DIMENSÕES DO ENDIVIDAMENTO
BANCÁRIO DAS FAMÍLIAS
EM MERCADO FINANCEIRO SEM
CONCORRÊNCIA
José Jorge Meschiatti Nogueira
Economista e Ms. em Ciência da Informação Econ Prime – Instituto de Economia e Informação
• PAINEL APRESENTADO NA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – PARANÁ- CURITIBA EM 05 DE DEZEMBRO DE 2013 pela “III JORNADA DE DIREITO DO CONSUMIDOR BANCÁRIO E XVI JORNADA BRASILCON ATUALIZAÇÃO DO CDC”
CRÉDITO E CONSUMO –
ONDE ESTÁ O DINHEIRO?
AO CONTRÁRIO DAS AFIRMATIVAS GOVERNAMENTAIS PUBLICADAS NA MÍDIA.
A expansão do crédito no Brasil não foi elemento significativo no processo do crescimento do consumo...
EXPLICAMOS...
• O crescimento do PIB brasileiro nos últimos seis anos, foi o menor crescimento entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China) ...
• 2005-2012
PAÍS Evolução acumulada do PIB China 109,24%
Índia 81,30% Rússia 43,05% Brasil 32,82%
• Em dezembro de 2005, o saldo do crédito no Brasil entre recursos livres e direcionados (dirigidos para determinados segmentos como obrigatórios) correspondia a 27,5% do PIB, e, em Dezembro de 2012, a participação cresceu para 53,5% do PIB, ou seja, 82,82%.
• Significa dizer que para cada R$2,52 emprestados o PIB aumentou R$ 1,00...
• O endividamento das famílias seguiu um ritmo acelerado no mesmo período já que em dezembro de 2005 correspondia a 21,47% da
renda anual das famílias e hoje corresponde a 45,10% das renda anual das famílias, mais que o dobro.
• Significa dizer que para cada R$ 1,00 emprestado, as famílias aumentaram seu endividamento em R$1,32...
• Para cada R$1,00 de aumento de PIB as famílias se endividaram em R$3,35 a mais no orçamento familiar.
• Deste Pequeno ensaio podemos extrair:
1-Se o aumento do PIB foi muito menor que o aumento do endividamento das famílias – Altas taxas de Juros
2- Se o aumento do crédito foi menor que o aumento do
endividamento das famílias e muito maior que o crescimento do PIB – O crédito redundou em pouco consumo e seu aumento redundou na maior parte na cotação de novas dívidas par pagar dívidas com altas taxas de juros .
• Com o endividamento atual de 45,10% da Renda Anual, as famílias trabalham cerca de 164 dias para pagarem dívidas.
• Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
(IBPT), o brasileiro precisa trabalhar 150 dias para pagar impostos em 2012.
• Pense bem: um ano possui 365 dias e se 164 dias são para pagar dívidas e 150 dias para pagar Imposto ...
Simulação e Simulacro...
• Sobram somente 51 dias da renda do trabalho em
um ano de trabalho...
• Ou seja, de tudo o que as famílias ganham sobra em
média somente 14%
Motivos
• O spread (ganho do Banco descontado o custo da Captação) e as taxas no Brasil cujo produto de ganho são calculados com base em juros compostos( Capitalização dos juros ) são os mais altos do
Planeta fato que contribuiu sistematicamente na elevação significativa do endividamento das famílias.
PAIS SPREAD* JUROS** Média no mundo 6,23% 3,95% Brasil 31,12% 39,99% Argentina 1,39% 10,56% África do Sul 3,37% 9,83% China 3,06% 5,85% República Dominicana 7,28% 12,14% México 4,07% 5,29% Canadá 2,55% 2,60% Uruguai 6,16% 10,33% Nigéria 17,02% 17,59% Israel 2,93% 4,48% Venezuela 3,55% 18,35%
** Banco Mundial – Cliente Prime (Grandes Clientes ou Clientes
Corporativos) in Tabela Price Mitos e Paradigmas/ José Jorge Meschiatti Nogueira, 3 ed. – Campinas, SP Millenium Editora, 2013
• O PODER DO OLIGOPÓLIO
• No Brasil quase não existe concorrência no mercado bancário, ou
seja, é um Oligopólio, no qual os cinco maiores bancos, 2 estatais e 3 privados, possuem aproximadamente 93% das contas correntes do país e concentram 77% de todo o crédito no Brasil. Mandam e
demandam no Mercado.
• Não existe ou se aplica limite de taxas de juros ,e, os contratos são de adesão, no caso, empurrados aos consumidores que ficam sem
chances de discuti-los. De fato a concentração bancária com
característica de cartel no Brasil já foi objeto de estudo do FMI- Fundo Monetário Internacional (IMF -- International Monetary Fund).
FALSO MERCADO
• Essa deficiência de concorrência causa falta de opção ao consumidor e facilita a combinação entre os gigantes financeiros de quanto
desejam GANHAR e implica em que eles podem impor qualquer taxa de juros .
• Em muitos casos e a depender da situação chegam na casa dos 1.000%(mil por cento) ao ano no cartão de crédito.
TAXAS MENSAIS
Taxa anual
CC
SOMOS MAUS PAGADORES?
•De acordo com o Banco Mundial, somos mais
honestos que a média mundial, ou seja, nossa
taxa de inadimplência foi de 3,1% em 2010 e de
3,2% em 2011, abaixo da média do planeta, que
foi de 3,95% em 2010.
País Sigla Taxa anual em % 2010
Russian Federation ruS 8,2
Italy ITa 7,8
Cech republic CZE 6,2
South africa ZaF 5,8
united States uSa 4,9
Spain ESP 4,6 France Fra 4,2 denmark dNK 4,1 Mundo Média 3,95 united Kingdom GBr 4 Turkey Tur 3,8 Portugal PrT 3,3 Brazil Bra 3,1
Saudi arabia Sau 3
Chile CHL 2,7
mexico mEX 2
argentina arG 1,8
Singapore SGP 1,8
Quadro 1 – INADIMPLÊNCIA – amostragem de países desenvolvidos e em desenvolvimento.
SOBRE A CAPITALIZAÇÃO DE JURO – JUROS
COMPOSTOS
• EXISTEM DOIS REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO
1- REGIME DE CAPITALIZAÇÃO POR JURO COMPOSTO (Juro sobre Juro)
A) DISCRETO (
BASICAMENTE O
MAIS USADO)B) CONTINUO (RAROS CASOS)
C) ( Ação Direta de Inconstitucionalidade 2316 ) 2- REGIME DE CAPITALIZAÇÃO POR JURO SIMPLES
Como o Mercado Aplica o Juro sobre Juro
• 1- Cheque especial
• 2- Cartão de Crédito (quando em prestações fixas e iguais = Tabela Price)
• 3- Financiamento de Veículos ( Tabela Price) • 4- Crédito Pessoal (Tabela Price )
• NO REGIME DE CAPITALIZAÇÃO POR JURO COMPOSTO QUANTO
MAIOR O TEMPO MAIOR A DESPROPORCIONALIDADE EM RELAÇÃO AO VALOR FINANCIADO.
• A Tabela Price, por estar inserida em um sistema de algoritmo no qual os juros são cobrados no tempo inversamente proporcional ao transcurso das frações de amortizações, provoca valores maiores de juros e menores de amortização até um determinado ponto do financiamento. Por exemplo, o efeito disso é que, para qualquer valor de Prestação na taxa de 1%, em prazo de 100 meses (períodos), a amortização da metade do Capital não ocorre na metade do prazo que seria 50
meses, e sim entre as parcelas 61 e 62, mais exatamente no ponto exato da 61,951
• Aplicando essa mesma álgebra no projeto do governo Minha casa, Minha vida, com juros anuais de 9%, em 360 meses em um
financiamento de 100.000,00 com prestação mensal de R$804,62, podemos deduzir matematicamente que a metade do capital só será quitada depois de pagas 276 prestações.
SOLUÇÃO
• EXISTE UM SUBSTITUTO PARA A TABELA PRICE DENTRO DA LEGALIDADE ?
MÉTODO GAUSS
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO POR JURO
SIMPLES
Wilkie, 1794, p. 35, introduz a elucidação do que é
anuidade em juro simples e anota os termos usados para definir as variáveis das equações usadas, as mesmas que usamos no método Gauss.
MINHA CASA MINHA VIDA
PRICE
VALOR FINANCIADO 100.000,00
PRAZO - QUANTIDADE DE PARCELAS 300
TAXA MENSAL 0,7500%
TAXA PERÍODO - CAPITALIZADA EM REGIME COMPOSTO 840,8415%
PARCELA INICIAL 839,20
VALOR FINANCIADO 100.000,00
PRAZO - QUANTIDADE DE PARCELAS 300
TAXA MENSAL 0,7500%
TAXA ANUAL EFETIVA 9,0000%
TAXA PERÍODO - CAPITALIZADA EM REGIME SIMPLES 225,0000%
PARCELA INICIAL 510,71
CARR, John. A Synopsis Practical Philosophy: Theorems, Formula and Tables. London: John Weale, 59, High Holborn. 1843.
CAVALHEIRO, Luiz A. F. Elementos de Matemática Financeira. Rio de Janeiro, Editora FGV, 11ª ed., 1989.
FORGER, M. Saldo Capitalizável e Saldo Não Capitalizável: Novos
Algoritmos para o Regime de Juros Simples. 2009. (Relatório de
pesquisa), disponível em
<www.ime.usp.br/~forger/pdffiles/Saldos.pdf > Acesso em outubro
de 2009.
NOGUEIRA, José Jorge Meschiatti. Tabela Price: mitos e
paradigmas. Campinas: Millennium Editora, 3ª ed. . 2013.
PRICE, Richard. Observations on Reversionary Payments. Londres: ed. T. Cadell, 4ª ed. 1783, 6ª ed. 1803 e 7ª ed. 1812.
WILKIE, David. Theory of interest, simple and compound, derived
from first principles and applied to annuities of all descriptions ... with an illustration of the widows scheme in the Church of Scotland.