• Nenhum resultado encontrado

Resenha: PROCESSO COLETIVO PASSIVO: UMA PROPOSTA DE ISTEMATIZAÇÃO E DE OPERACIONALIZAÇÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Resenha: PROCESSO COLETIVO PASSIVO: UMA PROPOSTA DE ISTEMATIZAÇÃO E DE OPERACIONALIZAÇÃO"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Resenha:

PROCESSO COLETIVO PASSIVO:

UMA PROPOSTA DE ISTEMATIZAÇÃO

E DE OPERACIONALIZAÇÃO

RUDINIKI NETO; Rogério

I – Dados da obra:

Título: Processo Coletivo Passivo: uma proposta de sistematização e de operacionalização

Editora: Almedina Brasil: Autor: RUDINIKI NETO, Rogério Lançamento: Março/2018 Número de páginas: 238

A obra corresponde à versão comercial da dissertação de mestrado “Ação coletiva passiva e ação duplamente coletiva”, defendida e aprovada com nota máxima no âmbito do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, sob a orientação do professor Sérgio Cruz Arenhart.

A tutela jurisdidicional dos interesses difusos e coletivos insere-se dentro da segunda onda de acesso à justiça, na tipologia proposta pelos professores Mauro Cappelletti e Bryant Garth. Um processo é considerando coletivo quando se leva em consideração seu objeto litigioso. A característica mais notória do processo coletivo reside no fato de que os titulares do direito material não participam individualmente do processo, mas são representados em juízo por um ente exponencial ou mesmo por outro indivíduo. Destarte, neste contexto, em que pese algumas vicissitudes, o sistema processual coletivo brasileiro atingiu notório grau de sofisticação, sendo considerado modelo no âmbito dos ordenamentos pertencentes à família da civil law.

(2)

Todo esse conjunto de normas foi desenvolvido com base na premissa de que a coletividade, grupo ou classe sempre ocupará o polo ativo de uma demanda coletiva (“ação coletiva ativa”). Entretanto, em que pese a ausência de previsão legal expressa, a multiplicidade de conflitos existentes e a realidade da prática forense demonstram que as ações coletivas passivas (ações em que o grupo figura como réu) e as ações duplamente coletivas (em que há grupos em ambos os polos da relação jurídica processual) são uma realidade prática, razão pela qual devem ser estudas.

As ações coletivas passivas podem ser “derivadas” (decorrentes de outras ações coletivas), tal como se verifica na ação rescisória ajuizada buscando desconstituir título executivo judicial formado em ação civil pública julgada procedente, ou ainda nos embargos à execução de termo de ajustamento de conduta (TAC). Nestas ações, curiosamente, é comum que o Ministério Público figure no polo passivo, representando em juízo interesses difusos, coletivos ou individuais e homogêneos.

Por outro lado, há também as ações coletivas passivas “originárias” (desde o início movidas contra grupos), que, por sua vez, apresentam uma casuística extremamente rica e diversa, aqui é possível citar: ações movidas em face de ocupações coletivas em conflitos fundiários (em que o líder do movimento social figura como legitimado passivo); ações movidas contra torcidas organizadas buscando impedir que seus membros frequentem jogos de futebol; dissídios coletivos do Direito do Trabalho (em que litigam categorias profissionais e econômicas em processo no qual serão fixadas novas condições de trabalho); ações movidas contra greves ilegais, visando o imediato retorno às atividades; demandas intentadas contra associações profissionais almejando a imposição de obrigações de fazer ou não fazer a todos os seus membros etc.

Neste contexto, todo o desenvolvimento do trabalho é permeado pela remissão e problematização de casos concretos (muitos deles envolvendo a atuação do Ministério Público), sejam eles reais ou hipotéticos, a demonstrar que a coletivização passiva não se trata de mero devaneio doutrinário sem repercussão prática.

Malgrado todas essas situações vivenciadas no dia a dia do foro, verifica-se que as ações coletivas passivas ainda são pouco estudas pela

(3)

lacunas motivaram o desenvolvimento da obra, vocacionada a expor e criar soluções para os problemas existentes.

Sobre a estrutura do livro, em um primeiro momento busca-se expor os alicerces que justificam a importância do processo coletivo e a necessidade de seu constante desenvolvimento (inclusive sob a ótica da coletivização passiva de interesses), levando-se em conta, especialmente, as balizadas do acesso à justiça e da racionalização da gestão dos recursos financeiros e humanos à disposição do Poder Judiciário (“proporcionalidade pan-processual”).

Em seguida, passa-se a beber nas fontes do direito comparado. O processo jurisidicional coletivo moderno desenvolveu-se a partir da experiência das class actions norte-americas, o que faz como que essas ações devam ser estudas por aqueles que se interessam pelo tema da tutela coletiva. É importante frisar que nos Estados Unidades também existem situações em que a coletividade grupo ou classe integra o polo passivo de um processo judicial – são as chamadas defendant class actions. Logo, como vistas ao desenvolvimento do tema no Brasil, respeitadas as singularidades inerentes a cada cultura e sistema jurídico, a investigação da experiência estadunidense é de grande valia.

Em um terceiro momento da obra, discorre-se sobre a necessidade de releitura de vários institutos processuais tradicionais na busca pela operacionalização do processo coletivo passivo. Sustenta-se que a técnica da coletivização é uma alternativa quando se está diante litisconsórcio passivo multitudinário e dos naturais problemas por ele ocasionados (a figura do litisconsórcio, peculiar ao processo civil de matriz individual, não funciona adequadamente nas situações em que todos os sujeitos envolvidos não podem ser facilmente identificados, ou mesmo quando eles alternam-se constantemente, o que é comum, por exemplo, em ocupações fundiárias). Nessas situações, do ponto de vista da efetividade da técnica processual, sugere-se a aglutinação passiva de defesas, pela qual os interesses dos membros da coletividade ré são defendidos em juízo pela atuação de um ou alguns de seus integrantes ou por um ente exponencial que os congregue, evitando-se que estes processos transcorram de forma unilateral em razão da citação por edital (tal solução, no âmbito das ações possessórias, de certo modo foi encampada pelo art. 554, § 1., do CPC/15).

(4)

Ato contínuo, adentra-se no tema da coisa julgada, problematizando-se sua acepção tradicional e a forma pela qual ela é regrada no microssistema brasileiro de tutela coletiva – com especial destaque para a inviabilidade da transposição, de forma invertida, desse modelo às ações coletivas passivas (não é racional que os membros do grupo demandando não sejam vinculados pelo resultado do processo, sob pena de perpetuação da situação litigiosa).

Admitindo que para o sucesso das ações coletivas passivas a coisa julgada deve vincular os integrantes da classe, são feitas considerações acerca do instituto da representatividade adequada, capaz de assegurar a realização de um contraditório satisfatório ainda que nem todos os interessados façam-se prefaçam-sentes individualmente em juízo (ou façam-seja, ela fundamenta a imposição do resultado do processo aos membros ausentes da classe). A adequação da representação coletiva é um tema constantemente desenvolvido pela doutrina norte-americana. Trata-se de conceito umbilicalmente ligado ao devido processo legal e à defesa dos interesses dos membros ausentes da classe. Fala-se no princípio fundamental segundo o qual o julgamento tomado na “class action” não terá nenhum efeito vinculante caso não esteja presente o requisito da adequacy of representation. Mutatis mutandis, defendemos que essa figura, com os contornos descritos, deve ser adotada no microssistema coletivo brasileiro, conferindo-se maior poder para que o juiz controle, de forma fundamentada, a adequação do legitimado coletivo que age ou é demando em juízo.

Destarte, ao final do terceiro capítulo, são investigados provimentos possíveis no processo coletivo passivo, mediante a análise de assuntos tormentosos, como a possibilidade de imposição de obrigações de fazer ou não fazer aos membros da classe demandada, mediante cominação de astreintes aos integrantes do grupo ou ao seu “líder”; ou ainda a responsabilidade civil coletiva – como é possível operacionalizar do ponto de vista processual o ressarcimento de prejuízos causados por movimentos multitudinários, em situações nas quais é impossível individualizar os danos gerados pelos indivíduos envolvidos no fato?

A seguir também são desenvolvidos os temas do saneamento e da competência nas ações coletivas passivas – assuntos que, como indicam os professores Fredie Didier Jr. e Hermes Zaneti Jr., sempre foram negligenciados pelos trabalhos que versaram sobre o tema do processo coletivo passivo.

(5)

Encerra-se o trabalho com a análise pormenorizada de alguns casos que podem envolver a coletivização passiva de interesses e que apresentam significativas peculiaridades, como as ações de impugnação de deliberações societárias e a execução da convenção coletiva de consumo.

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O novo sistema (figura 5.7.) integra a fonte Spellman, um novo display digital com programação dos valores de tensão e corrente desejados, o sinal visual do

Controlador de alto nível (por ex.: PLC) Cabo da válvula Tubo de alimentação do ar de 4 mm Pr essão do fluido Regulador de pressão de precisão Regulador de pressão de

Para analisar as Componentes de Gestão foram utilizadas questões referentes à forma como o visitante considera as condições da ilha no momento da realização do

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

Estaca de concreto moldada in loco, executada mediante a introdução no terreno, por rotação, de um trado helicoidal contínuo. A injeção de concreto é feita pela haste

Figura 4.10 – Fluxo de CO2 para as áreas de footprint de três torres localizadas em unidades experimentais submetidas a diferentes tipos de manejo pastoril Rotativo,