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Semana de Estudos da Engenharia Ambiental UNESP Rio Claro, SP. ISSN

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Academic year: 2021

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SemEAr, v.04, n.01, p. 104-110, Set./ 2016. RELATO DE EXPERIENCIA DA 1° SEMANA AGROECOLÓGICA, A PARTIR DE UMA

PERSPECTIVA DE AMPLIAÇÃO DA VISIBILIDADE DO GRUPO.

Bruno Oliveira Garcia,Larissa Henrique Nunes, Alana Pinto Coelho Gambarini, Guilherme Almeida Melman, Renan Bastos.

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -UNESP, Rio Claro (SP).

1. INTRODUÇÃO

O grupo de extensão em Agroecologia Gira-Sol é um projeto vinculado ao Departamento de Ecologia da UNESP Rio Claro. Criado em 2006, visava utilizar técnicas agroecológicas (SAF - Sistema Agroflorestal) para a recuperação de uma área degradada de várzea dentro do campus, a qual e recorrente encontrar materiais que instigam os ingressantes a pensar que ali já foi algum tipo de depósito de resíduos inértes.

A composição do grupo é rotativa, tendo sido frequentado por alunos de diversos cursos, funcionários, professores e membros da comunidade de Rio Claro e imediações. Ao longo de seus 10 anos de existência as linhas de ação do grupo se diversificaram: o SAF, além de recuperação de uma área degradada, passou a ser ambiente para educação ambiental, bem como local de vivências agroecológicas e culturais. O trabalho de educação ambiental se estendeu para fora da universidade através de feiras de trocas de sementes, mudas e saberes, além de visitas monitoradas de escolas da região à agrofloresta. Na tentativa de continuar atuando fora do ambiente universitário, foi firmada uma parceria a Casa da Agricultura de Rio Claro, que permitiu a utilização de uma estrutura do local para o cultivo e propagação de mudas. Por fim, o Gira-Sol passou a buscar uma maior articulação com outros grupos de agroecologia tanto em esfera regional, através de uma rede denominada Micorrizadas e também no âmbito nacional com a Rede de Grupos de Agroecologia (REGA).

Ao surgirem novas formas de atuação, velhas demandas vieram à tona. Para ter voz em uma rede nacional, é necessária a formação política e uma compreensão holística dos debates em voga. A formação local dos membros do Gira-Sol por vezes se restringia a técnicas agroecológicas de manejo e não satisfazendo a necessidade de formação de base para um grupo que se diz agroecológico.

A Agroecologia é uma alternativa à agricultura “convencional” - esta imposta pela Revolução Verde, e apesar de não haver definição exata, ela se diferencia em relação à outras correntes ecológicas por se afirmar também como um novo paradigma social. Fluindo entre os aspectos técnicos, científicos e políticos, muitos autores a entendem como a aplicação da ecologia à agricultura e a formulação de agroecossistemas sustentáveis (GLIESSMANN, ALTIERI, etc). Outros enxergam a agroecologia como uma corrente em que a contestação das estruturas sociais também é essencial, sendo uma alternativa ao sistema vigente. Segundo Ivani Guterres “as variáveis sociais ocupam um papel muito relevante, dado que as relações estabelecidas entre os seres humanos e as instituições que as regulam constituem a peça-chave dos sistemas agrários, que dependem do homem para sua manutenção.“

O Gira-Sol nos últimos anos intenta aplicar a definição mais engajada politicamente, e para tal são necessárias novas metodologias na formação pessoal dos participantes do grupo, para que esses se nivelassem aos debates recorrentes que são empreendidos nos demais grupos.

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SemEAr, v.04, n.01, p. 104-110, Set./ 2016. 2. OBJETIVOS

A dificuldade em ampliar o domínio do grupo sobre os aspectos citados acima era recorrente, mas as iniciativas tomavam formas pontuais e continuavam em segundo plano. Além de abordar novos assuntos, também via-se a necessidade de contribuir para o avanço da pesquisa, do ensino e da extensão em agroecologia.

É nesse contexto que foi pensada a I Semana Agroecológica da Unesp Campus de Rio Claro, com a temática “Para Além da Técnica”, a qual visava três objetivos principais: A formação pessoal dos participantes do grupo; Ampliação da visibilidade do grupo dentro da universidade, buscando atrair novos possíveis membros; Transpassar os muros da universidade buscando novas parcerias e apresentando a Agroecologia aos que a desconhecem.

O evento ocorreu entre os dias 31 de maio a 3 junho de 2016, e contou com a participação de convidados que vivenciam a prática agroecológica entre os quais acadêmicos, agricultores, comunidade local, grupos parceiros e alunos da universidade, garantindo que nenhuma das esferas de atuação na agroecologia fosse defasada.

Outros objetivos que busca o presente relato de experiência é na contribuição da pesquisa acadêmica na temática, assim como difundir a atuação do grupo neste meio em que não possui muita experiência. Compreende-se também que o relato contribui para a preservação das memórias do grupo, garantindo a possibilidade de um resgate histórico, bem como base teórica para a elaboração de futuros projetos.

A Semana Agroecológica almejou utilizar a agroecologia para a consolidação do pensamento crítico em todos os envolvidos: membros do Gira-Sol, facilitadores(as) e participantes, além de fortalecer a articulação regional e possibilitar o acúmulo de experiência na organização de eventos acadêmicos.

3. MÉTODOS

A organização da Semana Agroecológica começou no final de 2015, ocorrendo nesse momento a idealização do formato do evento e de solicitação de autorização junto à UNESP (PROEX) para a realização do evento. No começo de 2016 a organização da Semana Agroecológica passou a contar com uma reunião organizativa exclusiva (antes os debates relativos ao evento ainda eram feitos nas reuniões ordinárias semanais do grupo). As práticas adotadas pelo grupo de organização horizontal, descentralizada e autogerida foram estendidas para o evento. A cada reunião as demandas eram discutidas e as responsabilidades distribuídas entre os organizadores do evento. Foram previstos quatro dias de evento, ao longo da semana, com atividades nos três períodos (manhã, tarde e noite) para alcançar o maior público possível, vale ressaltar que todas atividades contaram com listas de presença para o maior controle dos participantes pelo grupo. Os espaços possuíam diversos formatos como mesas-redondas, apresentação de trabalhos científicos, discussão sobre documentário, oficinas e mutirões para difusão de técnicas agroecológicas. O grupo buscou incentivar a participação de agricultores, extensionistas rurais e comunidade em geral, além da comunidade acadêmica representada por estudantes, pesquisadores e professores universitários.

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SemEAr, v.04, n.01, p. 104-110, Set./ 2016. A divulgação se deu em diversos formatos de mídias: website, cartazes, panfletos e redes sociais. Foi atrelado a estes veículos um logo que deu identidade visual ao evento (figura 1). Devido à diversificação de meios de divulgação, o Grupo se surpreendeu com público maior e mais diverso do que o esperado, atingindo pessoas para além de seu campo de atuação.

Os cartazes e panfletos foram distribuídos em pontos de grande circulação e visibilidade, como a Feira do Produtor da Agricultura Familiar, a Estação Rodoviária e o restaurante Bom Prato. Também foram espalhados cartazes e panfletos nos espaços dentro do campus, para atingir a comunidade universitária.

Figura 1: Logo do evento. Fonte: acervo próprio

Figura 2: Web-site do evento. Fonte: http://semanagroecologica.wixsite.com/2016

O grupo submeteu o projeto do evento à PROEX, porém não houve tempo hábil para o financiamento. Devido a essa situação, o Gira-sol teve de buscar outras formas de financiamento com patrocinadores da região. O projeto conseguiu apoio de duas padarias das proximidades do campus que disponibilizaram alimentos para o intervalos. Além do comércio local, o grupo conseguiu o apoio de Jatobá Produtos Agroecológicos, uma empresa familiar do sul de Minas Gerais, com alimentos e cortesias para os convidados. Também houve o apoio de empresas locais que vieram divulgar seu trabalho no evento como a Minhocaria e Ecoinsumos. Nesta parceria foram doados brindes que foram sorteados para os participantes. A Casa da Floresta, uma empresa de consultoria ambiental de Piracicaba, deu suporte ao evento contribuindo com apoio financeiro. O grupo também reforçou laços com a ABA - Associação Brasileira de Agroecologia, com a vinda da presidente da associação e professora da UFV Irene Cardoso, e com a REGA, contando com o suporte de diversos agentes da rede.

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SemEAr, v.04, n.01, p. 104-110, Set./ 2016. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram diretamente atingidas 170 pessoas, das quais cerca de 80% moram em Rio Claro. Também estavam presentes no evento participantes de Campinas, Itapira, Leme, Piracicaba, Ribeirão Preto, São Carlos, São José dos Campos, São Paulo e Sorocaba. Analisando os atingidos que participaram em pelo menos 60% das atividades, observa-se que a maioria era estudante da UNESP de Rio Claro, dos mais variados cursos de ambos os institutos (estavam presentes estudantes de Ecologia, Engenharia Ambiental, Biologia, Geografia, Educação Física, Pedagogia e Ciências da Computação). Além dos alunos de Rio Claro, compareceram estudantes de outras universidades (USP - São Paulo, ESALQ - Piracicaba, Ufscar - Araras), agricultores, advogados, entre outros. Estima-se cerca de 500 pessoas indiretamente atingidas - pessoas que se sensibilizaram ao tema devido à divulgação e às atividades externas, especialmente através da troca de sementes e mudas e da roda de conversa realizadas na Feira do Produtor Rual de Rio Claro, dos acessos ao site e das redes sociais.

A comissão organizadora assumiu a responsabilidade de organizar o primeiro evento acadêmico de agroecologia promovido no campus, e esse esforço coletivo trouxe diversos frutos. O sucesso do evento foi o primeiro destes, tendo, como supracitado, 170 participantes nesta primeira edição, mesmo com chuvas intensas ao longo de todos os dias de evento. Outra consequência positiva foi o aumento na procura do grupo para compor parcerias, como por exemplo o grupo TAMOYO (um clube negro do município de rio claro, muito engajado politicamente), onde reforçamos nossa parceria e continuamos realizando feira de troca de sementes, mudas e ideias, com roda de conversa sobre temas de interesse mútuo, como plantas medicinais e aromáticas, agricultura urbana, orgânica entre outros; e também através da amplitude que deu ao tema e ao trabalho que o grupo vem fazendo, principalmente sendo difundidos dentro da universidade, o que ocasionou no aumento perceptível nas atividades do grupo, mesmo em reuniões semanais, onde pessoas aparecem querendo conhecer mais sobre o grupo e sobre o tema de uma forma geral. O Gira-Sol também estreitou laços com a secretaria de agricultura e os agricultores da feira livre “Corujão”, onde foi realizada a troca de sementes da Semana Agroecológica. Muitas das mudas e sementes doadas aos agricultores nesta ocasião já foram plantadas (como ora-pro-nobis, feijões, adubação verde, etc), e os agricultores tem se mostrado mais abertos a conversas sobre agroecologia e temas relacionados. Temos programadas para o segundo semestre mais trocas de mudas e sementes nas feiras da Secretaria da Agricultura.

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SemEAr, v.04, n.01, p. 104-110, Set./ 2016. Figura 3: Mesa Redonda “Movimentações Agroecológicas”. Fonte Acervo próprio

Entende-se que a falta de diálogo no decorrer do evento ocasionou diferenças nas execuções dos espaços. Como a comissão organizadora optou por uma gestão horizontal e auto-gerida, seriam necessários mais momentos de nivelamento através de reuniões diárias de balanço durante o evento. É necessária uma antecedência maior na divulgação do evento e da inscrição de trabalhos científicos, principalmente para ampliar o público atingido.

Relativo à estrutura do evento, a programação foi muito densa. Como houveram atividades em todos os períodos, praticamente sem intervalos, os participantes e organizadores sentiram-se sobrecarregados. Outro ponto negativo que pode ser citado foi a descentralização dos gastos por parte da comissão organizadora, o que causou dificuldade no balanço final das despesas.

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SemEAr, v.04, n.01, p. 104-110, Set./ 2016. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Semana Agroecológica superou as expectativas dos integrantes grupo, palestrantes e participantes, pois possibilitou debates profundos e produtivos. Mesmo sem nenhum apoio financeiro por parte da instituição, o evento contou com convidados de outras cidades que muito contribuíram para o debate ao redor da temática “Para além da Técnica”, além de alimentação gratuita para os participantes e oficinas práticas. O evento contribuiu para a união interna do grupo e deu maior visibilidade às suas atividades dentro do campus e da cidade. Outro fruto importante do evento foram as pontes com novos parceiros.

Alguns detalhes ainda precisam ser aprimorados para novas edições do evento, como a questão dos horários das atividades, as metodologias dos espaços escolhidos e o preparo dos integrantes do grupo na mediação dos espaços, que foi deficiente em alguns casos. A programação muito densa também foi levantada como ponto a ser repensado, e houve a sugestão de mais atividades culturais para trabalhar outros aspectos mais lúdicos da agroecologia.

A comissão organizadora teve sua paixão pela agroecologia renovada e seus horizontes ampliados. A construção e realização do evento acadêmico “Semana Agroecológica” foi uma experiência enriquecedora para todas as partes envolvidas, e espera-se que seja a primeira de muitas edições. AMOR, DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA!

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SemEAr, v.04, n.01, p. 104-110, Set./ 2016. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTIERI, M. “Agroecologia: bases cientificas para uma agricultura sustentável”, Rio de Janeiro, 3° ed., Expressão Popular, 2013.

BREDARIOL, L.R. “Levantamento e caracterização das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC´S) Espontâneas Presentes em um Sistema Agroflorestal no Município de Rio Claro – SP”, Rio Claro, 2015.

GLEISSMANN, S.R.“Agroecologia: Procesos ecológicos en Agricultura Sostenible”, Estados Unidos da América, CATIE, 1998.

GUTERRES, I. “Agroecologia Militante”, São Paulo, Expressão Popular, 2006.

SANTOS, I.S. et al. “A extensão universitária no processo de formação do Ecólogo”, UNESP Ciência, ed. 75, São Paulo, jul 2016.

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