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Determinação do potencial bioquímico de metano (BMP), e da capacidade energética do Biogás gerado no aterro de Feira de Santana.

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Universidade Federal da Bahia

Mestrado em Engenharia Ambiental e Urbana

Projeto de Pesquisa

Determinação do potencial bioquímico de metano (BMP),

e da capacidade energética do Biogás gerado no aterro de

Feira de Santana.

Mestrando

Denilton Salomão Souza dos Santos Orientador

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2

1.

Resumo do Projeto

Este projeto visa à determinação do potencial bioquímico de metano (BMP) produzido durante o processo de degradação dos resíduos sólidos urbanos do aterro de Feira de Santana - Ba. Com a determinação dos parâmetros: Lo – potencial de geração de metano, e k – taxa de geração de metano, será possível comparar o potencial de geração de biogás no aterro de Feira de Santana com a geração de biogás do aterro de Salvador, relacionando fatores climáticos, sociais e método construtivo entre os aterros. Os ensaios serão realizados nas dependências do Geoamb – Laboratório de Geotecnia, através de biodigestores e demais equipamentos para a caracterização do RSU – Resíduo Sólido Urbano, sendo possível controlar parâmetros como pressão e temperatura. Em complemento, será realizado um estudo teórico das possíveis aplicações energéticas desse biogás produzido, apontando as melhores tecnologias disponíveis para diferentes escalas de aterro e realizando análise de custo beneficio.

2.

Introdução

O metano (CH4) é o hidrocarboneto mais abundante na atmosfera terrestre, já que

ele é gerado principalmente da decomposição anaeróbia da matéria orgânica, e em 1994 foi mensurada uma concentração média global de 1,72 ppmv (partes por milhão por volume). A partir da década de 70, foram realizadas medidas sistemáticas da concentração de gases na atmosfera terrestre, onde foi encontrada uma interação química do metano com os outros gases e sua relevância na atmosfera e no clima terrestre. A partir dessas observações, determinaram-se várias de suas características na atmosfera e foi percebido uma taxa de crescimento global anual de sua concentração da ordem de 0,6% (Amstel, 1998).

Análises de bolhas de ar aprisionadas em geleiras permanentes revelaram que a concentração média de metano era de 0,8 ppmv entre 200 e 2.000 anos atrás e que um crescimento mais rápido teve início há cerca de 150 anos até dobrar esse valor na atmosfera atual (Khalil e Rasmussen, 1987). Essa tendência de aumento é atribuída ao crescimento da população humana, que, por sua vez, acarreta uma maior demanda de alimentos, levando ao incremento, por exemplo, da criação de gado, de plantações de arroz, acúmulo de matéria orgânica em pântanos e fundos de vales, utilização de combustíveis fósseis, principalmente gás natural e carvão, todas essas sendo atividades geradoras de metano.

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3 O metano e o monóxido de carbono (CO) são os sumidouros majoritários do radical OH, que, por sua vez, é responsável pela remoção de diversas espécies químicas da atmosfera terrestre. Segundo Plinio Alvala:

“Um aumento na concentração de um desses dois gases traços pode reduzir a concentração do radical OH e, portanto, a capacidade de oxidação em toda a atmosfera. Além da sua participação na química da atmosfera, o metano apresenta uma banda de absorção para a radiação infravermelha na região entre 7 e 8 µm do espectro eletromagnético, região onde a atmosfera apresenta uma maior transparência à radiação terrestre” (PLINIO et all, 1999).

Gases que possuem bandas de absorção nessa região do espectro podem alterar o balanço de radiação no sistema Terra-atmosfera, já que parte da energia absorvida é re-irradiada para a superfície, contribuindo para um aquecimento secundário adicional, conhecido como efeito estufa.

As formas de retenção de calor do gás metano na atmosfera, são superiores à do gás carbônico, e levaram o Protocolo de Quioto a estabelecer uma equivalência entre eles de um fator 21 em massa (1 tonelada de CH4 é equivalente a 21 tonelada de CO2) na geração de efeito estufa. O carbono emitido sob a forma de metano teria um efeito 8 vezes maior que o do gás carbônico no qual, em longo prazo, será convertido. Além disto, esta sistemática leva naturalmente em conta a emissão, não considerando o tempo de permanência do CH4 na atmosfera, que é efetivamente muito menor do que o observado para o CO2. Logo, o metano é, depois do CO2, o gás que mais contribui para o efeito estufa de origem antropogênica, tornando-se um dos gases importantes no estudo das alterações climáticas induzidas pelo homem. (PLINIO et all, 1999).

A produção de gás metano na natureza ocorre pela degradação de material orgânico por bactérias em meios livres de oxigênio (meios anaeróbicos), tais como sedimentos aquáticos, pântanos, fundos de vale, trato gastrointestinal de alguns animais, nos esgotos e aterros sanitários. Vários fatores químicos e biológicos influenciam a produção de metano em determinado meio, destacando-se a temperatura, o pH e a disponibilidade de alimento (Bingemer e Crutzen, 1987).

Devido à grande produção de resíduos sólidos urbanos, temos o surgimento de diversos ambientes propicio a produção de gases – biogás, já que um aterro pode ser considerado como um reator biológico onde entram resíduos e água e sai gases e chorume. Os

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4 resíduos no aterro são degradados primeiramente por bactérias aeróbias, que utilizam o calor, umidade e oxigênio para converter as substancias, principalmente, em gás carbônico. Depois do consumo do oxigênio temos um processo de decomposição anaeróbia, onde o principal gás gerado é o metano, com proporção média de 50%.

Estudos desenvolvidos por Tchobanoglous et al (1994), descrevem a geração de biogás em aterros sanitários em cinco fases:

Fase 1 – Onde ocorre a decomposição biológica em um sistema aeróbio, durando poucos dias e consumindo o oxigênio presente no maciço.

Fase 2 – Com a diminuição do oxigênio é iniciado um processo anaeróbio, onde os microorganismos responsáveis pela conversão da matéria orgânica em metano e dióxido de carbono iniciam a conversão do material orgânico complexo em ácidos orgânicos e outros produtos intermediários.

Fase 3 – Ocorre à aceleração da produção de ácidos orgânicos e de gás hidrogênio, os microorganismos envolvidos nessa produção são constituídos por bactérias anaeróbias e facultativas, descritos como metanogênicos.

Fase 4 – Fase principal de fermentação do metano, predominando microorganismos anaeróbios, denominados metanogênicos, que convertem ácido ácido acético e gás hidrogênio em CH4 e CO2.

Fase 5 – Temos uma fase de maturação onde grande parte do material já foi biodegradado e convertido em gases, ocorrendo um declínio na produção de CH4 e

CO2.

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5 Segundo estudo do IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1995 as estimativas das emissões globais de metano, provenientes dos aterros, são em torno de 20 a 70 Tg/ano, enquanto que o total das emissões globais pelas fontes antropogênicas equivale a 360 Tg/ano, indicando que os aterros podem produzir em torno de 20 % do total de metano gerado no globo (IPCC, 1995).

Relacionado-se ao biogás de aterros sanitários, existem diferentes estratégias que podem ser utilizadas para determinar os parâmetros de geração de gás, tais como a previsão teórica, ensaios laboratoriais e ajustes de medidas de gás obtidos em aterros reais. A previsão teórica é baseada na composição física e química do resíduo, observando a completa conversão da celulose e hemicelulose em CH4 e obtendo um potencial máximo absoluto do

CH4 (MACHADO et al, 2009). Segundo USEPA (2005), deve-se utilizar um fator de

biodegradabilidade baseado em inúmeras suposições para ajustar o potencial teórico de CH4.

Segundo Caldas (2011), os métodos de cálculo mais conhecidos desde a década de 90 do século passado para estimativa da geração de CH4 em aterros sanitários consistem

em 3 modelos, sendo cada um deles recomendado por um determinado órgão internacional, respectivamente, Banco Mundial - Scholl Canyon, Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA, em inglês) e Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês). Na maioria dos casos utiliza-se o modelo de decaimento de primeira ordem, como uma primeira aproximação que é recomendada pela EPA (USEPA, 1996; 1998; 2005) e pelo IPCC (IPCC, 2006), visando a determinar a emissão de CH4 em aterros sanitários, conforme

se observa na Equação 01, onde q é a taxa específica de geração de metano (m3 CH4/ano

Mg-resíduo), L0 é o potencial de geração de metano (m3 CH4/Mg-resíduo), k é a taxa constante de

geração de CH4 por ano e t é o tempo de disposição do resíduo (ano).

Q = Lo. K. e-k.t Eq. 1

O valor de k pode ser afetado por inúmeros fatores relativos à composição do resíduo, às condições climáticas do local onde o aterro está implantado, características inerentes ao aterro, práticas de disposição dos resíduos, dentre outros. As taxas de decaimento superiores a k = 0,2 ano-1, associam-se a condições de umidade elevada e presença de material com alta taxa de degradação, tais como resíduos alimentares etc. As taxas de decaimento, da

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6 ordem de k=0,02 ano-1, fazem referência a lugares secos e presença de resíduos moderadamente degradáveis, tais como papéis e madeira (IPCC, 2006).

No decorrer dos anos várias pesquisas foram realizadas para refinar os parâmetros da equação 1, até porque os modelos, embora não complexos, trabalham com variáveis que dependem do local de disposição final dos resíduos (IPCC, 2006).

Como fonte de comparação de dados, temos trabalhos semelhantes desenvolvidos em outras regiões do pais, como os realizados por: Fedrizzi et al (2009) nos Aterros de São Giácomo (Caxias do Sul, Rio Grande do Sul), Aterro Bandeirantes (São Paulo); Borba, (2006) nos aterros do Rio de Janeiro e Nova Iguaçu, dentre outros trabalhos, assim como exemplos dentro do nosso estado como Caldas (2011). Neste sentido, continuam-se adaptando os modelos correntes, especialmente nos tópicos relativos aos parâmetros de previsão de geração do biogás, aquisição e validação de dados de projetos, que é um dos objetivos deste trabalho.

Os aterros sanitários, geralmente, possuem um sistema ativo ou passivo de coleta de biogás. No sistema passivo a queima ocorre em manilhas ou chaminés instaladas nos drenos verticais do aterro, com a finalidade de evitar a emissão descontrolada pela superfície e impedir que haja a migração dos gases para as áreas vizinhas do aterro, evitando assim riscos de explosões ou de criação de bolhas de gás no maciço do aterro. Já no sistema ativo, temos a captação forçada através de motores sugadores e a queima realizada em um sistema controlado que ajuda na mitigação do efeito estufa, sendo ainda possível o aproveitamento energético do biogás.

O biogás pode ter diversos aproveitamentos energéticos, seja na geração de calor, trabalho mecânico e eletricidade, utilizando-se caldeiras, motores de combustão interna, turbinas a gás, células combustíveis e outros conversores de energia.

As alternativas energéticas por meio de fontes renováveis de energia tornaram-se objeto de pesquisas no mundo inteiro, devido ao crescimento da população e das atividades industriais, que trazem como conseqüência a demanda, cada vez maior, de energia e o aumento do descarte de resíduos sólidos, que, por sua vez, vão gerar problemas ambientais e relativos à oferta e aos custos da energia. (LANDIN e AZEVEDO, 2008).

A busca por energias alternativas possui também a finalidade de diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, fornecendo soluções ambientalmente corretas e sustentadas para colaborar com a matriz energética dos países e reduzir os impactos globais provocados pela queima desses combustíveis. Neste sentido, a utilização do biogás como uma fonte de energia, que pode ocorrer através de resíduos sólidos urbanos, resíduos rurais,

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7 efluentes domésticos e industriais, permite diversificar a matriz energética nacional, além de reduzir a emissão de gases efeito estufa.

Segundo Lima (1995), os resíduos urbanos passaram a ser considerados uma fonte alternativa de energia, pois sua conversão biológica com fins energéticos vem a cada dia tornando-se mais interessante. Porém qualquer investimento deve ser comparado com uma alternativa relevante disponível no mercado financeiro e se possuir baixa garantia de rentabilidade, é melhor recorrer ao mercado em vez de realizar o projeto.

Segundo Zulauf (2004), o potencial de energia elétrica a partir do biogás do Brasil era superior a 350 MW, em 2005. Teoricamente, este potencial deve crescer ano a ano na proporção do crescimento populacional e do crescimento econômico.

Na Bahia, em 2009, 64,9% da oferta interna de energia provieram de fontes não renováveis, com destaque para o petróleo e seus derivados (51,3%) e o gás natural (13,6%), segundo os dados do Balanço Energético publicado pela Seinfra. Uma rede cooperativa de pesquisa formada por Coelba, Universidade Salvador, Universidade Estadual de Feira de Santana e Universidade Federal da Bahia – a GaseifBa – atua em conjunto na investigação das possibilidades do uso da tecnologia de gaseificação de biomassa para a geração de energia elétrica no estado. O grupo prevê o uso de fontes como a cana-de-açúcar, óleos vegetais (dendê e mamona), resíduos agrícolas (arroz, castanha de caju e coco da baía) e resíduos florestais. Juntas, essas matérias-primas têm um potencial máximo de geração de 310,75 MW de energia. O maior potencial de rendimento é das oleaginosas, que respondem por 43% da capacidade.

Deve-se ressaltar aqui o plano de desenvolvimento Bahia 2023 que traça como objetivos a “ampliação da oferta descentralizada de energia e a diversificação da matriz energética com apoio às fontes renováveis, pensando em um novo modelo, ambientalmente sustentável, de produção, distribuição e consumo local e regional de energia no Estado da Bahia”.

3.

Justificativa

Diversos órgãos ambientais tentam elaborar um método para quantificar as emissões de CH4 em aterros sanitários, a exemplo da Environmental Protection Agency (EPA),

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8 todavia cada um deles utiliza parâmetros inerentes à realidade de determinados locais, que na maioria das vezes não corresponde à situação do Brasil. Assim como Maciel (2006), acredita-se que alguns projetos de recuperação de biogás implantados no Brasil apreacredita-sentam imprecisão na previsão de CH4 por conta da utilização de parâmetros de geração de CH4 de aterros

norte-americanos e europeus.

Em busca da estimativa de produção de biogás mais fidedigna a região do semi-arido baiano, este trabalho utilizará métodos de caracterização dos RSU que venham permitir a obtenção dos parâmetros reais de geração de CH4, e indicar um caminho para projetos de queima e geração de energia nos aterros baianos.

A combinação de demanda crescente, falta de capacidade para expansão nos setores tradicionais, além dos obstáculos financeiros, sócio-econômicos e ambientais, indica que o fornecimento futuro de energia no Brasil dependerá cada vez mais das fontes alternativas de energia, o que é bom para os projetos de queima de biogás de aterro (BANCO MUNDIAL, 2005).

O desenvolvimento das energias renováveis encontra alguns pontos críticos na Bahia, que impedem o seu crescimento. Segundo o plano de desenvolvimento Bahia 2023 – força motriz, energia e meio ambiente, temos os seguintes problemas: poucos recursos para PD&I e8 formação de capital humano; falta de financiamentos de longo prazo apropriados; estrutura de custos e de preços pouco competitivos; as energias renováveis ainda apresentarem alto custo de produção, o mercado ainda não está consolidado, as tecnologias ligadas à energia renovável não está difundida e a escala de produção é reduzida; desconhecimento da sociedade e do setor produtivo do potencial e das possibilidades de desenvolvimento das energias renováveis; Mão-de-obra técnica pouco qualificada. Por conta destes aspectos, o cenário baiano atual de produção de energia, é fortemente baseado em fontes não-renováveis e existe uma constância na produção de energia com utilização de biomassa, conforme o gráfico da figura 2.

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9 Figura 2 – Gráfico de produção de energia secundária na Bahia

Nesse contexto, este trabalho procura avaliar a geração de CH4 a partir de RSU

depositados no Aterro Sanitário de Feira de Santana, comparando com outros aterros e trabalhos já realizados na região, afim de obter resultados mais realistas com as condições locais e com as características dos resíduos da região baiana. Consequentemente, o trabalho apresentará o biogás, que é uma fonte alternativa, disponível, próxima aos centros consumidores de energia elétrica e até o presente, pouco utilizada, poderá suprir em partes as demandas estratégicas do governo.

4.

Problema de Pesquisa

Podemos citar dois grandes pontos que são motivadores para a pesquisa proposta.

• Existe a necessidade de estimar a produção de biogás para aterros da região do semi-árido, comparando os valores obtidos com o de cidades litorâneas, como Salvador, e avaliar a interferência de fatores climáticos e sociais sobre a geração de biogás.

• Não temos um referencial técnico/teórico sobre a produção de energia alternativa através do biogás de aterros sanitários na região nordeste, que cite todos os fatores econômicos e tecnológicos necessários para o desenvolvimento de novos projetos na área.

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5.

Hipóteses do trabalho

Os projetos de biogás que funcionam na região nordeste não possuem uma produção esperada de metano e este fato pode está associado aos seguintes pontos:

• Erro das previsões feitas através de fórmulas e padrões gerais estabelecidos pelo IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change.

• Erro de operação e administração do projeto.

Logo, a pesquisa proposta analisará os parâmetros utilizados para os cálculos que estimam a produção de biogás em aterros, propondo valores específicos condizentes com a realidade do semi-árido.

6.

Objetivos (Geral e Específicos)

O objetivo geral do trabalho é: determinação do potencial bioquímico de metano (BMP) produzido durante o processo de degradação dos resíduos sólidos urbanos no aterro de Feira de Santana, com a proposição de padrões de geração condizentes com a realidade local.

Como objetivos específicos, temos:

• Obtenção dos parâmetros Lo e K para resíduos do aterro.

• Comparação entre os valores obtidos.

• Avaliação da viabilidade econômica de instalação de sistemas de queima de biogás.

7.

Metodologia

7.1 – Campo de pesquisa

Como base para o trabalho, utilizaremos os resíduos coletados no aterro de Feira de Santana e dados relativos à geração de biogás no aterro metropolitano central, Salvador - BA. As áreas de estudo escolhidas reúnem as características de uma unidade de disposição final de RSU localizada em uma região de clima semi-árido, o que possibilita a obtenção de parâmetros de geração de CH4 para a realidade do semi-árido baiano.

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11 O Aterro Sanitário de Feira de Santana está localizado no Município de Feira de Santana, aproximadamente 100 km a noroeste da capital baiana, Salvador, possuindo as seguintes coordenadas (UTM): Norte: 1353722.550846, Este: 501540.822117, MC: 3 ZONA: 31, Raio medio: 6398030.633097, Convergencia Meridiana: -0o03'51.55''.

O Aterro Sanitário de Feira de Santana começou a operar em dezembro de 2003, recebendo cerca de 450 toneladas por dia de resíduos municipais da cidade de Feira de Santana, cuja população, segundo o censo 2010, é de 543 mil habitantes.

O local do Aterro ocupa uma área de 36 hectares onde funcionava uma pedreira, o que facilitou na escolha para a disposição dos resíduos municipais. O clima é considerado tropical, úmido e semi-árido, sendo que a sua estação chuvosa vai de março a setembro, com um índice pluviométrico variando de 900 a 1200 mm anuais. Sua temperatura média é de 26,5 graus.

Figura 3. Localização do aterro sanitário de Feira de Santana

O ASMC recebe diariamente cerca de 2500 toneladas de RSU por dia, oriundos dos municípios de Lauro de Freitas, Salvador e Simões Filho, sendo cerca de 1500 toneladas provenientes da Estação de Transbordo do bairro da Canabrava. Convêm mencionar que os RSU encaminhados para o ASMC correspondem a resíduos domiciliares, resíduos comerciais, resíduos das varrições das praias, resíduos das feiras livres e resíduos das capinações e de podas de jardins. Segundo informações da SOLVÍ (2010), só no ano de 2007 foram aterradas 870 mil toneladas de RSU e 268 mil toneladas de lixiviados receberam tratamento.

O ASMC está localizado na Região Metropolitana de Salvador (RMS), na Bahia, na cidade do Salvador, a cerca de 10 km do Aeroporto Internacional de Salvador – Deputado Luís Eduardo Magalhães. O ASMC localiza-se na rodovia BA-526 (Centro Industrial de

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12 Aratu-Aeroporto), Km 6,5, s/n - Zona Norte. As Coordenadas (UTM) do ASMC são as seguintes: N: 0568316,43 e E: 8578436,75 - MC: 3 ZONA: 31. A Figura 4 representa uma vista aérea do ASMC.

Figura 4 - Vista aérea do Aterro Sanitário Metropolitano Centro, Salvador-Ba. Fonte: SOLVÍ (2010)

7.2 – Separação e caracterização dos RSU

Para a realização dos ensaios de geração de biogás no aterro sanitário de Feira de Santana, será necessária uma caracterização do lixo que o aterro recebe a fim de determinar: tipos de resíduos, quantidade de matéria orgânica e teor de umidade de cada tipo de resíduo. Os constituintes dos RSU serão segregados e classificados em 9 categorias: madeira, papel/papelão, têxtil, plástico, borracha, vidro, pedra/cerâmica, metal e fração pastosa, sendo que a fração pastosa corresponde ao material orgânico e que possui a capacidade de geração de biogás.

A operação de caracterização deverá ocorrer seguindo a sequencia apresentada no diagrama da figura 5, onde os resíduos são coletados na frente de serviço e dispostos sobre uma manta plástica para a homogeneização e quarteamento do material, obtendo-se duas amostras representativas.

Uma amostra servirá para a determinação do teor de umidade, na qual os resíduos serão segregados, pesado individualmente e enviados para a secagem em estufa a uma temperatura de 70ºC, onde serão realizadas medidas semanais da massa do resíduo até ocorrer uma estabilização na variação. Dessa forma, será analisada a umidade global dos RSU por meio da quantificação da massa total de água, massa úmida total e massa seca total dos resíduos utilizados.

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13 A outra amostra coletada, que possui todos os tipos de resíduos homogeneizados, servirá para a realização dos ensaios de BMP.

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7.3 – Ensaio de determinação do Potencial Bioquímico de Metano (BMP)

A realização dos ensaios de BMP se dá no confinamento de determinadas quantidades de RSU em frascos de vidro (digestores) de 2000 ml, onde se monitora a pressão interna nos digestores e se obtêm o volume de biogás acumulado ao longo do tempo.

Seguindo a metodologia aplicada por Caldas (2011), coletaremos os resíduos do aterro de Feira de Santana para realizar os primeiros ensaios com os resíduos novos da frente de serviço. Após a trituração e homogeneização dos resíduos coletados, utilizaremos 12g em cada biodigestor acrescido de 200 ml do chorume do próprio aterro. Os biodigestores são frascos de vidro em borossilicato de 2000 mL com tampa plástica e ramificação lateral para saída do gás. Utilizaremos Tedlar bags – sacos de armazenamento de gás de 1 e 3 litros para verificar a produção de biogás no decorrer do tempo e minimizar as fugas de gás durante o processo de análise de pressão.

Será estabelecida uma comparação de tempo, para a produção de gás de cada amostra nos biodigestores, através das diferenças de volume entre os Tedlar bags utilizados, sendo que ao finalizar o enchimento do saco, utilizaremos um medidor de gases (GEM 2000 – LANDTEC) para analisar a concentração de CH4 CO2 e O2 nos biodigestores.

Além disso, os biodigestores ficarão num local que simula o ambiente interno do maciço de um aterro sanitário. Este aparato experimental, mantém a temperatura na faixa de 38º a 40º C e já está construído no laboratório do Geoamb.

7.4 – Estudo de viabilidade energética

Em relação ao estudo de viabilidade energética do biogás, focar-se-á na produção de energia elétrica. A metodologia aplicada para análise da produção de eletricidade e geração de RCEs – Receitas Certificadas de Emissão (crédito de carbono) seguirá o seguinte diagrama:

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15 Figura 6 – Diagrama de estudo de viabilidade energética do biogás

Com as possibilidades de operações de pequeno porte, temos alternativas de geração de energia em pequenas localidades, o que amplia a faixa de localidades com potencial para a recuperação de biogás, principalmente na Bahia. Logo, através das análises dos aterros que possuem o sistema de geração de eletricidade, construiremos relações de capacidade de geração por quantidade de resíduo depositado e poderemos realizar um estudo teórico de adequação aos aterros locais, para estimar um potencial de geração de cada região da Bahia, seguindo o diagrama da figura 5.

8.

Viabilidade e Financiamento

Nessa pesquisa será utilizado o laboratório do Geoamb – UFBA para realizar a biodigestão dos resíduos coletados no aterro de Feira de Santana. As visitas ao aterro, a coleta dos resíduos e o transporte dos mesmos serão realizados pelo pesquisador.

Serão utilizados equipamentos que se encontram no ASMC – aterro sanitário metropolitano central, que fazem parte da parceria entre o Geoamb e BATTRE. Os materiais laboratoriais adicionais, para realização da pesquisa, serão adquiridos através de verbas das instituições de fomento e dos convênios do Geoamb.

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9.

Resultados e impactos esperados

O estudo do potencial de geração de metano no aterro de Feira de Santana poderá servir de base para elaboração de outros projetos de exploração de biogás na nossa região. Conhecendo os detalhes da geração de metano e o rendimento de um aterro de médio porte, como o de Feira de Santana, será possível se ter uma idéia de quais cidades da Bahia possuem viabilidade econômica para implantação de uma estação de biogás.

No âmbito cientifico, faremos uma associação dos conhecimentos adquiridos em campo com os referencias teóricos, onde será possível refinar métodos já utilizados e produzir uma referência técnica e bibliográfica para incentivar e conduzir novos projetos, além de apresentar uma alternativa para projetos que realizam a queima passiva do biogás, de forma incompleta, nas manilhas do aterro.

O crédito de carbono obtido pela exploração e queima do biogás, está cada vez mais consolidado no mercado internacional, e possui uma tendência ao crescimento. O rendimento obtido com os créditos de carbono poderá se tornar um atrativo para as prefeituras de nossa região que possuem lixões e aterros controlados, que a fim de gerar uma receita adicional, poderão dar início ao devido manejo dos resíduos sólidos urbanos e aos devidos licenciamentos necessários. Esse pode ser o início de um processo sócio-ambiental muito mais amplo, onde o RSU será corretamente manejado para gerar o biogás, que poderá ser aproveitado de diversas formas, como por exemplo, na geração de calor, na produção de eletricidade, utilizado em caldeiras, motores de combustão interna, tratamento do chorume produzido no aterro, iluminação pública, fogões industriais e outros conversores de energia.

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10.

Cronograma de execução

CRO NO GRAMA FÍ SICO

ANO I ANO II

ITEM ATIVIDADES 1 2 3 4 1 2 3 4 INDICADORES DE PROGRESSO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 Estudo do referencial teórico – modelo de

decaimento de 1ª ordem (USEPA-IPCC). x x x x

2 Análise dos dados de produção acumulados

e caracterização dos parâmetros Lo e k. x x x x

3 Ensaios do potencial de geração de biogás. x x x x x x x x x x 4 Estudo teórico das viabilidades energéticas

com utilização do biogás. x x x x x x x x

5 Pesquisa de campo nos projetos em

funcionamento e levantamento de dados. x x x x x x

6 Análise dos equipamentos atualmente

utilizados para o beneficiamento do biogás x x x x x x

7

Produção de artigos e divulgação do trabalho em congressos. x x x x x x 8 Elaboração da dissertação. x x x x x x x x x x x 9 Apresentação da dissertação. x

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11.

Referências bibliográficas

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Referências

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