iniciativa coloca o Brasil “em posição de competitividade com países desenvolvidos”.

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Considerando a participação direta das autoras na elaboração do documento técnico normativo brasileiro, o artigo tem como objetivo apresentar o histórico e os principais conceitos adotados para sua elaboração.

2. Motivadores para a elaboração do projeto de norma relacionado à cadeia reversa de eletroeletrônicos

A ABNT NBR 16156:2013 (ABNT, 2013) está em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que introduz em nossa legislação ambiental o principio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e o instrumento da logística reversa.

Segundo esta legislação, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é definida como “conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos” (Lei 12.305/2010, Art.3º, XVII) (BRASIL, 2010a) e a logística reversa é definida como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” (Lei 12.305/2010, Art.3º, XII) (BRASIL, 2010a).

Levando em consideração a complexidade das atividades da cadeia reversa, as questões relacionadas à responsabilidade compartilhada, a obrigatoriedade da estruturação e implementação de sistemas de logística reversa para produtos eletroeletrônicos e seus componentes, prevista na PNRS, a Comissão de Estudo de Normalização ambiental para produtos e sistemas elétricos e eletrônicos do ABNT/CB-03 – Comitê Brasileiro de Eletricidade (CE- 03:111.01) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), considerou importante a estruturação dos requisitos do documento como um sistema de gestão, permitindo, assim, uma possível certificação das organizações da cadeia reversa.

A ABNT NBR 16156:2013 (ABNT, 2013) traz como pilares a proteção ao meio ambiente, a proteção à saúde e segurança do trabalhador envolvido nas atividades da cadeia reversa, a proteção dos dados de usuários que, eventualmente, estejam gravados nestes resíduos, assim

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como, a proteção a marca do fabricante e a rastreabilidade. A Figura 1 ilustra os pilares considerados na elaboração da norma.

Figura 1 – Principais conceitos considerados na elaboração da norma ABNT NBR 16156:2013

3. Histórico da elaboração do documento normativo

Durante a concepção do documento, algumas referências internacionais foram estudadas, dentre elas normas ISO (International Organization for Standardization), normas IEC (International Electrotechnical Commission) e normas de associações de organizações relacionadas ao desempenho ambiental e à saúde e segurança do trabalhador nos processos de reciclagem, conforme demonstrado na Tabela 1, além de portarias do Ministério do Trabalho e Emprego.

O consenso para a redação do texto inicial, encaminhado para estudo pela Comissão de Estudos da ABNT, foi o de levar em consideração a criação de um documento de fácil compreensão pelo mercado (operadores da cadeia reversa, consumidores dos serviços da cadeia reversa e sociedade), onde fosse possível a utilização de ferramentas e conceitos de sistemas de gestão reconhecidos e utilizados largamente por empresas que implementam sistemas de gestão nas organizações. Também foi considerada a importância da inclusão de requisitos técnicos de apoio ao cumprimento da PNRS, bem como, a inclusão de requisitos que estivessem de acordo

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com as boas práticas relacionadas à proteção do meio ambiente e à saúde e segurança do trabalhador.

TABELA 1 – Referências estudadas para a elaboração do texto de estudo para o projeto de norma publicado como ABNT NBR 16156:2013

Documento Origem Descrição

ABNT NBR

ISO 14001

Internacional

Norma de sistema de gestão ambiental que auxilia organizações no planejamento, no monitoramento e na melhoria contínua de sua posição competitiva relacionada ao desempenho ambiental.

ABNT NBR

IEC 62474

Internacional Declaração de material para equipamentos eletroeletrônicos

RC 14001® EUA

Especificação técnica que combina elementos de desempenho ambiental, saúde e segurança da American Chemistry Council's (ACC) Responsible Care® (RC), em complemento com a ISO 14001.

RCMS EUA

Especificação técnica desenvolvida pela American Chemistry Council's (ACC) que define um processo de gerenciamento com atuação responsável dos riscos ambientais e de saúde e segurança ocupacional.

e-Stewards® EUA

Sistema de gestão ambiental e de saúde e segurança, desenvolvido pela Basel Action Network, com o propósito de auxiliar as organizações da cadeia de reciclagem de eletroeletrônicos no gerenciamento dos processos e exportação dos resíduos eletroeletrônicos.

Responsible

Recycling© (R2) EUA

Sistema de gestão ambiental e de saúde e segurança ocupacional que auxilia as organizações da cadeia de reciclagem de eletroeletrônicos. O sistema de gestão foi criado pela R2 Solutions.

Recycling Industry Operating

Standard® (RIOS)

EUA

Sistema integrado de gestão da qualidade, ambiental e de saúde e segurança ocupacional que auxilia no gerenciamento dos aspectos ambientais e de saúde e segurança ocupacional e na satisfação dos clientes nas operações da cadeia de reciclagem de eletroeletrônicos. O sistema de gestão foi criado pelo Institute of Scrap Recycling Industries, Inc.

OHSAS 18001 Inglaterra e

outros

Sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional que auxilia organizações na preservação da integridade, segurança e saúde dos seus colaboradores de forma responsável.

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Fonte: Elaborado pelos autores

Como resultado do estudo das referências internacionais, decidiu-se que a estrutura normativa seria baseada nos requisitos da ABNT NBR ISO 14001:2004 (ABNT, 2004), com inserções específicas relacionadas à saúde e segurança no trabalho e demais demandas conforme discutido acima.

Os trabalhos de elaboração da norma foram iniciados em julho de 2011, compondo as atividades da Comissão de Estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas, CE - 03:111.01 – Comissão de Estudo de Normalização Ambiental para Produtos e Sistemas Elétricos e Eletrônicos do ABNT/CB-03 – Comitê Brasileiro de Eletricidade, e foram encerradas em março de 2013 com a publicação do documento pela ABNT. Participaram da elaboração cerca de 80 pessoas ligadas às áreas de produção de eletroeletrônicos, reciclagem de resíduos, centros de pesquisa, academia e consultorias, distribuídas em 60 diferentes organizações.

4. Características do documento normativo e pontos de destaque

O escopo da norma ABNT NBR 16156:2013 estabelece requisitos para proteção ao meio ambiente e para o controle dos riscos de segurança e saúde no trabalho na atividade de manufatura reversa de resíduos eletroeletrônicos e é aplicável a organizações que realizam a atividade de manufatura reversa de resíduos eletroeletrônicos como atividade fim (ABNT, 2013).

Apesar da utilização de um texto base reconhecido para elaboração do documento, alguns desafios foram enfrentados pelos colaboradores da comissão de estudos, cabendo ressaltar a dificuldade para a definição de termos específicos relacionados à cadeia reversa de eletroeletrônicos. Alguns exemplos importantes são dados na Tabela 2.

TABELA 2 – Definições relacionadas a eletroeletrônicos segundo ABNT NBR 16156:2013

Item Termo Definição

3.12 equipamentos eletroeletrônicos

equipamentos, partes e peças cujo funcionamento adequado depende de correntes elétricas ou campos eletromagnéticos, bem como os equipamentos para geração, transmissão, transformação e medição

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dessas correntes e campos, podendo ser de uso doméstico, industrial, comercial e de serviços

NOTA São exemplos de equipamentos eletroeletrônicos: eletrodomésticos, equipamentos de informática e telecomunicações, equipamentos de iluminação, ferramentas eletroeletrônicas, brinquedos e equipamentos de esporte e lazer, equipamentos eletromédicos, instrumentos de monitoração e controle, dispensadores automáticos e outros.

3.29 resíduos eletroeletrônicos equipamentos eletroeletrônicos, partes e peças que chegaram ao final da sua vida útil ou o uso foi descontinuado

3.10 resíduo eletroeletrônico perigoso

resíduo eletroeletrônico cuja composição é desconhecida ou que, em função de suas propriedades físicas ou químicas, pode apresentar: a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices;

b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada.

E que são construídos, contêm ou são derivados em todo ou em parte das substâncias ou elementos químicos ou grupos classificados como perigosos, conforme ABNT NBR 10004:2004 e a base de dados da IEC 62474, ou assim classificados por outros regulamentos aplicáveis.

3.17 Descaracterização processo que visa proteger a marca e as informações da empresa ou usuário contratante que possam estar contidas nos resíduos eletroeletrônicos, tais como selos de patrimônio, logotipos e dados eletrônicos

Fonte: Elaborado pelos autores

Quanto aos requisitos específicos acrescidos ao texto base da ABNT NBR ISO 14001, além da inclusão do termo “segurança e saúde no trabalho” em vários itens do documento, promovendo uma integração dos pilares conceituais como, por exemplo, no item 4.3.1. -aspectos ambientais e de segurança no trabalho-, também foram acrescidos requisitos de especial importância, resultado das necessidades para a operação da cadeia reversa de eletroeletrônicos que são descritos abaixo.

A ABNT NBR 16156:2013 determina em seus requisitos gerais, item 4.1, que a organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e continuamente melhorar um sistema de

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gestão para resíduos eletroeletrônicos, demonstrando claramente o uso do conceito ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action) (CAMPOS, 1994). Ainda no item 4.1 é determinado que a organização deve definir e documentar o escopo de seu sistema de gestão para resíduos eletroeletrônicos.

O papel da Alta Administração é de grande importância, pois conforme o item 4.2 este deve definir a política ambiental e de saúde e segurança no trabalho (SST) da organização e, assegurar que, dentro do escopo definido de seu sistema de gestão para resíduos eletroeletrônicos, a política: seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais e de SST de suas atividades, produtos e serviços; inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição e de SST; inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização que se relacionem a seus aspectos ambientais; forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas ambientais e de SST; garanta o compromisso com o balanço de massa de todos os resíduos eletroeletrônicos até sua destinação ambientalmente adequada; garanta o compromisso com o gerenciamento de partes e peças e materiais que possam conter resíduos eletroeletrônicos perigosos; garanta o compromisso com a descaracterização; seja documentada, implementada e mantida; seja comunicada periodicamente a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome, e esteja disponível para o público.

Quanto aos aspectos ambientais e de segurança e saúde no trabalho, descritos no item 4.3.1, a empresa deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para: identificar os aspectos ambientais e de segurança e saúde no trabalho de suas atividades, produtos e serviços, dentro do escopo definido de seu sistema de gestão para resíduos eletroeletrônicos, que a organização possa controlar e aqueles que ela possa influenciar, levando em consideração os desenvolvimentos novos ou planejados, as atividades, produtos e serviços novos ou modificados; e determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente e de SST.

Um ponto importante é que conforme o item 4.4.6.3, a organização deve assegurar o gerenciamento dos resíduos eletroeletrônicos perigosos no local de trabalho com as práticas e procedimentos que garantam a proteção ao meio ambiente e a segurança e saúde no trabalho. Todas as partes e peças a serem recicladas e seus subprodutos devem ser agrupadas por tipo, armazenadas, identificadas, transportadas e gerenciadas de modo a atender à legislação vigente. Os procedimentos documentados devem ser determinados para que seja garantido no mínimo

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o seguinte: a proteção às intempéries; a minimização de derramamentos acidentais ou quebras; e a segurança contra a entrada de pessoas não autorizadas.

As principais inovações do texto normativo estão relacionadas ao item 4.4.6 e as particularidades são apresentadas na Tabela 3.

TABELA 3 – Principais inovações do texto normativo

Item Inovação em relação ao texto base

4.4.6.1 Saúde e segurança no local de trabalho

- estabelecimento, implementação e manutenção de planos e procedimentos para eliminar a exposição aos materiais ou substâncias perigosas no local do trabalho, tanto provenientes de resíduos eletroeletrônicos como de insumos de operações

- condução de inspeções de segurança

- implementação de programa de prevenção de acidentes de trabalho, independentemente do número de trabalhadores na organização.

- estabelecimento de procedimentos de limpeza do local de trabalho para minimizar as exposições, tanto dos trabalhadores quanto para seus familiares.

- estabelecimento de planos para resposta a situações de emergência - utilização de laboratórios acreditados para todas as análises biológicas 4.4.6.2 Descaracterização Disponibilização do serviço de descaracterização realizado nas instalações

das organizações ou por terceirizados 4.4.6.3 Gerenciamento de

resíduos eletroeletrônicos perigosos

Garantia da proteção contra derramentos ou quebras acidentais, exposição às intempéries e segurança contra acesso aos resíduos de pessoas não autorizadas.

4.4.6.4 Rastreabilidade Garantia da rastreabilidade desde o recebimento do resíduo até destinação ou disposição final

4.4.6.5 Reciclagem e disposição final

Garantia de utilização de instalações licenciadas para a reciclagem

4.4.6.6 Plano de encerramento da organização

Estabelecimento de plano para encerramento das atividades da cadeia reversa na organização

Fonte: Elaborado pelos autores

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Por força da Política Nacional de Resíduos Sólidos, os produtos obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, como o caso dos produtos eletroeletrônicos e seus componentes (Lei 12.305/2010, Art.33, VI), deverão retornar aos fabricantes/importadores que serão responsáveis por dar uma destinação ambientalmente correta.

Como resultado, os resíduos eletroeletrônicos passam a ser vistos como commodities, podendo ser utilizados peças e componentes reaproveitáveis desses resíduos, além de matéria prima secundária (proveniente da reciclagem), possibilitando, assim, a reinserção de materiais ao setor empresarial, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos.

Existem várias opções para o modelo de negócio a ser adotado pelos fabricantes responsáveis pela destinação dos resíduos eletroeletrônicos, citando entre eles, a realização das operações de reciclagem pelo próprio fabricante, a contratação de empresas recicladoras ou a contratação de gestores da cadeia reversa. Esta escolha pode não ser restrita a um único modelo e dependerá basicamente de um estudo de viabilidade econômica.

Qualquer que seja a opção adotada, sempre será necessária a aplicação de parte ou todos os conceitos e requisitos explicitados na norma publicada, tanto para a elaboração de procedimentos internos dos fabricantes que adotaram a opção de realizar a reciclagem internamente, quanto para qualificar seus parceiros comerciais que realizarão esta tarefa.

O interesse primordial do fabricante é evitar sanções oriundas da responsabilização, contratando recicladores capazes de realizar as operações de forma competente e consistente e o interesse dos recicladores/agentes de manufatura reversa é demonstrar diferenciação com os concorrentes.

Pelo exposto, é observado que os fabricantes de eletroeletrônicos e as organizações da cadeia reversa de eletroeletrônicos, especialmente as que estão sendo constituídas após a PNRS, iniciaram imediatamente após a publicação da norma, os processos de implementação ou adequação com o objetivo de receberem auditorias e/ou certificação em um curto prazo.

6. Conclusão

As questões relacionadas ao tratamento e destinação dos resíduos eletroeletrônicos têm promovido a publicação de regulamentações tanto no Brasil como em vários países do mundo. Como consequência destas regulamentações, é percebida a necessidade da elaboração de documentos de apoio técnico para suporte das operações da cadeia reversa, de maneira que seja

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garantida e facilmente verificada a correta destinação dos resíduos e o compromisso com a saúde e segurança dos trabalhadores envolvidos.

As discussões para elaboração destes documentos devem, preferencialmente, ser amplas e com a participação de todos os envolvidos nas operações e, quando possível, devem ter como base os documentos nacionais e internacionais já conhecidos e aplicados.

A elaboração de um documento com diretrizes para a cadeira reversa de eletroeletrônicos, apoiado pelos diversos segmentos, proporciona uma expectativa de rápida aplicação e a possibilidade de elaboração de outros documentos normativos mais específicos e voltados às operações dessa cadeia.

Um ambiente positivo foi proporcionado para a publicação da norma ABNT NBR 16156:2013, de forma que todas as premissas consideradas acima puderam ser observadas e atendidas. Desta forma, pode-se concluir que a cadeia reversa de eletroeletrônicos está preparada e madura para a elaboração e implantação deste e de novos documentos que o mercado considerar necessários e que tenham a finalidade de tornar a atividade relacionada aos resíduos eletroeletrônicos eficiente, competitiva e sustentável.

REFERÊNCIAS

ABNT NBR ISO 14001. Sistema de gestão ambiental – Requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro, 2004. ABNT NBR 10004. Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

ABNT NBR ISO 9000. Sistema de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2005. ABNT NBR 18801. Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho – Requisitos. Rio de Janeiro, 2010. ABNT NBR IEC 62474. Declaração de material para equipamentos eletroeletrônicos. Rio de Janeiro, 2012. ABNT NBR 16156. Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos — Requisitos para atividade de manufatura

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BRASIL (2010b). Decreto Federal nº 7404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa e dá outras providências.

CAMPOS, V. F. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1994.

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MDIC- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. ABNT lança norma técnica para

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