Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Qualidade de Água dos Furos de
Captação da FEUP
Parâmetros físico-químicos
Projeto FEUP2016/2017 -- Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente: Manuel Firmino e Sara Ferreira João Bastos
Equipa 103_01:
Supervisor: Margarida Bastos Monitor: Joana Manso
Estudantes & Autores:
Ana T. Silva up201605702@fe.up.pt
Diogo L. Silva up201606418@fe.up.pt
Diogo Gonçalves up201605528@fe.up.pt Francisco Pereira 201603459@fe.up.pt
Inês F. Quatorze up201606076@fe.up.pt
Inês M. Rodrigues up201606838@fe.up.pt
Raquel L. Pimenta up201608611@fe.up.pt
Resumo
No âmbito da unidade curricular Projeto FEUP realizou-se o presente relatório sobre o tema “Qualidade de Água dos Furos de Captação da FEUP” nos seus parâmetros físico-químicos. A atividade experimental feita teve como principal objetivo perceber o problema específico da poluição de um determinado tipo de água, contactando com a legislação ambiental.
Recolheu-se duas amostras de água de dois furos encontrados a diferentes níveis de profundidade, uma a 75 m (amostra 5) e a outra a 125 m (amostra 4) para as quais foram avaliados alguns parâmetros, entre eles, a condutividade (expressa em μS/cm), pH (medido na Escala de Sorensen), nitratos (expresso em mg/L), turvação (expresso em NTU) e carbono orgânico total (expressos em mg/L). Para a amostra 5 obteve-se, respetivamente, 316 μS/cm, 5,43, 16 mg/L, 0,35 TU e 9,00 mg/L. Para a amostra 4 obteve-se, respetivamente, 373 μS/cm, 5,80, 17 mg/L, 0,45 NTU e 7,85 mg/L.
Através dos resultados obtidos, e tendo em atenção os valores estabelecidos na legislação, foi possível concluir que as águas analisadas não são, de facto, próprias para consumo devido à existência de discrepâncias relativamente aos valores aprovados na legislação (Decreto-Lei n.º 236/98). Ou seja, encontram-se poluídas, sendo assim, é de interesse a apresentação de possíveis estratégias de prevenção bem como processos de tratamento do tipo de contaminação e/ou poluição em análise.
Palavras-Chave
FEUP; Água; Qualidade da Água; Furos de Captação da FEUP; Parâmetros Físico-Químicos;
Agradecimentos
A realização desta atividade experimental e elaboração do respetivo relatório contou com
a importante ajuda de várias pessoas, sem as quais não teria sido possível a finalização do
presente trabalho.
Gostaríamos de agradecer a quem nos ajudou na recolha das amostras a analisar, bem como
aos técnicos que supervisionaram todo o nosso trabalho e nos guiaram aquando da nossa ida
aos laboratórios e, por fim à professora Margarida Bastos e às monitoras Joana Manso e Patrícia
Lopes, sem as quais o nosso trabalho teria sido muito mais difícil.
Índice
Lista de figuras ... 5 Lista de Tabelas ... 6 Lista de acrónimos... 7 Glossário ... 8 1. Introdução ... 101.1 Formas de Tratamento e Prevenção ... 12
2. Parte Experimental ... 13 2.1 Resultados e Discussão ... 15 3. Conclusões ... 18 Apêndices ... 20 Apêndice A... 21
Lista de figuras
Figura 1 – Correlação entre a poluição e a qualidade da água ...11 Figura 2 – Procedimento... 12
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Comparação entre os valores estipulados na legislação ambiental e os resultados obtidos ... 14
Lista de acrónimos
FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;
NTU - Nephelometric Turbidity Units;
TOC/COT - Total Organic Carbon; Carbono Orgânico Total;
VMR – Valor Máximo Recomendável
VMA – Valor Máximo Admissível
Glossário
Condutividade da Água:
“É a propriedade que certos corpos têm de conduzir eletricidade. Esta depende da
capacidade de propagação de uma corrente elétrica e é inversamente proporcional à resistência
elétrica da corrente em estudo” - Hanna Instruments
pH:
“É uma escala que permite expressar a acidez ou a basicidade das soluções de uma forma
mais prática relativamente ao cálculo das concentrações dos iões H
3O
+e HO
-em soluções
aquosas. O pH pode ser determinado diretamente ou indiretamente” – Química em Contexto 11
Turvação da Água:
“É uma propriedade física que determina a transparência da água e a sua respetiva redução
devido à presença de materiais em suspensão (como é o caso da argila e da matéria orgânica)
que interferem com a passagem de luz para a água. A turvação da água constitui um importante
parâmetro no que respeita à avaliação da qualidade das águas para consumo humano” –
InfoEscola, por André Luís Silva da Silva
Elétrodo Seletivo:
“Os elétrodos de ião seletivo são elétrodos de membrana que respondem seletivamente a
determinados iões na presença de outros. Um elétrodo de ião seletivo mede o potencial de um
determinado ião em solução.
A condutividade está relacionada com a concentração desse ião seletivo, permitindo,
portanto, realizar uma medição analítica desse ião específico. Assim, um elétrodo de iões
seletivos é um sensor que converte a atividade de um determinado ião dissolvido numa solução
num potencial elétrico que pode ser medido por um voltímetro ou um medidor de pH” - Splabor
Eletrometria:
“Vê-se como o conjunto de métodos utilizados para medir as grandezas elétricas” –
dicioPrincípio do Método de Determinação do Carbono Orgânico Total:
“Determinação do Carbono Total (CT) - A amostra é injetada numa câmara de reação
que se encontra a alta temperatura (T=680ºC) contendo um enchimento de um catalisador de
oxidação. A água é vaporizada e o carbono orgânico é oxidado a CO
2. O CO
2resultante da
oxidação da matéria orgânica e do carbono inorgânico é depois transportado por um gás de
arraste e é medido por intermédio de um analisador de infravermelho.
Determinação do Carbono Inorgânico (CI) – Mede-se o carbono inorgânico (resultante
do carbonato, bicarbonato e CO
2livre) injetando a amostra numa câmara de reação, onde é
acidificada. Em condições ácidas, todo o carbono inorgânico é convertido em CO
2, o qual é
transferido para o detetor e medido. Nestas condições o carbono orgânico não é oxidado e
apenas se quantifica o carbono inorgânico.
Determinação do Carbono Orgânico Total (COT) – O carbono orgânico total é obtida
por diferença (COT=CT-CI).” – Protocolo dos Parâmetros Físico Químicos Atualizado
1. Introdução
O presente relatório, elaborado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP, teve
como principal objetivo analisar os parâmetros físico-químicos de duas amostras de água
recolhidas dos furos da captação da FEUP de modo a
perceber o problema específico da poluição de um determinado tipo de água, contactando com a legislação ambiental.Para tal, amostras de água foram recolhidas em dois furos de captação encontrados a
diferentes níveis de profundidade (amostra 5 - retirada de um furo localizado a 75 m de
profundidade - e amostra 4 - recolhida de um furo localizado a 125 m de profundidade),
procedendo-se à respetiva análise de alguns parâmetros físico-químicos de ambas as amostras,
entre eles, a condutividade, turvação, pH, nitratos e COT, sendo que os valores obtidos foram,
no final desta atividade, comparados aos valores de controlo estipulados na legislação
ambiental, Decreto-Lei n.º 236/98.
A legislação referida foi criada com o intuito de zelar pela saúde pública. O Decreto-Lei nº
236/98 e o Decreto-Lei nº 306/2007 tentam promover uma melhor regulação, por parte das
entidades/autoridades competentes, da análise dos vários parâmetros de qualidade de uma
determinada amostra de água bem como a sua intitulação como própria, ou não, para o consumo
humano e também a sua adequação para atividades que tenham um impacto direto na saúde
pública. (7)
O fator do qual derivou a motivação para analisar estas águas foi um problema muito
presente atualmente que é a poluição visto que, cada vez mais, esta tem sido um forte agente
causador de muitas doenças e complicações graves tanto para o Homem como para o planeta
(ou seja, para o ambiente). Dado que a água é um dos melhores solventes existentes na Terra,
a maioria dos poluentes consegue dissolver-se na mesma, quer aconteça contaminação direta
ou indireta, isto é, através do ar ou solo, por exemplo, dado que ocorre interação entre todos os
subsistemas existentes. Existem diversos tipos de poluição, entre elas a sedimentar, biológica,
química, entre outras, sendo esta última a de maior preocupação no objeto em estudo.
A principal forma de prevenir a contaminação destas águas, que afetam o ciclo da água
em geral, traduz-se pela diminuição da poluição, tanto a nível atmosférico, contribuindo para a
diminuição das chuvas ácidas, que acabam por destruir e contaminar solos férteis e por sua
vez contaminar a água que se encontra no subsolo; bem como a nível dos rios e oceanos,
preservando ecossistemas e comunidades aquáticas, fundamentais para a sobrevivência de
certas espécies.
Na figura 1, seguidamente apresentada, é demonstrada a correlação entre a poluição e
alguns dos parâmetros físico-químicos, cujos valores paramétricos serão afetados, bem como a
legislação ambiental pela qual é regulamentada a qualidade da água em Portugal.
Este trabalho destina-se a avaliar a potencialidade da água proveniente dos furos da
captação da FEUP de modo a que os seus consumidores tenham consciência dos usos que
podem, efetivamente, ser dados a esta água.
Na figura 1 apresenta-se esquematizada a correlação entre a poluição e alguns dos
parâmetros físico-químicos cujos valores serão afetados serão afetados, bem como a legislação
ambiental pela qual é regulamentada a qualidade da água em Portugal.
Figura 1 - Apresentação esquemática sobre a correlação entre a poluição e a qualidade de água
Poluição/Contaminação
PrejudicaQualidade da Água
L evouAnálise Criação da…
Legislação Ambiental
Decreto-Lei 236/98Decreto-Lei 306/2007
Parâmetros Físico
-
Químicos
Turvação pH Condutividade Nitratos COT Amostras provindas dos Furos de Captação
da FEUP
Tem um impacto direto na… Saúde Pública
1.1. Formas de Tratamento e Prevenção
No caso de a água ser imprópria existe um conjunto de procedimentos físicos e químicos que são aplicados na mesma para que esta fique em condições adequadas para consumo, evitando qualquer tipo de contaminação e transmissão de doenças.
Existem diversos processos de tratamento sequencial da água sendo o mais recorrente para a do nível subterrânea o seguinte:
• Oxidação ou Pré-cloração – Consiste na adição de substâncias que promovem a oxidação de metais presentes na água de modo a que possam ser eliminados nas etapas seguintes.
• Pré-alcalinização – Nesta fase acrescenta-se elementos químicos que fomentam o ajuste do pH da água.
• Coagulação – As partículas no estado sólido agregam-se por ação de novas substâncias recebidas pela água, também estas removidas na seguinte etapa.
• Floculação – Nesta fase ocorre uma mistura das partículas coloidais que se encontravam em suspensão na água com a mesma em movimento originando partículas de maiores dimensões, designadas por flocos.
• Decantação – Separação dos flocos originados na etapa anterior da água. • Filtração – Nesta fase são filtradas todas as impurezas da água.
• Pós-alcalinização – Nesta etapa são acrescentadas partículas que permitem atingir o pH ideal da água para consumo.
• Desinfeção – Consiste na adição de substâncias que permitem melhorar a qualidade da água no sentido de a tornar mais limpa e própria para consumo. (11)
2. Parte Experimental
Começou-se por recolher duas amostras de água, a diferentes profundidades, dos furos de captação da FEUP (amostra 4 recolhida a 125 m de profundidade e a amostra 5 a 75 m de profundidade).
De seguida, procedeu-se à análise de alguns parâmetros físico-químicos destas amostras de água, como a turvação, o pH, a condutividade, a concentração de nitratos e o carbono orgânico total (COT).
Na figura 2 é apresentada uma breve definição de cada parâmetro avaliado, o método e instrumentos utilizados em situação laboratorial.
O procedimento experimental detalhado encontra-se no Apêndice A.
Figura 2 - Procedimento
1. Começou-se por Recolher as Amostras Furo de Captação a 75 m de profundidade –amostra 5 Furo de Captação a 125 m de profundidade –amostra 4 2. Analisaram-se alguns parâmetros Metodologia e Material
Turvação Método Analítico de Referência:
Fotométrico com formazinha Material Utilizado:
Turbidímetro; Marca Hanna
Instruments, Modelo HI88703
pH
Método Analítico de Referência: Eletrometria
Material Utilizado: Potenciómetro; Marca CRISON
Condutividade Método Analítico de Referência: Eletrometria
Material Utilizado:
Condutivímetro; Marca CRISON
Nitratos Concentração mássica de nas existentes nitratos
amostras em análise.
Método Analítico de Referência: Elétrodo Seletivo
Material Utilizado: Sonda de Nitratos; Marca Oriba Scientific –Modelo Laquatwin
COT
de total Quantidade
Carbono Orgânico existente nas amostras em estudo.
Material Utilizado:
Shimadzu, TOC -CSH
A turvação é uma propriedade da água que causa uma perturbação na mesma de
obstrução da transmissão
luz.(3)
O pH vê-se como uma escala para medir o potencial de
hidrogénio que indica a
basicidade e/ou acidez de uma solução aquosa.(8)
A condutividade traduz-se pela capacidade de transmitir som, luz ou calor.(1)
2.1. Resultados e Discussão
No Decreto-Lei nº 236/98 encontram-se estipulados os valores máximos recomendáveis e admissíveis para cada um dos parâmetros analisados na atividade experimental. É também dada uma pequena observação sobre cada um. Assim, é referido na legislação ambiental que para o pH da água, como um parâmetro físico-químico, “A água não deve ser agressiva. Os valores de pH não se aplicam às águas acondicionadas” (Decreto-Lei nº236/98. 1998.26); para a condutividade, “Correspondendo à mineralização das águas. Valor correspondente da resistividade: 2500 Ω/cm, a 20” (Decreto-Lei nº236/98.1998.26); para as substâncias indesejáveis entre elas o carbono orgânico total, “Deve ser investigado tudo o que cause o aumento das concentrações habituais.” (Decreto-Lei nº 236/98.198.27), e os nitratos, não existindo para esta última qualquer tipo de reflexão; e, por fim, para a turvação “Medida substituída em certas circunstâncias pela de transparência, calculada em metros com disco Secchi”. (Decreto-Lei.1998.26)
Com base nestes dados criou-se a seguinte tabela 1 para melhor se compreender a diferença entre os valores obtidos e os de referência.
Os resultados indicados na tabela 1 correspondem à média de 3 leituras (triplicados) de cada parâmetro avaliado.
Tabela 1 - Comparação entre os valores estipulados na legislação ambiental e os resultados obtidos
PARÂMETRO ANALISADO EXPANSÃO DOS RESULTADOS VALORES ESTIPULADOS NO DECRETO-LEI Nº 236/98 AMOSTRA 4 AMOSTRA 5 VMR VMA CONDUTIVIDADE μS/cm 400 - 373 ± 5 316 ± 3 pH Escala de Sorensen 6,5-8,5 9,5 5,80 ± 0,02 5,43 ± 0,05 NITRATOS mg/L 25 50 17 ± 2 16 ± 3 TURVAÇÃO NTU 0,4 4 0,45 ± 0,05 0,35 ± 0,03 CARBONO ORGÂNICO TOTAL mg/L - - 7,85 ± 0,08 9 ± 2
A Tabela 1 compara os valores obtidos com os valores de controlo estipulados pelo Decreto-Lei nº 236/98 (sendo, assim, possível determinar para que fim as amostras em estudo são passiveis de serem utilizadas) bem como comparar os valores das amostras entre si, visto que estas foram recolhidas de furos de captação que se encontram a profundidades diferentes, tornando-se, assim, possível, determinar se esta diferença de profundidade tem implicações drásticas nas propriedades da água.
Os valores recomendáveis para a condutividade, estabelecidos legalmente, rondam os 400 μS/cm, pelo que, os valores obtidos se apresentam ligeiramente abaixo (373 μS/cm – amostra 4; 316 μS/cm – amostra 5).
Os valores de pH encontram-se visivelmente aquém dos estabelecidos na legislação, sendo os encontrados de 5,80 e 5,43 para as amostras 4 e 5 respetivamente e os legislados corresponderem a 6,5 – 8,5 no que toca aos valores máximos recomendáveis e a 9,5 no que toca ao valor máximo admissível.
No caso dos nitratos, os valores legislados como máximo recomendáveis e admissíveis são, respetivamente, 25 e 50 mg/L; tendo em conta que os valores obtidos se encontram abaixo destes (17 mg/L – amostra 4; 16 mg/L) considerar-se-ão dentro do aceitável.
Sendo os valores de Carbono Orgânico Total obtidos correspondentes a 7,85 mg/L na amostra 4 e 9 mg/L na amostra 5 e, sabendo que não existem de facto valores de controlo no Decreto-Lei nº 236/98 em questão, consideram-se admissíveis os valores encontrados.
A turvação encontra-se, também, dentro de valores aceites no Decreto-Lei n.º 236/98, visto os valores obtidos serem de 0,45 NTU na amostra 4 e 0,35 NTU na amostra 5 e os estabelecidos na legislação serem compreendidos entre os 0,4 e os 4 NTU.
Assim, a água das amostras pode ou não são ser própria para consumo, uma vez que, estas apresentam valores de pH dispersos dos valores de referência.
No entanto, não foram analisados todos os parâmetros devidos para classificar com eficiência uma água quanto à sua potabilidade, daí que as conclusões retiradas sejam dedutivas, com base nos únicos aspetos avaliados na atividade laboratorial.
Os valores tabelados permitem também diferenciar as características da água consoante a profundidade a que a mesma é captada.
A amostra 4 (água captada a 125 m de profundidade) apresenta, maioritariamente, valores superiores aos da amostra 5 (água recolhida a 75 m de profundidade). Para além disto, a água que é captada do furo com maior profundidade apresenta uma maior aproximação aos valores de controlo comparativamente à água captada do furo de 75 m de profundidade. Por exemplo, na condutividade o valor recomendável é de 400 μS/cm e os valores obtidos foram de 373 μS/cm (amostra 4) e 316 μS/cm (amostra 5); também nos resultados de pH, os valores recomendáveis variam de 6,5 a 8,5 e os valores obtidos pela amostra 4 foram mais próximos do pretendido (5,8), ou seja, a água captada do furo com maior profundidade possui valores mais próximos do que é recomendável pelo Decreto-Lei nº 236/98.
Estas diferenças ocorrem visto que as propriedades do solo vão se alterando à medida que há uma maior aproximação do núcleo da Terra, tendo também em conta que a poluição do solo é maior à superfície e menor em maior profundidade. Este efeito é resultante não só da atividade humana bem como das características do solo, uma vez que os poluentes vão ficando retidos nele, daí que a amostra 4 captada a maior profundidade apresente valores mais próximos dos admissíveis, estipulados no Decreto-Lei em questão.
Ainda assim, alguns resultados dos parâmetros analisados não se enquadram nos valores estipulados, pelo que nenhuma das amostras revela ser apropriada para consumo. No entanto, dado que os resultados se referem apenas a uma amostragem, para uma avaliação mais completa da qualidade de água em causa seria adequado efetuar nova recolha e determinação de maior número de parâmetros físico-químicos.
Para as amostras de água analisadas, dos furos de captação da FEUP, dado que os valores de pH são aqueles que mais diferem do valor admitido na legislação ambiental, a etapa de tratamento que melhor se adequa ao objeto de estudo em questão é a pré-alcalinização.
Com base na legislação ambiental, decreto-lei nº 236/98, e tendo em conta os resultados obtidos nos parâmetros avaliados, os valores de controlo de água utilizada para rega vão de encontro com os resultados obtidos da análise das amostras de água, pelo que há a possibilidade das águas dos furos de captação da FEUP serem utilizadas em sistemas de rega. Assim, toda a água seria aproveitada, evitando-se o desperdício visto que o trabalho de rega é realizado mecanicamente e não manualmente, estando o sistema de rega colocado em pontos estratégicos.
3. Conclusões
Em suma, após a pesquisa realizada foi possível perceber que a poluição interfere com a qualidade da água, nomeadamente do tipo subterrânea. Concluiu-se da situação de água recolhida no mesmo ponto, mas a diferente profundidade que quanto maior esta for, menos poluída estará a água comparando com uma que seja captada mais perto da superfície.
Usando como exemplo a água proveniente dos furos de captação da FEUP e comparando os valores obtidos das análises das amostras recolhidas, com os valores de controlo definidos no decreto-lei nº 236/98, não foi possível compreender com clareza se a água em questão é potável ou não, visto que somente o valor de pH é que difere muito do valor de referência, tornando-se necessário analisar mais parâmetros físico-químicos que permitam afirmar a qualidade da água.
Referências bibliográfica
(1) Hanna Instruments Brasil. “ Condutividade da Água”. Acedido a 13 de outubro de 2016.
http://www.hannainst.com.br/blog/item/504-condutividade-da-agua
(2) SIMÕES, Teresa Sobrinho, QUEIRÓS, Maria Alexandra, SIMÕES, Maria Otilde, “ Química em Contexto 11 ”, Porto Editora, 2012. ISBN: 978-972-0-42322-1
(3) InfoEscola. “Turbidez da Água”. Acedido a 15 de outubro de 2016.
http://www.infoescola.com/quimica/turbidez-da-agua/
(4) SPLabor. 2011. “O que são Eletrodos de íons seletivo?”. Acedido a 14 de outubro de 2016. http://www.splabor.com.br/blog/eletrodos/o-que-sao-eletrodos-de-ions-seletivo/
(5) Dicio. “Significado de Eletrometria”. Acedido a 15 de outubro de 2016.
https://www.dicio.com.br/eletrometria/
(6) BASTOS, Margarida. 2016. Protocolo dos Parâmetros Físico Químicos Atualizado. Acedido 19 a de outubro de 2016.
(7) REPÚBLICA, Diário da. 1998.“Decreto-Lei nº 236/98 de 1 de Agosto “. Acedido a 11 de outubro de 2016.[PDF document]
(8) Significados. “Significado de pH”. Acedido a 15 de outubro de 2016. https://www.significados.com.br/ph/
(9) Aguaciclo.2016.” Parâmetros físico-químicos da água”. Acedido a 18 de outubro de 2016.
http://www.aguaciclo.pt/index.php/quimica-agua/parametros-da-agua
(10) AgSolve.2013.“Como e porque medir a Condutividade Elétrica (CE) com sondas muiltiparâmetros?”.Acedido a 15 de outubro de2016.
https://www.agsolve.com.br/noticias/como-e-porque-medir-a-condutividade-eletrica-cecom-sondas-muiltiparametros
(11) Pensamento Verde. 2013.” Quais as formas de tratamento da água e suas etapas?”. Acedido a 20 de outubro de 2016. http://www.pensamentoverde.com.br/meioambiente/quais-as-formas-de-tratamento-da-agua-e-suas-etapas/
Apêndices
Apêndice A
Procedimento (6)
:
1. Determinação da Condutividade numa amostra de água:
a. Ligar o Condutivímetro (Crison), lavar com água destilada e secar muito bem o elétrodo com papel absorvente;
b. Transferir 20 mL de amostra para um copo de 50 mL; c. Mergulhar o elétrodo na amostra;
d. Deixar estabilizar a leitura (deixar de piscar) e registar a condutividade da amostra; e. Lavar o elétrodo com água e limpar com papel absorvente;
f. Registar os valores obtidos de Condutividade.
2. Determinação do pH numa amostra de água:
a. Ligar o aparelho, lavar com água destilada e secar muito bem o elétrodo com papel absorvente;
b. Transferir 20 mL de amostra para um copo de 50 mL;
c. Deixar estabilizar a leitura (deixar de piscar) registar o pH da amostra; d. Lavar o elétrodo com água e limpar com papel absorvente;
3. Determinação de Nitratos por Elétrodo Seletivo: a. Transferir 20 mL de amostra para um copo de 50 mL; b. Colocar uma barra magnética;
c. Mergulhar o elétrodo na amostra e ligar a agitação; d. Juntar 1 mL de solução de ISA;
e. Fazer a leitura (mV) ao fim de 5 minutos;
f. Lavar o elétrodo com água e limpar com papel absorvente;
g. Com o valor obtido determinar a concentração de nitratos, usando a curva de calibração fornecida.
4. Determinação da Turvação:
a. Agitar a amostra e colocar cerca de 10 mL na célula de amostragem; b. Esperar alguns instantes até desaparecerem as bolhas de ar;
c. Colocar a célula no Turbidímetro e registar a leitura diretamente do mostrador do equipamento;
d. Realizar o ensaio em duplicado.
5. Determinação do Carbono Orgânico Total (COT)
a. Filtrar cerca de 50 mL de amostra, através de um filtro com diâmetro de poros de 0,45 μm, usando o sistema de filtração por vácuo;
b. Preparar um branco usando água destilada em vez da amostra;
c. Seguir as instruções do fabricante relativamente á operação do equipamento;
d. O equipamento determina separadamente o valor do Carbono Inorgânico e do Carbono Total. O valor do Carbono Orgânico Total é obtido por diferença dos dois valores anteriores.