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IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA SAÚDE COLETIVA 1

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Academic year: 2021

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IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA SAÚDE COLETIVA

1

NÖRNBERG, Marcele Leal

2

; ZAGO, Pâmella Cassol

2

; PROCHNOW, Aline

2

;

LEAL, Viviane

2

; CASARIN, Gleica Savegnago

2

; MATTOS, Karen Mello de

3

1

Trabalho de Pesquisa _UNIFRA

2

Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil

3

Nutricionista, Especialista e Mestre em Saúde Coletiva, Docente do Curso de Nutrição e Membro do Grupo Interdisciplinar em Pesquisa (GIPES) do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) Santa Maria, RS, Brasil

E-mail: marcele_nornberg@hotmail.com; kmmattos@yahoo.com.br;

RESUMO

O nutricionista é o profissional de saúde cuja formação visa à atuação no Sistema Único de Saúde (SUS), com isto objetivou-se apresentar a importância da inserção do nutricionista na saúde coletiva através do método de revisão sistemática da literatura. Os resultados mostraram que o mundo está em processo de transição epidemiológica e nutricional e que educar para a alimentação saudável exige a confrontação de novas práticas com as representações sociais dos alimentos e com o significado simbólico deles para os sujeitos do processo educativo, a resignificação dos alimentos e a construção de novos sentidos para o ato de comer, onde o nutricionista deve estar capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas em que há alimentação e nutrição. Carecemos considerar que deve haver uma reflexão mais aprofundada sobre a atuação do nutricionista em todas as áreas públicas, que relacionem pessoas à alimentação.

Palavras-chave: Nutricionista; Saúde coletiva; Cenário nutricional; Promoção da saúde.

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o Brasil conquistou grandes avanços no campo da saúde, principalmente com o processo de construção do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual tem como principais pilares a universalidade, integralidade, descentralização e participação popular, sendo este último também conhecido como princípio de controle ou gestão social (SANTOS, 2005; VASCONCELOS, 2011).

O nutricionista é um profissional de saúde cuja formação visa à atuação no SUS. As diretrizes curriculares nacionais do Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação, para os alunos de Medicina, Enfermagem e Nutrição foram estabelecidas por meio de um parecer conjunto para os três cursos, que estabeleceu como seu objeto permitir que os currículos propostos possam construir perfil acadêmico e profissional com

competências, habilidades, conteúdos, dentro de perspectivas e abordagens

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Único de Saúde, considerando o processo da Reforma Sanitária Brasileira (PÁDUA e BOOG, 2006).

A equipe multiprofissional possibilita organizar o trabalho com um nível de complementaridade e, ao mesmo tempo, de especificidade, que melhor atendem os níveis distintos de demanda por atenção da população. A visão de vários profissionais sobre uma situação única permite uma melhor percepção da situação em estudo, garantindo um resultado mais próximo das aspirações da comunidade. Assim, esses profissionais e a população acompanhada criam vínculos de corresponsabilidade, o que facilita a identificação e o atendimento aos problemas de saúde da comunidade (GEUS et al., 2011).

Nas últimas décadas, os vários estudos que verificaram o aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade em vários países apresentaram dentre as causas deste novo cenário nutricional fatores genéticos e ambientais, tendo a contemporânea redução no dispêndio energético como um dos fatores determinantes da atual epidemia de obesidade observada nos grandes centros urbanos (GEUS et al., 2011), o que justifica a realização deste estudo. Desta forma, objetivou-se realizar uma revisão bibliográfica, a fim de enfatizar a importância da inserção do nutricionista na saúde coletiva.

2. METODOLOGIA

O método adotado foi de revisão sistemática da literatura, que, segundo Sampaio e Mancini (2007) é útil para integrar as informações de um conjunto de estudos realizados separadamente, que podem apresentar resultados conflitantes e/ou coincidentes.

As bases de dados eletrônicos (Bireme, Google acadêmico e Scielo) por meio de levantamento de artigos científicos e dissertação de mestrado foram consultados usando as seguintes palavras-chave: nutricionista (nutritionist) combinada com saúde coletiva (public health), buscadas no Deas Mech.

Para critérios de inclusão, utilizou-se artigos e dissertação, a partir do ano de 2005, de língua portuguesa, e o público-alvo foi nutricionistas atuantes na saúde pública. Foram incluídos na revisão artigos que apresentaram delineamentos: estudo de caso, transversais, caso controle, coorte e ensaios clínicos. Os critérios de exclusão foram artigos de língua estrangeira e de delineamento experimental.

Este trabalho foi realizado no período de agosto de 2012, como atividade da disciplina Nutrição em Saúde Coletiva do Curso de Nutrição e compõe a linha Educação, sociedade e integralidade na saúde do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Saúde (GIPES) e do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Desde a década de 1960 está em curso no mundo um processo de transição epidemiológica e nutricional, advindo da intensa urbanização e estilos contemporâmeos de vida. No Brasil, denominado dupla carga de doenças, comporta duas faces extremas de

insegurança alimentar e nutricional – a fome/desnutrição e o sobrepeso/obesidade – e que

exigem medidas pautadas no conceito de promoção da saúde para seu enfrentamento. O setor Saúde, especialmente por meio da atenção básica (ABS) e seus profissionais, figura como principal responsável para propor, ordenar e articular políticas públicas que visem ao adequado manejo da dupla carga de doenças (RAMOS, 2011).

Também se pode constatar um crescimento acentuado na população com idade superior a 60 anos, trazendo consigo o aumento das doenças não transmissíveis. Na população adulta detecta-se a elevação das doenças como diabetes, obesidade, neoplasia, hipertensão arterial e hiperlipidemias. Entre os adolescentes a obesidade e hiperlipidemias também preocupam os envolvidos com a saúde pública (SANTOS, 2005).

Sabe-se que a saúde é um direito de todos e é um dever do Poder Público a provisão de serviços e de ações que lhe dê garantia não somente imediata como também ações preventivas reduzindo o tratamento de agravos, devendo considerar as necessidades específicas de pessoas ou grupo de pessoas, inclusive quando se trata de níveis de complexidade diferenciados.

Neste contexto, o nutricionista surge como profissional habilitado para trabalhar e propor intervenções no campo da alimentação e nutrição (AN). Deve ser considerado como um potencial aliado, já que sua inserção nas equipes de saúde poderá contribuir substancialmente na melhoria da qualidade de vida da população e na garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (RAMOS, 2011).

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), por entender que a alimentação saudável é essencial para a qualidade de vida da população, vem defendendo, ao longo dos anos, a inserção do nutricionista nas equipes da Estratégia de Saúde da Famíla (ESF). Várias estratégias estão sendo desenvolvidas para isso, já que o nutricionista é o profissional habilitado na área de alimentação e nutrição com perfil para atender essa necessidade da população (GEUS et al., 2011).

O ser educador em nutrição não se resume a transmitir informações corretas de forma didática, porque implica em apreender a maneira como o interlocutor vivencia o problema alimentar, não apenas em relação ao consumo alimentar propriamente dito, mas a todas as questões de natureza subjetiva e interpessoal que estão imbricadas no comportamento alimentar. Educar para a alimentação saudável exige a confrontação de

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deles para os sujeitos do processo educativo, a resignificação dos alimentos e a construção de novos sentidos para o ato de comer (BOOG, 2008).

O nutricionista tem como possibilidades de atuação os mais distintos espaços de organização dos serviços dentro da atenção básica de saúde (ABS), podendo desempenhar importantes funções dos diferentes níveis hierárquicos (central, regional e local) que compõem as três esferas administrativas (RAMOS, 2011).

Faz-se necessária a presença de um profissional com visão sistêmica e integral do indivíduo, família e comunidade, um profissional capaz de atuar com criatividade e senso crítico, mediante uma prática humanizada, competente e resolutiva, que envolve ações de promoção, de proteção específica, assistencial e de reabilitação. Um profissional capacitado para planejar, organizar, desenvolver e avaliar ações que respondam às reais necessidades da comunidade, articulando os diversos setores envolvidos na promoção da saúde (GEUS et al., 2011).

Segundo Geus et al. (2011), o nutricionista deve estar capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas em que a alimentação e a nutrição se apresentem fundamentais para a promoção, manutenção e recuperação da saúde e a prevenção de doenças de indivíduos ou grupos populacionais. Por segurança alimentar, entende-se a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural, e que sejam socialmente, economicamente e ambientalmente sustentáveis.

O papel do nutricionista na ESF tem sido a principal estratégia governamental para reorientação do modelo assistencial às camadas mais carentes da população, nasceu em 1994 com o nome de Programa de Saúde da Família (PSF). Esta equipe é composta no mínimo de um médico, um enfermeito, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes

comunitários de saúde. Outros profissionais podem ser incorporados – a exemplo de

assistentes sociais, psicólogos e nutricionistas, por exemplo, de acordo com as necessidades locais (SANTOS, 2005).

A competência do nutricionista para entegrar as equipes da Estratégia de Saúde da Família está contemplada em sua formação acadêmica, o que lhe proporciona conhecimentos que o torna capaz de gerar impactos positivos no perfil epidemiológico da população (SANTOS, 2005).

As ações que esses profissionais podem realizar rotineiramente são prescrição e orientação nutricional, palestras, campanhas, participação em programas de suplementação alimentar, vigilância sanitária e visitas domiciliares, o que vai de encontro ao preconizado pelo CFN na sua resolução (BOOG, 2008).

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Considerando que a formação do nutricionista visa à atuação no SUS, seria coerente esperar que estes estivessem plenamente inseridos nele, o que, de fato, não acontece. Os hospitais contam mais regularmente com o trabalho do nutricionista, mas na rede básica de saúde, a inserção de nutricionistas ainda é incipiente (GEUS et al., 2011). A ausência do nutricionista na rede básica de saúde não se deve a uma falha nas atribuições do profissional descritas na legislação que regulamenta a profissão, tampouco a uma falta de habilidade técnica em participar das equipes de saúde dos estados brasileiros. Trata-se de uma questão histórica, estrutural na política de saúde (PÁDUA e BOOG, 2006).

A não inclusão do nutricionista na composição da equipe multiprofissional mínima estabelecida pelo Programa Saúde da Família (PSF) parece ter contribuído para a manutenção do baixo percentual de nutricionistas que atuam em Saúde Coletiva. A defesa desta inserção, apontando a relevância das suas habilidades e competências profissionais no campo da segurança alimentar e atenção dietética, assim como a melhoria do estado de saúde e nutrição passou a ser foco de luta de nutricionistas e suas entidades profissionais (VASCONCELOS, 2011).

A dificuldade que os profissionais médicos e enfermeiros encontram para lidar com as questões de alimentação decorrem da complexidade do problema em si, do seu desconhecimento sobre ele e dos conflitos que emergem das contradições entre o que se sabe e o que se pensa, em relação direta com a atividade que se faz na prática. Essa situação acaba gerando uma não valorização dos problemas alimentares e nutricionais, impedindo um trabalho em equipe (SANTOS, 2005).

4. CONCLUSÃO

O estudo revelou que a inserção do nutricionista na rede de saúde pública ainda não demonstrou avanço positivo na saúde da família. No entanto, a presença do nutricionista é de fato essencial, pois o mesmo tem a capacidade de promover práticas alimentares saudáveis e prevenção de controles de distúrbios nutricionais, bem como os estímulos a ações intersetoriais que propiciem o acesso universal da alimentação saudável. Desta forma, deve haver uma reflexão mais aprofundada sobre a atuação do nutricioinista em todas as áreas públicas, que relacionem pessoas à alimentação.

REFERÊNCIAS

BOOG, Maria Cristina Faber. Atuação do nutricionista em saúde pública na promoção da alimentação saudável. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v.1, n.1, p.33-42, 2008.

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GEUS, Laryssa Maria Mendes de et al. A importância na inserção do nutricionista na Estratégia Saúde da Família. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.16, 2011.

PÁDUA, Joyce Guilhermino de; BOOG, Maria Cristina Faber. Avaliação da inserção do nutricionista na Rede Básica de Saúde dos municípios da Região Metropolitana de Campinas. Revista de Nutrição, Campinas, v.19, n.4, 2006.

RAMOS, Natasha Façanha Silva. O Nutricionista da Atenção Básica à Saúde no Distrito Federal: Um olhar sobre si mesmo e as ações de Atenção Nutricional. Dissertação (Pós-graduação em Nutrição Humana) Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Brasília, p.01-113, 2011.

SAMPAIO, Rosana Ferreira; MANCINI, Marisa Cotta. Estudos de Revisão Sistemática: Um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v.11, n.1, p.83-89, 2007.

SANTOS, Anderson Carlos dos. A inserção do nutricionista na estratégia da saúde da família: o olhar de diferentes trabalhadores da saúde. Família, Saúde e Desenvolvimento, Curitiba, v.7, n.3, p.257-265, 2005.

VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de. Nutrição em Saúde Pública. Rio de janeiro: Rubio, 2011. p.423-435.

Referências

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