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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº

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Academic year: 2021

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Secretaria da Vigésima Câmara Cível

Rua Dom Manuel, 37, 2º andar – Sala 232 – Lâmina III Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-090

Tel.: + 55 21 3133-6310 – E-mail: 20cciv@tjrj.jus.br – PROT. 3944 (LMC) Página 1 de 8

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0053722-22.2015.8.19.0000 Ação Originária nº 0001432-93.2015.8.19.0076

AGRAVANTES: LEANDRO SOARES DE SOUZA, CAMILA

APARECIDA FARACO DA SILVA, MARIA APARECIDA FARACO DA SILVA e MARIA DE FÁTIMA

AGRAVADO: MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO VALE DO RIO PETRO RELATORA: DES. MÔNICA SARDAS

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. TRATAMENTO MÉDICO E PSICOLÓGICO. VEROSSIMILHANÇA DAS

ALEGAÇÕES. PERICULUM IN MORA.

TRATAMENTO NECESSÁRIO À

MANUTENÇÃO DA SAÚDE. PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA TUTELA ANTECIPADA. REFORMA DA DECISÃO AGRAVADA.

1. Recurso pelo qual a autora pretende o fornecimento de tratamento médico e psicológico em decorrência de aborto sofrido aos cuidados de preposto do réu.

2. Incabível a discussão à respeito da comprovação ou não de culpa do preposto neste momento. Antecipação dos efeitos da tutela que não possui qualquer aspecto indenizatório, limitando-se à necessidade de tratamento da autora que sofre patologias físicas e psicológicas decorrentes do evento. 3. Presença dos requisitos autorizadores da

medida.

4. Precedentes da corte.

PROVIMENTO DO RECURSO.

MONICA DE FARIA SARDAS:000032080

Assinado em 16/03/2016 16:20:46 Local: GAB. DES(A). MONICA SARDAS

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DECISÃO MONOCRÁTICA

(artigo 557, §1º-A, do Código de Processo Civil)

A hipótese é de agravo de instrumento interposto por LEANDRO SOARES DE SOUZA, CAMILA APARECIDA FARACO DA SILVA, MARIA APARECIDA FARACO DA SILVA e MARIA DE FÁTIMA em face da decisão, proferida pelo juízo da Vara Única da Comarca de São José do Vale do Rio Preto que, nos autos da Ação Indenizatória c/c Obrigação de Fazer ajuizada em face do MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO VALE DO RIO PETRO, indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, nos seguintes termos:

“Trata-se de ação de indenização por danos morais e materiais c/c obrigação de fazer c/c antecipação de tutela, objetivando em síntese que a parte ré seja compelida a realizar tratamento adequado para o pleno restabelecimento da integridade física e psíquica da segunda autora, bem como o tratamento/acompanhamento psicológico do primeiro autor, ante aos traumas e sequelas advindos da morte prematura do filho primogênito do casal.

(...)

Por se tratar de antecipação de tutela satisfativa da pretensão de mérito, exige-se, quanto ao direito subjetivo do litigante, prova mais robusta do que o mero fumus boni iuris das medidas cautelares. Ainda que, no caso em tela, o Município réu tenha ´reconhecido os pedidos antecipatórios´, em que pesem as considerações da parte autora, há de se destacar que a questão da culpa deve ser discutida durante a tramitação do processo. E nesse âmbito, verifica-se que a culpa não resta comprovada, nem a título precário, e de imediato. Sendo assim, os requisitos necessários para o deferimento da tutela almejada não se encontram presentes. Até porque a tutela antecipada é antecipação do direito material, ou seja, há antecipação do provimento que é exatamente o conteúdo de fundo, e, no caso, em tela, necessita-se de um maior esclarecimento quanto a

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tutela jurisdicional antecipada, formulada pela parte autora. Intimem-se desta decisão.”

Pretendem a antecipação da tutela recursal para determinar que o Agravado disponibilize o tratamento adequado ao restabelecimento da saúde da 2ª Agravante (CAMILA APARECIDA FARACO DA SILVA), com o acompanhamento ginecológico, hormonal e respectivos exames necessários, ante as sequelas resultantes da morte prematura do feto.

Decisão concedendo a antecipação da tutela recursal às fls. 20/23.

Manifestação do agravado às fls. 39/40 informando o cumprimento da decisão, e requerendo a extinção do presente agravo sem resolução do mérito.

Informações prestadas às fls. 54.

Parecer da Procuradoria de Justiça pelo conhecimento e provimento do recurso.

É O RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR.

O agravo é tempestivo, encontra-se regularmente instruído. Há legitimidade e interesse recursal. Presentes os requisitos de admissibilidade, o recurso deve ser conhecido.

Inicialmente não se acolhe o pedido preliminar do agravado de extinção do presente recurso sem julgamento do mérito conforme.

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Caso o Município de São José do Vale do Rio Preto estivesse realizando o tratamento necessário ao restabelecimento da saúde física e psicológica da agravante não seria necessário o pedido antecipatório nos autos originários nem tampouco a interposição do presente agravo.

Desta forma, evidente que o agravado somente disponibilizou o tratamento de saúde da agravante após ser intimado da decisão de fls. 20/23, o que, por certo, não enseja em perda do objeto, já que, sem a devida ordem judicial, este pode simplesmente deixar de providenciar o tratamento, como já vinha fazendo.

No mérito, a hipótese se restringe à concessão de tutela antecipada em face da fazenda pública municipal para providenciar o tratamento psicológico, hormonal e ginecológico à agravante, que comprovadamente sofreu aborto com 21 semanas de gestação.

A decisão agravada indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela pela ausência de comprovação da culpa do preposto do município réu na morte do feto, qual seja, o obstetra responsável pelo acompanhamento da gestação da autora.

Desta forma, no presente momento, cabe apenas a análise dos requisitos que ensejam a concessão da medida antecipatória, quais sejam, a verossimilhança das alegações e o periculum in mora.

Há verossimilhança nas alegações da autora, considerando-se os documentos acostados às fls. 32/64 (pasta 03 do anexo 1), considerando ser incontestável a morte prematura do filho primogênito dos agravantes, ocorrida sob os cuidados de preposto do Município agravado.

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Neste ponto, lembra-se ser incabível a discussão à respeito da comprovação ou não de culpa neste momento. É que o pedido de antecipação dos efeitos da tutela não possui qualquer aspecto indenizatório, limitando-se à necessidade de tratamento da autora que sofre patologias físicas e psicológicas decorrentes do evento.

A saúde é um bem jurídico que goza de amparo constitucional no plano federal, estadual e municipal.

O direito subjetivo à plena saúde dos cidadãos traz, em contrapartida, o dever do poder público, de forma solidária, garantir o acesso universal e integral ao mesmo, devendo agir na busca da sua efetivação, sobretudo quando se tratar de pessoas que não dispõem de recursos financeiros.

Desta forma, parece claro que o dever do município em providenciar o tratamento da autora/agravante, que comprova a existência de disfunções hormonais que podem ter sido causa para as complicações que resultaram no aborto, não tem qualquer relação com eventual culpa do preposto que acompanhava a gestação.

No que tange ao perigo da demora, o mesmo decorre da possibilidade de agravamento do estado de saúde e psíquico da agravante, não sendo razoável que espere por provimento de mérito, sem os medicamentos que necessita.

Indiscutíveis são as consequências físicas e psíquicas do aborto ocorrido com 21 semanas de gestação, sendo necessária a implantação de acompanhamento médico urgente e a continuação do acompanhamento psicológico, para que se evite o agravamento das condições da autora.

Desta forma, reconheço a presença dos requisitos autorizadores da medida antecipatória, uma vez que se trata de

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medida necessária à garantia do direito fundamental à saúde da autora.

Destaca-se, ainda, que o direito subjetivo à saúde dos cidadãos traz, em contrapartida, o dever do poder público, de forma solidária, garantir o acesso universal e integral ao mesmo, devendo agir na busca da sua efetivação, sobretudo quando se tratar de pessoas que não dispõem de recursos financeiros.

Neste sentido, segue a jurisprudência deste TJRJ:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. AUTOR PORTADOR DE MAL DE PARKINSON. NECESSIDADE DE TRATAMENTO CONTÍNUO COM O FORNECIMENTO DA MEDICAÇÃO PRESCRITA PELO MÉDICO ASSISTENTE. DIREITO À SAÚDE ASSEGURADO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DECISÃO QUE DETERMINOU O SEQUESTRO DE VERBA PÚBLICA DE TITULARIDADE DO ORA AGRAVANTE NA QUANTIA NECESSÁRIA PARA A AQUISIÇÃO MENSAL DOS ALUDIDOS MEDICAMENTOS. Presentes os pressupostos autorizadores da medida, uma vez que se trata de medida fundamental à saúde do agravado, havendo comprovação da necessidade de medicamento por prescrição médica. Destaque-se que se trata da proteção à própria vida do jurisdicionado, havendo possibilidade de danos irreversíveis à sua incolumidade caso não lhe seja fornecido medicamento de acordo com prescrição médica, razão pela qual inafastável a atuação do Poder Judiciário, até porque não houvesse óbice ao fornecimento pela via administrativa, não teria o paciente ingressado com a presente demanda judicial. O direito do agravado que visa a tutelar é o direito à saúde, ao passo que o interesse do Estado é apenas patrimonial, sendo, destarte, absolutamente admissível o bloqueio de contas públicas para garantir o custeio do tratamento de saúde do agravado, à míngua dos demais argumentos trazidos. Determinação do juízo de primeiro grau que cinge-se a resguardar os direitos fundamentais, quais sejam, o direito à vida e à saúde. Ressalta-se, por fim, que a medida só se deu em face da recalcitrância do ente público em obedecer a decisão judicial, desde o deferimento da antecipação da tutela (fls.20/21),sendo, por conseguinte, ele mesmo senhor do seu próprio prejuízo. Precedentes das Cortes Superiores.

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RECORRENTE EM ATENDER À URGÊNCIA DO PACIENTE, BEM COMO AO CUMPRIMENTO DA ORDEM JUDICIAL. DIREITO À SAÚDE E À VIDA. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, NA FORMA DO ARTIGO 557, CAPUT, DO CPC. (AGRAVO DE INSTRUMENTO Processo nº 0066408-51.2012.8.19.0000 DES. ANDRE RIBEIRO - Julgamento: 03/12/2012 - SETIMA CAMARA CIVEL)

Agravo de Instrumento. Direito à saúde. Deferimento de tutela antecipada. Decisão que determina ao Estado o fornecimento de medicamento necessário à manutenção da saúde do autor. Inconformismo. Presença dos requisitos autorizadores da medida antecipatória. Verossimilhança das alegações autorais que conta com prova documental. Perigo da demora presente na possibilidade de agravamento da moléstia do autor. Cabimento da antecipação da tutela em desfavor do ente municipal. Inteligência do verbete sumular nº. 65 deste E. Tribunal. Decisão que não se revela teratológica, contrária à lei ou à prova dos autos. Aplicação da Súmula 59 do TJ/RJ. Alegação de tratamento anti-isonômico e de ausência de registro do medicamento. Matérias que se incluem no mérito da demanda e que não foram alvo de apreciação pelo Juízo de primeiro grau. Reforma parcial e de ofício da decisão para inclusão da possibilidade de fornecimento de similar genérico. Conhecimento parcial do recurso e, nesta parte, provimento também parcial do mesmo. (AGRAVO DE INSTRUMENTO Processo nº 0000977-36.2013.8.19.0000 DES. PEDRO FREIRE RAGUENET - Julgamento: 14/05/2013 - DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL)

Ressalte-se, por oportuno, ser descabida a análise exauriente da pretensão, de maneira que as demais questões deduzidas devem ser dirimidas no curso do processo, notadamente após a instrução probatória, oportunidade em que poderão ser apreciadas de forma mais ampla todas as provas e argumentos despendidos pelas partes, sob pena de esgotar o próprio mérito da demanda, bem como incorrer em supressão de instância e, consequentemente, violar o devido processo legal, já que ainda não apreciadas pelo magistrado de primeiro grau.

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POR TAIS FUNDAMENTOS, na forma autorizada pelo

Art. 557, §1º-A do CPC, dou provimento ao recurso, determinando que o agravado providencie o tratamento ginecológico e hormonal que se façam necessários de acordo com avaliação de especialistas, bem como a manutenção do acompanhamento psicológico já providenciado

Rio de Janeiro, 16 de março de 2016.

_________________________ DES. MÔNICA SARDAS

Referências

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