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A CARTOGRAFIA E A UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ENSINO DA LEITURA DE TEXTOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE JOÃO PESSOA - PB

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A CARTOGRAFIA E A UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ENSINO DA LEITURA DE TEXTOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA – REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE JOÃO

PESSOA - PB

Murilo Vogt Rossi Mestre em Ensino de Geografia Universidade de São Paulo Doutorando em Ensino de Geografia Universidade Federal da Paraíba

murilorossi@yahoo.com.br

1. INTRODUÇÃO

O processo de ensino e aprendizagem nas escolas é inseparável. Qualquer política pública para a educação tem que estar contemplada com as várias facetas de tal processo. O componente curricular está imbricado em ensino e aprendizagem. E na geografia não é diferente.

Oliveira (2006) afirma que o binômio ensino/aprendizagem apresenta duas faces da mesma moeda. Uma é causa e a outra consequência. E vice-versa. Isso porque tal processo implica movimento, atividade e dinamismo; é um ir e vir continuadamente. Ensina-se aprendendo e aprende-se ensinando.

A aprendizagem é tudo que, no processo do desenvolvimento mental, não é determinado hereditariamente, ou seja, pela maturação, considerando toda a aquisição obtida ao longo do tempo, isto é, mediata e não imediata, como a percepção ou a compreensão instantânea. Oliveira (2006).

Ensinar é provocar situações, desencadear processos e utilizar mecanismos intelectuais requeridos pela aprendizagem, que permitirá aos professores empregarem métodos ativos, para engendrar a ação didática em bases sólidas, evitando tentativas ou ensaios e práticas infrutíferas,

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demasiadamente perigosos, sobretudo quando as ações são exercidas sobre crianças e adolescentes.

Considerando isso, são de essencial análise os conteúdos e métodos que direcionam o ensino da geografia da rede municipal de ensino de João Pessoa – PB.

Na presente pesquisa, a discussão se fundamentará basicamente na utilização da linguagem cartográfica como um conteúdo essencial para o estudo e compreensão da geografia escolar, mas também um método que pode facilitar a apropriação de significados junto a textos geográficos, através do ensino e aprendizagem de leitura e escrita, de uma forma mais ampla, nas aulas de geografia.

Considerar o trabalho do professor como ativo, onde suas aulas representem realmente conteúdos e métodos com significado para os estudantes, é uma das emergências educacionais dos dias de hoje. Transformar representações cartográficas em algo palpável aos estudantes, relacionando realidade-representação de uma maneira clara é um desafio. Ensinar leitura e produção de texto em todas as áreas do conhecimento, inclusive na geografia é essencial e sem volta.

Portanto, é de urgente análise as atuais condições de ensino da disciplina geografia na rede municipal de ensino de João Pessoa, propondo reflexões metodológicas que superem o ensino de geografia tradicional, trazendo as teorias de leitura de texto, tais como a leitura do gênero mapa, para tal realidade.

2. OBJETIVOS DE PESQUISA

2.1. Identificação, descrição, análise e contextualização dos meios e procedimentos de ensino e aprendizagem de geografia à luz da leitura de mapas

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Muito se fala em utilização da cartografia nas aulas de geografia do ensino básico, mas com muitos equívocos no processo ensino aprendizagem.

Segundo Simielli (2008), os mapas nos permitem ter domínio espacial e fazer a síntese dos fenômenos que ocorrem num determinado espaço. Mas o que fazer quando os alunos não entendem tal mapa? E se caso o professor, no seu dia a dia, equivocadamente, quer explicar determinado conteúdo e não percebe que realmente seu aluno não entende tal mapa exposto em sua aula? Tal professor explica tal mapa, utilizando a cartografia como base para isso?

Para adentramos mais nessa discussão, precisamos analisar o que seja uma interpretação de um mapa, ou seja, a leitura de um texto híbrido. Entende-se tal linguagem como verbal e não-verbal, ou Entende-seja, com letras e números juntamente com formas e desenhos.

Para Almeida & Passini (2010), ler mapas não é apenas localizar um rio, uma cidade, estrada ou qualquer outro fenômeno em um mapa. Elas afirmam que o mapa é uma representação codificada de um determinado espaço real, sendo chamado de um modelo de comunicação que se vale de um sistema semiótico complexo, transmitido por uma linguagem cartográfica.

Essa visão de leitura de mapas – apenas para localização – tem seu cerne enraizado na geografia tradicional. Devido a debates no campo epistemológico da ciência geográfica, com o advindo da chamada geografia crítica, Katuta (2006) afirma que esta, que pretendia ser revolucionária, crítica, acabou por valorizar, num primeiro momento, o discurso sobre a questão dos métodos de entendimento da realidade, descuidando-se de reflexões necessárias relativas aos conhecimentos técnicos e cartográficos.

Na prática a geografia crítica, vista de uma forma equivocada, quis se distanciar de tudo que era praticado na geografia tradicional, secundarizando a cartografia e seu ensino.

Esse entrave histórico certamente causou danos ao processo ensino e aprendizagem da geografia e, particularmente, o ensino da cartografia e a leitura e interpretação de mapas, inclusive nas escolas municipais de João

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Pessoa, justificando o debate acerca da presente pesquisa.

Visto isso, o estudo da linguagem cartográfica pelos profissionais do ensino de geografia é necessário e urgente. Segundo Almeida & Passini (2010), visto que a geografia é uma ciência que se preocupa com a organização do espaço, para ela o mapa é utilizado tanto para a investigação quanto para a constatação de seus dados. A cartografia e a geografia caminham paralelamente para que as informações colhidas sejam representadas de forma sistemática e, assim, se possa ter a compreensão “espacial” do fenômeno.

Com isso, vemos uma nova ressignificação sobre o uso da linguagem cartográfica no ensino de geografia. Segundo Katuta (2006), hoje já não é mais “pecado” usar mapas para ensinar Geografia. E ela vai mais além dizendo que na perspectiva de vários profissionais da área, para a construção de entendimentos dos diferentes espaços, é condição sine qua non ter domínio da linguagem cartográfica.

Foucambert (1994) apud Katuta (2006) utiliza o termo “leiturização” para o ato de atribuição voluntária à escrita; é o ato de ler e construir entendimentos acerca das mensagens que estão implícitas e explícitas no texto. O autor criou esse termo como contraposição ao processo de alfabetização mecânica, pois, no seu entendimento, esta última tem pouca importância na formação de sujeitos intelectualmente autônomos.

Portanto, segundo Katuta (2006), a linguagem cartográfica não deve se esgotar em si, caso contrário daríamos aulas de mapas e não com mapas. A seu ver, ela qualifica como indispensável fazer essa distinção nas aulas de Geografia, pois estas não devem se resumir a aulas de mapas.

Temos de superar a visão mecânica de alfabetização e dar aulas com mapas e todos os outros tipos de linguagens passíveis de serem usadas em sala de aula para ensinar nossos alunos a “ler”, finaliza Katuta (2006).

Com isso, temos um dos objetivos de pesquisa: identificação, descrição, análise e contextualização dos meios e procedimentos de ensino e aprendizagem na relação metodológica geografia – cartografia, dentro de uma

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realidade cotidiana e vivida em sala de aula, exclusivamente no componente curricular geografia na rede municipal de João Pessoa.

A seguir discutiremos uma ampliação dessa visão de leitura e produção de textos, inclusive cartográficos, no ensino e aprendizagem da Geografia. 2.2 Identificação, descrição, análise e contextualização do ensino e aprendizagem da leitura geográfica - cartográfica a partir de uma metodologia de texto ampliada

A discussão aqui em questão é a necessidade de desenvolver métodos de leitura para um maior aprofundamento da transmissão de conhecimentos feita pelo professor, e apropriada ou não pelo aluno. No caso em questão, estamos querendo chegar a um denominador comum sobre os conteúdos e saberes desenvolvidos nas aulas de geografia, a partir da linguagem cartográfica. E nisso estamos nos baseando na leitura cartográfica, ou seja, na leitura de mapas escolares.

Visto isso, Almeida & Passini (2010) afirmam que ler mapas é um processo que começa com a decodificação, envolvendo algumas etapas metodológicas as quais devem ser respeitadas para que a leitura seja eficaz.

Simielli (2008) afirma também a necessidade de se trabalhar a alfabetização cartográfica na leitura de mapas. Segundo a autora, o desenvolvimento de tal alfabetização contribui para a desmistificação da cartografia como apresentadora dos mapas prontos e acabados. O objetivo das representações dos mapas e dos desenhos é transmitir informações e não ser simplesmente objeto de reprodução.

Após analisarmos sucintamente algumas ações e reflexões sobre a linguagem cartográfica, a questão se volta para o seguinte: apenas tal linguagem pode dar conta de um ensino e aprendizagem de qualidade nas aulas de geografia? Ela é suficiente para explicar o ato de ler ou não ler os mapas? Como vimos até agora certamente que não.

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O ato de ler está imbricado num processo permanente de observação, análise e interpretação na relação remetente-destinatário, ou seja, o escritor/leitor.

Segundo Rojo (2004), quem tem oportunidade de estudar necessariamente não chega a ler. Isso se dá – complementa ela – porque as práticas didáticas de leitura no letramento escolar não desenvolvem senão uma pequena parcela das capacidades envolvidas nas práticas letradas exigidas pela sociedade abrangente.

E essas capacidades são justamente aquelas que interessam à leitura para o estudo na escola, entendido como um processo de repetir, de revozear falas e textos de autores, influentes ou não, escolares e científicos, que devem ser entendidos e memorizados para que o currículo escolar se cumpra.

Vamos percebendo aos poucos, com o desenvolvimento de nossa argumentação textual aqui em questão, que a leitura vai além do desenvolvimento passivo de conteúdos e de métodos educativos. E percebemos também o quanto é complexo a leitura de um texto híbrido e complexo como um mapa. Na leitura cartográfica, é essencial se apropriar de suas linguagens específicas. Mas de uma maneira de leitura mais ampliada, se torna insuficiente tanto para o professor quanto que para o aluno.

Assim como afirma Faustinoni (2005) apud CENPEC (2011), que a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto. Ler envolve, portanto, procedimentos e capacidades cognitivas, afetivas, sociais, de percepção, discursivas, linguísticas, que dependem da situação e das finalidades de leitura.

Sendo assim, como complemento ou mesmo ampliação e interação às linguagens cartográficas, no ensino da leitura de mapas, também é necessário à apropriação, no ato de ensinar, dos procedimentos e capacidades de leitura, abrangendo e garantindo ainda mais um letramento não só cartográfico, mas de uma maneira mais abrangente no universo da leitura.

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(livro, jornal, revista, internet, mapa, etc) e textos e, em geral, mediados por leitores mais experientes – no caso o professor – que, ao mesmo tempo, desenvolve o que chamamos de capacidades de leitura.

Tais capacidades são classificadas da seguinte maneira, segundo CENPEC (2011): decodificação, compreensão e apreciação/réplica.

Toda essa categorização dos procedimentos e capacidades de leitura é bastante abrangente, e corresponde a um desenvolvimento esperado em anos de escola e experiência pessoal da criança/adolescente. Mas isso não diminui nem um pouco a importância de se desenvolver tais capacidades no trabalho de ensino e aprendizagem do professor, inclusive da disciplina geografia, englobando inclusive a leitura cartográfica.

Segundo Junqueira (2011:27), no processo do ensino da leitura:

Cabe aos professores dessa área do conhecimento, em particular, propor situações didáticas que envolvam e proporcionem a compreensão e apropriação das diferentes formas de representação utilizadas para a construção e o desenvolvimento do conhecimento geográfico, condição fundamental para o aluno compreender a constituição do espaço geográfico. Com isso, a Geografia contribui para a ampliação do processo de letramento.

Longe de esgotar tal assunto, percebemos até então a importância de associar o ensino de geografia, através de linguagens cartográficas específicas, com os diversos procedimentos e capacidades de leitura de uma maneira mais ampla, recorrendo a metodologias que até então eram exclusivas da disciplina Língua Portuguesa.

Isso é notório pois, devido à complexidade da própria contemporaneidade, como a de uma linguagem tão complexa que é a língua escrita, seja verbal e não verbal, todas as contribuições para um ajuste e talvez uma ampliação do significado de tais códigos é válida.

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análise e contextualização dos meios e procedimentos de ensino e aprendizagem na relação metodológica geografia/cartografia, juntamente com metodologias ampliadas de leitura textual, com enfoque na leitura de mapas.

O universo de pesquisa proposto é dentro de uma realidade cotidiana e vivida em sala de aula, exclusivamente no componente curricular geografia, no Ensino Fundamental II, na rede municipal de João Pessoa.

3. METODOLOGIA

A metodologia proposta para a presente pesquisa está dividida entre uma abordagem bibliográfica inerente aos objetivos e um estudo de campo em diferentes escolas na cidade de João Pessoa – PB.

Compondo estratégias de gabinete, ou seja, teóricas, temos:

- Levantamento bibliográfico (livros, teses, artigos acadêmicos, relatos, legislações, etc);

- Levantamento de egressos do curso de licenciatura em geografia da UFPB que atualmente trabalham na rede municipal de ensino de João Pessoa, identificando profissionais que possam contribuir com o estudo;

- Confecção de questionários de entrevista para os professores; Compondo estratégias de campo, ou seja, práticas, temos:

- Acompanhamento do cotidiano escolar das escolas escolhidas para análise, no que nos concerne a aulas de geografia, reuniões pedagógicas, conselhos de escola, etc.

- Estudo de campo regional do entorno das escolas escolhidas, traçando um perfil da clientela em questão.

4. RESULTADOS PRELIMINARES DE PESQUISA

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disciplinas, os resultados de pesquisa ainda não são visíveis. Porém, existem indicativos bibliográficos, de vivência acadêmica e do estágio docência, o qual estou fazendo, que os caminhos da pesquisa são factíveis, principalmente no que nos remete a utilização tanto de conteúdos e métodos geográficos que nos mostram que a geografia tradicional ainda é uma realidade na rede municipal de João Pessoa – PB.

5. ESTÁGIO DA PESQUISA

A pesquisa se encontra em estágio inicial, com o cumprimento de disciplinas obrigatórias e optativas na pós graduação. Estou realizando estágio docência na disciplina Prática de Ensino de Geografia, no curso de licenciatura em geografia da UFPB. Na parte teórica, o levantamento bibliográfico está sendo feito, assim como um mapeamentos dos egressos licenciados dessa mesma universidade que atualmente trabalham na rede municipal de ensino de João Pessoa – PB. A parte prática, ou seja, de vivência e acompanhamento das aulas de geografia nas escolas escolhidas serão feitos a posteriores.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Rosângela D. de A. e PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e representação. 16ª ed. São Paulo: Contexto, 2010.

CENPEC. Módulo introdutório: 6º ao 9º ano: ensino fundamental. São Paulo, CENPEC, 2011.

JUNQUEIRA, Silas M. Geografia: sequência de atividades, 6º ao 9º ano: ensino fundamental. São Paulo, CENPEC, 2011.

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In: PONTUSCHKA, N. N. e OLIVEIRA, A. U. de. (orgs). Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2006

OLIVEIRA, Ariovaldo U. de. Educação e ensino de geografia na realidade brasileira. In: Oliveira, Ariovaldo U. de (org.). Para onde vai o ensino da geografia? 9ª edição. São Paulo: Contexto, 2005.

ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo, SEE: CENP, 2004.

SIMIELLI, Maria E. R. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, Ana F. A. (org.). A geografia na sala de aula. 8ª ed. São Paulo: Contexto, 2008.

Referências

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