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Editora Penalux Guaratinguetá, 2018

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Academic year: 2021

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Editora Penalux

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EDITORA PENALUX

Rua Marechal Floriano, 39 – Centro Guaratinguetá, SP | CEP: 12500-260 penalux@editorapenalux.com.br

www.editorapenalux.com.br

EDIÇÃO França & Gorj

REVISÃO Gilvone Cruz IMAGEM DE CAPA Gabriela Diples Martins CAPA E DIAGRAMAÇÃO

Ricardo A. O. Paixão

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A985p AYRES, George.

1979-Paraboloide elíptico cheio de palavras embalsamadas / George Ayres -Guaratinguetá, SP: Penalux, 2018. 98 p. : 21 cm. ISBN 978-85-5833-380-1 1. Contos. I. Título CDD.: B869

Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura Brasileira

Todos os direitos reservados. A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida mediante autorização expressa do autor e da Editora Penalux.

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Coração sem função trigonométrica

As batidas são marcas de uma corrida que deixa os números acumulados na dialética do beijo apartado e caído no chão, mais que pedras na estrada sem fluxo. Parabóli-cas cortadas, que oscilam na linha da vida cheia de curvas opostas, que desenham tristeza e alegria no mesmo quadro. Tortura e paradoxo. Seria um caso perfeito de amor com beijos cartesianos. Todavia o amor é uma sentença conde-nada ao axioma complexo vestido do óbvio com o gráfico representando o sorriso acompanhado do beijo de despe-dida. O coração dispara na função trigonométrica cheia de irracionalidade, na verdade é um suspiro descompassado nos passos que vêm do amanhecer ao anoitecer. Incontá-veis números irracionais perecíIncontá-veis nas lágrimas amargas causadas pela banalidade das ações do tempo. Os dias pas-sam, os corações se encontram na tentativa de automorfis-mo, que ainda paira no ar anacrônico da felicidade feita de fogo-fátuo.

Terapia intensiva do tempo, que passa e transforma a trigonometria num coito polifônico de anestesias capazes de transformar a oscilação da vida em linha reta. A morte

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é a linha reta do coração parado, onde as batidas encon-traram a porta aberta e fugiram para o escapismo de fin-gimento construído para apaziguar o gosto de pólvora da estrutura geométrica do arco-íris amargo, que conjuga o verbo existir.

Arco-íris obtuso na chuva de cores inconstantes, os-cilantes e sem definição. A mistura do caminhar com o co-lorido desbotado do fenômeno da natureza é a realidade no fluxo sanguíneo das horas dadas aos vermes e ao verbo cos-turador da mortalha, desde o útero até o túmulo, desde o tú-mulo até a dúvida constante. O arco-íris acompanha apenas o coração morto em linha reta, estirado no chão, fotografado e estampado nas notícias iguais em todos os tempos.

O coração foi assassinado no mesmo asfalto de cur-vas feitas no cálculo insano da matemática casual. Na verda-de, trata-se de um órgão que se regenera na terra. Um órgão que nasce no pomar de árvores genealógicas cheias de frutos caídos, de famílias mortas pela mesma função trigonométri-ca do coração oscilante e cheio de sangue sem cor.

Todos aqueles números caídos no chão são peças da mesma linha de montagem existencial na produção em massa de cada respiração verbal do ser humano. A pro-gressão da tristeza é geométrica dentro do mesmo coração marcador de momentos esquecíveis e anti-sinestésicos. O peso da nuvem de fogo faz a chuva de cinzas antes da com-bustão do amor, que joga neblina para a cidade sem ruas e sem becos. Diante desse impasse, desenharam o cálculo

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da função trigonométrica do coração em linha reta, cálculo com os números de vários absurdos, cálculos da incomple-tude da vida elevada na enésima potência para a somatória dos dias e do caminhar monocromático na dialética sem contraposição, apenas a folha e a equação vazia, comple-tamente fora de contexto. Resultado: Morte. A vida morou aqui, no coração sem função trigonométrica. A vida fechou a porta no meio de todo esse parlatório. O cálculo da mes-ma resultou no número irracional postulante no infinito da insignificância.

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Necropsia nas palavras vivas

O corte em linha reta no corpo é para retirar os ór-gãos que deixaram de produzir números mudos, números que deixaram de dialogar com o cotidiano, números que deixaram a lógica escorrer pela inexistência que veio na vertigem da solidão disfarçada de multidão.

Restaram palavras vivas feitas de lembranças expos-tas no álbum de fotografia, obsoleto e repetidor de imagens com velhos bordões pasticheados do discurso do conchavo de falsos amigos, uma função linear que revela vozes da in-fância nas aventuras do soldadinho triste de plástico, ron-dando a imaginação por proteção ao mundo que faz o corte em linha reta no cadáver sorridente.

Corpo cortado. Dividido nos discursos das flores sem natureza, espinhos com flores. A rosa incolor é incapaz de causar lágrimas, causa apenas melancolia engarrafada e acesa na testosterona por qualquer abismo barato. Depois ocorre a necropsia em palavras vivas para exibir a atrocida-de do sangue polifônico fora atrocida-de contexto, apenas um texto escrito com palavras soletradas e incompletas, jogadas no papel monofônico. O relatório do que foi vivido é apenas

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um bisturi novo, que navega na carne da palavra sem ne-nhuma resistência, cortando o fado numa dança desconhe-cida, a dança daquela menina que nunca parou de dançar no conto de fadas.

Na verdade, o conto de fadas navega, sem saber, na ignorância de qualquer caminhar anteparado na fé mutila-da pela língua fabricante de maços compulsivos de cigarros fumadores de corpos, um vício de crematório. Gosto insu-portável de fumaça. O vício continua mesmo no hipérbato disfarçado de hipérbole, no beijo da sombra arquitetada pelo acaso, um verdadeiro exagero por coisas profanas. Um cigarro de corpos consumido pelos dias restantes da vida que sempre procura outro corpo. A morte é uma linha reta, um projeto cartesiano dado para as mãos humanas. Ciên-cia. Escuridão. Religião. Conjecfraturas. A verdade é a lâ-mina que faz o corte profundo no cadáver (corte “T”, corte “Y”, corte “U”, corte “I”). A verdade, na verdade, procura não atingir os órgãos que serão doados para outro qual-quer. Cortes diversos no intercurso histórico entre quatro paredes, depois a gestação das palavras, dos discursos que formam todos. Trata-se de uma transposição de história incompleta dos mesmos números mudos para outro casu-lo, que provavelmente irá gerar uma vertigem sinuosa no atropelo diário que dá prosseguimento para mais uma re-petição do ontem. É a morte-história contada para gerar o absoluto no meio do caos inexplicável. No meio da terra desconhecida, havia uma colonização, no meio do modo

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de vida nativo, havia o “penso, logo existo”, no meio da ci-vilização, havia o genocídio, filho da fé que pensa, logo ani-quila.

Histórias contadas, lembradas no berço e na biogra-fia da morte. O mundo me lembra uma necropsia inversa, que dá sentido para uma vida que patina na filosofia da ver-dade absoluta, calada por números cheios de fantasmas de senhores feudais, vestidos de doença, com olhares ameaça-dores. As palavras com a cicatriz grande do peito costurado continuam escrevendo a estrada debaixo dos pés injetados no movimento frenético anti-humano. Infestaram o dicio-nário com palavras de peito cortado, sem órgãos, sem con-texto, apenas um casulo vazio sem dicionário, navegando no rio de uma margem só, um rio possível a partir daquele beijo sombrio fabricado em forma de bisturi e usado pelas mãos do mundo para cortar o mesmo cadáver sorridente, fumado pelo cigarro da morte no berço carregado de fru-tos proibidos e conselhos supérfluos de dentaduras sérias, cheias daquelas palavras vazias transplantadas em diálogos descartáveis.

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www.editorapenalux.com.br

georgeayres1979@hotmail.com /george.ayres.5

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