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SÔBRE A TAXA DE BILIRRUBINA SÉRICA DE EQÜINOS PURO-SANGUE DE CARREIRA, COM ESPECIAL REFERÊNCIA ÀS VARIAÇÕES NA NUTALIOSE

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Academic year: 2021

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(1)

D ir e to r : P r o f. F onseca R ib e ir o

SÔBRE A T A X A DE B ILIRRU BINA SÉRICA DE

EQÜINOS PURO-SANGUE DE CARREIRA, COM

ESPECIAL REFERÊNCIA ÀS VARIAÇÕES

NA NUTALIOSE

(O N T H E B IL IR R U B IN SERUM L E V E L IN T H O R O U G H B R E D IIO R S E S W 1TH S P E C IA L R E F E R E N C E T O V A R IA T IO N S D U E T O N U T T A IJ O S IS )

A. RIBEIRO NETTO F. S. PE R EIR A L IM A

Assistente Veterinário

A grande destruição de hemácias que ocorre na Nutaliose, co­ mo descrevem H U TTIR A, M AREK e M A N N IN G E R 1 e como verifi­ caram N U T T A L L & S T R IC K LA N D -, sugere naturalmente a con­ veniência de se observar a taxa de bilirrubina durante essa doença. Nesta oportunidade verificamos, também, a bilirrubinemia para os animais considerados como clinicamente normais, com o fito de contai- com um lote testemunho submetido às mesmas condições.

MATERIAL E MÉTODO

Os eqüinos utilizados nesta observação compunham um lote de 38 animais de ambos cs sexos e de idades compreendidas entre 2 e 7 anos; todos encontravam-se alojados na vila hípica do Jockey Club de São Paulo, em período de treinamento. Dos 38 casos, 26 foram considerados normais, dentro do critério de segurança que o exame clínico pode oferecer e os 12 restantes foram considerados casos de nutaliose pela presença do parasita nas hemácias, quando da pesquisa em esfregaço de sangue, Utilizando-se o Giemsa como corante.

Colheita do material — O sangue colhido, com auxílio de agu­

lha, por puntura venosa da jugular, era recebido diretamente em tubo de centrifugador com capacidade de cêrca de 15 ml. Nos casos de suspeita clínica de nutaliose, prepararam-se na ocasião da co­ leta do sangue, os esfregaços em lâmina para posterior confirma­ ção do diagnóstico, ao microscópico.

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Obtenção do sôro — Após a retração do coágulo, os tubos con­ tendo sangue eram centrifugados e o sôro obtido, transferido com auxílio de pipeta e de pêra de aspiração, para tubo de ensaio.

Bilirrubina — Foi determinada ao espectrofotômetro de Beck man, segundo o método de M A LLO Y e E V E L Y N 3, com modifica­ ção de DUCCI & W A T S O N 4 no que se refere ao tempo de leitura.

Resultados — Os resultados obtidos encontram-se nos quadros

I e II. Q uadro I T A X A D E B IL IR R U B IN A EM m g/ 100 m l D E SORO D E E Q Ü IN O S C O N S ID E R A D O S N O R M A IS C L IN IC A M E N T E A N IM A L N .« B IL IR R U B IN A A N IM A L N.° B IL IR R U B IN A D ire ta In d ire ta D ireta In d ire ta

1 0.60 2.20 14 1.06 2 .40 2 0.40 2.79 15 1 .00 2.20 3 0.67 2.79 16 1.06 2 .53 4 0.67 1.73 17 0.6 7 1.99 5 0 .0 0 2 .0 0 18 0.80 2.2 6 6 0.00 1.86 19 0.80 2.39 7 1.00 1.66 20 0.80 3.46 8 0.00 3.19 21 0.93 1.73 9 0.65 3.87 22 0.80 1.06 10 0.67 1.99 23 0.80 3.59 11 0.93 2.66 24 0.80 0.80 12 0.80 2.79 25 0.80 1.59 13 1.06 2.93 26 0.80 2.26

N O T A : A s p rin c ip a is cara cterística s estatísticas dessa s érie de valores são os segu in tes:

B ilirru b in a d ireta — M = 0.71 (t = 0.30 C. V. = 4 2 .2 % B ilirru b in a in d ire ta — M = 2.33 a = 0.72 C. V. = 3 0 .9 %

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Q uadro I I T A X A D E B IL IR R U B IN A EM mg/100 m l D E SÔRO D E E Q Ü IN O S COM N U T A L IO S E A N IM A L B IL IR R U B IN A O B SE R VAÇ Õ E S N.° D ireta In d ire ta 1 0.67 8.11 fo rm a aguda 2 0 .8 0 13.20 fo rm a aguda 3 1.20 7.58 form a aguda 4 1.20 15.29 fo rm a aguda 5 1.00 14.96 form a aguda 6 0.67 5.85 form a aguda 7 1 .3 2 ' 5.20 form a aguda 8 0.67 5.31 fo rm a aguda 9 1.0 6 2.40 fo rm a aguda in ic ia l 10 0.93 3.3 3 fo rm a aguda in ic ia l 11 0.80 1.60 fo rm a c rô n ic a 12 0.53 1.20 form a c rô n ic a 7a 0.93 2 .0 0 d e c o rrid o s 16 dias da la . d eterm in ação

10a 0.80 0.80 d e c o rrid o s 13 dias da la . d eterm in ação

DISCUSSÃO

Os valores obtidos para os animais considerados como clinica­ mente normais são em média bem maiores do que os registrados na literatura: assim é que V IL C H E S 5 dá como valor médio para a bilirrubina direta 0.26 e para a indireta 0.72 m g por 100 m l de sôro; também M U Z ZO 6 encontrou valores mais baixos: para a bi­ lirrubina de reação direta 0,37 ± 0,02 e para a indireta 0,88 ± 0,04 mg/100 ml de sôro; ambos os autores utilizaram o mesmo método por nós empregado; R A M S A Y 7 visando método diferente, dá co­ mo valor médio paira a bilirrubina total 1,57 ± 0,86 mg/100 ml de plasma.

Muito embora estas diferenças entre os valores por nós obti­ dos e os da literatura possam, em parte, ser atribuíveis à variação de raças, de vez que os autores citados não trabalharam com puro sangue inglês, é mais provável, entretanto, que estas diferenças corram por conta de condições particulares a que estão submetidos os cavalos do Jockey Club de São Paulo, em período de treina­ mento.

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Esta argumentação tem base nas observações de TAB AR E LLI NETO, R IB E IR O & R IB E IR O 8, que verificaram possuírem os ani­ mais em período de treinamento um índice ictérico muito mais ele­ vado, do que os a n im a i da mesma raça que estavam vivendo em haras e, portanto, confirmam em parte as observações dêstes autores.

Quanto às causas que poderiam explicar a existência desta maior taxa de bilirrubina nos animais do Jockey Club de São Paulo, TA B A R E LLI e col. aventaram a hipótese de que êste fato poderia decorrer de uma alimentação inadequada, principalmen­ te pela carência de alimentos' genèricamente designados por “ ver­ des” .

Entretanto, há também a possibilidade de, sendo a nutaliose doença endêmica no Jockey Club de São Paulo, existir para a maio­ ria dos amimais um verdadeiro estado de premunição, semelhante ao que existe em bovinos com relação à Babesia. Como tributo pago pelo animal a êste estado de premunição, haveria, constan­ temente, a destruição de uma pequena porcentagem de glóbulos vermelhos. A fortalecer esta hipótese €xiste o fato de ser princi­ palmente a bilirrubina de reação indireta a que se encontra mais aumentada.

Para a discussão do quadro número II, onde figuram os ani­ mais com nutaliose, torna-sie necessário estabelecer a distinção que se faz entre nutaliose aguda e crônica.

Quando o animal apresenta o sindrome “ febre” e o exame microscópico do sangue periférico revela a presença do parasita no interior das hemácias, considera-se agudo o caso de nutaliose. Ao contrário, quando o parasita é encontrado no sangue periférico mas não há febre, o caso é considerado como de nutaliose crónica.

Nos casos agudos de nutaliose, verificamos que a taxa de bilirrubina indireta está em média bastante aumentada. Entre­ tanto, há uma grande variabilidade dos valores, que está, provà- velmente, na dependência do tempo de evolução da doença, pois se para os casos que foram examinados dentro das 10 primeiras horas após o aparecimento dos sintomas clínicos (animais 9 a 10) os valores obtidos são comparáveis aos achados paia os eqüinos considerados normais, para outros, que foram examinados pouco mais tarde, os valores obtidos para a bilirrubina de reação indireta foram bastante elevados. Para a bilirrubina de reação direta, não observamos aumento apreciável.

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Nos dois casos diagnosticados como formas crônicas de nuta- liose, os valores encontrados para a bilirrubina indireta, ao con­ trário do esperado, foram relativamente baixos, se comparados aos normais. Não parecendo, portanto, existir hiperbilirrubinemia nos casos crônicos, a verificação da taxa de bilirrubina do sôro pode ser tomada como mais um critério de valor para a distinção entre casos agudos e crônicos.

Sendo lógico admitir que um eqüino com hiperbilirrubinemia não está cm condições de apresentar um bom rendimento de tra­ balho é preciso que se adote um critério objetivo que permita ju l­ gar quando o animal pode voltar à sua atividade. Para isso suge­ rimos que se adote a verificação da taxa de bilirrubina e com o fito de se ter uma idéia aproximada do tempo necessário para o desaparecimento da hiperbilirrubinemia, repetimos as dosagens em dois casos (animais 7 e 10 do quadro I I ) verificando o retôrrio da bilirrubina à normalidade antes do 16.° e 13.° dias, respecti­ vamente, após o tratamento, com tripaflavina, por via intrave­ nosa, na dose de 1 g.

A verificação da taxa de bilirrubina, além do seu valor no diag­ nóstico dos casos agudos e na distinção entre casos agudos e crô­ nicos, tem certamente valor prognóstico, no sentido de julgar quando um animal que teve nutaliose pode reiniciar seus treina­ mentos.

SUMMARY

Normal thoroughbred horses in the process of training at the São Paulo Jockey Club. When submitted both to direct and indi­ rect bilirrubin serum tests yelded values that were respectively 0,71 -h 0,30 and 2,33 ± 0,72 mg/100 ml.

The indirect bilirrubin level from animals with nuttaliosis was rather increased; there was however a considerable variation due probably to the phase of the desease.

In chronic cases hyperbilirrubinaemia was not detected. As an objetive criterium for judging if horses which have re­ cently been under treatment for nuttaliosis m ight be returned to training activities, the AA. suggest serum bilirrubin determinations.

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B IB L IO G R A F IA

1) H U T Y R A , F . — M A R E X , J. — M A N N IN G E R , R . — 1950 — P a to lo g ia y terapêu tica esp ecialcs de los anim ales d om ésticos. I : 062-67. 8a. ed. B arcelon a, L a b o r S. A.

2 ) N U T A L L , G. H . F . , S T R IC K L A N D , C . — 1912 — On the occu rren ce o f tw o species o f parasites in equ in e “ p irop la sm osis” o f “ b i­ lia r y fe v e r ” . P a ra sit., 5; 65-96

3) M A L L O Y , H . T . — E V E L Y N , K . A . — 1937 — T h e determ in ation o f b ilirru b in w ith the p h o to e le tric c o lo rim e te r. J. B io l. Chem ., 119: 481-90

4 ) D U C C I, H. — W A T S O N , C. J. — 1945 — T h e qu an titative determ in ation o f the serum b ilirru b in w ith sp ecia l re fe re n c e to the prom pt- rea tin g and ch lorop orm -solu b le typ es. J. Lab. C lin . M ed., 30: 293-300

5 ) V IL C H E S , G. O. — 1949 — B ilirru b in e m ia n orm a l em los equ inos.

R ev. M ed. Vet. y P a ra sit., C aracas 8 (1 - 4 ); 95-109

6 ) M U ZZO , J. P. — 1949 — L a b ilirru b in e m ia de los anim ales dom ésti­ cos. R ev. F a c. M ed. Vet., L im a 4 (1 - 4 ): 9-15

7 ) R A M S A Y , W . N . M. — 1946 — Plasm a b ilirru b in in the h orse. Vet.

Jou r., 102: 206-11

8 ) T A B A R E L L I N E T T O , J. F. — R IB E IR O , O. F . — R IB E IR O , I. F . — 1948 — A p ro p ó sito d o ín d ic e ic té r ic o e da b ilirru b in em ia do jeju m , em eqü in os. R ev. F ac. M ed. Vet., São Paulo, 3 ( 4 ) : 187-95

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