• Nenhum resultado encontrado

Fachada Cortina. C2faup. Sistemas e Materiais de Construção. Sistemas e Materiais de Construção. Sistemas e Materiais de Construção.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Fachada Cortina. C2faup. Sistemas e Materiais de Construção. Sistemas e Materiais de Construção. Sistemas e Materiais de Construção."

Copied!
37
0
0

Texto

(1)

C2

faup

Sistemas e Materiais de Construção

Sistemas e Materiais de Construção

Fachada Cortina

G6

Bárbara Magalhães Catarina Soares Sara Diaquino

Laboratório de Construção da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto – 2013/2014 Prof. Ana Isabel Silva | Eliseu Gonçalves | Nuno Lacerda Lopes

(2)

00| Abstract

Surgido no âmbito da disciplina de Construção II, este trabalho visa o estudo do método construtivo da Fachada Cortina. O ponto de partida passou pelos propósitos desta técnica construtiva e a sua evolução ao longo do tempo. O objectivo centra-se, assim, no estudo, um pouco aprofundado desta técnica construtiva, usando como objecto de estudo uma obra de Eduardo Souto de Moura, o Projecto Burgo, em comparação com o edifício Lake Shore Drive de Mies van der Rohe, um dos pioneiros deste método.

Assim, através de uma das torres do edifício do Burgo é feito um estudo mais aprofundado do método construtivo da Fachada Cortina, através de imagens, esquissos e desenhos pretendendo a percepção e compreensão desta técnica e, por conseguinte, a demonstração e descrição da mesma.

PALAVRAS CHAVE:

Fachada Cortina Pele exterior Mies van der Rohe Estrutura

(3)

Índice

01| Contextualização Histórica ... 4

Evolução do uso da fachada ... 6

Fachada cortina como imagem de uma época 9 02| Fachada cortina na actualidade ... 10

03| Autores ... 11

Eduardo Souto de Moura (1952-) ... 11

Mies van der Rohe (1886-1969) ... 12

04| Lake Shore Drive ... 13

05| Projeto Burgo ... 16

06| Referências ... 26

07| Bibliografia ... 34

(4)

01| Contextualização

Histórica

O século XIX foi uma época revolucionária devido à Revolução Industrial, à invenção da máquina a vapor e ao começo da utilização de novos materiais como o ferro, o betão e o vidro. Esta foi uma época na qual surgiu o modernismo. Este movimento visava um grande purismo formal e formas claras e simples – “menos é mais” 1 – sem a sobrecarga do ornamento – associado ao historicismo.

Este foi um período de crescente mudança e evolução social, cultural e tecnológica, e de um melhoramento constante nas técnicas e materiais construtivos. Assim, com o desejo de superar as influências clássicas e de forma a incrementar o crescimento e o progresso, surge um estilo liberto dos ideais historicistas, um estilo contemporâneo da era industrial. Destaca-se como um movimento arquitectónico revolucionário, inovador, sugestivo, dando uso a novas técnicas e materiais construtivos, como o vidro, o betão e o aço. Este movimento pôs em prática métodos de construção de maior eficácia, mais económicos e racionais que permitiam uma maior rapidez e menor custo de construção necessários para ultrapassar a crise habitacional do pós-guerra. Estes factores fizeram com que a arquitectura se desenvolvesse cada vez mais em altura, ideia que fora originalmenteapresentada nos projetos visionários de Le Corbusier e Mies Van der Rohe durante a década de 1920.

1 “less is more”- frase de Mies Van der Rohe relativa

(5)

Este movimento partiu da arquitetura comercial, nomeadamente lojas, escritórios e apartamentos. Teve portanto, como marco os arranha-céus e como centro Chicago, uma metrópole liberta dos estilos do passado.2

O termo fachada-cortina surge inicialmente referindo-se a “uma contínua cortina de alvenaria penetrada por janelas”3, ou seja, um método construtivo em que a estrutura não tem uma expressão evidente, pois através da colocação de um material de revestimento leve à frente do plano da estrutura a fachada pode ser favorecida, sem interrupções de carácter estrutural. Esta técnica começa a ser posta em prática em 1895 no edifício Reliance Building em Chicago4.

Partindo então do seu conceito inicial, a fachada-cortina centra-se na separação entre a fachada e a estrutura - uma parede não-portante de vidro, metal ou alvenaria presa à moldura exterior estrutural do edifício - permitindo um desenho da fachada independente da componente estrutural do edifício. Portanto surge como um método moderno de resolução das fachadas em edifícios de grande dimensão.

2 Janson, H. W.; História da Arte; 5ª edição; Fundação

Calouste Gulbenkian, 1992; título do original: History of Architecture.

3 YEOMANS, DAVID; The pre-history of the curtain

wall; The Construction History Society, Vol. 14

4 YEOMANS, DAVID; The pre-history of the curtain

wall; The Construction History Society, Vol. 14

Figura 2 - Burnham & Root, Reliance Building, Chicago Illinois, USA, 1894-1895

(6)

Evolução do uso da fachada

“A aparência de massa, de solidez estática - até agora qualidade primordial da arquitetura – praticamente desapareceu; no seu lugar existe uma aparência de volume ou, mas exatamente, de superfícies planas que delimitam um volume. O símbolo principal arquitetónico já não é o tijolo maciço, mas sim a caixa aberta. Na verdade, a grande maioria dos edifícios são em essência, e em aparência, simples planos que rodeiam um volume. Com a construção em esqueleto envolvida apenas por uma tela de proteção, o arquiteto dificilmente pode evitar esta aparência de superfície, de volume, a menos que por respeito ao desenho tradicional em termos de massa, se afaste do seu percurso para conseguir o efeito contrario.”5

Henry-Russel Hitchcock e Philip Johnson

O uso do vidro na fachada cortina começa por incorporar a construção de edifícios industriais em primórdios do século XX. Tomando como exemplo, na fábrica da Fagus em Alfeld-an-der-Leine (1911), obra de Walter Gropius e de Adolf Meyer, em que a fachada é composta por uma série de janelas que se vão repetindo ao longo dos pisos ininterruptamente, criando uma fachada maioritariamente constituída por vidro.

5 Henry-Russel Hitchcock e Philip Johnson “El Estilo

Internacional”, 1932; in Kenneth Frampton. Historia crítica de la arquitectura moderna, 4ª edição, editorial

(7)

Figura 5 – Edifício “Seagram”, em Nova Iorque, 1958, Mies van der Rohe

“Pela primeira vez uma fachada é completamente concebida em vidro. pilares de apoio são reduzidos a montantes estreitos de tijolos. Os cantos são deixados sem qualquer apoio, produzindo uma sensação sem precedentes de abertura e continuidade entre o interior e o exterior.”6

Com o edifício da Bauhaus em Dessau, Gropius volta a explorar esta técnica na fachada do novo edifício da escola de arte, sendo que esta obra foi dos primeiros exemplos em que começa a surgir o uso da fachada-cortina. No conjunto formado por três blocos distintos, de aulas, estúdios e oficinas, distingue-se este último. Consiste numa caixa de quatro andares em que as fachadas são uma superfície de vidro contínua.

O “Halladie Building” de Willis Jefferson Polk em São Francisco surge em 1918 como o primeiro edifício de escritórios com fachada-cortina.7 No entanto é Mies Van der Rohe que se distingue como pioneiro no uso deste método. A sua obra destaca-se no

estudo e exploração das

potencialidades do uso do vidro na arquitetura. Mies incentivou o uso do aço e do vidro na arquitetura americana, usando-o não só em edifícios de escritórios mas também nos de habitação. Da sua autoria, existem diversas obras em que foi usada a fachada-cortina. O condomínio “Lake Shore Drive”, construído em 1948-51 em Chicago, e o edifício

6 Pevsner, Nikolaus (1949), Pioneers of Modern

Design

7 “Matéria” do Projecto. Ideias “puristas” e razão

técnica na Arquitectura Contemporânea, Joaquim Carlos Pinto de Almeida. Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciencias e Tecnologias da Universidade de Coimbra. Março 2009

(8)

“Seagram”, em Nova Iorque em 1958, surgem como os primeiros arranha-céus em que a fachada é totalmente envidraçada. Sendo que no segundo, por não ter utilizado componentes metálicos estandardizados, mas desenhado componentes de bronze desenhados especificamente, Mies conseguiu evitar interrupções horizontais na fachada, marcando nela a verticalidade.

“O núcleo de todos estes arranha-céus é formado por uma construção em esqueleto de aço estrutural, no qual são suspensas as partes da fachada em vidro, como uma cortina. (…) Com a parede-cortina envidraçada tinha sido, além disso, encontrada finalmente uma solução de fachada adequada ao princípio construtivo em esqueleto.”8

Assim, com o “Movimento Moderno” surge um novo conceito na arquitetura em que a estrutura portante e a pele de revestimento de um edifício constituem dois elementos separados e diferenciados. Esta técnica, em constante evolução, devido ao crescente desenvolvimento e inovação nas técnicas de construção, manteve-se ate à atualidade.

8 Pijoan, J.; História da arte - volume 6,publicações Alfa, editado por Publicações Europa-América, Lda, Mem Martins, pág.60

(9)

Fachada cortina como imagem

de uma época

Como já foi mencionado anteriormente, o grande impulso na utilização da fachada cortina deu-se aquando a Revolução Industrial do século XIX. Com o crescimento económico resultante desta e com o consequente aumento do preço do terreno urbano, a construção em altura tem a sua primeira grande expansão e desenvolvimento.

Porém, as tradicionais fachadas não se adequavam à economia construtiva desta nova era e muito menos permitiam uma correta iluminação natural deste tipo de edifícios. Assim sendo, os materiais recorrentes da época como o ferro e o vidro passaram a ser transpostos para as fachadas dos arranha-céus americanos. Inicialmente em Chicago e depois alastrando-se ao resto do mundo.

Das primeiras experiências destacam-se obras como Lake Shore Drive em Chicago de Mies Van der Rohe e a Fabrica Fagus em Alfeld-ar-der-Leire resultado da parceria de Walter Gropius com Adolf Meyer. O principal enfoque destes projetos deriva da independência da pele exterior em relação à estrutura portante da qual se pode constatar uma evolução significativa desde o seu aparecimento. Muito por causa das obras de Mies a fachada cortina tornou-se mundialmente conhecida como marca característica do “estilo internacional”, sempre associada na sua génese a edifícios em altura, normalmente com funções de escriturado e consultadoria.

(10)

02| Fachada cortina na

actualidade

Nos dias de hoje, o material aparece como parte de um conceito estético.

O modernismo transformou o modo de aplicação dos materiais e muito para além da sua verdade. As suas cores e texturas são caracteres valorizados na arquitetura moderna e têm um novo significado na abordagem externa do edifício. Esta revalorização é potencializada pelo uso do conceito de “pele exterior”, que no caso da fachada cortina se tem desenvolvido devido a uma intensiva exploração das capacidades matérias, mais concretamente do vidro. O uso de vidros serigrafados, foscos, coloridos e até mesmo a junção de acrílicos, sobreposta a outros materiais como metais, são exemplo disso.

A tudo isto podemos associar a tecnologia que nos últimos anos se

desenvolveu bruscamente e

impulsionou tudo a que está ligada, nomeadamente a arquitetura, como no caso do Instituto do mundo árabe de Jean Nouvelle, onde a atenção do arquitecto recai sobre a evolução tecnológica para uma melhor eficácia energética do edifício.

(11)

Figura 6- Fotografia do arquitecto Eduardo Souto de Moura

03| Autores

Tendo tido como ponto de partida o estudo do Edifício do Burgo, de Eduardo Souto de Moura, o trabalho fixou-se no tratamento de temas que visam a análise da estrutura portante e da fachada cortina. Com a intenção de perceber um pouco mais sobre a composição construtiva do Edifico do Burgo, a análise do edifício Lake Shore Drive de Mies van der Rohe revela-se determinante no sentido de perceber as estandardizações e singularidades possíveis de encontrar no edifício da Boavista.

Eduardo Souto de Moura (1952-)

Eduardo Souto de Moura nasce a 25 de Julho de 1952. Forma-se em 1980 na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Dá início a uma colaboração, enquanto estudante, com Álvaro Siza.

Forma o seu próprio escritório, mantendo a sua ligação com Siza. O nome Souto de Moura ganha importância internacional com a construção do Mercado de Braga, em 1984. Claramente influenciada, numa primeira fase, pela horizontalidade de Mies van der Rohe, a arquitetura de Souto de Moura “é prova convincente do potencial expressivo e adaptabilidade a distintas situações locais do idioma moderno”9.

Em 2011, Souto de Moura recebe o prémio Pritzker. Algumas das obras mais relevantes deste arquitecto são o Estádio Municipal de Braga, a Casa de Histórias de Paula Rêgo ou a Reconversão do Convento de Santa Maria do Bouro.

9 Relatório do Júri do Prémio Pritzker 2011

(12)

Figura 7 - Fotografia do arquitecto Mies van der Rohe

Mies van der Rohe (1886-1969)

Lugwig Mies van der Rohe nasce a 27 de Março de 1886. Arquiteto alemão (nacionalizado estudinense em 1949), começa a sua formação no estúdio de Peter Behrens em 1908.

Depois da Primeira Guerra Mundial, as influências de Mies van der Rohe passam pelo neoplasticismo e pelo construtivismo russo, fazendo-o aproximar-se do estilo modernista. Em 1933, deixa a Alemanha e viaja para os EUA. Aí é considerado um dos impulsionadores do Estilo Internacional e um precursor da Arquitetura Moderna. Morre a 17 de Agosto de 1969.As obras que o caracterizam são a Casa Farnsworth, o Seagram Building e o Pavilhão de Barcelona.

(13)

Figura 9 - Pormenor do encontro da fachada

04| Lake Shore Drive

Ficha técnica

Uma das obras mais

emblemáticas e características do historial de Mies van der Rohe são os apartamentos Lake Shore Drive. Esta revelou-se como um ponto importante na arquitetura de Mies, bem como na arquitetura de Chicago.

No sentido de melhor

compreender a obra, revela-se importante perceber o contexto da construção destes apartamentos, também conhecidos como “Glass House Apartments”.

Com a intenção de conseguir a melhor das vistas para a cidade de Chicago, Mies opta por erguer as suas torres entre o Lago Michigan, a extensa avenida marginal e o Loop (centro histórico comercial e cultural da cidade). Este desejo implicará a criação de extensos painéis de vidro, que irão pôr em causa, num sentido positivo, a estrutura, e por sua vez, a aparência das torres. Assim, a ideia base da conceção passa pela criação de um espaço único onde várias coisas possam acontecer (conceito de “open living”). Mies acreditava que um único lugar podia ser espaço para várias funções, pondo de parte a ideologia de Sullivan, de que a “forma segue a função”. Porque o vidro é um dos elementos principais da construção, revestindo a fachada do chão ao teto, e as paredes interiores são escassas, os fogos são iluminados por luz natural de todas as direções. Este é um dos aspectos que faz com que Mies criasse um jogo de luz e sombra, de vista para o lago e vista para a cidade.

Figura 8 - Pormenor da fachada, em planta, do Edifício Lake Shore Drive

(14)

As torres são organizadas por 248 apartamentos, distribuídos por 26 pisos, sendo que uma das torres tem

90 fogos T3 e a outra 158 fogos T1. No projeto final, uma das torres era constituída por 96 apartamentos e a outra por 192, dando um total 288 fogos (atualmente este número foi muito subtraído pois foram aglomerados vários fogos de modo a permitir uma maior diversidade dos espaços).

Ambas as torres possuem um piso térreo livre, proporcionado pela estrutura metálica. A única exceção encontra-se numa caixa de vidro que funciona como hall de entrada, e nela estão incorporadas caixa de escadas e elevadores. Cada torre possui 2 caixas de escadas e 2 elevadores. O acesso a cada fogo é feito a partir de um corredor interior.

No que diz respeito às dimensões, os pisos de habitação têm um pé direito de, aproximadamente, 3,96m (8ft ½) e o piso térreo tem um pé direito com cerca de 5,18m (17ft).

As torres são construídas sobre uma grelha de 4x6 pilares em ferro revestidas com 5cm de betão (devido à legislação anti-fogo vigente em Chicago), com um afastamento de 6,40m, gerando, em dois alçados, 3 faixas de janelas e 5 faixas de janelas em outros dois alçados.

Estas faixas são, ainda, divididas em módulos compostos por 4 janelas com 1,60m distanciadas entre si. Existe ainda uma subestrutura adjacente a esta, que enfatiza a estrutura metálica principal do edifício: sobre cada pilar, revestido a betão, e cada mainel, vai ser aplicado um perfil metálico pré-fabricado em I, que ajuda no suporte das janelas. Todos os alçados foram submetidos a este processo.

No projeto inicial da obra existiam apenas fogos T1 e T3. Os fogos T1, retangulares, tinham um vão e meio (≈9,60m) de comprimento e um vão (≈6,40m) de largura. Os fogos seguem o

Figura 10 - Pormenor da fachada

(15)

sistema de open space que permite a diversidade dos espaços internos dos mesmos. Os fogos T3, também de forma retangular, tinham dois vãos e meios (≈16m) de comprimentos e um vão e meio (≈9,60m) de largura.

O próprio arquiteto comprou 2 apartamentos em Lake Shore Drive, embora nunca tenha chegado a habitá-los. Uma das razões apontadas era o medo de estar sempre a ouvir queixas da sua obra; a outra, porque não tinha paredes suficientes para afixar a sua coleção de arte.

Fachada

O tratamento dado às duas torres é o mesmo. Todos os alçados preservam a estrutura e os vãos são revestidos por janelas com caixilharia em ferro de forma a demarcar o módulo construtivo. Nos prumos das janelas, o arquiteto coloca, ainda, perfis metálicos em I, com a finalidade de acentuar a verticalidade das torres e reforçar a ideia da estrutura. O mesmo perfil metálico é introduzido nos pilares que fazem o cunhal das torres, tornando quase inexistente, proporcionando uma maior leveza e unidade ao conjunto (less is more).

Em consonância com o resto do edifício, o alçado é elevado um piso do nível do solo, libertando o piso térreo, criando a sensação de torres flutuantes, reforçada ainda pela transparência da caixa de vidro que serve de hall de entrada.

(16)

05| Projecto Burgo

Ficha técnica

Em 1991 dão início os trabalhos para a construção do conjunto de edifícios do Burgo, na avenida da Boavista, destinados a escritórios. Nesta obra, em Souto Moura reinterpretou o conceito formal americano de arranha-céus de Mies Van der Rohe e da sua relação entre imagem do edifício e sistema construtivo, isto através do seu olhar mais observador e critico. Trata-se de gerir e redescobrir capacidades estéticas e sensações que a estrutura pode transportar para a imagem arquitectónica. Esta há muito que deixou de ser motivo de interesse apenas pelas suas capacidades técnicas mas também, pela sua representação que passou a ser passível de introdução no campo estético e consequentemente conceptual da arquitectura.

As suas sensações impõem-se pela verticalidade do construído, pela natureza regular e invariabilidade que, por sua vez, são impostas pela materialização precoce da forma por meio da estrutura.

A implantação desta construção está definida essencialmente por dois factos, o distanciamento/proximidade e a diferença da escala volumétrica.

Numa plataforma nivelada e elevada da rua encontram-se as bases de dois volumes, autónomos mas em diálogo: um horizontal e baixo e, relativamente próximo, um outro vertical e de altura considerável. “Quando dei por mim e achei que estava pronto para avançar, os bombeiros já tinham definido a altura (70m), os consultores ingleses a modelação dos pilares (três carros) e os engenheiros a espessura das lajes (35cm)”ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216. A sua disposição angular organiza uma esplanada.

Figura 13 – Mote para o projecto Burgo

(17)

na plataforma que tanto se aproxima da escala urbana, como se afasta.

A relação com a rigidez da cidade foi o que motivou Souto Moura a utilizar uma fachada de imagem tão recorrente, que acabou por se tornar no mote do projeto. Uma imagem que funde um certo caracter arqueológico expresso na simetria do clássico e o potencial moderno da sua estética regular, em que a repetição do detalhe cria o efeito máximo visual.

A fachada nesta obra aparece não como imagem de uma verdade estrutural como muitos possam pensar, este é apenas o tema do projecto. A fachada é aplicada como princípio de revestimento, uma mascara da realidade construtiva. Assim, a “pele” é um elemento independente da ordem construtiva que envolve o esqueleto estrutural, tal como na obra de Mies.

Uma pele em que a sua epiderme se vai relacionar com os factores fornecidos pelo exterior do corpo, o que nos remete para uma visão fantasiosa da transparência da estrutura para a imagem da obra.

O dito revestimento é usado nos dois elementos. Este funciona com a repetição da viga que articula os elementos verticais e estes, por sua vez, organizam os elementos horizontais. Nas fachadas laterais, estes dois últimos, exprimem os próprios perfis metálicos entre as fachas de placas de granito do revestimento, com 2cm.

(18)

Figura 16 – Vista inferior da fachada do Edifício do Burgo

Por outro lado, estas placas são fixadas por parafusos a uma estrutura metálica que por sua vez, é fixada à estrutura de betão armado. Isto deixa difusa a visão entre a estrutura e o revestimento

Souto Moura inspirou-se no empilhamento de paletes de madeira para a estética do edifício. Essa opção leva a uma ausência de base e remate, que vem anular o conceito de esquina que Mies tinha associado a este tipo de edifícios, caracterizado pelo pilar no

canto. No Burgo isso não acontece. São os planos das fachadas que na sua intersecção resolvem o remate, o que aparenta a constante possibilidade de continuação da obra sem limites.

“A silhueta foi imposta e o Alberti... definitivamente enterrado.

Sobrava-nos a arquitetura da

pele(...)Ultrapassei o tema da pele, da roupagem, propondo aos engenheiros uma fachada estrutural”

Tornar a pele estrutural foi uma forma de fugir aos riscos dessa linguagem, assim a pele ganhou o papel de revestimento e autonomia.

“(...)De modo que, não estou interessado no problema ético de ser autêntico porque não me preocupa a autenticidade do objeto. Preocupa-me pelo contrário fortalecer a simulação da verdade.”

(19)
(20)
(21)
(22)
(23)

Figura 20 – Pormenor do caixilho

(24)
(25)
(26)
(27)

Figura24– Corte Transversal do Projeto Burgo

(28)

1 2 3 2 4 2 Figura 25 – Objecto 3D

(29)

Isolamento térmico Caixilho Cantoneiras metalicas Perfil em “u” (Ferro lacado) Perfil metálico fechado Peça metálica de suporte do caixilho

Pormenor1- Remate das vigas falsas

(30)

Caixilho metálico (aplicação da placagem)

Placagem

Pormenor3 – Aplicação da placagem no pilar

(31)

Caixilho Grelha metálica de suporte do isolamento térmico Isolamento térmico

(32)

06| Referências

Forma da Secção Designação das séries Símbolo Dimensões (altura ou espessura em mm) Obras Perfis IPE (espessura de aros paralelos) IPE 80 a 600 Lake Shore Drive (80x170, 250x90, 70x110) Perfis H HEA HEB HEM HEC 100 a 600 Lake Shore Drive 170x180 300 HEA HEB HEM 650 a 1100 HEAA 100 a 110 HL 1000 a 1100 HD 260 a 400 HP 220 a 400 Perfil L (abas iguais) 20x20x3 a 200x200x24 Lake Shore Drive Perfil L (abas diferentes) 30x20x3 a 100x50x10 Lake Shore Drive Perfil U 30x15x3 a 80x80x9 Lake Shore Drive Perfil T 25x25x3 a 80x80x9 Lake Shore Drive Perfil fechado 7x3 Burgo

(33)

em aluminio Perfil em “u” chapa de ferro lacado 30x15x3 a 80x80x9 Burgo Placagem de granito polido 2x95x 3 Burgo

(34)

07| Bibliografia

Informação

Janson, H. W.; História da Arte; 5ª edição; Fundação

Calouste Gulbenkian, 1992; título do original: History of Architecture.

Joaquim Carlos Pinto de Almeida. “Matéria” do

Projecto. Ideias “puristas” e razão técnica na Arquitectura Contemporânea, Departamento de

Arquitectura da Faculdade de Ciencias e Tecnologias da Universidade de Coimbra. Março 2009

YEOMANS, DAVID; The pre-history of the curtain

wall; The Construction History Society, Vol. 14

FRAMPTON, KENNETH; Historia crítica de la

arquitectura moderna, 4ª edição, editorial Gustavo

Gilli, Espanha, 2009

Pevsner, Nikolaus (1949), Pioneers of Modern

Design

Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª

ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Blaser, Werner. Mies van der Rohe: Lake Shore

Drive apartments : high-rise

building=wohnhochhaus / Waner Blaser ; trad. Katja Steiner, Bruce Almberg. - Basel : Birkhäuser, cop. 1999. - 89 p. : il. ; 23 cm. - Bilingue

(35)

Imagens

Figura 1 – Desenho de Projecto Urbanístico de Le Corbusier 4

http://vitruvius.com.br

Figura 2 - Burnham & Root, Reliance Building, Chicago Illinois, USA, 1894-1895 5

http://chicagopast.com/post/17895571659/more-information

Figura 3 - Bauhaus, Dessau, Alemanha. W. Gropius 5 http://noonjes.wordpress.com/

Figura 4 - Fábrica Fagus, W. Gropius e Meyer (1911) 6

http://www.eikongraphia.com

Figura 5 – Edifício “Seagram”, em Nova Iorque, 1958, 7

http://www.eikongraphia.com

Figura 6- Fotografia do arquitecto Eduardo Souto de Moura 11

http://sigarra.up.pt/faup/pt/noticias_geral.ver_noticia?P_NR=2216

Figura 7 - Fotografia do arquitecto Mies van der Rohe 12

http://openhousebcn.wordpress.com/2012/01/14/openhouse-barcelona-architects-look-the-same-le-corbusier-mies-van-der-rohe-oscar-niemeyer-philip-johnson-frank-lloyd-wright-luis-barragan-alvaro-siza/

Figura 8 - Pormenor da fachada, em planta, do Edifício Lake Shore Drive 13

Blaser, Werner. Mies van der Rohe: Lake Shore Drive apartments : high-rise building=wohnhochhaus / Waner Blaser ; trad. Katja Steiner, Bruce Almberg. - Basel : Birkhäuser, cop. 1999. - 89 p. : il. ; 23 cm. - Bilingue

Figura 9 - Pormenor do encontro da fachada com a cobertura e com a laje de piso 13

Blaser, Werner. Mies van der Rohe: Lake Shore Drive apartments : high-rise building=wohnhochhaus / Waner Blaser ; trad. Katja Steiner, Bruce Almberg. - Basel : Birkhäuser, cop. 1999. - 89 p. : il. ; 23 cm. - Bilingue

Figura 10 - Pormenor da fachada 14

Blaser, Werner. Mies van der Rohe: Lake Shore Drive apartments : high-rise building=wohnhochhaus / Waner Blaser ; trad. Katja Steiner, Bruce Almberg. - Basel : Birkhäuser, cop. 1999. - 89 p. : il. ; 23 cm. - Bilingue

Figura 11 - Lake shore Drive em fase de construção 14

(36)

Figura 12 - Vista inferior da fachada 15

Blaser, Werner. Mies van der Rohe: Lake Shore Drive apartments : high-rise building=wohnhochhaus / Waner Blaser ; trad. Katja Steiner, Bruce Almberg. - Basel : Birkhäuser, cop. 1999. - 89 p. : il. ; 23 cm. - Bilingue

Figura 13 – Mote para o projecto Burgo 16

Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Figura 14 – Axonometria do Edifício do Burgo 16

Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Figura 15 - Pormenor da fachada 17

Figura 16 – Vista inferior da fachada do Edifício do Burgo 18

Figura 17 - Pormenor da fachada em planta 19

Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Figura 18 - Pormenor da fachada, em corte, e o seu encontro com a laje de piso 20

Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Figura 19 - Pormenor da fachada 21

Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Figura 20 - Pormenor do caixilho esquisso

Figura 21 - Planta do Projecto Burgo 243

Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Figura 22 - Planta do Projecto Burgo 2524

Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Figura 23 - Planta do Piso térreo 2625 Eduardo Souto Moura / ed. Luiz Trigueiros. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa : Blau, 1996. - 216 p. : il. ; 29x29 cm. - (Blau Monographs )

Figura 24 – Corte Transversal do Projecto Burgo 426

Revista 2G, Numero 5, Souto Moura Obra Recente; 1998;

Figura 25 – Objecto 3D 28/ 31

 Pormenor1- Remate das vigas falsas

 Pormenor2 – Interior da viga falsa

 Pormenor3 – Aplicação da placagem no pilar

 Pormenor4 – Remate interior do cunhal

(37)

Referências

Documentos relacionados

Caramelli e Viel (2006) dizem que o idoso pode começar a apresentar sinais de demência já no início deste novo ciclo, porém, estudos sugerem que a partir dos

◦ Os filtros FIR implementados através de estruturas não recursivas têm menor propagação de erros. ◦ Ruído de quantificação inerente a

RESUMO: Esse trabalho apresentou como premissa fomentar a importância do ensino/aprendizado de literatura nas salas de aulas de Língua Inglesa - LI, para tanto, foram

obediência, em grego hypakoe , e cinco vezes o verbo obedecer. A palavra é formada da palavra akoe , que significa audição, escuta, atenção, como em latim oboedire, obedecer,

Vários trabalhos têm demonstrado que a mortali- dade por síndrome ascítica é maior nos machos do que nas fêmeas, acreditando-se que este fato esteja relacionado com a maior

As autoras descrevem a criação de um Wiki central onde constam: um guião para a elaboração de um Wiki através do Pbworks (anteriormente Pbwiki), as regras e prazos do trabalho

Durante este estágio frequentei os serviços de Infecciologia, de Imunoalergologia e de Hematologia do HDE e ainda o serviço de Cardiologia Pediátrica no

Também, foram apresentadas as recomendações (Quadro 11), visando promover o acesso aberto imediato aos trabalhos finais da FACISA. Em um momento inicial,