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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZÔNICOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TRÓPICO ÚMIDO DOUTORADO EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL REGINA CHELLY PINHEIRO DA SILVA

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TRÓPICO ÚMIDO

DOUTORADO EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

REGINA CHELLY PINHEIRO DA SILVA

QUALIDADE DE VIDA EM PORTO VELHO, RONDÔNIA: perspectivas do processo de desenvolvimento regional

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QUALIDADE DE VIDA EM PORTO VELHO, RONDÔNIA: perspectivas do processo de desenvolvimento regional

Tese apresentada para a obtenção do título de doutor em Desenvolvimento Socioambiental do,

Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará.

Orientadora: Profª. Drª. Ligia Simonian

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Biblioteca do NAEA/UFPA)

___________________________________________________________________________

Silva, Regina Chelly Pinheiro da.

Qualidade de vida em Porto Velho, Rondônia: perspectivas do processo de desenvolvimento regional / Regina Chelly Pinheiro da Silva; Orientadora, Ligia T. Lopes Simonian. – 2013.

341 f.: il. ; 30 cm Inclui bibliografias

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, Belém, 2013.

1. Qualidade de Vida – Porto Velho. 2. Urbanização - Porto Velho. 3. Desenvolvimento Regional. 4. Migração – Porto Velho. 5. Usina Hidrelétrica. 7. Karl Marx. I. Ligia T. Lopes Simonian, orientadora. II. Titulo.

CDD 22 ed. 338.9811

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QUALIDADE DE VIDA EM PORTO VELHO, RONDÔNIA: perspectivas do processo de desenvolvimento regional

Tese apresentada como requisito para obtenção do título de Doutor em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará.

Defesa em: 28/02/2013 Banca Examinadora:

Profª. Drª. Ligia T. Lopes Simonian Orientadora - NAEA/UFPA

Prof. Dr. Amin Mathis

Examinador interno - NAEA/UFPA

Profª. Drª. Nirvia Ravena de Souza Examinadora interna - NAEA/UFPA –

Prof. Dr. Carlos Alberto Paraguassú Chaves Examinador externo - PPGIGCE/UNIR/UNESP

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Escrever em tão poucas linhas estes agradecimentos é um ato desafiador. Sensação de fechamento de um processo e de encerramento de um ciclo. Vejo, neste momento, a consolidação desta etapa. Consolidação de responsabilidades novas e fortes, para a vida toda. Esse é um tempo novo. Simultaneamente, um tempo de tese que se conclui e se concretiza nas relações e compromissos.

Aos meus pais, Antonio Carlos da Silva e Nadir Pinheiro da Silva (in memoriam), que registraram na minha vida o amor pelas coisas da terra, por plantar árvores e por colher frutos bons e saudáveis. Meu muito obrigada.

A minha grande amiga e companheira, Tia Maria Augusta, por tudo que fez e continua fazendo por mim. Por transformar a sua vida, na minha vida. Obrigada, Tia.

Ao amigo Antonio Furtado, que muito me ajudou a crescer e a caminhar em direção à concretização dos meus sonhos. Agradeço por todo o apoio logístico. Obrigada.

A minha filha querida, Verena Maria, que me faz deleitar nos encantos da maternidade e por estar sempre ao meu lado, incondicionalmente, para suplantar e vencer qualquer obstáculo. Você, luz divina, me completa e faz meu coração sorrir de amor. Obrigada, minha filha.

Aos meus irmãos, Carlos Antonio e Claudio, pelo carinho fraterno e por saberem mostrar-me que não existe distância para quem ama. Muito Obrigada.

Agradeço à Professora Ligia Teresinha Lopes Simonian, por ter acreditado na minha capacidade de trabalho e determinação em seguir a carreira acadêmica. Que mesmo após tantos percalços, soube apoiar-me nos momentos difíceis. Obrigada.

Aos professores do NAEA que tornaram, de maneira eficiente, possíveis as aproximações teóricas e metodológicas, que permitiram experimentar a interdisciplinaridade acadêmica e testemunhar que é perfeitamente possível construir saberes comprometidos com outros mundos, onde a vida e a cidadania ocupam lugar central e dão sentido ao fazer acadêmico. Obrigado por tudo.

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À Graziela Gouvêa e Charles Barata, pelo apoio cartográfico, amizade e sua disponibilidade permanente. Obrigada.

Meus agradecimentos ao Governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiental (SEMA), pelo apoio financeiro a esta pesquisa Doutoral. Obrigada.

Meus agradecimentos ao Sr. Gerino Alves da Silva Filho, pela paciência e ajuda nas pesquisas dos dados secundários, nos arquivos do IBGE. Obrigada.

A todos os que responderam “pacientemente” aos meus questionários, base

para a análise realizada no corpo deste trabalho. Obrigada.

À Universidade Federal de Rondônia/Núcleo de Ciências e Tecnologia, pelo acolhimento, na pessoa dos Professores, Dra. Walterlina Brazil, Dr. Gerson Flores, Dr. Carlos Paraguassu e Dr. Dorisvalder, pelo apoio e por me ouvirem em momentos de dúvidas. Obrigada.

Agradecimento especial aos professores e pesquisadores externos, os quais, mesmo sem me conhecerem, se dispuseram a trocar informações, enviar materiais bibliográficos, realizar revisões sintáticas e semânticas, retirar dúvidas e dar sugestões: M. Sc. Ruth Aparecida Viana da Silva (IFRO), Profª. Nara Maria Arzivenko Gesing (Ijuí/RS), M. Sc. Maria de Fátima Ribeiro dos Santos (UEMA), Drª. Rúbia Gomes Morato (USP), Drª. Marianne Kogut Eliasquevici (UFPA), Ph. D. Daniella Maria dos Santos Dias (UFPA), Drª. Vânia Aparecida Ceccato (INPE), Dr. Adagenor Lobato Ribeiro (SUDAM PA), Ph. D. Maria Inês Nahas (PUC Minas), Drª. Estér Roseli Baptista (UFPA), Drª. Isabel Martins (CMP/PORTUGAL) e Dr. Luís Delfim Santos (FEP/PORTUGAL).

Aos professores do Departamento de Pós-graduação em Estatística da UFSCAR, pela indicação do aluno M. Sc. Jonatas Silva do Espírito-Santo, para auxiliar-me na aplicação de métodos estatísticos, que foram utilizados na tese. Muito obrigada.

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Quero agradecer a todos que trabalham na base de apoio logístico do NAEA/UFPA, pelo carinho acolhedor, pela sala cheirosa, pelos livros organizados, pelo sorriso, por tudo o que fazem para esta instituição funcionar. Obrigada.

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De tudo ficaram três coisas [...]

A certeza de que estamos começando [...] A certeza de que é preciso continuar [...]

A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar [...]

Façamos da interrupção um caminho novo [...] Da queda, um passo de dança [...]

Do medo, uma escada [...] Do sonho, uma ponte [...] Da procura, um encontro!

(10)

Esta tese de doutorado nasceu da escassez de estudos referentes aos efeitos das grandes obras, sobre a qualidade de vida das cidades. Nesse sentido, visando estudar exatamente esse problema dentro de um cenário amazônico, propôs-se pesquisar os efeitos das usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, em seu processo de construção, às margens do rio Madeira, em Rondônia e, assim, analisar a qualidade de vida dentro do perímetro urbano da cidade de Porto Velho, o que constituiu o objeto de estudo da presente investigação. Para tanto, buscou-se aporte

na teoria do “Fetiche”, de Marx, na obra “O capital” (1980). Assim, procurou-se explicar a migração de trabalhadores, na busca por melhores salários e oportunidades de ganhos econômicos, nas obras das hidrelétricas mencionadas. A perspectiva teórica do “fetichismo da mercadoria”, de Marx (1967), desencadeou a

inter-relação com os aspectos diretamente ligados ao âmago da presente tese, que se constitui numa Pesquisa de natureza qualitativa. Essa foi desenvolvida com base no método de Análise Fatorial, utilizando o programa estatístico SPSS, versão 17. Para isso, foram aplicados 1.449 questionários, distribuídos igualitariamente, em grupos de 21, para cada um dos 69 bairros da cidade. E, dessa forma, construir os índices de IQVU (índices de qualidade de vida urbana), segundo Santos e Martins (2002) e, para análises multifatoriais, de acordo com Hair et al. (2005) e com Santana (2007; 2005). A partir disso, os resultados obtidos permitiram concluir que o índice de qualidade de vida de Porto Velho, no período correspondente à fase anterior a chegada das usinas, à região, era de 0,452. Portanto, classificado como um índice de desempenho regular. Em relação à fase atual, esse índice apresentou uma queda de 15,31%, alcançando um valor de 0,392. Por consequência, considerado de ruim desempenho. Desse modo, permitiu-se concluir que a qualidade de vida de Porto Velho, conforme a opinião dos entrevistados, literalmente, piorou com a chegada das usinas hidrelétricas do rio Madeira, em Porto Velho/Rondônia. A relevância do presente estudo reside na análise do espaço intramunicipal e na integração dos dados provenientes da pesquisa de campo, com a informação gerada durante as análises. Isto levou a deduções lógicas, fundamentadas nos critérios adotados e decorrentes dos resultados das avaliações. Consequentemente, esse poderá servir como suporte às decisões políticas, sobre o planejamento de ações a serem executadas, para gestão do território no âmbito municipal.

(11)

This doctorate thesis came about due to the scarcity of studies related to the effects of large-scale projects on the quality of life in cities. Thus, it was proposed to study this problem precisely within the scope of the Amazonian scenario and research the impacts of the hydroelectric power plant in Jirau and Santo Antonio, in its

construction process, along the banks of the “Rio Madeira” (Wood River), in

Rondonia and, thereby analyze the quality of life within the urban perimeter of the city of Porto Velho, which constitutes the aim of the study in this investigation. For this

purpose, the “Fetish” theory was sought in considering Marx’s book “The Capital”

(1980). Thus, the explanation for the migration of workers who sought better wages and opportunities in order to achieve economic gains, in the construction site of the

cited hydroelectric plant. The theoretical perspective of the “merchandise fetishism”,

Marx (1967), which triggered an interrelation among the aspects directly linked to this thesis, from which constituted on the qualitative nature of this Research. This was elaborated based on the Factorial Analysis Method, utilizing version 17 of SPSS, a statistics program. 1,449 questionnaires were filled out for this purpose, distributed equally, in groups of 21, to each one of the 69 neighborhoods in the city. And, by way, the Urban Life Quality Indexes (IQVU) were derived, according to Santos and Martins (2002) and regarding multi-factorial analyses, according to Hair et al. (2005) and Santana (2007; 2005). Based on this, the results obtained made it possible to conclude that the quality of life index in Porto Velho, in the period corresponding to the phase previous to the arrival of the power plant in the region was 0.452. Hence, it was classified as adequate in its performance index. Regarding the current phase, this index displayed a drop of 15.31%, scored as 0.392. Consequently, this score is considered as unsatisfactory performance. Thereby, it is possible to conclude that the quality of life in Porto Velho, according to the opinion of the interviewed parties, literally worsened due to the arrival of the hydroelectric plants along the banks of the

“Rio Madeira” (Wood River), in Porto Velho/Rondonia. The relevance of this study resides on the inter-municipal space and in the integration of data derived from the field research, with the information generated during the course of the analyses. This has brought about logical deductions, founded on the adopted criteria, and arose from the results of the evaluations. Consequently, this can serve as support to political decisions, for the execution of action planning, and for territorial management on the municipal scope.

(12)

Quadro 1- Período cronológico de nascimento dos bairros de Porto

Velho... 140

Quadro 2- Matriz de Indicadores de Qualidade de Vida Urbana – IQVU... 155

Quadro 3 - Domínio dos Parâmetros Investigados... 156

Quadro 4 - Estatística KMO (Kaiser-Meyer-Olkin)... 165

Quadro 5 - Interpretação da MAS... 166

Quadro 6 - Classificação do nível de escala... 170

Mapa 1 - Ilustração da área objeto de estudo da pesquisa... 171

Mapa 2- Mancha urbana do município de Porto Velho e localização geográfica... 172

Mapa 3 - Divisão das zonas urbanas do município de Porto Velho... 173

Mapa 4 - Bairros por zonas do perímetro urbano de Porto Velho... 174

Quadro 7 - Usinas Hidrelétricas na região Amazônica... 186

(13)

Fotografia 1 - Índios Karipuna em sua característica original... 100

Fotografia 2 - Índios Karipuna em transporte de canoa típico (casca de árvore) apresentando uma ruptura de sua vestimenta original... 100

Fotografia 3 - Índio Karipuna e sua vestimenta original... 100

Fotografia 4 - Uma das inúmeras cocheiras do rio Madeira entre Guajará-Mirim e Porto Velho... 104

Fotografia 5 - Porto Velho antes de 1909... 106

Fotografia 6 - Ilustração Início da construção dos barracões da EFMM em Porto Velho... 107

Fotografia 7 - Porto Velho no ano de 1909... 107

Fotografia 8 - Porto Velho no dia 12 de setembro de 1909... 108

Fotografia 9 - Porto Velho em 1910... 108

Fotografia 10 - Trabalhadores americanos da EFMM comemorando a independência dos EUA em Porto Velho, em 4 de julho de 1909... 109

Fotografia 11 - Ex-Confederados participando da construção da EFMM... 109

Fotografia 12 - Barbadianos na EFMM... 109

Fotografia 13 - Indianos na EFMM... 109

Fotografia 14 - Inauguração da EFMM em 1º de agosto de 1912 em Guajará-Mirim. Ponto final da ferrovia... 111

Fotografia 15 - Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon em plena atividade de construção da linha telegráfica... 114

Fotografia 16 - Telégrafo da EFMM... 114

Fotografia 17 - Estação telegráfica da EFMM... 114

Fotografia 18 - Vista panorâmica de Porto Velho, início da década de 50... 123

Fotografia 19 - Caracterização das casas típicas em Porto Velho, 1967... 128

Fotografia 20 - Bairro São Sebastião - Córrego transformado em esgoto... 261

Fotografia 21 - Bairro Industrial - Córrego transformado em esgoto... 261

Fotografia 22 - Bairro Cidade Nova - Senhora da melhor idade carregando água de carrinho de mão... 262

(14)

em córrego... 262

Fotografia 25 - Bairro Flodoaldo P. Pinto (Zona Centro) – águas pluviais e esgoto... 262

Fotografia 26 - Bairro São Francisco (Zona Leste) – rua intrafegável... 263

Fotografia 27 - Bairro Aponiã (Zona Leste) - Acúmulo de lixo na calçada... 263

Fotografia 28 - Atendimento médico hospitalar em precárias condições. Insuficiência de leito para pacientes em hospital público... 263

Fotografia 29 - Nível precário de atendimento nas unidades de saúde... 263

Fotografia 30 - Bairro Olaria. Construção do Teatro de Porto Velho... 270

(15)

Figura 1 - Área urbana de Porto Velho em 1912. Área de influência

da EFMM... 115

Figura 2 - Área urbana de Porto Velho em 1917. Área de influência da EFMM... 116

Figura 3 - Área urbana de Porto Velho em 1925. Ruas, avenidas, lotes, e distribuição da rede de Água... 117

Figura 4 - Área urbana de Porto Velho em 1943. Ano da criação do Território Federal do Guaporé... 117

Figura 5 - Área urbana de Porto Velho em 1950... 125

Figura 6 - Área urbana de Porto Velho em 24/10/1960... 126

Figura 7 - Matriz das UHE no Brasil de interesse do PAC... 177

Figura 8 - Localização das UHE em construção e em planejamento em Rondônia... 181

(16)

Gráfico 1 - Gênero por zona do perímetro urbano de Porto Velho... 194

Gráfico 2 - Renda por zona do perímetro urbano de Porto Velho... 196

Gráfico 3 - Nível de escolaridade por zonas urbanas de Porto Velho... 198

Gráfico 4 - Tipo de moradia por zonas urbanas de Porto Velho... 201

Gráfico 5 - Condição perante o trabalho por zonas urbanas de Porto Velho... 202

Gráfico 6 - Aspectos mais importantes para que uma cidade tenha qualidade de vida em Porto Velho... 206

Gráfico 7 - Aspectos Positivos da qualidade de vida pessoal na cidade de Porto Velho... 209

Gráfico 8 - Aspectos negativos da qualidade de vida pessoal na cidade de Porto Velho... 212

Gráfico 9 - Problemas Sociais que contribuem negativamente para qualidade de vida pessoal na cidade de Porto Velho... 219

Gráfico 10 - Evolução da qualidade de vida pessoal nos últimos dois anos (2009-2010) em Porto Velho... 222

Gráfico 11 - Classificação da qualidade de vida pessoal na cidade de Porto Velho... 224

Gráfico 12 - Análise da Qualidade de Vida Urbana na cidade de Porto Velho por zonas... 289

(17)

Cartograma 1 - Parâmetro de Saúde e Meio Ambiente de Porto

Velho... 232

Cartograma 2- Parâmetro de Cultura e Lazer de Porto Velho... 237

Cartograma 3 - Parâmetro de Urbanismo de Porto Velho... 242

Cartograma 4 - Parâmetro da Educação para os bairros de Porto

Velho... 246

Cartograma 5 - Parâmetro de Pobreza e Criminalidade de Porto

Velho... 252

Cartograma 6 - Parâmetro de Serviço Social e Habitação de Porto

Velho... 257

Cartograma 7 - Parâmetro de Saúde e Meio Ambiente por

Zona... 259

Cartograma 8 - Parâmetro de Cultura e Lazer por zona... 268

Cartograma 9 - Parâmetro de Urbanismo por Zona... 274

Cartograma 10 - Índices de Qualidade de Vida Urbana por bairros da zona

Centro... 279

Cartograma 11 - Índices de Qualidade de Vida Urbana por bairros da zona

Leste... 283

Cartograma 12 -: Índices de Qualidade de Vida Urbana por bairros da zona

Norte... 284

Cartograma 13 - Índices de Qualidade de Vida Urbana por bairros da zona

Sul... 286

Cartograma 14 - Índices de Qualidade de Vida Urbana por zonas de Porto

Velho... 288

Cartograma 15 - Índices de Qualidade de Vida Urbana da cidade de Porto

(18)

Tabela 1 - Zonas urbanas, bairros e distribuição dos formulários... 193

Tabela 2 - Nível de escolaridade por zonas urbanas de Porto Velho... 197

Tabela 3 - Tipo de moradia por zonas urbanas de Porto Velho... 200 Tabela 4 - Condição perante o trabalho por zonas urbanas de Porto

Velho... 202

Tabela 5 - Parâmetro da Saúde e Meio Ambiente da Zona Centro... 229

Tabela 6 - Parâmetro de Saúde e Meio Ambiente da Zona Leste... 230

Tabela 7 - Parâmetro de Saúde e Meio Ambiente da Zona Norte... 231

Tabela 8 - Parâmetro de Saúde e Meio Ambiente da Zona Sul... 232

Tabela 9 - Parâmetro de Cultura e Lazer da Zona

Centro... 234

Tabela 10 - Parâmetro de Cultura e Lazer da Zona

Leste... 235

Tabela 11 - Parâmetro de Cultura e Lazer da Zona

Norte... 236

Tabela 12 - Parâmetro de Cultura e Lazer para a Zona Sul... 237

Tabela 13 - Parâmetro de Urbanismo da Zona

Centro... 239

Tabela 14 - Parâmetro de Urbanismo da Zona

Leste... 240

Tabela 15 - Parâmetro de Urbanismo da Zona

Norte... 241

Tabela 16 - Parâmetro de Urbanismo da Zona

Sul... 242

Tabela 17 - Parâmetro de Educação da Zona

(19)

Tabela 19 - Parâmetro de Educação da Zona Norte... 246

Tabela 20 - Parâmetro de Educação da Zona

Sul... 248

Tabela 21 - Parâmetro de Pobreza e Criminalidade da Zona Centro... 249

Tabela 22 - Parâmetro de Pobreza e Criminalidade da Zona Leste... 250

Tabela 23 - Parâmetro de Pobreza e Criminalidade da Zona Norte... 251

Tabela 24 - Parâmetro de Pobreza e Criminalidade da Zona Sul... 253

Tabela 25 - Parâmetro de Serviço Social e Habitação da Zona Centro... 254

Tabela 26 - Parâmetro de Serviço Social e Habitação da Zona Leste... 255

Tabela 27 - Parâmetro de Serviço Social e Habitação da Zona Norte... 256

Tabela 28 - Parâmetro de Serviço Social e Habitação da Zona Sul... 257

Tabela 29 - Parâmetro de Saúde e Meio Ambiente por Zona... 259

Tabela 30 - Parâmetro de Cultura e Lazer por

zona... 267

Tabela 31 - Parâmetro de Urbanismo por

Zona... 274 Tabela 32 - Índices de Qualidade de Vida Urbana por bairros da zona

Centro... 278 Tabela 33 - Índices de Qualidade de Vida Urbana por bairros da zona

Leste... 282

Tabela 34 - Índices de Qualidade de Vida Urbana por bairros da zona Norte... 284

(20)
(21)

AIA Avaliação de Impacto Ambiental

BR Rodovia Federal

CNM Confederação Nacional dos Municípios

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

EIA Estudo de Impacto Ambienta

EFMM Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

EFI Ensino Fundamental Incompleto

EFC Ensino Fundamental Completo

EMC Ensino Médio Completo

EMI Ensino Médio Incompleto

ESI Ensino Superior Incompleto

EUA Estados Unidos da América

FIERO Federação das Indústrias do Estado de Rondônia

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

QVP Qualidade de Vida Pessoal

IQVU Índice Qualidade de Vida Urbana

MEC Ministério da Educação

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

NESUR Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional

PAC Aceleração do Crescimento

PANAFLORO Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia

PCN Parâmetro Curricular Nacional

PIB Produto Interno Bruto

PIC Projetos Integrados de Colonização

(22)

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

RDH Relatório de Desenvolvimento Humano

SEMPLAPV Secretaria Municipal de Planejamento de Porto Velho

SESC Serviço Social do Comércio

SEST O Serviço Social do Transporte

SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

SM Salário Mínimo

UHE Usinas Hidrelétricas

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

KMO Kaiser-Meyer-Olkin

(23)

1 INTRODUÇÃO.... 25

2

CONCEITOS ESSENCIAIS: FETICHISMO DA MERCADORIA, MIGRAÇÕES, SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA... 36 2.1 FETICHISMO DA MERCADORIA DE MARX... 36 2.2 FETICHISMO E MIGRAÇÃO... 44 2.3 FETICHISMO DO EMPREGO... 54 2.4 ALGUNS CONCEITOS-CHAVE INERETE À PESQUISA... 58 2.4.1 Migração... 59 2.4.2 Desenvolvimento e desenvolvimento regional... 65 2.4.3 Urbanização... 74 2.4.4 Qualidade de vida... 79

3 PROCESSO DE FORMAÇÃO E OCUPAÇÃO HUMANA DO

MUNICÍPIO DE PORTO VELHO.... 90

3.1 URBANIZAÇÃO DE PORTO VELHO NO CONTEXTO DO BOOM DA

BORRACHA... 97 3.1.1 O primeiro ciclo da borracha... 97 3.1.2 Estrada de Ferro Madeira-Mamoré... 103 3.1.3 A linha telegráfica... 112 3.1.4 O segundo ciclo da borracha... 119

3.2 MINERAÇÃO, RODOVIAS, COLONIZAÇÃO E CRESCIMENTO

URBANO DE PORTO VELHO: FINAL DA DÉCADA DE 1950 a 1980. 123 3.2.1 Ciclo da cassiterita... 124 3.2.2 BR 364... 128 3.2.3 Projetos de colonização... 131

3.3 PRO JETOS HIDRELÉTRICOS E O URBANO EM PORTO VELHO... 141

(24)

4.1.3.3 Pesquisa em base primária: formulário/questionário... 158 4.1.4 Ferramentas metodológicas utilizadas: EpiData 6.0... 160 4.1.4.1 SPSS... 161 4.1.4.2 Cartogramas... 161 4.1.5 Análise dos dados... 162 4.1.5.1 Análise fatorial... 163 4.1.5.2 Análise de regressão... 168 4.1.5.3 Níveis de escala desta pesquisa... 169

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO: O MUNICÍPIO DE

PORTO VELHO... 170 4.2.1 Os empreendimentos hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio... 175

4.2.2 Energia e desenvolvimento: a polêmica sobre hidrelétricas na

Amazônia... 185 5 ZONAS E BAIRROS DE PORTO VELHO: UMA VISÃO GERAL DA

DIMENSÃO DA PESQUISA... 190

5.1 ESCALA DE REPRESENTAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

SOCIOECONÔMICAS DO SUJEITO DA PESQUISA... 191 5.2 ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA PESSOAL DOS HABITANTES

DA CIDADE DE PORTO VELHO... 205 5.2.1 Dos aspectos mais importantes para que uma cidade tenha

qualidade de vida em Porto Velho... 205 5.2.2 Dos aspectos viáveis da qualidade de vida pessoal na cidade de

Porto Velho... 208 5.2.3 Dos aspectos negativos da qualidade de vida pessoal na cidade

de Porto Velho... 212 5.2.3.1 Dos problemas sociais que contribuem negativamente para qualidade

de vida pessoal do entrevistado na cidade de Porto Velho... 219 5.2.3.2 Da evolução da qualidade de vida pessoal nos últimos dois anos

(2009-2011) em Porto Velho... 221 5.2.3.3 Da classificação da qualidade de vida pessoal na cidade de Porto

Velho... 223 6 ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DE VIDA NOS

(25)

6.1.3 Dos parâmetros de urbanismo por bairros e zonas... 238 6.1.4 Dos parâmetros de educação por bairros e zonas... 243 6.1.5 Dos parâmetros de pobreza e criminalidade por bairros e zonas... 249 6.1.6 Análise dos parâmetros de serviço social e habitação por bairros

e zonas... 254 6.2 ANÁLISE DOS PARÂMETROS... 258 6.2.1 Análise dos parâmetros de saúde e meio ambiente por zonas

urbanas da cidade de Porto Velho... 258 6.2.2 Análise dos parâmetros de cultura e lazer por zonas urbanas da

cidade de Porto Velho.... 266 6.2.3 Análise dos parâmetros de urbanismo por zonas urbanas da

cidade de Porto Velho... 273 7 ANÁLISE DOS ÍNDICES DE QUALIDADE DE VIDA URBANA DO

PERÍMETRO URBANO DE PORTO VELHO... 276 7.1 SÍNTESE DA ANÁLISE DE IQVU DA ZONA CENTRO... 276 7.2 SÍNTESE DA ANÁLISE DE IQVU DA ZONA LESTE... 280 7.3 SÍNTESE DA ANÁLISE DE IQVU DA ZONA NORTE... 283 7.4 SÍNTESE DA ANÁLISE DE IQVU DA ZONA SUL... 285 7.5 ANÁLISE DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA URBANA NA

CIDADE DE PORTO VELHO... 288

8 CONCLUSÕES... 292

REFERÊNCIAS.... 300

(26)

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa nasceu de uma indagação sobre os projetos de porte grande em cidades de porte médio na Amazônia, neste caso, a Cidade de Porto Velho, capital do estado de Rondônia. Durante todo o processo de licenciamento dos Empreendimentos do Complexo do Madeira – construção de duas hidrelétricas de porte grande – observou-se que a preocupação com a qualidade da vida urbana era ínfima em comparação com as áreas do entorno dos empreendimentos. Essas são áreas onde se encontram as comunidades ribeirinhas, as unidades de conservação, a fauna, a flora etc.

Mas, o que se observava desde o início do processo era um impacto sociocultural grande e, principalmente, um impacto negativo possível quanto à qualidade de vida dos residentes. Por sua vez, a migração em busca de emprego, de pessoas movidas pelo fetiche do capital, mola mestra da vida contemporânea, tem causado mudanças significativas na rotina da cidade de Porto Velho. Em geral, os deslocamentos humanos são sintomáticos de mudanças profundas nos contextos sociais, econômicas e culturais.

Neste contexto, partiu-se de um questionamento central em que se buscava compreender qual a percepção dos moradores da cidade de Porto Velho em relação à qualidade de vida intramunicipal. Notadamente, isso a partir do início da construção das hidrelétricas do rio Madeira – Santo Antônio e Jirau. O aumento do fluxo migratório de trabalhadores para a cidade tem como consequência o aumento da demanda e a pressão sobre os serviços básicos e os serviços públicos essenciais.

Assim, agrava-se a carência atual ou insuficiência de tais serviços. Pode-se destacar, nesse caso, o abastecimento de água tratada, a ausência ou inadequação dos serviços de coleta de lixo e esgotos domésticos, os serviços públicos de segurança, transportes, educação e o atendimento à saúde da população. A urbanização trazendo prejuízos mesmo antes do início das obras.

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população que, privadas de condições mínimas, geram problemas de sustentação econômica e social.

Com as usinas do rio Madeira, de fato, há a possibilidade de se pensar de uma possibilidade mais integral ao futuro. Porém, não se pode fazer isso sem considerar a situação que não se parte do ponto de referência zero e que há um conjunto de políticas e de situações fáticas. Não se promove progresso, e muito menos desenvolvimento, sem melhoria da vida das pessoas. E para que isto aconteça é indispensável oferecer, entre outras condições, formas de educação e de inserção no mercado.

No entanto, todos estes fatos percebidos, soltos e sem amarras, são insuficientes para se conceber uma pesquisa cientifica. Entretanto, essas indagações da realidade urbana hoje vivida foi o fator primordial para delimitar o problema da Tese. Assim e ao partir-se da realidade urbana, pôde-se caminhar rumo ao próximo passo, que foi ter uma percepção da cidade de Porto Velho a partir de uma perspectiva intramunicipal.

Neste processo, a história do seu surgimento, os ciclos migratórios diversos, uma interpretação dos impactos causados pelas migrações, a migração motivada pela busca de capital (emprego). Também, tem importância a busca de um sonho (fetiche). Com isso, gera-se desequilíbrio com o cotidiano urbano em seus serviços, ocasionando uma qualidade de vida negativa.

A Amazônia brasileira sempre esteve ligada às perspectivas que lembram ciclos, momentos, épocas, fases e períodos. Dentro desse aspecto, a história da região Norte do Brasil permaneceu vinculada às atividades econômicas do setor primário exportador e com as obras de infraestrutura de apoio ao desenvolvimento regional. Foi assim no passado e continua no presente, a exemplo das usinas hidrelétricas (UHE) do rio Madeira, em Rondônia.

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decisivo para o boom agropecuário no Estado por intermédio dos Projetos Integrados de Colonização (PIC).

A criação do estado de Rondônia, em 1981, é só um exemplo da força econômica decorrente dos PIC, os quais se caracterizaram por subsidiar uma rápida evolução dos núcleos urbanos ao longo da rodovia federal BR-364. Por meio desse processo, percebe-se que durante o período correspondente à fase da borracha, o município de Porto Velho era considerado o ponto inicial da ferrovia. Portanto, considerado o centro estratégico para a realização de uma das mais inusitadas construções ferroviária do mundo: a EFMM.

Contudo, na fase dos PIC, esse passa a configurar-se como o ponto extremo da BR-364. Com isso, não muito estratégico economicamente já que o foco passou para o eixo Vilhena1 até Porto Velho. Embora considerado como ponto final da

rodovia, é necessário dizer que isso está relacionado apenas à abstração levantada, já que essa rodovia se estenderia até o município de Rio Branco, no estado do Acre. Porém, a considerar-se que a base do contexto de análise da presente pesquisa ser Rondônia e considerando o fato do município de Porto Velho ser a região de estudo, abstrai-se, com isso, que a cidade de Porto Velho configurou-se como o principal núcleo urbano final desse empreendimento. Desse modo, Porto Velho vivenciou um período sem muita expressão do ponto de vista econômico. No entanto, como capital de estado de Rondônia, continuava a deter uma posição invejável: o centro de poder político do Estado. Assim, sua dinâmica, em princípio, foi decorrente desta situação política estratégica.

Hoje, contudo, as obras de infraestrutura energética de Jirau e de Santo Antônio colocam, novamente, o estado de Rondônia e, com ele, a Amazônia Ocidental, no foco das atenções em âmbito nacional e internacional. Porém, não vinculado, pelo menos implicitamente, com um produto primário exportador. Elas são entendidas, aqui, como políticas públicas de desenvolvimento regional de impacto na região.

Isto por que permitirão, conforme o governo federal espera, que de modo integrado a produção de energia, a partir da matriz geradora do rio Madeira, alcance uma posição estratégica, por meio da incorporação destes empreendimentos ao sistema brasileiro de geração elétrica. Mas, entre todos esses empreendimentos, um

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fato parece fazer parte em comum a esta trajetória: a migração. Segundo Simonian (2000), tal comportamento aumenta o fluxo populacional, transformando a cidade e seus bairros.

Historicamente, a migração sempre foi o berço de mudanças significativas. Com ela, o mundo pôde caminhar e evoluir ao longo do tempo e novas trajetórias foram sendo criadas em função deste processo. A própria história do Brasil requer uma passagem pelo processo migratório sem o qual não seria possível compreender a sua dinâmica atual.

Particularmente em Rondônia, este aspecto demonstra ser essencial para a compreensão da dinâmica local, já que se parte da convicção de que a história regional de Rondônia se confunde com a própria história de Porto Velho. Desse modo, a abordagem histórica é aqui considerada relevante pelo fato de proporcionar base estrutural ao trabalho. Isso com vistas a proporcionar o entendimento e a explicação do processo migratório ocorrido no estado de Rondônia e de sua relação com os aspectos da evolução urbana do município de Porto Velho ao longo do tempo.

Contudo, esta etapa servirá, apenas, para situar o contexto de análise do processo da historicidade de Rondônia e de Porto Velho. Com isso, subsidiará as abstrações dela derivadas. Aliás, quando se caminha na direção dessa perspectiva histórica de Rondônia, nota-se que o primeiro impulso de porte de Porto Velho ocorreu com a construção da ferrovia EFMM. Portanto, originalmente ligado à história da borracha, esse município nasceu como ponto inicial desse empreendimento.

A ferrovia tinha por objetivo servir de escoamento para os produtos bolivianos, em virtude do Tratado de Petrópolis, assinado em 1903. Essa obra encerrou um processo longo e penoso de disputa de terras envolvendo o atual estado do Acre que, na oportunidade, era motivo de reivindicação tanto do Brasil quanto da Bolívia. É, pois, com base nesse momento histórico que se inicia, de fato, o primeiro processo de migração e urbanização da cidade de Porto Velho de modo significativo.

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alicerçado na fase áurea da borracha. Foi pela força desse setor que se viabilizou a criação do território federal do Guaporé, que mais tarde passaria a ser chamado de território federal de Rondônia em homenagem aos serviços prestados à nação pelo oficial do exército brasileiro Cândido Mariano da Silva Rondon.

O segundo processo migratório de envergadura para Rondônia ocorreu a partir da decisão do governo federal de interligar o centro-sul do Brasil com a Amazônia. Isso seria feito ante a adoção de políticas públicas centradas na abertura das grandes rodovias. Assim, a construção da 029, nomenclatura inicial da atual BR-364, colocaria rapidamente a região em questão no centro das atenções.

De um lado, por propiciar um processo acelerado de desenvolvimento ao longo da rodovia entre Vilhena e Porto Velho. Essa é uma região concentradora das políticas agropecuárias no estado; e de outro, pelo modo como foi conduzido o processo de ocupação humana no território. O que se observou foi um efeito desastroso às populações tradicionais e ao ambiente.

Estes dois processos impactariam, sobremaneira, a cultura e o equilíbrio no desenvolvimento interno no estado de Rondônia, conforme apontado por Cavalcante (2011). Mas olhado sob outro prisma, as UHE em Rondônia poderiam servir de elementos-chave para a explicação dos fenômenos urbanos evidenciados na região. Assim, para esta pesquisa, resolveu-se dar ênfase ao efeito das Usinas Hidrelétricas do rio Madeira sobre a qualidade de vida dos portovelhenses. E priorizou-se o enfoque do fetiche da mercadoria trabalhado por Marx ([1867] 1980)

em “O Capital”. Nessa lógica, deposita-se um peso importante ao processo migratório e de sua dinâmica urbana, que ajudarão a balizar o contexto de análise atual da qualidade de vida da cidade de Porto Velho.

O fato é que o processo migratório decorrente das usinas hidrelétricas do rio Madeira estimulou a vinda de milhares de pessoas para Porto Velho, principal região de impactos destes empreendimentos. Esse fluxo repentino de pessoas acabou dinamizando demandas sociais novas do ponto de vista dos serviços públicos, bem como, novas relações sociais que, comumente, afetam, de maneira direta e/ou indireta, o bem-estar da sociedade. Portanto, o que se pretende é discutir se tais empreendimentos estão provocando uma mudança benéfica ou não na sociedade.

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qualidade de vida desenvolvido por Santos e Martins (2002). A proposta diz respeito ao que vem ocorrendo em dois momentos distintos: em 2008, fase inicial da implantação dos empreendimentos; e na fase atual, a partir do ano de 2011.

O que se coloca, de uma maneira geral, como ponto central da tese é se as UHE do rio Madeira estão contribuindo para a melhoria ou agravamento da qualidade de vida na principal região urbana de influência direta desses empreendimentos energéticos de relevância nacional e internacional. Portanto, o processo migratório evidenciado pelas três obras de infraestrutura de porte grande ao longo da formação histórica de Rondônia trouxe consigo fluxos migratórios diferentes para a região. Ainda, acredita-se que esses estão vinculados ao fetichismo marxista.

A peça matriz que faltava para mover toda essa pesquisa foi elucidada quando

se lançou mão da obra “O Capital” de Marx ([1867] 1980), capítulo I, seção IV. Marx ([1867] 1980) trabalha com muita propriedade sobre o Fetichismo do Capital. A partir do aprofundamento dessa teoria como elementos explicativos das migrações em busca de capital, em busca de realizações, buscas que neste período contemporâneo se apresentam na possibilidade de emprego.

Neste aspecto, partiu-se da premissa de que o desenvolvimento urbano está vinculado ao processo de desenvolvimento regional. Aliás, o processo migratório é fenômeno primordial para o processo de mudança em âmbito local. Por meio desse mesmo desenvolvimento é possível de se projetar uma evolução própria.

Becker (1987) revela, ao tratar sobre a ocupação do espaço urbano, que a ocupação pelos migrantes não ocorre sob condições iguais de intensidade. Pelo contrário, este pode se manifestar intensamente em um dado espaço e não manifestar-se em outros. Desse modo, a periodização é verificada de modo espacialmente desigual. Tal diferenciação na Amazônia é muito marcante no âmbito da rede urbana.

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No geral, a crescente urbanização no planeta tem provocado transformações sociais marcantes no meio socioeconômico. A busca por avanços tecnológicos tem contribuído para ocasionar mudanças que propiciam avanços e, consequentemente, alterações na qualidade de vida do ser humano. Isso ocorre principalmente porque ocorrem descaracterizações sociais grandes, acompanhadas pela miséria e pela pobreza que levam à exclusão social de indivíduos que se encontram em posição de desvantagem na pirâmide social.

Quando se analisa o contexto da urbanização, percebe-se que se trata de um fenômeno recente e crescente no mundo (WIES; SILVA, 2007). Contudo, ela é também sentida no Brasil. Nesse sentido, segundo Wies e Silva (2007), em 1960, a população urbana no Brasil era de 31.303.034 habitantes e aumentou para 137.953.959 habitantes no ano de 2000; e no censo de 2010 esta população passou a 190.732.694.

Assim, ao verificar-se os dados do Censo Demográfico de 2000 e 2010 (IBGE, 2010), detectou-se que nas cidades brasileiras vivem 160,8 milhões de habitantes. No mesmo período, na zona rural vivem 29,8 milhões de brasileiros. Isso confirma uma tendência da década de 1960, quando todo esse processo de migração rural/urbano se iniciou.

Embora se viva, hoje, um momento de “exuberância” tecnológica, constata-se que a ciência, apesar dos progressos, por si só, não corresponde às expectativas ditadas pelas necessidades do ser humano. Pesquisas e estudos sobre qualidade de vida têm crescido muito nos últimos anos (MANSO, 2007). Elas evidenciam a preocupação em suprir o que a tecnologia não é capaz de fazer

As obras de engenharia das usinas hidrelétricas em Rondônia são algumas dessas obras de porte grande, em que o peso tecnológico é colocado em prática. Contudo, o peso social muitas vezes é deixado de lado na hora de se avaliar o sucesso ou insucesso de empreendimentos. Aliás, isso pode ser evidenciado facilmente na Amazônia Ocidental.

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Desde dezembro de 2008, com o início das obras de construção das usinas de Jirau e de Santo Antônio, o fluxo migratório para Porto Velho demonstrou ser intenso e correspondeu à busca de trabalho direto ou indireto nas obras das hidrelétricas. A mão-de-obra não qualificada ou semi-qualificada em questão soma-se às perspectivas de emprego advindas da população local. Isso tendeu a produzir uma dinâmica de dominação de um cenário novo no espaço urbano. Nesse caso, tudo acontece em torno do Capital em função das possibilidades de melhoria financeira.

Não há como negar que um projeto com um alto grau de aparato tecnológico não condicione um processo novo de urbanização e de transformação de seu espaço, do cotidiano do lócus social e, com isso, da qualidade de vida desta população. As relações sociais novas resultantes desse processo tendem a sufocar as modalidades de vida tradicionais e, desse modo, transformando-as. Nesse contexto, emergem grupos sociais novos, formando um proletariado urbano novo decorrente da migração de pessoas oriundas de outros estados e até mesmo de outros municípios de Rondônia.

A intensidade das transformações torna-se visível com o crescimento populacional. Isso pode ser visto pela ampliação dos serviços públicos, pela constituição de bairros novos e pelos indicadores sociais. Todos juntos permitem que se tenha uma ideia da qualidade de vida de uma cidade, de uma região etc.

Desse modo, a pesquisa estruturou-se a partir dos seguintes questionamentos: a) As usinas hidrelétricas do rio Madeira, em Rondônia, vêm contribuindo positivamente ou negativamente para a qualidade de vida em Porto Velho enquanto cidade e na vida pessoal dos habitantes? b) A evolução dos bairros dessa cidade vem produzindo, com base no índice de qualidade de vida, uma sociedade mais justa ou com desigualdades sociais?

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Ainda durante a pesquisa, se pôde observar Porto Velho em fase de instabilidade plena, sob mudanças e adaptações ao acréscimo populacional, e sem, contudo, deter de uma infraestrutura capaz de absorver tantos migrantes. Nessa direção, as hipóteses principais levantadas são que as usinas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho, afetaram negativamente a qualidade de vida urbana e positivamente a qualidade de vida pessoal. O aumento dessa migração produziu, a partir do início dos empreendimentos hidrelétricos, uma demanda de serviços básicos e essenciais.

Entretanto, eles não estão sendo correspondidos pelas políticas públicas municipais, pelas políticas estratégicas de desenvolvimento e nem pelas políticas de desenvolvimento sustentável. Esses resultados consolidam as indagações iniciais da pesquisa. Segundo Maturana (2000), todos os questionamentos então feitos são capazes de elucidar as questões epistemológicas e, com isso, construir organismos capazes de motivar respostas coesas para o estudo cientifico a partir de uma visão holística do problema estudado.

Luhmann (1977) afirma que o processo de conhecimento deste mundo contemporâneo complexo somente será possível se vislumbrado pela voz da experiência e pela aplicação do estudo sistêmico da sociedade. Pois, mesmo entendendo a sociedade contemporânea como uma sociedade complexa, fragmentada e cada vez mais dividida em subsistemas, o social será apenas a interpretação dessas variáveis de subsistemas diversos. Vale ressaltar que esta tese diz respeito a uma pesquisa de natureza interdisciplinar, pois está além do campo do conhecimento disciplinar.

Para bem explicitar esta abrangência interdisciplinar, seguiu-se o entendimento de Klein (1990), que aponta três princípios básicos que, no geral, dirigem as pesquisas interdisciplinares e pelos quais caminhos se escolheram galgar: a) objetar a questionamentos complexos; b) elucidar dificuldades que estão além da abrangência de algumas disciplinas e, c) obter a integração de conhecimentos seja eles limitados ou ilimitados.

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pontos de vista diferentes. Recorreu-se à interdisciplinaridade para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos.

A Tese encontra-se estruturada em oito capítulos. Nesse primeiro, que corresponde à Introdução, faz-se um apanhado geral do modo como o trabalho foi desenvolvido e organizado. Ele é concluído com esse resumo da obra, a partir de seus capítulos.

No segundo capítulo, apresenta-se a matriz teórica e conceitual desta tese doutoral. Ressalta-se que, para o desenvolvimento dos conceitos essenciais, foi necessária uma contextualização breve da construção da trajetória. Além disso, foi dado destaque ao conceito de fetichismo da mercadoria, na visão de Marx ([1867] 1980), e sobre sua influência sobre a migração, na busca por emprego, bem como seus reflexos na qualidade de vida urbana da cidade de Porto Velho. Com relação aos conceitos-chaves da pesquisa, priorizaram-se os principais.

A abordagem envolveu os elementos constitutivos do desenvolvimento regional e da urbanização. Também, buscou-se apresentar evidências empíricas, produzidas no decorrer da pesquisa. Ainda, trabalhou-se o referencia sobre a qualidade de vida nos processos de desenvolvimento urbano.

Já no terceiro capítulo, dá-se destaque para os aspectos históricos, relevantes, sobre o processo de formação econômica e de ocupação do município de Porto Velho. Como proposto inicialmente, esse é o ambiente em que se desenvolveu a pesquisa. Ou seja, descrevem-se os processos e as experiências vivenciadas pelo município.

A abordagem metodológica, assim como a área de estudo, arrolam-se no Capítulo quatro. Trata-se da apresentação dos pressupostos teóricos, do tipo de pesquisa realizada; da construção dos parâmetros e indicadores da investigação, além da caracterização da área de estudo (os bairros); das perspectivas analíticas, dos sujeitos da pesquisa; dos procedimentos de coleta de dados e dos instrumentos utilizados. Desse modo, têm-se os encaminhamentos dados para a análise dos resultados.

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qualidade de vida, nos bairros e zonas do perímetro urbano de Porto Velho, quais sejam: Saúde e Meio Ambiente, Cultura e Lazer, Urbanismo, Educação, Pobreza e Criminalidade e, Serviço Social e Habitação.

Já no Capítulo sete, fundamenta-se na percepção que têm os habitantes entrevistados. A partir das perguntas feitas, eles se manifestaram sobre os elementos essenciais para que uma cidade tenha qualidade de vida. Buscou-se, neste Capítulo, demonstrar a relação existente entre desenvolvimento regional e qualidade de vida urbana.

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2 CONCEITOS ESSENCIAIS: FETICHISMO DA MERCADORIA, MIGRAÇÕES, SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA

A investigação desta tese foi estruturada com base na perspectiva teórica do

‘fetichismo da mercadoria’. Marx ([1867] 1980) foi quem trabalhou essa questão teórica que se tornou central para o debate sobre o capitalismo. Ainda, nesta tese, migrações, sustentabilidade e qualidade de vida são conceitos também considerados e analisados.

2.1 FETICHISMO DA MERCADORIA DE MARX

No intuito de explicar a economia mercantil capitalista, Marx ([1867] 1980), pensador social do século XIX, adota uma abordagem bastante distinta da utilizada pela economia liberal clássica. Enquanto a economia política inglesa parte da realidade mercantil, como um dado, e passa a explicar seu funcionamento com base na lei da oferta e da procura, Marx ([1867] 1980) se lança na busca de algo que possa explicar o porquê do surgimento e da consolidação do mercado como um modo predominante de provisão e distribuição de riquezas (PIRES, 1999). Para este autor, a teoria do fetichismo pode ser tomada como um elemento central.

A partir-se de Marx ([1867] 1980), na diferenciação dos enfoques marxista e liberal clássico, sua aceitação ou não é algo definido no âmbito do método da ciência econômica. Ainda para Marx ([1867] 1980), o fetichismo há de ser entendido como essência de todo o sistema econômico do capitalismo, como um elemento-chave que permite diferenciar seu método do método dos economistas clássicos. Ao comungar com este mesmo pensamento, Prado (2010) revela que a teoria do fetiche

é uma das passagens de “O capital”, em que Marx ([1867] 1980) deixa claro o seu distanciamento com relação às ideias dos economistas ingleses.

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mercadoria transforma os seres humanos em servos, não de senhores, reis ou deuses mitológicos, mas dos produtos que eles mesmos criaram.

Deste modo, em sua obra “O capital”, Marx ([1867] 1980) começa o estudo da sociedade capitalista pela análise abstrata da mercadoria; e esse autor recupera Aristóteles e a afirmação da existência do valor de uso e do valor de troca nos bens produzidos pela humanidade (FÉLIX, s. d). Assim, antes de investigar como as mercadorias circulam no mercado e como elas são trocadas, Marx analisa, ainda, o

que ele denominou de “fetiche da mercadoria” (PRADO, 2010). Para Novaes e

Dagnino (2004), o conceito de fetiche da mercadoria produzido por Marx ([1867] 1980) desvenda o conteúdo de classe da produção no capitalismo de sua época.

Prado (2010) vai um pouco mais além ao afirmar que a descoberta do fetiche possibilitou a Marx ([1867] 1980) desvelar as modalidades mais fantasmagóricas da sociedade capitalista e compreender a gênese das ilusões e aparências que dominam a consciência imediata dos seres humanos. Para Prado (2010), o mérito maior de Marx ([1867] 1980) foi demonstrar como as relações sociais de produção são encobertas por relações meramente materiais. Consequentemente, a subjetividade e a liberdade dos seres humanos são reduzidas e submetidas aos desejos e vontades da mercadoria.

De acordo com esse mesmo autor, sem dúvida, a teoria do fetiche é um dos temas principais tratados por Marx ([1867] 1980) em “O capital”. Trata-se, pois, de uma problemática de importância extrema para a compreensão não apenas da mercadoria em si, mas para o entendimento de toda dinâmica da sociedade capitalista e, também, da própria liberdade na sociedade burguesa, conclui o autor Prado (2010). Assim, Marx procura tornar visível o modo exploratório nas relações de trabalho, ocultadas, em geral, pelo processo daquilo que ele considera fetichização.

E é na produção da mercadoria e na exploração do trabalho alienado que esse fenômeno acontece (SILVA, 2011). Sobre esse aspecto, Marx faz a seguinte análise:

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Na compreensão de Simões (1998), o fetichismo é um tipo de culto aos objetos materiais, considerados como a encarnação de um espírito possuidor de virtude mágica.

Neste sentido, no entendimento de Pires (1999), um fetiche é um ídolo, um amuleto, algo enfeitiçado, que tem poderes inexplicáveis, de origens misteriosas. No que se refere ao caráter fetichista da mercadoria, Marx afirma que isto provém do caráter social, peculiar do próprio trabalho que produz as mercadorias. Na análise desse mesmo autor, a mercadoria é como uma espécie de artefato mágico, capaz de ocultar as relações humanas envolvidas na produção do objeto.

Antes da análise marxista sobre o capital, o capitalismo era descrito pelos economistas vulgares como um imenso sistema de circulação e troca de bens. O processo de trabalho humano que confere vida, valor, forma e conteúdo ao capitalismo desaparecem nas brumas ideológicas da economia vulgar, como um feitiço. Coube a Marx, no entendimento de Branco (2008), desvendar o fetichismo da mercadoria e seu caráter desumano, coisificado, como decorrente de relações sociais de produção; e não de uma característica intrínseca aos objetos.

Conforme Fiani (2009), Marx ([1867] 1980) interpretou a mercadoria como sendo a pedra angular de sua análise. E isso no que se refere ao sistema capitalista entendido como sistema que visa à produção de mercadorias e que tem como característica central transformar até mesmo a força de trabalho em uma delas. Ainda segundo Fiani (2009), a concepção de Marx ([1867] 1980) em relação à mercadoria pode ser respondida em níveis sucessivos.

Para este autor, o primeiro é o nível de resposta principal. Precisamente, busca-se caracterizar a mercadoria como qualquer coisa que atenda a uma necessidade em potencial. Sobre esse aspecto, Marx ([1867] 1980, p. 41) faz a

análise que segue: “[...] a mercadoria é, antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia”.

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existência. Sobre esse aspecto, na concepção de Marx ([1867] 1980), uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano, sem ser mercadoria.

Quem, com seu produto, satisfaz a própria necessidade gera valor de uso, mas não mercadoria. Para criar mercadoria, é mister só produzir valores de uso, mas também produzi-los para outros. Isso é, dar origem a valor de uso social ao produto ou mercadoria.

O terceiro aspecto apontado por Fiani (2009), para que algo passe a ser entendido como mercadoria, ele deverá estar ligado à sua apropriação privada. Sobre esse aspecto, Marx ([1867] 1980, v. 1, p. 49) diz o seguinte:

Ela [a divisão social do trabalho] é condição para que exista a produção de mercadorias, embora, reciprocamente, a produção de mercadorias não seja condição necessária para a existência da divisão social do trabalho. Na velha comunidade indiana, há a divisão social do trabalho, sem que os produtos se convertam em mercadorias. Ou, um exemplo mais próximo, em cada fábrica existe a divisão sistemática do trabalho, mas essa divisão não leva os trabalhadores a trocarem seus produtos individuais. Só se contrapõem como mercadorias produtos de trabalhos privados e autônomos, independentes entre si.

Embora este aspecto tenha sido abordado por Marx ([1867] 1980) de maneira um tanto superficial, Fiani (2009) revela que,

[...] somente após a apropriação privada de algo que seja fruto do trabalho humano, possua valor de uso e seja produzido para outros é que teremos uma mercadoria. Esse ponto é de central importância, pois as mudanças tecnológicas (digitalização) dos bens culturais afetaram exatamente as condições de sua apropriação privada (FIANI, 2009, p. 235).

Assim, Marx ([1867] 1980) procurou desvelar, ao discutir o fetiche da mercadoria, o segredo que a protege de ser desmascarada. Sobre esse aspecto, ele afirma:

À primeira vista, a mercadoria parece ser coisa trivial, imediatamente compreensível. Analisando-a, vê-se que ela é algo muito estranho, cheio de sutilezas metafísicas e argúcias teológicas. Como valor de uso, nada há de misterioso nela. [...] A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as características sociais do próprio trabalho dos homens, apresentando-as como características materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho; por ocultar, portanto, a relação social entre os trabalhos individuais dos produtores e o trabalho total, ao refleti-la como relação social existente, à margem deles, entre os produtos do seu próprio trabalho (MARX, 2004, p. 93- 94).

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A partir deste último conceito, Marx (apud NOVAES; DAGNINO, 2004) mostra que o capitalismo é um modo de produção historicamente constituído e que a mercadoria é uma possibilidade específica de relação entre as classes sociais que nasce com o capitalismo. Isso ao invés de ser uma relação eterna que perpassa todos os povos, nações e fases históricas. Enfim e de acordo com Novaes e Dagnino (2004), é um modo de produção historicamente constituído e a mercadoria é um modo específico de relação entre as classes sociais, que nasce com o capitalismo.

Com relação a isto, Barbosa (2004) traz a análise seguinte: ao tratar sobre o

caráter “misterioso da mercadoria”, Marx ([1867] 1980) cunha o conceito de fetichismo da mercadoria sob o ponto de vista da sua teoria de valor (SILVA, 2011). Sobre esse aspecto e de acordo com Silva (2010), Marx ([1867] 1980) chega ao cerne das relações sociais: a obtenção do lucro por parte de quem detém os meios de produção.

Isto se faz devido à característica peculiar que as mercadorias possuem, isto é, além do valor de uso, como há em qualquer produto, há o valor de troca.

A mercadoria é, antes de tudo, uma coisa, um objeto que satisfaz necessidades humanas, possui desta maneira, valor-de-uso, ou seja, sua base material lhe determina uma utilidade. Enquanto valor de uso é o resultado do trabalho ou dispêndio de trabalho útil ou concreto. Porém, para ser mercadoria, para se efetivar como tal, precisa estar inserida no âmbito de mercado, logo, para além de um valor-de-uso, possui outro, o de troca (BARBOSA, 2004, p. 63).

O valor de uso seria, tão somente, a utilidade ou propriedade material que um produto possui para satisfazer as necessidades humanas: o objeto externo da mercadoria (SILVA, 2010). Na visão de Marx ([1867] 1980), o fetiche não provém do valor de uso, pois nesse aspecto, a mercadoria seria apenas para utilidade própria do gênero humano, dependendo apenas do seu esforço.

Como valor de uso, é também possível distinguir o tempo de trabalho que a

mercadoria exigiu para ser produzida. Ainda de acordo com Marx, desde que “[...] os

homens trabalhem uns para os outros, adquire o trabalho uma forma social” (MARX,

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A abstração ocasiona uma camuflagem no modo operacional das relações de produção, pois se vê menos a complexidade do que a simplificação do processo de produção e de consumo das mercadorias. Como sentencia Marx (1992, p. 161), “[...]

o fetichismo do mundo das mercadorias decorre do caráter social próprio do trabalho

que produz a própria mercadoria”. Já para Antunes (2005), o valor de troca é uma

determinação negativa dos valores de uso porque sob tal condição nova, as necessidades humanas só serão realizadas na medida em que primeiro se realize o valor de troca do produto.

O valor de uso se realiza no ato do consumo. Antunes (2005) ainda esclarece que o valor de troca se realiza no ato da troca, ato que antecede o consumo, por isso, o ato da troca é um ato negativo frente ao valor de uso. Deste modo, se o valor de troca não se realizar, fica também sem se realizar o valor de uso, já que os produtos só adentram na esfera do consumo após passarem pelo processo das trocas.

Ainda como proposto por Marx ([1867] 1980), o “fetichismo da mercadoria” é o

processo que encobre todas as relações de produção antagônicas. Precisamente, as que estão por trás da fabricação das mercadorias. E, conforme Ianni (1988), têm-se as forças produtivas, a obtenção da mais-valia, as condições físicas de produção e dos produtores, a propriedade privada dos meios de produção, o valor de troca encobrindo o valor de uso e ambos encobrindo o valor-trabalho.

Portanto, a este caráter de predominância do valor de troca, pela qual se opera a exploração do trabalho alienado e, desse modo, a obtenção do lucro por parte do capitalista, sobre o valor de uso, consequentemente, a ocultação do mediato pelo imediato, Marx denomina de fetichismo (SILVA, 2010). Com efeito, o valor das mercadorias parece ser um dado objetivo, quando na verdade, segundo Marx, ele tem por base o trabalho humano nela objetivado (PIRES, 1999). Assim, segundo Rubin (1987, p. 22), a teoria Marxista do fetichismo “[...] consiste em Marx

ter visto entre as coisas relevantes a ilusão da consciência humana”1.

A produção de mercadorias pressupõe um equivalente geral, uma mercadoria que faça a mediação de todas as mercadorias. Essa mediação é feita pela mercadoria dinheiro. E o dinheiro é uma relação social pura. “É algo ideal, é um conjunto de relações sociais que o indivíduo, por assim dizer, carrega no bolso”

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exercer um feitiço (um fetiche) sobre as individualidades humanas, como se o mesmo existisse independente dos sujeitos.

O dinheiro, como medida do valor, reforça o fetichismo da mercadoria.

O preço é a denominação monetária do trabalho objetivado na mercadoria [...]. A grandeza de valor da mercadoria expressa [...] uma

relação necessária imanente a seu processo de formação com o tempo de trabalho social. Com a transformação da grandeza de valor em preço, essa relação necessária aparece como relação de troca de uma mercadoria com a mercadoria monetária, que existe fora dela (MARX, 1983, p. 92).

Para Rubin (1987), o fetiche da mercadoria é um fenômeno de inconsciência social objetiva, que resulta de relações sociais opacas. A teoria do valor “[...] descobriu o fetiche, a expressão reificada do trabalho social no valor das coisas” (RUBIN, 1987, p. 88), apontando que no capitalismo, o trabalho é “cristalizado” ou conformado em

valor, no sentido de que adquire, socialmente, “forma de valor”.

Na descrição de Marx (1980, p. 81):

Uma relação social definida, estabelecida entre os homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Para encontrar um símile, temos de recorrer à região nebulosa da crença. Aí, os pro-

___________________________________________ 1 Ainda conforme Rubin (1987, p. 22)

, “[...] que se origina da economia mercantil e atribui às coisas características que têm sua origem nas relações entre as pessoas no processo de produção”.

dutos do cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas que mantém relações entre si e com os seres humanos. “Chamo a isto de fetichismo, que está sempre grudado aos produtos do trabalho, quando são gerados como mercadorias [...]”.

Kurz (1999) aponta um aspecto de Marx que permite fazer uma conexão do fetichismo da mercadoria. E isso, antes mesmo da existência do capital retratado por ele; o que lhe propicia trazer um atributo importante para se compreender esse postulado teórico, com relação ao processo histórico das civilizações.

Assim, este autor destaca o seguinte fragmento:

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constituiria uma analogia mais adequada. Nos modos de produção asiáticos, o Filho de Céu ou o Imperador Divino assume essa função, e no feudalismo, o solo. O dinheiro, como umas das muitas formas do fetichismo, existe em todas essas sociedades, mas ainda não possui a função geral de representar a sociabilização inconsciente, que adota outras formas. Somente na modernidade assume o dinheiro, definitivamente, essa função. Por isso, pode ser designado como totemismo objetivado e secularizado da modernidade. Não é à toa que tem suas raízes no âmbito sacral, fato que quase sempre ressaltam os apologistas do moderno sistema produtor de mercadorias, sem refletir o que estão dizendo com isso. Somente em conexão com sua crítica do fetiche da mercadoria e de sua forma de manifestação, como dinheiro, pode-se compreender por que para Marx a modernidade ainda faz parte da “pré-história da humanidade”. Pois, cabe dizer, numa inversão daquela perspectiva etnológica que se recusa a chamar de “primitivas” as culturas muito antigas e os povos incivilizados, que também o sistema produtor de mercadorias da modernidade é ainda uma sociedade primitiva (KURZ, 1999, p. 35).

Portanto, o fetiche da mercadoria é a aparência que se sobrepõe à essência. É o mundo das coisas como objetivo final, provocando o comprometimento e/ou

supressão da subjetividade: a “coisa” sufoca o “humano”.

O fetichismo – este caráter misterioso das mercadorias – provém do fato de que elas ocultam a relação social entre os trabalhos individuais dos produtores e o trabalho total. Nas palavras de Marx (1989, p. 80-81): “Uma relação social definida,

estabelecida entre os homens, assume a possibilidade fantasmagórica de uma

relação entre coisas”. Já para Prado (2010), a descoberta do fetiche possibilitou a Marx desvelar as modalidades mais fantasmagóricas da sociedade capitalistas e compreender a gênese das ilusões e aparências que dominam a consciência imediata dos seres humanos.

Ainda nos termos de Prado (2010), o mérito maior de Marx foi demonstrar como as relações sociais de produção são encobertas por relações meramente materiais. E, por conseguinte, a subjetividade e a liberdade dos seres humanos são reduzidas e submetidas aos desejos e vontades da mercadoria. Nesse sentido, e como posto por Fiani (2009), a mercadoria é ao mesmo tempo o ponto de partida e centro de gravidade da análise de Marx, do capital e do capitalismo.

Por sua vez, o capitalismo é importante para se compreender a dinâmica migratória e mobilidade nas trajetórias das sociedades, ao longo do tempo. Sobre esse aspecto, Heidemann (2010, p. 15) revela que

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Mas, para isso, e ainda conforme Heidemann (2010, p. 22), torna-se necessário “[...]

refletir sobre a formação do sujeito da sociedade moderna e a constituição social fetichista, para entender os motivos do sujeito-migrante e a relação entre a realidade

e a ciência”.

2.2 FETICHISMO E MIGRAÇÃO

Com base no que se viu anteriormente, nota-se que Marx ([1867] 1980) abstrai que a mercadoria (manufatura), quando finalizada, não mantinha o seu valor real de venda que, segundo ele, era determinado pela quantidade de trabalho materializado no artigo. Assim, essa mercadoria adquire uma valoração de venda irreal e infundada, como se não fosse fruto do trabalho humano e nem pudesse ser mensurada. Isso indica, conforme Dlugokenski (2008, 1), “[...] que a mercadoria

parecia perder sua relação com o trabalho e passava a ganhar vida própria”.

Consequentemente, para entender a essência da proposta contida em “O capital”, o autor supracitado comenta a passagem utilizada por Marx, a qual o permitiu criar o termo “fetichismo da mercadoria”:

Karl Marx denomina este fenômeno como sendo um “Fetiche da mercadoria”, para isto ele se baseia na história do personagem bíblico Moisés, que após vagar quarenta anos com o povo escolhido por Deus (Judeus) atrás da terra prometida se depara com a crescente descrença dos seus seguidores, que já estavam cansados de se deslocar errantemente por vários lugares, dado esta insatisfação Moisés, deixa o seu povo em uma terra fértil e se retira temporariamente para meditar e procurar algum sinal que indique a existência real deste Deus, a localização da terra prometida e que com isto possa recuperar a fé do seu povo que ia se perdendo rapidamente.

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Tabela 1 -  Zonas  urbanas,  bairros  e  distribuição  dos  formulários..............................................................................
Tabela 19 -  Parâmetro  de  Educação  da  Zona  Norte.......................................................................................
Figura 1 -  Área urbana de Porto Velho, em 1912. Área de influência da EFMM.
Figura 2- Área urbana de Porto Velho em 1917. Área de influência da EFMM .
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Referências

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