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BACIA DO RIO NOVO: UM ESTUDO MORFOMÉTRICO, QUALITATIVO E QUANTITATIVO

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BACIA DO RIO NOVO: UM ESTUDO MORFOMÉTRICO, QUALITATIVO E

QUANTITATIVO

Benedito, Yago Vinícius Motta 1*

Fagundes, Pedro Barreiros Silva de Souza1

Nicolau, Guilherme Bento 1

Ribeiro, Celso Bandeira de Melo2

1 Estudante de Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária, UFJF 2 Professor orientador, Engenharia Ambiental e Sanitária, UFJF

* yago.motta@engenharia.ufjf.br

RESUMO

As recentes discussões sobre o correto e adequado gerenciamento das águas para seus respectivos fins vêm sendo realizadas de forma concisa principalmente devido às crises hídricas ocorridas nos últimos anos ocasionadas pelas mudanças climáticas e o aumento do uso, principalmente no que tange ao abastecimento público e industrial. Neste cenário, a utilização das bacias como unidade de gerenciamento dos recursos hídricos tem atraído cada vez mais a atenção para a necessidade de planejamento integrado dessas regiões, na tomada de decisões. Para tal, faz-se necessário conhecer bem a bacia a fim de tirar proveito de suas características e utilizá-las da melhor forma visando alcançar a sustentabilidade. Dessa maneira, este trabalho traz uma caracterização da bacia do rio Novo, localizada na Zona da Mata do estado de Minas Gerais e apresenta suas características morfométricas, suas vazões de referência e o estado da qualidade da água, a fim de ajudar as tomadas de decisão desta região. Obteve-se um Coeficiente de Compacidade de 2,38 e um fator de forma de 0,101, além do índice de sinuosidade igual a 1,4. Além disso, foi possível a geração de cartas de declividade e cobertura do solo, as quais auxiliaram na leitura e interpretação de dados do estudo. Quanto à qualidade da água, foi encontrada a classificação média.

Palavras chave: vazão, qualidade da água e recursos hídricos INTRODUÇÃO

A crescente preocupação com a disponibilidade hídrica, sobretudo com os evidentes cenários de estresse hídrico no país nos últimos anos destacou a necessidade de melhoria na atual gestão dos recursos hídricos em vigor em todas as bacias hidrográficas, desde as maiores até as menores. O gerenciamento na escala de bacia tornou-se uma abordagem cada vez mais popular e inovadora para o gerenciamento desses recursos (Michaels e Kenney, 2000), contudo apresenta ainda muitas fragilidades, as quais tornaram-se evidentes em meio às crises enfrentadas. Para isto, recorreu-se a diversas estratégias, muitas delas insuficientes para atender as reais prioridades estabelecidas pela Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH,1997).

A bacia hidrográfica é uma área natural de captação da água da chuva em que o escoamento aponta para um único ponto de saída, o exutório. A bacia hidrográfica pode ser então considerada um ente sistêmico, onde acontecem os balanços de entrada e saída de água, permitindo que sejam definidas bacias e sub-bacias, cuja interligação ocorre pelos sistemas hídricos (Porto e Porto, 2008). Já a PNRH define bacia hidrográfica como uma unidade territorial para implementação da política e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Brasil, 1997).

Para análises ambientais e hidrológicas de uma bacia, um dos procedimentos mais comuns é a realização da caracterização morfométrica da bacia, a qual tem como objetivo o melhor entendimento da dinâmica ambiental local e regional. A combinação dos diversos dados morfométricos permite a diferenciação de áreas homogêneas, e os parâmetros morfométricos fornecem indicadores físicos específicos para um determinado local, facilitando a qualificação de alterações ambientais. São também importantes para demonstrar vulnerabilidade destas unidades (Teodoro et al., 2015).

Adicionalmente, para um eficiente planejamento de recursos hídricos é de suma importância conhecer a distribuição temporal e espacial das vazões do curso d’água estudado. As vazões de referência são utilizadas para análises de outorga de direito de uso da água, enquadramento dos cursos de água segundo classes de uso e licenciamento ambiental, sendo, todos esses, procedimentos que visam a proteção dos rios (Zucco et al. 2012). No

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entanto, ainda não há um consenso a respeito de qual tipo de vazão é mais adequada para atender um gerenciamento ideal da bacia, seja por parte ambiental e ecológica, seja no quesito de abastecimento industrial e da população. Esta é, sem dúvidas, um dos pontos frágeis ainda em discussão no processo de gerência.

Na busca de retratar a realidade da bacia levando em conta a realidade nacional exposta anteriormente, este apresenta a realidade da bacia do rio Novo, através de parâmetros e índices utilizados amplamente nas literaturas, assim como vem discutir e apresentar resultados quanto às vazões de referência. O estudo retrata ainda a situação da qualidade da água da bacia, relacionando todas as informações obtidas na mesma análise como quesitos de vital importância no entendimento dos processos ambientais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento do presente estudo foram levantados dados relativos à bacia do rio Novo com rio homônimo como principal, uma sub-bacia dos rios Pomba e Muriaé. As cidades principais que compõem a bacia referida são Cataguases (exutório da bacia), Descoberto, São João Nepomuceno, Rio Novo, Goianá, Piau e Coronel Pacheco, dentre outras (Brasil, 2018). Ambas cidades se encontram na Zona da Mata Mineira. A figura 1 mostra a localização da área de estudo.

Figura 1: Mapa Índice - Bacia Hidrográfica do Rio Novo no Estado de Minas Gerais

Análise morfométrica

Para auxiliar a caracterização da bacia hidrográfica do rio Novo, utilizou-se o software ArcGIS, versão 10.3, com o qual foi possível tratar áreas, mapas, shapefiles e outros materiais com informações pertinentes ao estudo. Recorreu-se ao sistema Earth Explorer para a obtenção do MDE da região, com precisão de trinta metros. Os modelos de elevação digital (MDE) são comumente usados para descrever a geometria 3D da superfície da Terra para diversas aplicações, como caracterização de ocupação do solo, modelagem hidrológica e avaliação de risco geológico. Para uma base de dados em nível global, os MDE mais utilizados são os gerados pelo SRTM (Shuttle

Radar Topography Mission), o qual fornece um MDE homogêneo com pixel de aproximadamente 90 metros

(Polidori et al, 2014). De posse dessas informações, foi possível encontrar os dados descritos nos itens subsequentes.

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Ainda nesta etapa, foi necessário obter dados importantes para o prosseguimento das análises. Realizou-se o

download de Shapefiles e Rasters referentes às regiões a serem trabalhadas (Bacia 5) no sistema HidroWeb da

Agência Nacional de Águas (ANA), materiais que trouxeram as informações quanto à hidrografia, municípios, estações fluviométricas e estações de qualidade da água, por exemplo.

Para a análise morfométrica da bacia, recorreu-se aos parâmetros expostos no quadro 1.

Quadro 1: Parâmetros utilizados na análise morfométrica da bacia do rio Novo

PARÂMETRO FÓRMULA LEGENDA SIGNIFICADO

Densidade de Drenagem (D) ∑

L: Soma dos trechos fluviais da bacia (m)

A: Área (m²)

Distribuição das áreas molhadas na bacia Índice de Sinuosidade do rio

principal (i)

Lt: Comprimento do rio principal (m) L: Distância em linha reta da nascente

à foz (m).

Retilinearidade do rio principal

Coeficiente de Compacidade (Kc) 0,2 ∗ 8P: Perímetro (km) A: Área (km²)

Relaciona a forma da bacia com um círculo

Fator de Forma (Kf) Kf =

′′2

A: Área da bacia (km²) L’’: Comprimento axial da bacia (km).

Relaciona a forma da bacia com um quadrado

Além dos parâmetros acima explicitados, recorreu-se à área e ao perímetro através das ferramentas do ArcGIS. Para tal, foi necessário criar um modelo de escoamento com as ferramentas Mosaic, Flow Direction, Flow

Accumulation e Watershed. As informações foram obtidas pela tabela de atributos após as correções

devidas. Ainda através destes mecanismos, foi possível determinar a ordem dos cursos d’água da bacia através do método de Strahler, assim como obter a curva hipsométrica. Os dados de uso e ocupação do solo foram obtidos através de classificação supervisionada, pelo método da máxima verossimilhança, utilizando imagens do software Google Earth, sendo que o processamento da imagem foi realizado no software ArcGIS, versão 10.3. A análise quanto o tipo de solo, foi realizada com a mesma ferramenta, através de uma carta de solos disponibilizada pela Embrapa contendo todo o mapa do estado de Minas Gerais.

Para cálculo da declividade média do rio Novo, utilizou-se da metodologia da declividade S1085, a qual é obtida a partir da divisão da diferença de altura a 10% e 85% do comprimento do curso d’água por 75% do comprimento do curso d’água (UFV, 2016).

Vazões de referência

Para o cálculo das vazões, foram retirados dados necessários de uma série histórica de dez anos de registros do site Hidroweb. A estação fluviométrica escolhida foi a de número 58755000, referente à bacia do rio Novo, e a partir das vazões diárias dos últimos dez anos foram calculadas as vazões de referência Q90, Q95, e Q7,10 com a utilização do programa Excel. As vazões diárias do período referente aos anos compreendidos entre 2007 e 2016 foram ordenadas em ordem cronológica a fim de facilitar os cálculos.

Todas as vazões medidas durante os dez anos foram organizadas na ordem decrescente e contabilizadas em número de anos com dados disponibilizados para a análise, um número de ordem foi atribuído a cada uma sendo m = 1 para a maior vazão e m = N para a menor vazão. A partir destes, foram calculadas as probabilidades de ocorrência para cada uma das vazões por meio do cálculo da probabilidade de ocorrência da vazão (quadro 2). A partir dos resultados encontrados para as probabilidades, foi gerado um gráfico de Ocorrência x Vazão, denominado de Curva de Permanência, de onde foram retirados os valores de Q90 e Q95. Para determinação da vazão média de longo período ( ), ou seja, a vazão média das médias anuais, foram calculadas as médias anuais para os dez anos em estudo, que de acordo com Martins e Alexandre (2005), caracteriza a maior vazão possível de ser regularizada em uma bacia.

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Foi utilizado o modelo de Weibull (Quadro 2) para o cálculo da vazão mínima média de sete dias de duração com período de retorno de 10 anos (Q7,10). Foram calculadas a vazões diárias médias a cada sete dias do período dos dez anos e, a partir delas, foi determinada a vazão mínima de sete dias (Q7) para cada ano. Essas foram colocadas em ordem crescente.

Quadro 2: Métodos utilizados na determinação das vazões da bacia do rio Novo

MÉTODO FÓRMULA LEGENDA

Probabilidade de ocorrência

para cada vazão (P) P= mN

M: Número de ordem da vazão N: Números de anos

Método de Weibull XT=β. [-ln ( 1- 1

) ](1/α) XT : Vazão pelo método de Weibull

Tr: Tempo de retorno N: Número de anos estudados

m: Número de ordem para vazões médias a cada sete dias anuais

α: Coeficiente

Qualidade da água

Para a análise da qualidade da água do rio Novo foram utilizados os dados referentes ao relatório do 1º trimestre de 2017 em função do monitoramento da qualidade das águas superficiais no estado de Minas Gerais gerado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Água (IGAM). Neste estudo, é apresentado o resultado de alguns parâmetros sobre a qualidade da água dos rios e uma análise em relação aos padrões permitidos na Deliberação Normativa COPAM 01/2008 para cursos d’água de classe 2, a qual o rio Novo pertence. Para avaliar a situação, o relatório levou em conta, além dos parâmetros de monitoramentos, alguns indicadores, sendo alguns deles: Índice de Qualidade da água (IQA), Contaminação por Tóxicos (CT) e Índice de Estado Trófico (IET), na justificativa destes itens serem ferramentas importantes na colaboração e construção de um sistema de suporte à tomada de decisões de uma bacia hidrográfica, principalmente quanto ao IQA (Silva, 2006). A partir dos dados apresentados no relatório, foi feita uma análise e uma comparação com a DN COPAM 01/2008.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Análise morfométrica

Quanto à análise morfométrica da bacia do rio Novo, encontrou-se os seguintes resultados exemplificados no quadro 3. Além dos resultados obtidos neste quadro, foi encontrado pelo método de Strahler a classificação da bacia como sendo de 5ª ordem.

Quadro 3: Resultados dos parâmetros morfométricos da bacia do rio Novo.

PARÂMETRO RESULTADOS

Área 1974,92 km²

Perímetro 377,22 km

Densidade de Drenagem 0,79 km/km²

Índice de Sinuosidade do rio

principal 1,4

Coeficiente de Compacidade 2,38

Fator de Forma 0,101

Declividade média da bacia 14,17% ou 6,38°

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O coeficiente de compacidade relaciona a forma da bacia com um círculo. De acordo com Villela e Mattos (1975), este índice é um número adimensional que varia com a forma da bacia, independentemente de seu tamanho. Sendo assim, um coeficiente próximo a 1 corresponde a uma bacia circular, enquanto para coeficientes maiores que um corresponde a uma bacia alongada, quanto mais afastado de 1, mais alongada é a bacia. A bacia do rio Novo possui valor bastante afastado de 1, o que implica em uma forma mais alongada da bacia, com consequente maior tempo de concentração e menor tendência a picos de enchente.

O fator de forma (Kf) relaciona a forma da bacia com um retângulo. Segundo Villela e Mattos (1975), uma bacia com Kf baixo é menos suscetível a enchentes do que uma outra bacia com fator de forma maior. Assim, o valor encontrado no presente estudo reafirma a baixa tendência a picos de enchentes.

O índice de sinuosidade é a relação entre o comprimento do rio principal e a distância vetorial do mesmo, o qual pode expressar a velocidade de escoamento do rio principal - quanto maior a sinuosidade, menor a velocidade de escoamento, uma vez que maior será a dificuldade de se atingir o exutório. Segundo Freitas (1952), índices de sinuosidade entre 1 e 2 indicam formas transicionais entre retilíneos e super sinuosos, como é o caso do rio Novo (I = 1,4).

A declividade do terreno consiste entre variação de altitude entre dois pontos do terreno e a distância horizontal que os separa. De acordo com a classificação de relevo pela declividade, desenvolvido pela EMBRAPA (1979), a bacia do rio Novo pode ser discriminada como um relevo ondulado.

A densidade de drenagem apresenta uma indicação da eficiência de drenagem da bacia. Segundo Villela e Mattos (1975), a densidade de drenagem de bacias hidrográficas varia de 0,5 km/km² (para bacias com drenagem pobre) a 3,5 km/km² ou mais (para bacias excepcionalmente bem drenadas). A bacia do rio Novo apresenta moderada densidade de drenagem (D = 0,79 km/km²), segundo classificação de Beltrame (1994), implicando em uma bacia com área de permeabilidade moderada.

A curva hipsométrica é a representação gráfica das variações de altitude em uma bacia em relação à área. (Figura 2) (Borsato e Martoni, 2004). Esta curva também é importante na relação de precipitação e temperatura (Santos et al., 2012), segundo Borsato e Martoni (2004) variações grandes de altitude dentro da bacia são responsáveis por diferenças significativas de temperaturas e de precipitação. A cada 150 metros de elevação a temperatura pode cair cerca de 1ºC a depender da umidade do ar (Woodcock, 1976 apud Borsato e Martoni, 2004). A bacia do rio Novo está inserida entre as cotas de 200 e 1400 metros. No entanto, cerca de 80% de sua área está compreendida entre as cotas de 200 e 800 metros, e apenas cerca de 2% entre 1000 e 1400 metros.

Figura 2: Curva Hipsométrica do rio Novo. Fonte própria.

 

Através da análise do mapa de uso e ocupação do solo da bacia do rio Novo (figura 3) percebe-se uma cobertura do solo fortemente marcada por pastagens (vegetação rasteira), explicitando a vulnerabilidade da bacia, visto a susceptibilidade de erosão das encostas e taludes e carreamento de excretas animais provenientes desse tipo de cobertura para os corpos hídricos. Assim, quando combinados com solos muito intemperizados, como é o caso do Latossolo, ocorre o aumento do carreamento de partículas para o corpo hídrico (OLIVEIRA, 2011). Por se tratar de uma área densamente urbanizada devido às cidades componentes da bacia, a presença de área construída (urbanizada) manifesta-se em diversas partes da área delimitada para o estudo, restando para as áreas florestadas apenas as regiões mais altas (entorno da bacia) e pontos salpicados pelo mapa.

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Figura 3: Cobertura do Solo da Bacia do Rio Novo

Ressalta-se ainda, que segundo a carta disponibilizada pela Embrapa, pode-se definir que são mais típicos na bacia, em ordem de maior predominância: a presença de Latossolo Vermelho e Amarelo em toda a bacia, Cambissolo Háplico (no Centro e pequena parte no Noroeste) e por último Argissolo Vermelho-Amarelo (pequena parcela ao Norte), conforme demostrado na figura 4.

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7 Vazões de referência

No presente estudo, os valores encontrados para Q90 e Q95, a partir da Curva de Permanência, são de 7,04 m³/s e 6,41 m³/s, respectivamente. O valor de encontrado foi de 17,14 m³/s. Já o valor encontrado para a Q7,10 foi de 4,60 m³/s, contudo, como a Bacia do Rio Novo encontra-se no estado de Minas Gerais, o limite de captações a serem outorgados é de 50% da Q7,10, ou seja, 2,30 m³/s.

Qualidade da água

O rio Novo possui apenas uma estação de medição de qualidade da água, a BS046, situada no município de Cataguases. O relatório do 1º trimestre de 2017, realizado pelo IGAM, aponta uma concentração de 388% de E. Coli acima do padrão estabelecido pela DN Copam/CERH nº1/2008. Além disso, o relatório apresenta como resultado o IQA de 59,9, CT qualificado como baixo e o IET com valor de 55,4. O relatório realiza também uma comparação entre os anos de 2016 e 2017, apontando um decréscimo do IQA que possuía valor de 69,3, acréscimo no IET que era de 45,1, e manteve o CT classificada como baixa.

O IQA, conforme a ANA (2018), foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta almejando seu uso para abastecimento público, após tratamento, sendo que grande parte dos parâmetros utilizados no seu cálculo, são na maioria indicadores de contaminação causadas pelo lançamento de esgotos domésticos. Ainda conforme a ANA (2018), o IQA apresenta uma avaliação da qualidade da água com algumas limitações, pois este índice não analisa parâmetros importantes para o abastecimento público, como substâncias tóxicas, protozoários patogênicos e substâncias que interferem nas propriedades organolépticas da água. Em Minas Gerais, o IQA possui avaliação de razoável para faixa de 51 – 70, portanto, verifica-se que mesmo que tenha ocorrido uma piora no estado de qualidade do rio Novo entre os anos de 2016/2017, entretanto considerando esse índice, o rio ainda se classifica como “razoável”.

O índice CT avalia a presença de algumas substâncias tóxicas no curso d’água, sendo classificada em Baixa, Média ou Alta (ANA, 2018). Conforme dito anteriormente, o rio Novo classifica-se como baixa, ou seja, a ocorrência de concentrações iguais ou inferiores a 20% dos limites de classe do seu enquadramento exigidos pela norma.

O índice IET tem por finalidade classificar o corpo d’água em graus de trofia, ou seja, avaliar a qualidade da água quanto ao enriquecimento de nutrientes e seu efeito no crescimento de algas, ou no aumento de macrófitas aquáticas (ANA, 2018). Assim, verifica-se que o rio Novo, para o ano de 2016 estava no estado ultraoligotrófico (47 ≤ IET), ou seja, corpo d’água limpo, de produtividade muito baixa e concentrações insignificantes de nutrientes, não havendo prejuízos aos usos da água. Já para o ano de 2017, o rio Novo, encontrava-se na faixa de mesotrofia (52<IET=59), ou seja, corpo d’água com produtividade intermediária, podendo ocorrer implicações sobre a qualidade da água, mas na maioria dos casos, em níveis aceitáveis.

A Escherichia coli é a principal bactéria do grupo de coliformes termotolerantes, sendo abundante nas fezes humanas e de animais. Essa bactéria é encontrada em esgotos, efluentes tratados e águas naturais sujeitas a contaminação recente por seres humanos, atividades agropecuárias, animais selvagens e pássaros. Diferentemente dos coliformes totais e termotolerantes, a E. coli, garante que a contaminação é exclusivamente fecal, porém, não há garantia de que a contaminação seja humana, uma vez que pode ser encontrada também nas fezes de outros animais (von Sperling, 2005).

Conforme apontado no relatório do 1º trimestre de 2017, realizado pelo IGAM, percebe-se que a contaminação fecal é o único parâmetro que não está em conformidade com a legislação, possuindo em 2017, o maior valor em sua série histórica de 20 anos (1997 – 2017). Vale ressaltar que em relação aos outros parâmetros analisados, enriquecimento orgânico e substâncias tóxicas, o Rio Novo está em conformidade com a Norma.

Ressalta-se que a desconformidade do parâmetro de E. Coli pode ser explicado pelo lançamento de efluentes domésticos no curso d’água sem o devido tratamento, além do carreamento de fezes de animais facilitada por conta da expressiva vegetação rasteira presente na bacia.

CONCLUSÃO

Através da análise dos parâmetros morfométricos calculados pode-se chegar a algumas conclusões em relação à dinâmica da bacia hidrográfica do rio Novo. Os parâmetros morfométricos obtidos para a bacia indicaram boa permeabilidade dos solos devido às tipologias encontradas na bacia e baixa susceptibilidade a enchentes segundo

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o coeficiente de compacidade e o fator de forma encontrados. A mesma possui capacidade de drenagem moderada de acordo com a densidade de drenagem encontrada, isto é, não há alto risco de picos de enchente, e baixo risco de erosão devido à declividade média da bacia e do rio principal ser pouco acentuada. Contudo, devido à predominância de pastagens na bacia, a erodibilidade pode se acentuar, além da susceptibilidade de deterioração da qualidade da água por conta dos sedimentos e das excretas de animais.

Destaca-se que o conhecimento das vazões de referência é fundamental para a gestão de recursos hídricos, sendo que o estudo pôde verificar que a vazão Q7,10 foi a mais conservativa, tendo em vista que apresentou o menor valor. Já quanto à qualidade da água, conclui-se que a bacia do Rio Novo pode estar sofrendo influência negativa devido à ocupação antrópica, fato evidenciado pelo parâmetro E. coli indicando possível contaminação por esgotos domésticos e/ou fezes de animais. De acordo com o IQA, a qualidade da água da bacia foi considerada razoável.

Verifica-se também, a deterioração da qualidade do rio Novo ao se comprar o ano de 2016 e 2017, necessitando de maiores estudos para verificar a fonte de contaminação de origem fecal, e do aumento do estado trófico, que tudo indica, estar relacionadas ao lançamento de efluentes domésticos sem tratamento no corpo hídrico.

Portanto, conclui-se que com base nos parâmetros morfométricos calculados e em condições normais de precipitação, que a bacia possui de baixa a moderada susceptibilidade a enchentes. No entanto, a cobertura do solo da bacia pode ser um fator influente nas cheias ocorrentes na região, assim como podem estar potencializando a deterioração da qualidade das águas monitoradas.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à orientação dada e a oportunidade de aprendizado das ferramentas utilizadas.

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Referências

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