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DIRETRIZES PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA DURANTE A EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS DE FACHADAS DE EDIFÍCIOS

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Academic year: 2021

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DIRETRIZES PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA

DURANTE A EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS

ARGAMASSADOS DE FACHADAS DE EDIFÍCIOS

Marina da Costa Carmo Terra Barth (1)Lúcia Helena de Oliveira (2)

(1) Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana – Escola Politécnica – Universidade de São Paulo, Brasil – e-mail: marina.barth@usp.br

(2) Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana – Escola Politécnica – Universidade de São Paulo, Brasil – e-mail: lucia.oliveira@poli.usp.br

Resumo

O aumento da demanda dos recursos naturais na construção civil, estimulada pelo déficit habitacional e pelas perdas decorrentes de práticas inadequadas, aliados aos conceitos de sustentabilidade, tem motivado a implementação de ações que visem à redução dos desperdícios. Tendo-se em vista que a água é um recurso renovável, várias ações têm sido implementadas em edifícios em operação, no entanto, pouco tem sido praticado nos canteiros de obras. Assim, o objetivo deste trabalho é a proposição de diretrizes para conservação de água em canteiros de obras e, em particular, durante a execução de fachadas argamassadas de edifícios. Para alcançar os objetivos da pesquisa, foi monitorado o consumo de água na execução de uma das fachadas argamassadas de um edifício, através da instalação de um hidrômetro. A partir dos dados obtidos foi possível analisar que o volume de água utilizado de 23 m3, superou em 28% o valor teórico de 18 m3. Neste caso, o consumo excessivo de água deve-se à ausência de controle na execução dos serviços e aos desperdícios. As diretrizes estabelecidas para a redução do consumo de água estão relacionadas à implementação de tecnologias economizadoras e também ao uso de fontes alternativas. Alguns procedimentos podem reduzir o consumo de água tais como: inspeções para identificar e prevenir perdas, manutenções periódicas e também buscar a conscientização dos funcionários, para redução dos desperdícios. Os resultados desta pesquisa contribuem para o desenvolvimento de procedimentos de execução mais eficientes e instalações hidráulicas mais adequadas em canteiros de obras, tendo em vista o uso da água sem desperdícios.

Palavras-chave: Água em canteiro de obras; Revestimento de fachada; Sistemas prediais. Abstract

The demand for natural resources in civil construction is growing due to house shortage and the losses resulting for improper practices. This has motivated the creation of actions aimed to reduce waste. It is known that water is a renewable resource because of that, several initiatives have been taken in order to preserve it during the building operation, on the other hand, there is less about the use of water during the construction. The purpose of this research is to give guidelines for the reduction of water consumption in construction sites, especially, in the facade covering. To achieve these objectives, one hygrometer was installed to monitor the water consumption during the execution of the facade covering. From data obtained, it was possible to compare the volume that was used of 23 m3, which exceeded 28% the theoretical value of 18 m3. It is possible to connect the overconsumption to the lack of control procedures, and waste of water. Establishing guidelines for the reduction of water consumption is related with applying new technologies and doing a better control of the use of water as a building material, managing the loss and seeking awareness of the employees. The results of this research contribute at the development of more efficient procedures and the use of an appropriate hydraulic system at construction site, seeking to reduce waste.

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1. INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil é responsável por grande parte dos impactos ambientais negativos, além de grande consumidora de diversos recursos naturais como, por exemplo, a água. Em números gerais, a construção civil mundial demanda 40% da energia; consome 12% da água potável e produz 40% dos resíduos sólidos urbanos (UNEP, 2009). A crescente demanda por infraestrutura impede que esse panorama seja alterado.

Apesar de iniciativas incipientes de algumas empresas, segundo DEGANI (2003), é perceptível que o modo de produção adotado pelas empresas afasta-as cada vez mais do desenvolvimento sustentável. Dessa maneira, a incapacidade do meio ambiente de absorver as decorrências do desenvolvimento começa a transparecer no setor da construção civil.

O canteiro de obras é uma etapa curta do ciclo de vida de um edifício, porém é uma fase importante para o seu desempenho. Muitas das ações de conservação da água estão relacionadas aos edifícios em operação e pouco se fala delas nos processos construtivos. No canteiro de obras, a água é essencial para o consumo humano e indispensável na execução de vários serviços.

A consideração de ações mais sustentáveis na construção é frequentemente mais enfática no que diz respeito às questões relacionadas ao consumo de materiais e de energia. As poucas ações existentes para a racionalização da água em canteiro de obras, talvez se justifiquem pelo fato de que o custo com o consumo de água represente 0,7% do custo total da obra, de acordo com pesquisas realizadas em alguns canteiros de obras (PESSARELLO, 2008). Quando se trabalha com valores relativos, pode-se ter uma falsa noção do problema, pois neste caso o volume de água utilizado pode ser muito elevado, mas seu custo, no orçamento total é irrisório. Assim, a carência de informações relacionadas à conservação de água em canteiros de obra fez surgir o interesse pela realização desta pesquisa.

O atual “boom” da construção civil tem elevado a demanda dos recursos naturais e, por isso, a necessidade de racionalização de insumos e, em especial, a da água. O desenvolvimento desta pesquisa visa entender o uso da água em canteiros de obras e, particularmente, na execução de revestimento argamassado, para posterior desenvolvimento de diretrizes que visem à redução de desperdícios.

2. OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho é propor diretrizes para a conservação de água em canteiros de obras e, em particular, para a execução de fachadas argamassadas de edifícios.

3. METODOLOGIA

Na primeira etapa da pesquisa, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o consumo de água em canteiros de obra. Na segunda etapa, um canteiro de obras de um edifício residencial foi monitorado. Como o objetivo da pesquisa é o revestimento argamassado, um hidrômetro calibrado e com capacidade nominal de 3 m3/h, foi instalado, conforme apresentado na Figura 3.1, para a medição do volume de água utilizado na execução do revestimento argamassado da fachada externa.

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Figura 3.1 – Hidrômetro instalado no ramal de alimentação da argamasseira

Na terceira etapa, com dados relativos às áreas, espessuras e perímetros do revestimento da fachada monitorados, foi possível o cálculo do volume teórico de argamassa necessário para a execução do revestimento da fachada de cada pavimento. Na etapa final, com os dados coletados, comparou-se o consumo real de água com o consumo teórico.

4. LEVANTAMENTO DE CAMPO

Para realização da pesquisa é importante conhecer as características da obra e da construtora, uma vez que diferentes padrões de construção e serviços demandam diferentes consumos de água.

4.1. Caracterização da construtora e do empreendimento

Trata-se de uma construtora de grande porte, especializada em edifícios residenciais de alto padrão. A implantação do empreendimento ocorreu em maio de 2010 com previsão de conclusão em outubro de 2012. A obra se destaca pela grande área construída, sendo três torres de 27 andares.

4.2. Características do sistema hidráulico no canteiro de obras

O abastecimento de água é feito por concessionária pública e armazenado em reservatórios de polietileno com capacidade de 5 mil litros, sendo três no subsolo (Figura 4.1) e dois no térreo. Em cada andar há um tambor com capacidade de 220 litros (Figura 4.2). Para a execução da fachada, a central de argamassa foi instalada no 16oandar e, posteriormente, transferida para o 28oandar para a execução da segunda etapa, a qual foi monitorada nesta pesquisa.

Figura 4.1 - Reservatórios no subsolo Figura 4.2 - Tambor em um dos pavimentos

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4.3. Características de execução

A argamassa é feita em obra, também chamada de argamassa moldada in-loco (AMIL). Nesse processo, é utilizada uma argamassadeira mecânica com capacidade de 450 litros e um dosador de materiais. A dosagem da mistura é feita a partir de sacos inteiros. São utilizados sacos de cimento de 50 kg, cal de 20 kg e areia de 20 kg.

4.4. Consumo de água total na obra

O gráfico da Figura 4.3 representa os consumos de água e os respectivos serviços executados durante a realização desta pesquisa.

Figura 4.3 – Serviços e consumo mensal de água

É possível observar na Figura 4.3 que o pico de consumo ocorrido no mês de junho de 2011 está principalmente relacionado à execução de atividades simultâneas sendo elas contrapiso, alvenaria, gesso e ao início da primeira etapa da fachada.

4.5. Consumo de água para execução da fachada argamassada

As medições do consumo de água para a execução do revestimento argamassado externo foram realizadas do dia 22 de setembro ao dia 3 de outubro, período em que foi executado o revestimento externo de quatro pavimentos. Nesse período o consumo total de água indicado pelo hidrômetro foi de 23 m3.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste item são apresentados os volumes de água utilizados para produção do revestimento argamassado e a comparação entre os valores teórico e real. São também apresentadas as diretrizes para a redução dos desperdícios de água, principalmente na produção de revestimentos externos com a utilização de argarmassas.

5.1. Cálculo dos volumes de água para a produção do revestimento argamassado

Para a execução de quatro pavimentos, o consumo real de água medido foi de 23 m3. Para obter o volume teórico de água, com os valores das áreas e espessuras, foi calculado um volume de argamassa necessário para executar o revestimento, igual a 73,08 m3. A construtora, por meio de testes empíricos, determinou que para fabricação de 1 m³ de

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argamassa usam-se 4,91 traços, portanto, o volume de 73,08 m3 de argamassa, é equivalente a 359 traços, totalizando 17950 kg de cimento ou 359 sacos.

Utilizando-se a relação água/cimento igual a 1, é possível obter o volume teórico de água igual a 17,95 m3, um valor 28,13% menor que o volume de água que foi utilizado, de 23 m3. 5.2. Diretrizes para conservação de água

Com base nas observações feitas no canteiro de obras podem-se estabelecer as seguintes diretrizes para a redução do consumo de água e, em especial, para revestimentos argamassados de fachadas:

• instalações provisórias adequadas, evitando improvisações como, por exemplo, torneiras de má qualidade;

• desenvolver procedimentos ou até mesmo equipamento para a retirada de água do reservatório instalado no andar e, deste modo, evitar perdas de água;

• seguir os padrões construtivos da obra, utilizando as quantidades de materiais e espessuras especificados no projeto, pois quanto maior o volume de argamassa utilizado maior o volume de água e, consequentemente, maiores as perdas de materiais e de água;

• conscientização e capacitação dos funcionários para a redução dos desperdícios de água tanto nos sanitários como nas atividades da obra como, por exemplo na lavagem de argamassadeiras;

• realização de inspeções sistemáticas em todas as fases da execução do revestimento, garantindo que não haja vazamentos nas instalações provisórias e também falhas de execução.

6. CONCLUSÕES

O desperdício de água encontrado de aproximadamente 28% é um pouco elevado, o que pode ter relação com diversos fatores tais como: falta de procedimentos adequados para execução do revestimento, limpeza dos equipamentos e detecção de vazamento, o que propicia consumo excessivo de água. Ressalta-se que as maiores perdas de água deste caso estão relacionadas às falhas de execução do revestimento e, particularmente, na falta de controle da espessura da argamassa.

7. REFERÊNCIAS

DEGANI, Clarice Menezes. Sistemas de gestão ambiental em empresas construtoras de edifícios. São Paulo, 2003. 223p. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

PESSARELLO, R.G. Estudo exploratório quanto ao consumo de água na produção de obras de edifícios: avaliação e fatores influenciadores. 2008. 111 f. Monografia (Pós-Graduação MBA-TGP Tecnologia e Gestão na Produção de Edifícios) –Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

UNEP. Buildings and Climate Change - Summary for Decision-Makers. 2009. AGRADECIMENTOS

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Os autores agradecem a bolsa de PIBIC concedida pelo CNPq e também à equipe do canteiro de obras que permitiu o monitoramento do consumo de água e forneceu os dados necessários.

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