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PNV 3416 INSTALAÇÕES PROPULSORAS

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PNV 3416 INSTALAÇÕES PROPULSORAS

CAPÍTULO 3

ANÁLISE TERMODINÂMICA DE CICLOS MOTORES

Prof Hernani Brinati 2017

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CAPITULO 3

ANÁLISE TERMODINÂMICA DOS CICLOS MOTORES 3.1 INTRODUÇÃO

No capítulo anterior foi apresentada uma descrição física do motor de combustão interna bem como de seus princípios de operação. Neste capítulo será efetuada a análise termodinâmica dos processos que ocorrem em um motor de combustão interna. Só assim será possível obter uma compreensão razoável das variáveis que influem sobre o desempenho do motor.

Embora a atenção principal do curso se concentre no estudo dos motores Diesel, serão estudados também, por motivos didáticos, ciclos que se aplicam a outros tipos de motores.

A análise precisa dos processos de um motor de combustão interna constitui um problema bastante complexo para ser atacado diretamente. É necessário que se formulem modelos para representação dos fenômenos reais. Estes modelos não podem ser muito complexos para permitir um tratamento analítico adequado. Não podem, por outro lado, ser muito simples para que os resultados da análise possam ser estendidos aos fenômenos reais.

Para a análise dos processos de um motor de combustão interna serão utilizados dois modelos. O primeiro modelo e o ciclo padrão a ar. Para o estudo deste modelo são necessários conhecimentos elementares de termodinâmica. O segundo modelo, que constitui uma melhor aproximação para os processos reais, é o ciclo combustível-ar ideal. Para o estudo deste modelo são necessários conhecimentos adicionais sobre combustão. Algumas conclusões de significativa importância são obtidas da análise dos dois modelos. Essas conclusões podem ser estendidas para o motor de combustão interna desde que se façam as devidas correções. Com este objetivo serão discutidos posteriormente os desvios entre o ciclo combustível-ar ideal e o ciclo combustível-ar real.

São, então, abordados neste capitulo, pela ordem: ciclo padrão a ar, ciclo combustível-ar ideal e ciclo combustível-ar real. Uma revisão sobre conceitos básicos de termodinâmica e a apresentação de noções de combustão estão contidas no apêndice.

Antes da exposição dos conceitos de ciclos motores, é apresentada uma questão ilustrativa, que vai orientar o desenvolvimento do capítulo.

3.2 QUESTÃO ILUSTRATIVA

Um motor de ignição por compressão (IC) e um motor de ignição por faísca (IF), que apresentam a mesma potência, podem ser usados em uma dada aplicação na qual se necessita regimes de carga variáveis do motor. Sabe-se que em um motor IF a variação de carga se faz pela redução da pressão da admissão (menos quantidade de massa aspirada), enquanto que no motor IC o ajuste se faz por variação da quantidade de combustível injetado.

Para definir a escolha entre os dois motores foi feita uma análise dos ciclos a ar correspondentes. Para o motor IC foi escolhido como modelo o ciclo Diesel e para o motor IF o ciclo Otto.

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Uma análise destes ciclos para as condições de plena carga dos motores indicou os seguintes resultados:

Otto ηt = 0,55 ; Tmáx = 3800°C

Diesel ηt = 0,55 ; Tmáx = 3500°C

em que ηté a eficiência térmica do ciclo e Tmáx é a temperatura máxima do

fluido de trabalho ao longo do ciclo. A partir destes dados deseja-se saber:

a) Qual dos dois motores apresenta maior eficiência a plena carga; b) Qual motor tem maior eficiência em cargas parciais.

Análise da Questão

Antes de passar ao exame dos itens propostos, inicia-se a análise da questão pelas informações apresentadas em seu enunciado. O primeiro ponto se refere à escolha do modelo para tratamento dos motores:

i) Por que foi selecionado o ciclo a ar como modelo?

ii) Por que para o motor IF foi escolhido o ciclo Otto e para o motor IC o ciclo Diesel?

A primeira questão foi examinada na seção inicial deste capítulo. O ciclo a ar é a forma mais simples de modelar o desempenho de um motor de combustão interna; isto explica a sua escolha para análise comparativa entre os dois motores. A Figura 3.1 ilustra o tratamento que é dado ao problema. Evidentemente, os resultados da análise deste ciclo devem ser examinados cuidadosamente para serem aplicados aos motores.

Figura 3.1 Seleção de um modelo para representação do desempenho de um motor de combustão interna

A segunda questão se refere à escolha de particulares ciclos para representação dos motores. Esta escolha é baseada na semelhança entre o diagrama pV levantado em ensaio com o motor em um dinamômetro e o diagrama pV do ciclo teórico correspondente. A curva do processo de combustão em um motor de ignição por faísca (IF) se aproxima da curva do processo de adição de calor no ciclo a ar Otto, que é a volume constante. Por outro lado o processo de combustão em um motor de ignição por compressão

Processos de um motor de combustão interna

ANÁLISE DO DESEMPENHO: Cálculo da eficiência Parâmetros que influem ??

Ciclo Padrão a Ar Hipóteses

Análise do desempenho do modelo relativamente

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(IC) de baixa rotação se aproxima da curva de adição de calor de um ciclo Diesel, que é a pressão constante.

Para o caso de motores IC de média ou alta rotação o ciclo equivalente é o ciclo dual, ou Diesel de pressão limitada, em que a combustão seria representada por processo de adição de calor parte a volume constante e parte a pressão constante.

Convém comentar, que para o caso em questão - uso em lugar de motor IF, é mais provável que o motor IC seja de alta rotação e não de baixa rotação, mas para os objetivos de apresentação de conceitos foi admitido que ele fosse de baixa rotação.

A Figura 3.2 exemplifica a comparação entre ciclo real e ciclo a ar para um motor de ignição por faísca, enquanto a Figura 3.3 ilustra a comparação para um motor de ignição por compressão de baixa rotação.

(a) Diagrama Pressão Volume de (b) Diagrama pV de um ciclo um motor IF levantado Otto a ar

no ensaio

Figura 3.2 Comparação entre diagramas de ciclo real e de ciclo padrão a ar para um motor IF

Assim, uma vez adotados o modelo de comparação e os correspondentes ciclos teóricos, o primeiro passo para resolver a Questão Ilustrativa é conhecer o comportamento dos ciclos a ar, o que é feito na seção seguinte. Em seguida, serão examinados os ciclos ideais combustível-ar, que são um modelo mais preciso de representação dos processos em motores de combustão interna.

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(a) Diagrama Pressão Volume (b) Diagrama pV de um ciclo de um motor IC levantado no ensaio Diesel a ar

Figura 3.3 Comparação entre diagramas de ciclo real e de ciclo padrão a ar para motor IC de baixa rotação

3.3 CICLO PADRÃO A AR

O primeiro modelo empregado para análise dos processos de um motor de combustão interna é o ciclo padrão a ar. São apresentadas inicialmente as hipóteses utilizadas para esse estudo. Em seguida são analisados os ciclos a ar de maior importância, ilustrando-se a discussão com exemplos numéricos. 3.3.1 Hipóteses

Para esta análise o fluido de trabalho no cilindro do motor é o ar. Admitem-se as hipóteses enunciadas a seguir.

a) O fluido de trabalho no cilindro (ar) é um gás perfeito. Obedece, portanto, a lei pV = NRT em que: p é a pressão do gás; V é o volume ocupado pelo gás, T é sua temperatura absoluta, N é o número de moles e R a constante universal dos gases.

Além disto, admite-se que o fluido tem calores específicos constantes.

b) Para o cálculo do estado do fluido, as constantes físicas do gás no cilindro são as do ar a temperatura moderada.

c) Eliminam-se os processos de admissão e descarga. Assim, o fluido de trabalho, no final do processo, permanece inalterado e se encontra no mesmo estado inicial. Desta forma, a sequência dos processos no motor de combustão interna pode ser tratada como se fosse um ciclo na acepção da palavra.

As hipóteses acima referidas estão longe de serem verdadeiras para o ciclo real do motor de combustão interna, mas, ainda assim, os resultados desta análise são de grande valor. É de conhecimento geral que a eficiência térmica de um motor está diretamente relacionada com o consumo específico de combustível (quantidade de combustível requerida para produzir potência unitária). Portanto, é interessante saber quais são as variáveis que controlam a eficiência térmica.

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A análise do ciclo a ar vai mostrar o limite hipotético da eficiência de um motor de combustão interna quando se utilizassem misturas ar-combustível extremamente pobres. É mostrado também por esta analise que a eficiência térmica de um motor depende da razão de compressão.

3.3.2 Ciclo Otto ou de Volume Constante

Para motores de ignição por faísca uma primeira aproximação, como já mencionado, é o ciclo a ar de Otto representado na Figura 3.4 nos diagramas p-V e T-S.

Figura 3.4 Diagramas p-V e T-s para o ciclo Otto A sequência dos processos é a seguinte:

A - B: o ar contido no cilindro é comprimido adiabática e reversivelmente de A para B;

B – C: o ar é aquecido de B a C, recebendo calor a volume constante; C – D o ar sofre uma expansão adiabática reversível entre C e D;

D - A: o ar é resfriado entre D e A, cedendo calor a volume constante, reiniciando-se, então, o ciclo.

A eficiência térmica de um ciclo (ηt) pode ser expressa genericamente por:

ηt = Wliq / Qad

ou

ηt = (Qad – Qrj) / Qad = 1 – Qrj/ Qad (3.1)

onde:

Wliq é o trabalho liquido do ciclo;

Qad é o calor admitido;

Qrj é o calor rejeitado.

Os processos de troca de calor ocorrem a volume constante. Portanto, de acordo com (A12 ) (veja apêndice ) resulta:

Qad = UC - UB

Qrj = UD - UA

Como, por hipótese, o ar é um gás perfeito, tem-se: Qad = m cv (TC - TB)

Qrj = m cV (TD - TA)

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ηt = 1- (TD - TA ) / (TC - TB ) = TA(TD/TA - 1) / [ TB (TC/TB - 1) ] (3.2)

Como os processos de compressão e expansão são adiabáticos, aplica-se a equação (A7). Tem-se, então:

TB/TA = (VA / VB)k-1

e TD/TC = (VC / VD)k-1

De acordo com o diagrama pV da Figura 3.4, tem-se: VC / VD = VA / VB

Logo:

TA/TB = TD/TC

Substituindo em (3.2) vem:

ηt = 1- TA/TB = 1 – (VB / VA)(k-1)

A razão entre os volumes (VA/VB) é normalmente chamada de razão de

compressão do ciclo (r). Assim:

ηt = 1 – (1/r)(k-1) (3.3)

Desta forma, conclui-se que a eficiência do ciclo Otto a ar depende somente da razão de compressão.

Para ilustrar o cálculo das propriedades e da eficiência de um ciclo Otto, apresenta-se um exemplo, em que são utilizadas unidades inglesas e a massa é tomada em número de moles.

Exemplo: Determinar as pressões nos pontos A, B, C e D do ciclo Otto, o trabalho líquido e a eficiência térmica do ciclo para uma razão de compressão de 5:1. As condições no início da compressão são 14,7 psi e 78 ºF. O calor suprido é de 2.145.000 Btu para 60,75 moles de ar. O calor especifico a volume constante é tomado igual a 5 Btu/moleºF.

Aplicando-se as equações (A6) e (A7) do Apêndice para o processo isentrópico de compressão, obtém-se:

PB = pA (VA/VB)k = 14,7 (5)1,4 = 139,9 psia

TB = TA (VA/VB) (k-1) = 538 x ( 5)0,4 = 1.024 ºR

Considerando o processo de adição de calor, calcula-se a temperatura máxima do ciclo:

TC = (Qad/NCV ) + TB = 2.145.000 /(60,75 x 5) + 1024 =

= 8.086 ºR Então, para a transformação isocórica:

PC = PB TC/TB = (139,9 x 8.086 )/1024 = 1.105 psia

Para o processo de expansão isentrópico, aplica-se (A7), obtendo-se: TD = TATC/TB = (538 x 8.086 ) /1024 = 4.238 ºR

Finalmente,

PD = PC PA/PB = (1.105 x 14,7) /1.39,9 = 116,1 psia

Estes cálculos indicam que as pressões e temperaturas atingidas são extremamente altas, quando se usa um suprimento de calor que é praticamente equivalente à energia liberada no processo de combustão que ocorre em um motor real equivalente.

O calor rejeitado no curso de D a A é:

Qrj = NCV(TD - TA) = 60,75 x 5(4.248-538 ) = 1.126.900 Btu

Pode-se, então, calcular o trabalho líquido e a eficiência do ciclo: Wliq = Qad - Qrj = 2.145.00 - 1.126. 900 = 1.018.100 Btu

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O mesmo resultado para a eficiência térmica pode ser obtido aplicando a equação (3.3):

ηt = 1 – (1/r)(k-1) = 1 – (1/5)-0,4 = 0,475

As eficiências obtidas pela análise do ciclo a ar são muito altas, quando comparadas aos motores reais, e mesmo com os ciclos ideais combustível-ar. A eficiência máxima possível para o processo de um motor Otto ideal (ciclo teórico combustível-ar), com razão de compressão igual a 5 e uma mistura quimicamente correta de octana e ar é 0,327 em vez de 0,475. No caso de um motor real, este valor de eficiência é obtido com razão de compressão de 9:1. 3.3.3 Ciclo Diesel ou de Pressão Constante

Para motores Diesel de baixa rotação, que constitui grande parte dos motores marítimos, uma primeira aproximação é o ciclo a ar Diesel, representado na Figura 3.5 nos diagramas P-V e T-S.

Figura 3.5 - Diagramas P-V e T-S para o ciclo Diesel A sequência dos processos é a seguinte:

a - compressão adiabática reversível de A até B; b - adição de calor a pressão constante entre B e C; c - expansão adiabática reversível de C a D;

d - rejeição de calor a volume constante entre D e A. A eficiência térmica de ciclo é dada por:

ηt = 1 – Qrj / Qad

A adição de calor ocorre a pressão constante. Portanto, de acordo com (A.11) tem-se:

Qad = HC - HB = m cp (TC - TB) (3.4)

O calor é rejeitado a volume constante:

Qrj = UD - UA = m cv (TD - TA)

e, assim:

(9)

Pode-se obter outra expressão para a eficiência térmica, definindo-se a razão de expansão a pressão constante, rcp

rcp = VC / VB

Introduzindo em (3.5) os valores de r e rcp, resulta:

ηt = 1 – (1/r)(k-1) [ (rcpk - 1) / k ( rcp - 1) ] (3.6)

Esta última expressão mostra que a eficiência do ciclo Diesel depende não só da razão de compressão, mas também da quantidade de calor admitido (Qad), que, em ultima análise, é o responsável pela expansão de B a C. Pode-se verificar que quarto maior for o calor admitido menor é a eficiência térmica do ciclo.

Exemplo: Determinar a razão de compressão para um ciclo padrão a ar, tipo Diesel, tendo uma pressão de compressão de 500 psig (pressão efetiva). Calcular também as temperaturas nos quatro pontos do ciclo, a razão de expansão a pressão constante, a pressão em D e a eficiência do ciclo.

São dados:

pA = 14, 7 psia e TA = 78 ºF

Obtém-se inicialmente a razão de compressão:

r = VA/VB = (PB / PA ) (1/k) = (514 ,7/14,7) (1/1,4) = 12,68

TB = TA (VA/VB)(K-1) = 538 (12,68)o,4 = 1486ºR

Admitindo-se os mesmos suprimentos de calor, moles de ar e calores específicos usados na análise do ciclo Otto, e resolvendo a equação (3.4), resulta: TC =(Qad / N Cp)+ TB = 2.145.000/(60,75 x 7) + 1.486 = 6.530ºR rcp = VC/VB = TC/TB = 6.530/486 = 4,39 Razão de expansão = VD/VC = (VD/VB) / (VC/VB) = 12,68/4,39 = 2,89 Então, PD = PC(VC/VD)K = 514,7/(2,89)1,4 = 116, 5 psia E também: TD = TC (VC / VD)(k-1) = 6.530/ (2,89)1,4 = 4.271ºR

A eficiência do ciclo é obtida usando a equação (3.5). ηt = 1 – 1/k [ (TD - TA ) / (TC - TB) ] =

=1/1,4 [(4.271 – 538)/ (6.530 -1.486) = 0,471

Os exemplos mostram que as eficiências dos ciclos a ar Otto com razão de compressão 5:1 e Diesel com razão de compressão 12,68:1 são praticamente iguais. Se a razão de compressão do ciclo Otto fosse igual a do ciclo Diesel sua eficiência seria bem mais alta. Entretanto, as características do combustível e restrições de pressão máxima impedem que um motor que opere segundo o ciclo Otto trabalhe com razões de compressão tão altas quanto as utilizadas por motores que operam segundo o ciclo Diesel.

3.3.4 Ciclo Diesel de Pressão Limitada ou Dual

Uma primeira aproximação para motores Diesel de alta e média rotação é o ciclo de ar Diesel de Pressão Limitada ou Dual, representado na Figura 3.6 pelos diagramas P-V e T-S.

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Figura 3.6 - Diagramas P-V e T-S para o ciclo Diesel de pressão limitada A sequência dos processor e a seguinte:

a - compressão adiabática reversível de A a B; b - adição de calor a volume constante de B até C; c – adição de calor a pressão constante de C a D; d - expansão adiabática reversível de D a E; e - rejeição de calor a volume constante de D a A. A eficiência térmica do ciclo é dada por:

ηt = 1 – Qrj / Qad

A adição de calor é feita inicialmente a volume constante e depois a pressão constante. Portanto, de acordo com (A11) e (A12) tem-se:

Qad = (UC - UB) + (HD - HC) = m cv (TC - TB ) + m cp (TD - T C)

A rejeição de calor é a volume constante; logo: Qrj = m cv (TE - TA)

e, assim:

ηt = 1 – [ (TE - TA ) /(TC - TB) + k (TD - TC)] (3.7)

Pode-se obter outra expressão para a eficiência térmica do ciclo. Lembrando que:

r = VA / VB é a razão de compressão do ciclo

rcp = VD/VC é a razão de expansão a pressão constante,

e rp = pC / pB é a razão de pressão no processo de adição de calor

a volume constante, obtém-se:

ηt = 1 – (1/r)(k-1) { (rp x rcpk - 1) / [k x rp ( rcp - 1) + rp -1] } (3.8)

Esta ultima expressão mostra que também para o ciclo Diesel de pressão limitada, a eficiência térmica do ciclo depende do calor admitido.

Exemplo: Um ciclo Diesel ideal, a ar, com limite de pressão tem uma razão de compressão de 12,68: 1. Um quarto de calor é admitido a volume constante e o restante a pressão constante. São dados: pA = 14,7 psia e TA = 78ºF.

Determinar a eficiência térmica do ciclo.

Do exemplo anterior, ciclo Diesel, para as mesmas condições, tem-se: TB = 1.486ºR e PB = 514,7 psia.

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Então, admitindo-se a mesma quantidade total de calor suprido, o mesmo número de moles de ar e os mesmos calores específicos, empregados nos exemplos anteriores, tem-se:

TC = 0,25 Qad / (m x cv)+ 1.486 = 0,25 x 2.145.000/(60,75 x 5) + + 1486 = 3.251ºR pC = PB (TC /TB )= 514,7 x 3.251/1.486 = 1.126 psia TD = 0,75 Qad / (m x cp) + T c = (0,75 x 2.145.000/(60,75 x 7) + + 3.251 = 7.034ºR rcp = VD/VC = TD/TC = 7.034/3.251 = 2,16

A razão de expansão adiabática é:

VE /VD = (VE/VC) / (VD/VC) = 12,68/2,76 = 5,58

Então,

TE = TD (VD/VE)(K-1) = 7.034(1/5,87)0,4 = 3.466ºR

Substituindo- se na Equação (3.7), obtém-se:

ηt = 1 – { (3.466 – 538) / [(3.251 – 1.486) + 1,4 (7.034 – 3.251)] } =

= 0,585

Os exemplos mostram que para uma mesma quantidade de calor admitido o ciclo Diesel de pressão limitada é mais eficiente que o ciclo Diesel.

3.3.5 Comparação entre os ciclos

Os exemplos apresentados nos parágrafos anteriores serviram para dar uma ideia das eficiências relativas dos diversos ciclos. Pode-se, entretanto, por meio de processos analíticos, efetuar uma comparação entre os ciclos apresentados, para diversas condições de operação. A forma mais simples de analise é pelo emprego dos diagramas P-V e T -S nos quais se podem comparar os ciclos. É preciso lembrar que nos diagramas T-S as áreas abaixo das linhas de volume constante ou pressão constante representam o calor trocado durante o processo.

Sugere-se que os alunos comparem os três ciclos apresentados com igualdade de razão de compressão e calor admitido para verificar qual e o mais eficiente. Uma forma de examinar esta questão é usando as expressões de eficiência térmica para os ciclos Otto, Diesel e dual, equações 3.3, 3.6 e 3.8, respectivamente. Esta análise indica que o ciclo Otto é o mais eficiente, seguido do ciclo dual e por último o ciclo Diesel.

3.3.6 Análise da questão ilustrativa

Pode-se encerrar a apresentação desta seção sobre ciclos a ar com uma análise dos dados da questão ilustrativa. Como os ciclos que representam os motores IF e IC têm a mesma eficiência térmica - 0,55 - pode-se concluir que o motor IC tem maior razão de compressão. Isto corresponde à realidade, uma vez que motores Diesel (IC) têm razões de compressão bem maiores que motores IF, sejam eles a gasolina, a etanol ou flex.

Nestas condições pode-se dizer que a razão Qrj / Qad é igual para os dois ciclos.

Recomenda-se que os alunos esquematizem nos diagramas p-V e T-s os gráficos correspondentes aos dois ciclos.

Os dados de eficiência e temperatura máxima apresentados na questão ilustrativa se referem à condição de plena carga para os dois motores. Para carga parcial a comparação traz resultados diferentes. Como para o motor IC existe uma redução da razão combustível-ar, tem-se como correspondência

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uma menor quantidade de calor admitido no ciclo a ar para carga parcial. Em consequência obtém-se uma maior eficiência térmica do ciclo. Ou seja, embora a análise do ciclo a ar indique a mesma eficiência para os dois motores em condição de plena carga, para carga parcial o ciclo do motor IC tem maior eficiência que o ciclo do motor IF.

Os resultados da análise dos ciclos a ar, no entanto, não podem ser estendidos para a comparação dos ciclos reais dos motores. Sabe-se que eficiência dos motores será inferior a dos ciclos correspondentes, mas não se pode afirmar que os dois motores têm a mesma eficiência.

Antes de passar para os ciclos reais, convém efetuar a análise do segundo modelo: os ciclos ideais combustível-ar.

3.4 Ciclo Ideal Combustível-Ar

Como primeira aproximação para a análise dos processos do motor de combustão interna foi estudado o ciclo padrão a ar. Um segundo modelo - ciclo ideal combustível-ar, que mais se aproxima do ciclo real é examinado analisado agora.

Para o estudo deste modelo são definidos outros processos, não considerados na analise do ciclo a ar - processos de admissão e descarga. Para tanto é preciso definir o ciclo de operação do motor - quatro tempos ou dois tempos. O procedimento usualmente empregado é de estudar o ciclo de quatro tempos, fazendo posteriormente as modificações correspondentes ao ciclo de dois tempos. Este também é o procedimento adotado no presente trabalho. São apresentadas, a seguir, as hipóteses empregadas na formulação do modelo, e depois são analisados os ciclos ideais combustível-ar de interesse.

3.4.1 Hipóteses

A análise do ideal ciclo combustível-ar leva em consideração, com razoável precisão, os processos que ocorrem em um motor de combustão interna. As propriedades do fluido de trabalho no cilindro são utilizadas para essa analise, e como resultado obtém- se uma aproximação surpreendentemente boa das temperaturas e pressões reais.

Para a análise do ciclo lida-se, portanto, com ar, combustível em estado liquido ou gasoso e gases de combustão. É considerada a reação de combustão que ocorre no cilindro. O fato de se considerar a variação de calor específico e a ocorrência de equilíbrio químico fazem com que as temperaturas e pressões atingidas no ciclo no sejam tão altas quanto as correspondentes do ciclo a ar. Os produtos de combustão são descarregados em condições bem diferentes temperaturas elevadas, portanto, em condições bem diferentes daquelas de admissão.

Desses fatos, segue-se que:

i) as eficiências térmicas dos ciclos são menores que as dos ciclos a ar correspondentes;

ii) a designação de ciclo tem uma conotação diferente.

Para a análise do ciclo combustível-ar ideal são admitidas usualmente as seguintes hipóteses:

a - Não há mudança química do combustível ou ar antes da combustão ; b - Existe sempre equilíbrio químico depois do processo de combustão;

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c - Todos os processos são adiabáticos, não havendo, assim, fluxo de calor através das paredes do cilindro;

d - As velocidades do fluido são desprezíveis;

e - As válvulas abrem e fecham nas posições de ponto morto, não havendo restrição ao escoamento;

f - No ha variação de volume no cilindro enquanto a diferença de pressão através de uma válvula aberta não cair até zero.

Estas são as hipóteses utilizadas para análise. Deve-se ressaltar que as duas últimas se referem particularmente aos ciclos de quatro tempos que são tratados inicialmente. Depois, são estudados os ciclos de dois tempos, sendo que as únicas diferenças entre os dois ciclos estão relacionadas com os processos de admissão e descarga.

Pelo elenco de hipóteses admitidas percebe-se que o tratamento dos ciclos combustível-ar não é tão simples quanto aquele dispensado aos ciclos a ar. Enquanto que para o caso anterior a construção de um diagrama que representasse o ciclo, exigia apenas uma tabela de propriedades do ar, precisa-se agora trabalhar com mistura ar-combustível e com produtos de combustão. Existem, no entanto, diagramas de mistura ar - combustível, para o processo de compressão, e diagramas de produtos de combustão, para a sequência dos processos após-combustão, que tornam mais simples e rápida a solução do problema.

Estes diagramas são apresentados para um dado combustível e uma dada razão ar-combustível.

3.4.2 Processos ideais no motor de ciclo Otto

A sequência dos processos para este ciclo é representada em um diagrama p-V. Para entender claramente o que ocorre em um motor de combustão interna deve-se lembrar que existe sempre no final do processo de descarga uma quantidade de gases de combustão ocupando o volume de folga do cilindro. Assim, o fluido de trabalho para o ciclo seguinte de motor é constituído não somente pela mistura fresca, ar-combustível, admitida no cilindro, mas também pela parcela remanescente de produtos de combustão chamada de gases residuais.

É logico que o desempenho do motor vai depender da composição da carga, mistura ar-combustível + gases residuais, no início do ciclo. Portanto, convém assinalar que a quantidade de gases residuais para um dado motor depende da pressão e temperatura de descarga.

Considere-se o diagrama p-V da Figura 3.7. Neste diagrama está representado o ciclo combustível-ar de Otto para a condição particular em que a pressão de admissão é igual à pressão de descarga.

a) compressão

A mistura fresca aspirada no curso de admissão foi diluída pelos gases residuais, de forma que as propriedades - temperatura e composição da carga no final da admissão não são conhecidas. Para determinar estas propriedades seria necessário saber a temperatura e quantidade de gases residuais. Como estes valores não são conhecidos a priori, faz -se uma estimativa da fração de gases residuais (f) e da temperatura da temperatura da carga (T1) no início de compressão. Os valores estimados devem ser confrontados com aqueles obtidos no final do ciclo.

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Assim, tem-se:

S2 = S1 - processo isentrópico;

V2 = V1/r onde r e a razão de compressão do ciclo.

Figura 3.7 - Ciclo Ideal Combustível-ar Otto

As outras condições no fim deste processo podem ser obtidas pela forma usual de tratamento de mistura de gases. Entretanto, se utilizarmos os diagramas de mistura ar-combustível o trabalho fica simplificado. Obtém-se assim: U2, p2 e T2.

A influência dos gases residuais durante a compressão é desprezível.

Pode-se calcular, ainda, o trabalho de compressão. De acordo com as hipóteses admitidas resulta:

1W2 = U2 - U1 (3.9)

b) Combustão

A carga comprimida entre 1 e 2 entra em combustão, que começa no final do processo de compressão, por ação da faísca da vela, e se desenvolve a volume constante. A combustão se dá sem transferência de calor através das paredes do cilindro e atinge-se o equilíbrio químico. A identificação do estado final, ponto 3, se faz através das relações:

U2 + C2 = (U + C)3 (3.10)

que representa uma combustão a volume constante (ver Apêndice - equação (A-15)) e

V3 = V2

Pode-se detalhar a equação de energia para o processo com o objetivo de assinalar a influência da fração de gases residuais. Para os objetivos deste trabalho basta mencionar que a presença de gases residuais, que não têm energia química, implica em uma redução na energia disponível para o processo de combustão.

A utilização dos diagramas para mistura ar-combustível e para produtos de combustão permite um cálculo rápido do processo. Assim, a energia interna de

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toda a carga antes da combustão pode ser obtida no diagrama de mistura ar-combustível em função da temperatura T2.

A influência dos gases residuais no cômputo de energia interna da carga é desprezível de forma que alguns diagramas não fazem menção da fração de gases residuais, tratando a carga como se fosse simplesmente uma mistura ar-combustível.

A energia química dos gases residuais só existe quando a mistura combustível - ar apresenta excesso de combustível e em consequência a combustão é incompleta. Mesmo neste caso a energia química dos gases é pequena e poderia ser desprezada no cálculo.

A definição das propriedades no ponto 3 é obtida com o emprego do diagrama para produtos de combustão; determina-se assim:

p3, S3,T3

c) Expansão

Os produtos de combustão se expandem adiabática e reversivelmente entre os estados 3 e 4 realizando trabalho sobre o pistão. Durante a expansão há sempre equilíbrio químico, o que implica que ocorre a recombinação de alguns produtos dissociados, com conversão de energia química em energia interna. A determinação do ponto 4 se faz através das relações:

S4 = S3

V4 = V1

Empregando ainda o diagrama de produtos de combustão, embora a resolução analítica fosse possível, determina-se T4, e (U + C)4.

Admitindo-se que a transferência de calor para o exterior é nula durante o processo, o trabalho realizado pode ser calculado por:

3W4 = (U + C)3 - (U + C)4 (3.11)

A razão do emprego da notação (U + C)3 em vez de U3 + C3 e (U + C)4 em vez

de U4 + C4 se justifica pelo fato de que, em altas temperaturas, há um

intercambio permanente as duas formas de energia, satisfazendo as exigências de equilíbrio químico.

d) Processo de alívio dos produtos de combustão

Ao final do curso de expansão a válvula de descarga abre e, devido à diferença de pressões, a maior parte dos gases deixa o cilindro. Admite-se que a parcela de gases que permanece no cilindro sofre uma expansão adiabática reversível até a pressão de descarga, que pode ser a própria pressão atmosférica. Admite-se, adicionalmente, que durante este processo não há variação de volume no cilindro, curva 4-6. As propriedades dos gases que permanecem no cilindro são obtidas prolongando a expansão iniciada em 3 Final da combustão) até a pressão de descarga, processo 4-5. Observar que o ponto 5 representa o estado (volume ) de toda a massa de gases após a expansão até a pressão de descarga . Para o processo 4-5 tem-se:

p5 = pd

S5 = S4

No diagrama de produtos de combustão obtém-se: T5 , V5, (U + C)5

As propriedades especificas no ponto 6 são, obviamente, iguais às do ponto 5. e) Processo de descarga

Os gases que permanecem no cilindro são descarregados pelo movimento do pistão do ponto morto inferior até o ponto morto superior. No fim do processo,

(16)

6-7, a válvula de descarga fecha e permanece no cilindro uma parte de produtos de combustão, os gases residuais, ocupando o volume V7 = V2.

Durante a descarga admite-se que não há variação nas propriedades dos gases, ocorrendo apenas uma variação de massa. Desta forma, pode - se calcular a fração de gases residuais f, que é a relação entre a massa de gases residuais e a massa total do fluido de trabalho no cilindro. Assim, como os pontos 7 e 5 do diagrama correspondem a diferentes quantidades de gases em um mesmo estado, tem-se:

f = V7 / V5 = V2 / V5

Pode-se, agora, confrontar o valor obtido para f com aquele estimado para início dos cálculos.

f) Processo de admissão

Concluído o processo de descarga, simultaneamente ao fechamento da válvula de descarga, se dá a abertura da válvula de admissão e inicia-se o processo de indução de mistura. Se houver uma diferença entre as pressões de descarga e de admissão, há inicialmente uma expansão ou compressão dos gases de descarga conforme seja a relação entre essas pressões. De acordo com as hipóteses admitidas não há transferência de calor durante o processo de admissão e a energia cinética envolvida no processo é nula, de forma que se pode escrever a equação de energia nos seguintes termos:

U(ar + comb) + Ccomb + (pv)( ar + comb) + (U + C) gas res =

= (U + C)1 + 0W1 (3.12)

onde:

o termo pv representa a energia de fluxo;

U1 é a energia interna da carga no fim do processo de admissão; 0W1 é o trabalho realizado durante o processo.

A expressão acima pode ser escrita de outra forma, admitindo que não ocorra reação química durante o processo.

H(ar + comb) + Ugas res = Ul + 0W1 (3.13)

Em função do valor encontrado para U1 pode-se determinar T1, e comparar

com o valor estimado, no início do procedimento. Se os valores de f e T1 forem

estimados de maneira coerente o confronto com os valores calculados não deve apresentar diferença significativa. Se isto, entretanto, não ocorrer é necessário recalcular o ciclo. As outras propriedades do ponto 1 podem ser tiradas no diagrama de mistura ar-combustível.

g) Trabalho líquido e Eficiência térmica.

Conseguiu-se determinar inteiramente o ciclo, obtendo-se as propriedades do fluido operante nos diversos pontos. Pode-se, portanto, calcular a eficiência térmica do ciclo.

De acordo com a definição genérica de eficiência térmica:

ηt = Trabalho Liquido/ Energia Introduzida (3.14)

em que o trabalho liquido do ciclo leva em conta, apenas, o trabalho realizado durante a compressão, 1-2, e expansão,3-4.

Assim, resulta:

Wliq = 3W4 - 1W2 = (U + C)3 - (U + C )4 - U2 - U1 (3.15)

e a energia introduzida no ciclo para o cálculo da eficiência é tomada como sendo o poder calorifico do combustível nas condições de admissão.

(17)

Um parâmetro normalmente utilizado na comparação de motores, e que será tratado adiante com maiores detalhes, é a pressão media efetiva (pme ou mep. - mean effective pressure). Ela é definida como sendo a pressão constante que, exercida sobre pistão durante o seu deslocamento, produziria o trabalho líquido do ciclo motor, ou seja:

pme = Wliq / (V1 - V2) (3.16)

onde (V1 - V2) é o volume de deslocamento do pistão.

i) Trabalho de bombeamento

Foi mostrado que no processo de admissão a mistura ar-combustível, ao entrar no cilindro, realiza trabalho sobre o pistão que é dado por:

0W1 = pad(V1 - V0)

Da mesma forma, durante o processo de descarga o pistão realiza trabalho sobre o fluido de trabalho, que é dado por:

6W7 = pd (V7 – V6)

A soma algébrica destas duas parcelas é chamada de trabalho de bombeamento (pumping work).

Wbomb = (pad - pd) (V1 - Vo) (3.17)

3.4.3 Processos ideais em um motor de ciclo Diesel

Em vez de se discorrer sobre todos os processos do ciclo combustível-ar Diesel, são destacadas as diferenças entre esses processos e aqueles analisados para o ciclo Otto. Para o ciclo Diesel combustível-ar, representado na Figura 3.8, essas diferenças estão apontadas a seguir.

Figura 3.8 - Ciclo Diesel combustível-ar a) Compressão

O motor Diesel aspira apenas ar no processo de admissão. Assim, tem-se a compressão de uma carga que é composta de ar e gases residuais. Pode-se analisar o processo como se fosse simplesmente compressão de ar.

b) Combustão

No final da compressão injeta-se o combustível, a alta pressão, no cilindro. Em contato com o ar, em condição de elevadas pressão e temperatura, o

(18)

combustível sofre ignição espontânea, seguindo-se combustão a pressão constante. Correspondendo a equação (3.10) tem-se, então:

H2 + C2 = (H + C)3 (3.18)

c) Expansão, alívio e descarga

Os processos são idênticos aos do ciclo Otto d) Admissão

Como ja se ressaltou tem-se indução só de ar, de forma que para o processo vale:

Har + Ugas res = U1 + 0W1 (3.19)

Aplicam-se para o ciclo Diesel as mesmas definições de pressão media efetiva, eficiência térmica e trabalho de bombeamento definidas para o ciclo Otto.

3.4.4 Processos ideais do ciclo Diesel de pressão limitada

Não há necessidade de maiores detalhes sobre este ciclo, uma vez que suas características são praticamente iguais ao do ciclo Diesel, consistindo a única diferença no processo de combustão que se dá, primeiro a volume constante, até se atingir uma pressão limite e depois a pressão constante. A equação da energia para o processo é:

U2 + C2 = (H + C)4 - p3V3 (3.20)

O ciclo está representado na Figura 3.9, mostrada abaixo. 3.4.5 Motor com ciclo de dois tempos

Conforme mencionado anteriormente, para o tratamento dos ciclos ideais combustível-ar tomou-se como base os ciclos correspondentes aos motores de quatro tempos. São examinadas agora as modificações que surgem quando se considera os ciclos de motores de dois tempos.

Em um motor de dois tempos, todo curso descendente do pistão, isto é, de ponto morto superior para ponto morto inferior, é um curso de expansão. Neste tipo de motor o trabalho de bombeamento, admissão de ar (ou mistura) e descarga de gases, é realizado por um mecanismo chamado bomba de lavagem.

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Assim, em um motor com ciclo de dois tempos quando o pistão está próximo ao ponto morto inferior, no curso descendente, as janelas (ou válvulas) de descarga e de admissão abrem. A pressão de admissão é necessariamente maior que a pressão de descarga, para permitir que, quando as janelas se abram, haja um fluxo de mistura (ar) para o cilindro que desloca os produtos de combustão para fora do cilindro. Isto constitui o chamado processo de lavagem. Para os processos ideais de admissão e descarga de um motor de dois tempos valem as hipóteses:

a - o fluxo de mistura fresca para o cilindro e a descarga dos gases ocorre com o pistão em ponto morto inferior (volume V1 da Figura 3.7), a uma pressão

constante p1.

b - Estes processos são adiabáticos, não havendo troca de calor entre o fluido e as partes do motor.

A quantidade dos gases residuais para motores de dois tempos é determinada exclusivamente pelo processo de lavagem, e não está, como no caso dos motores de quatro tempos, relacionada com a razão de volumes V2/V5. Assim,

em problemas de ciclo combustível-ar para motores de dois tempos o valor de f é uma variável que só depende do tipo e eficiência do processo de lavagem, não dependendo de condições particulares do ciclo. Por outro lado, deve-se registrar que a fração de gases residuais em motores de dois tempos é sempre maior que para motores de quatro tempos.

Pode-se verificar que, de acordo com as hipóteses adotadas, todos os outros processos para o motor de dois tempos são semelhantes aos dos motores de quatro tempos.

3.4.6 Análise da Questão Ilustrativa usando como modelo os ciclos ideais combustível-ar

Na subseção 3.3.6 foi feita uma análise da questão alternativa considerando como modelo o ciclo a ar. Dois pontos foram destacados:

i) Como para o ciclo a ar os dois motores, em condições de plena carga, têm a mesma eficiência térmica, o motor IC tem razão de compressão maior que a do motor IF;

ii) Para condições de carga parcial há um aumento de eficiência térmica do motor IC enquanto para o motor IF ela permanece a mesma.

O que se pode dizer da comparação entre os dois motores, usando como modelo o ciclo ideal combustível – ar? Para responder esta questão, considere-se o esquema mostrado na Figura 3.10.

Conforme as considerações apresentadas em 3.4.1, temperaturas e pressões nos ciclos ideais combustível-ar são menores que as de ciclos a ar correspondentes. Em consequência as eficiências dos ciclos dos ciclos combustível-ar são menores. Isto está ilustrado na Figura 3.11, que mostra a eficiência térmica do ciclo a ar, ηt, a eficiência do ciclo ideal combustível, η’t, e a

(20)

Figura 3.10 Análise do desempenho do motor: uso de dois modelos diferentes A diferença de eficiência térmica se deve essencialmente a dois fatores: calores específicos variáveis com a temperatura e equilíbrio químico na reação de combustão. Os efeitos destes fatores são tanto maiores quanto mais altas são as temperaturas do ciclo.

Para a questão ilustrativa sabe-se que, pela análise do primeiro modelo - ciclo a ar, em plena carga, o motor IF atinge temperatura máxima mais alta que o motor IC. Portanto, a perda de eficiência, ∆ηt, é maior para o primeiro motor.

Conclui-se, então:

(η't )IF < (η't )IC < 0,55

Para condições de carga parcial, em que para o motor IC se trabalha com menor razão combustível-ar, também vale:

(η't )IF < (η't )IC < 0,55

Isto pode ser justificado por duas formas. A primeira, porque considerando o ciclo a ar, as temperaturas do ciclo do motor IC em carga parcial são menores – menor calor admitido. Então ∆ηt é menor para a condição de carga parcial;

além disto, (ηt)CP > 0,55.

A outra forma de justificar é fazendo diretamente a análise do ciclo ideal combustível-ar. Em comparação com a condição de plena carga, o motor IC em carga parcial trabalha com menor razão combustível-ar. Portanto, a probabilidade de combustão completa é mais alta, com melhor aproveitamento da energia química do combustível, o que significa uma maior eficiência térmica.

3.5 Ciclos Reais

Para compreensão dos fenômenos que ocorrem nos motores de combustão interna foram examinados dois modelos - o ciclo padrão a ar e o ciclo ideal combustível-ar. Algumas conclusões de grande interesse foram obtidas desta análise. Essas conclusões podem ser estendidas aos ciclos de operação dos motores de combustão interna desde que sejam considerados os desvios entre os ciclos reais e os ciclos ideais. O procedimento para obter o desempenho dos ciclos reais está ilustrado na Figura 3.11

(21)

Figura 3.11 Esquema para determinação da eficiência do motor 3.5.1 Desvios entre o Ciclo Real e o Ciclo Ideal

Uma primeira avaliação das diferenças entre os ciclos reais e os ciclos ideais pode ser feita com base nas hipóteses admitidas para os ciclos ideais. Essas hipóteses são adotadas para simplificar o cálculo dos ciclos, constituindo apenas aproximações do que ocorre nos processos reais. A análise quantitativa dos desvios entre ciclos reais e ideais baseia-se na comparação dos respectivos diagramas pressão-volume. Os diagramas p-V para o ciclo ideal são obtidos através de cálculo enquanto que para o ciclo real eles são obtidos através de indicadores de pressão colocados no cabeçote dos cilindros. Os indicadores registram a pressão ao longo do ciclo de operação do motor. Para o objetivo de análise das diferenças entre o ciclo real e o ideal é interessante que sejam empregados dois tipos de indicadores de pressão, notadamente para motores de quatro tempos. Um deles assinalaria a pressão desde o início da compressão até o fim do processo de alívio (ou início da lavagem em motor de dois tempos). Outro indicador, mais sensível, seria utilizado para registrar as relativamente pequenas flutuações de pressão que ocorrem durante as fases de descarga e admissão (ou lavagem) Será considerado, inicialmente, um diagrama indicado que não inclui os processos de admissão e descarga (ou lavagem).

Os desvios entre os dois ciclos, com consequentes influências sobre a eficiência térmica, são caracterizados pela definição de algumas perdas.

a) perdas devido ao tempo - são perdas devido ao tempo para que se processe mistura entre ar e combustível e ocorra a combustão.

b) perdas na descarga - é uma redução do trabalho no curso de expansão provocado por uma abertura prematura da válvula de descarga.

c) perdas térmicas - constitui o calor que flui através das paredes do cilindro e que na análise do ciclo ideal foi considerado nulo.

(22)

Há ainda a acrescentar perdas devido a vazamentos, mas em motores, em que os aneis de pistão e as válvulas se encontrem em boas condições, elas são desprezíveis.

3.5.2 Comparação entre o Ciclo Real e o Ciclo Ideal em um Motor de Ignição por Faísca

De forma análoga ao que foi feito na apresentação dos ciclos teóricos, é analisado inicialmente o ciclo real de Otto. Este ciclo, conforme mencionado anteriormente, é uma representação bastante aproximada do ciclo de operação de um motor de ignição por faísca (motor a gasolina, etanol, flex).

Para uma melhor compreensão das diferenças entre os ciclos real e ideal são representados no diagrama p-V da Figura 3.12 as curvas correspondentes aos dois ciclos.

Nesta figura o início do aumento de pressão, provocada pela combustão se dá no ponto a e a combustão termina praticamente no ponto b, onde a pressão começa a cair, ao longo de uma curva aproximadamente isentrópica. Para fins de esclarecimento foi traçada no diagrama a isentrópica 3'4' passando pelo ponto b.

Figura 3.12 Comparação entre o ciclo ideal e o ciclo real de um motor a gasolina

a) Perda devido ao tempo

A combustão em um motor de ignição por faísca não é, evidentemente, instantânea, ocupando certo espaço de tempo. Dada a faísca da vela, tem início a ignição da carga em um ponto próximo a vela; forma-se, então, na região onde se iniciou a combustão uma frente de chama, que se propaga pela câmara de combustão, e é responsável pela queima de toda a carga. A frente de chama se movimenta com uma determinada velocidade finita, que é função

(23)

de uma série de variáveis; assim é necessário um tempo para que haja combustão de toda a carga. É preciso observar que, eventualmente, o tempo gasto para combustão inclui uma parcela de tempo requerido para mistura do combustível com o ar e gases residuais, se uma mistura homogênea não tiver sido formada antes da ignição.

Esta perda devida ao tempo inclui sempre uma deficiência motivada pela combustão incompleta que corresponderia a um atraso em atingir o equilíbrio químico antes do fim do ciclo. Entretanto, em motores bem regulados este efeito e desprezível.

Tomando como referência a Figura 3.12, se a combustão ocorresse instantaneamente, em ponto morto superior, com as perdas térmicas permanecendo constantes, o ciclo seguiria a curva 1 -2 e daí verticalmente até uma pressão ligeiramente inferior a do ponto 3'. Porém, com avanço de faísca ótimo, a diferença entre estes dois pontos é tão pequena que se pode admitir que eles sejam coincidentes. Assim, a área compreendida entre os pontos a-2-x e a-2-x-3-b representa as perdas devidas ao tempo.

b) Perdas na Descarga

Para a análise do ciclo ideal ar-combustível admitiu–se que as aberturas e fechamentos de válvulas, ocorressem em posições correspondentes a ponto morto inferior e superior. Na realidade nenhum motor opera dentro dessas hipóteses. Assim, a válvula de descarga deve abrir antes do final do curso de expansão de modo a assegurar uma boa aspiração de mistura fresca para o ciclo seguinte do motor. Perde-se, deste modo, um trabalho na expansão com a queda de pressão devido à abertura da válvula, o qual é dado pela área compreendida entre os pontos c - 4"- 1 no diagrama da Figura 3.12.

c) Perdas Térmicas

Admitiu-se, para o tratamento do ciclo ideal, que todos os processos fossem adiabáticos, não havendo, portanto, transferência de calor através das paredes dos cilindros. Entretanto, é claro que isto não é válido para um motor de combustão interna; há um processo de convecção forçada porque é necessário resfriar as paredes do cilindro. Admite-se que durante a compressão a curva do ciclo real se ajusta bem àquela do ciclo ideal, indicando assim que não há transferência significativa de calor; o mesmo não se observa após a ignição. Durante o processo de combustão e expansão ocorre uma grande transferência de calor, e as perdas térmicas seriam medidas no diagrama pela área da região definida pelos pontos 3-3'-b-4"4.

A análise que foi feita de todas as perdas, embora válida para qualquer caso, só pode ser representada no diagrama pV, relativamente ao ciclo real, para um motor com avanço ótimo de faísca. Em caso contrário, este procedimento não pode ser aplicado, pois, por exemplo, em caso de faísca muito atrasada a curva de expansão do ciclo real pode cruzar a curva correspondente do ciclo ideal ar-combustível.

d) Magnitude das perdas

Todos esses desvios apresentados não tiram o mérito dos resultados obtidos com a análise do ciclo ideal ar-combustível. Assim, de uma forma geral, pode se dizer que a eficiência dos motores IF, em condições de plena carga, é igual a oitenta por cento (80%) da eficiência do ciclo ideal ar-combustível. Esses 20 por cento de diferença são atribuídos às perdas já mencionadas na seguinte proporção:

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perdas térmicas - 12%

perdas devida ao tempo - 6% perdas na descarga - 2%

Estes valores são típicos de motores de ignição por faísca de quatro tempos. Para motores que operam em ciclo de dois tempos deve-se prever uma perda maior na descarga. Isto ocorre devido aos requisitos do processo de lavagem, que só se inicia quando a pressão dos gases no cilindro for inferior à pressão de admissão. Então, para que se consiga uma boa lavagem do cilindro é necessário antecipar a abertura das janelas de descarga e admissão. Utilizando o diagrama da Figura 3.13 pode-se representar a diferença entre os ciclos dos motores de 2 e 4 tempos. Neste diagrama a curva pontilhada representa a expansão para o motor de 4 tempos. Para motores de 2 tempos as perdas na descarga atingem a cerca de 5% do trabalho do ciclo ideal.

Figura 3.13 Comparação entre os ciclos de 4 tempos e de 2 tempos. 3.4.3 Comparação entre o ciclo real e o ciclo ideal para um motor Diesel

Para efetuar uma comparação entre os ciclos real e ideal para motores Diesel convém lembrar que os motores de média e alta rotação seguem aproximadamente o ciclo Diesel de pressão limitada ou dual, enquanto apenas os grandes motores de baixa rotação se aproximam do ciclo de pressão constante. Assim, motores Diesel de média ou alta rotação apresentam diagramas indicadores que se aproximam bastante daqueles do ciclo Otto. A Figura 3.14 mostra as diferenças entre o ciclo real e o ideal para um motor Diesel de alta rotação (1600 rpm). Como se pode concluir pela análise do diagrama, trata-se de um motor de dois tempos.

Para um bom entendimento do ciclo real é preciso apresentar algumas informações sobre o processo de combustão do motor Diesel. Pode-se dividir este processo em três fases, conforme está indicado pelo diagrama (p x θ) da Figura 3.15.

(25)

Figura 3.14 - Comparação entre ciclo real e ciclo ideal para motor diesel de alta rotação

(26)

i) atraso de ignição

ii) período de rápida combustão iii) fase de combustão controlada

De forma sintética, pode-se dizer que, principiada a injeção do combustível no cilindro, há imediatamente a ignição da carga. Há um intervalo de tempo - atraso de ignição (trecho ab da curva), até que se inicie a combustão de uma forma violenta, com um rápido acréscimo de pressão - trecho bc- motivado pela queima de todo o combustível que havia se acumulado no cilindro. Em seguida, há uma fase de combustão controlada (trecho cd), na qual vai sendo gradualmente queimado o combustível injetado. Observar também o período de injeção (trecho ae).

Portanto, voltando à Figura 3.14, o diagrama indica que no ponto a, onde a curva do ciclo real encontra a isentrópica de expansão do ciclo ideal ar-combustível, a combustão ainda não terminou, pois com combustão completa a tendência é que estas duas curvas se distanciassem.

Para o motor Diesel, seja de média ou alta rotação, seja o de baixa rotação, não é tão simples representar no diagrama os desvios do ciclo real em relação ao ideal, de forma que não se assinalou no diagrama uma separação entre as perdas térmicas e as devidas ao tempo.

A duração maior ou menor de cada uma das fases da combustão aliada com o período de injeção altera sensivelmente o diagrama indicador do motor. Assim, se para um motor de baixa rotação, tivéssemos um longo período de injeção combinado com um pequeno atraso de ignição e início de injeção próximo do ponto morto superior, o diagrama indicador deste motor se aproximaria bastante do diagrama de um ciclo Diesel combustível-ar, com combustão praticamente a pressão constante.

A razão entre a eficiência de um motor Diesel de baixa rotação e a de um ciclo combustível - ar Diesel é de aproximadamente 85%. Para os motores de média e alta rotação esta relação é um pouco inferior a 85%, mas sempre acima do que se aplica a motores IF.

3.5.4 Processos reais de admissão e descarga

As pressões dentro do cilindro durante esses processos não são constantes, nem as aberturas e fechamentos de válvulas ocorrem em posições de ponto morto, conforme foi admitido no ciclo ideal.

a) Motor de 4 tempos

A Figura 3.16 mostra um diagrama p-V com as curvas para os processos de descarga e admissão em um motor de 4 tempos.

(27)

Figura 3.16 - Diagrama indicador para os processos de admissão e descarga de um motor de 4 tempos.

Da observação do diagrama resultam as seguintes diferenças entre o processo real e o ideal:

i - Os eventos de válvulas não ocorrem nos pontos mortos. Nesta figura o ponto x indica abertura da válvula de admissão e y o fechamento desta válvula; o fechamento da válvula de descarga se dá no ponto Z havendo, portanto, um período em que as duas válvulas permanecem abertas - "valves overlap". ii - A pressão no cilindro na abertura da válvula de admissão não é necessariamente pd. No caso mostrado ela é maior, mas em alguns casos

devido a efeitos dinâmicos pode ser menor.

iii - A pressão no cilindro é normalmente inferior à pressão de admissão durante a maior parte do processo de admissão.

iv - A pressão de compressão, neste caso, segue aproximadamente a mesma curva do caso ideal. Em alguns casos ela pode estar abaixo devido à queda de pressão através da válvula de admissão, enquanto em outros casos ela pode estar acima por efeitos dinâmicos.

Nesta figura não se consegue distinguir os efeitos de transferência de calor durante a admissão. Entretanto, isto ocorre, pois o orifício de admissão e as paredes do cilindro estão mais quentes que a mistura, e tem uma consequência importante sobre a potência do motor.

b) Motor de 2 tempos

Para estes motores, os processos de descarga dos gases e admissão da mistura ficam englobados pelo processo de lavagem. Da mesma forma que para o motor de 4 tempos, é representado em um diagrama a curva do processo de lavagem. Apenas para os objetivos visados, é utilizada a curva do processo no diagrama pxθ da Figura 3.17.

(28)

Figura 3.17 – Diagrama pxθ do processo de lavagem

Pode-se notar pelo exame da figura que, após a abertura da janela de descarga, há uma queda rápida de pressão no interior do cilindro. O ângulo de alívio é definido como o ângulo do eixo de manivelas desde a abertura da janela de descarga até que a pressão no cilindro iguale a pressão de descarga. Mesmo após o final do processo de alívio a pressão continua a cair por efeito de inércia dos gases.

Logo em seguida à abertura da válvula de descarga (para este motor) ocorre a abertura da janela de admissão; assim que a pressão no cilindro cai abaixo da pressão de lavagem, inicia-se o fluxo de mistura fresca que se estende até o instante em que a janela de admissão estiver aberta e a pressão no cilindro não houver ultrapassado a pressão de admissão.

Enquanto a mistura fresca está sendo aspirada, os gases vão sendo descarregados devido tanto à velocidade adquirida durante o processo de alívio quanto ao efeito da pressão criada no cilindro pela mistura admitida. O ângulo definido pela abertura e fechamento das janelas de descarga é chamado de ângulo de lavagem.

Foi incluída na figura a curva x, que representa a curva de compressão, começando em ponto morto inferior, que ocorre em um motor a 4 tempos. Referências

1. OBERT, E.F; "Motores de Combustão Interna", (também em inglês - "Internal Combustion Engines".

2. TAYLOR, C.F; "Analise dos Motores de Combustão Interna" (também em inglês) "Analysis of Internal Combustion Engines".

3. TAYLOR, C.F. e TAYLOR, E.S; "The Internal Combustion gine". 4. LICHTY, L.C.; "Internal Combustion Engines".

(29)

A P Ê N D I C E

A1. REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS DE TERMODINÂMICA

Esta revisão tem como objetivo apresentar os conhecimentos básicos de termodinâmica necessários para estudo dos ciclos padrão a ar e combustível-ar ideal.

A1.1 Definição de gás perfeito

Gás perfeito ou ideal e aquele que obedece a equação

pV = N R T (A1) onde:

p é a pressão a que está submetido o gás; V é o volume ocupado pelo gás;

T é a temperatura do gás; N é o numero de moles do gás; R é constante universal dos gases

É comum admitir que um gás perfeito, além de obedecer a equação (Al) tenha calores específicos constantes.

A partir da equação (A1) pode- se chegar a uma série de relações válidas para um gás perfeito.

a) Considerando uma quantidade fixa de gás evoluindo entre dois estados, 1 e 2, tem-se:

p1 V1 / T1 = p2 V2 / T2

b) Para um determinado gás vale:

pV / T = N R = m / M R = m R’ onde:

m é a massa de gás;

M é o peso molecular do gás;

e R' é uma constante individual do gás. De outra forma, tem-se:

p V / m = R'T ou

p v = R'T onde

v é o volume especifico do gás.

A1.2 Energia Interna e Entalpia de gás perfeito

De acordo com a definição de calores específicos a volume constante e a pressão constante tem-se :

cv = (δu )/( δT) v = cte (A2)

onde cv é o calor específico a volume constante, e u e a energia interna da

substância; e

(30)

onde cp é o calor específico a pressão constante e h e a entalpia da substância.

Pode-se mostrar, entretanto, que para um gás perfeito a energia interna e a entalpia são funções exclusivamente da temperatura, ou seja:

u = fu (T)

h = fh (T)

Segue-se, portanto, que para um gás perfeito uma isotérmica é também uma linha de energia interna constante e também de entalpia constante.

Assim, (A2) e (A3) podem ser escritas de outra forma: cv = du / dT → du = cv d T

cp = dh / dT → dh = cp d T

Como foi admitido que para gases perfeitos os calores específicos são constantes, pode-se escrever para uma transformação a volume constante a seguinte equação:

u2 – u1 = cv (T2 - T1)

e para uma transformação a pressão constante: h2 – h1 = cp (T2 - T1)

A partir da definição de entalpia: h = u + p.v

pode-se deduzir uma relação entre os calores específicos de um gás perfeito. cp = dh / dT = d(u + pv) / dT = du/dT + d(pv)/dT Mas du/dT = cv Então: d(pv)/dT = R' pois pv = R'T Assim, cp = cv + R' ou: cp - cv = R'

A expressão acima a conhecida como relação de Mayer. Considerando os calores específicos molares, tem-se:

Cp – Cv = R

A1.3 Processo Adiabático Reversível de um Gás Perfeito

Partindo de uma relação geral, válida para processos reversíveis de uma substância pura pode-se escrever:

Tds = du + pdv onde s é a entropia do gás.

Considerando que este processo reversível é adiabático, então, ele é isentrópico. Portanto,

(31)

du + pdv = 0 (A.4) Mas du = cv dT e dT = d (pv/R’) = 1/R’ (vdp + pdv) = (1/( cp - cv) (vdp + pdv) ou seja: du = (cv / ( cp - cv)) (vdp + pdv) Voltando em (A4): (cv / ( cp - cv)) (vdp + pdv) + pdv = 0 donde: cv vdp +cppdv+ = 0 ou: (cp/cv) dv/v + dp/p = 0 (A5)

Como a relação entre os calores específicos (cp e cv) dos gases perfeitos é

uma constante: cp/cv = k, obtém-se a partir da integração de (A5):

p vk = cte

Para uma quantidade fixa de gás tem-se:

(p1/p2) = (V2/V1)k (A6)

Pode-se expressar de outras formas essa transformação. Assim, partindo de: p1 V1 /T1 = p2 V2 / T2

pode-se escrever:

T2/T1 = (V2 / V1)(p2 /p1) = (V2 / V1) (V1 / V2)k

ou seja:

T2/T1 = (V1 / V2)k-1 (A7)

De outra forma, pode-se chegar a:

T2/T1 = (V2 / V1)(p2 /p1) = (p1/ p2)1/k (p2 / p1)

ou seja:

T2/T1 = (p2 / p1)(k-1)/k (A8)

A1.4 Entropia de um Gás Perfeito

A variação de entropia para um gás perfeito pode ser deduzida a partir da relação:

(32)

que é válida para uma substância simples. Assim: ds= du/T + pdv/T = cv dT/T + pdv/T ou: ds = cv dT/T + R’ dv/v (A9) De outra forma: ds = cv d(pv/R')/(pv/R’) + R' dv/v = cv vdp/pv + cv pdv/pv + R’ dv/v = = cv dp/p + cp dv/v = cv dp/p + cp /v [1/p (- vdp + R' dT)] ou seja: ds = cp dT/T - R' dp/p (A10)

As equações (A9 ) e (A10) podem ser colocadas em formas integrais:

∆s = cv

dT/T +

R’

dv/v

ou:

∆s = cp

dT/T -

R’

dp/p

Para 1 mole de gás tem-se

∆s = Cv

dT/T +

R

dv/v

ou:

∆s = Cp

dT/T -

R

dp/p

A1.5 Transformações a pressão constante e a volume constante

De acordo com a primeira lei da termodinâmica pode-se escrever para uma transformação genérica de um gás perfeito:

δQ = δW + dU

onde Q é o calor trocado e W o trabalho executado.

Para processo reversível com deslocamento de fronteira tem-se : 1W2 = 1

2 pdv

Se o processo é a pressão constante, resulta: 1W2 = p 1

2 dv = p (V2 – V1)

Assim:

(33)

1Q2 = = H2 - H1 (A11)

Se o processo é a volume constante: 1W2 = 0

Então:

1Q2 = = U2 - U1 (A12)

A2. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE COMBUSTÃO

Para a compreensão do ciclo combustível-ar são necessários certos conhecimentos sobre o processo de combustão. Embora sem a preocupação de tratar este assunto com profundidade, são apresentadas aqui as noções básicas sobre o fenômeno.

O processo de combustão é regido por três equações: conservação de massa, conservação da energia e equilíbrio químico. A aplicação simultânea das referidas equações permite determinar a composição final e o estado dos produtos da combustão.

A2.1 Combustão. Equação de Reação.

Chama-se combustão a reação química entre oxigênio e qualquer combustível, que resulta na liberação de energia química. Praticamente, todo combustível utilizado em um motor de combustão interna é um hidrocarbonato CnHm. A

reação química se dá entre o combustível e o oxigênio do ar. Admitindo-se que o processo de combustão seja completo (oxidação total do combustível) tem-se a seguinte expressão para o processo:

CnHm + x 02 + yN2 → n CO2 + m/2 H2O + yN2

A expressão acima é chamada de equação da reação, e os coeficientes desconhecidos na equação são calculados impondo-se a conservação de massa. Dessa forma, calcula-se o coeficiente x.

Observe-se que o nitrogênio não toma parte na reação, e o coeficiente y é determinado através das relações entre as porcentagens de oxigênio e nitrogênio no ar. O ar é constituído de diversos outros gases em proporções bem menores, mas para o presente objetivo pode-se fixar a composição do ar em 21% de oxigênio e 79% de nitrogênio. Assim, tem-se y = 3,76x.

A equação de reação fica:

CnHm + (n + 4 ) 02 + 3,76 (n + m/4) N2 →

→n CO2 + m/2 H2O + 3,76 (n + m/4) N2

Esta equação representa o processo de combustão completa quando se emprega a quantidade necessária (estequiométrica) de ar. É interessante esclarecer que as reações que ocorrem em um motor de combustão interna nem sempre resultam em combustão completa, e muitas vezes trabalha-se com excesso ou mesmo deficiência de ar. O excesso de ar aumentaria a possibilidade de uma combustão completa enquanto que a deficiência de ar conduziria necessariamente a uma combustão incompleta. Diz-se que a combustão é incompleta quando o combustível não é totalmente oxidado,

Referências

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