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Qualidade de Vida e Nível de Atividade Física de Idosas Comunitárias

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Academic year: 2020

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(1Ì9(/'($7,9,'$'( )Ì6,&$'(,'26$6 &2081,7É5,$6 Welmer dos Santos Alves** Acrísio Samuel Lacerda*** Ruth Losada de Menezes****

Resumo: esse estudo teve como objetivo analisar a relação entre qualidade de vida e o nível de atividade física de idosas. Foi empregado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ ), versão 8, forma longa e a Escala de Qualidade de Vida de Flanagan (EQVF). Os resultados encontrados evidenciaram a importância do envelheci-mento ativo na promoção do envelhecienvelheci-mento com qualidade de vida.

Palavras-chave: Envelhecimento. Qualidade de vida. Ativi-dade física.

O

crescimento da população de idosos, em números absolutos e re-lativos, é um fenômeno mundial relacionado com o aumento da expectativa de vida. Esse fato, o qual denominamos como envelhecimento, é um processo contínuo que leva o indivíduo a um declínio progressivo de todos os processos fisiológicos, incluindo a diminuição do desempenho físico e independência funcional (PINTO; BASTOS, 2007; NÓBREGA et al., 1999; SANTOS et al., 2001)

Atualmente estudos buscam revelar caminhos para um envelhe-cimento com qualidade de vida. O conceito de qualidade de vida pode estar relacionado com capacidade física, estado emocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica e autoproteção a saúde. Uma excelente ou boa qualidade de vida pode ser considerada quando o indivíduo necessita do mínimo de condições para desenvolver o máxi-mo de suas potencialidades (SANTOS et al., 2002; MINAYO e et al., 2000). É sabido que, qualidade de vida é um conceito que requer uma

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valorização de parâmetros mais amplos do que simplesmente controlar sintomas, diminuir a mortalidade ou aumentar a expectativa de vida (FLECK et al., 1999).

A prática de atividade física tem sido indicada como uma opção simples, eficaz e de baixo custo para melhorar a qualidade de vida da popu-lação e reduzir gastos com saúde (NÓBREGA et al., 1999; GOBBI, 1997). É também uma forma de lazer e de restaurar a saúde dos efeitos nocivos que a rotina estressante do trabalho e do estudo traz (SILVA et al., 2007).

Nos idosos a atividade física realizada por meio de exercícios em que o indivíduo sustenta o próprio peso do corpo e exercícios de força, promove maior fixação de cálcio nos ossos e auxiliam na prevenção e no tratamento da osteoporose. Aumentam ainda a força, a resistência muscular, o equilíbrio e a flexibilidade, com conseqüente diminuição da incidência de quedas, fraturas e suas complicações(NÓBREGA et al., 1999).

Desta forma, pode-se afirmar que a prevenção, eliminação de fatores de risco à saúde e adoção de hábitos de vida saudáveis, como a atividade física, são importantes determinantes de um envelhecimento bem sucedido (SILVA, 2006). Neste contexto, surge a Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati-PUC Goiás) com pressupostos gerontológicos de natureza sócio-político-educativa. Trata-se de um curso vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil da Universidade Católica de Goiás (UCG) desde 1992.

A dinâmica de funcionamento da Unati-PUC Goiás ocorre através de um grande grupo, no qual reúne todos os alunos idosos participantes às segundas-feiras e quintas-feiras, no período vespertino, onde são desenvol-vidos trabalhos por profissionais da saúde com objetivo de conscientizar os idosos sobre o processo de envelhecimento, através de aulas, palestras, debates, seminários e trabalhos feitos pelos próprios participantes. Já os grupos menores desenvolvem temas variados, de acordo com o interesse dos idosos, sendo que no segundo semestre de 2007 aconteceram: oficina de fisioterapia, artesanato, informática e dança.

Frente ao exposto o objetivo deste estudo foi analisar a relação entre qualidade de vida e o nível de atividade física em mulheres acima de 50 anos participantes da Unati-PUC Goiás.

MÉTODOS

Tratou-se de um estudo descritivo transversal, realizado na Univer-sidade Aberta à Terceira Idade (Unati-PUC Goiás), no período de agosto

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,8'-3+4:59*+);2:;8', Goiânia, v. 20, n. 5/6, p. 365-378, maio/jun. 2010.  a outubro de 2007. O projeto foi avaliado e sua execução aprovada pela coordenação da Unati-PUC Goiás e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCG (Protocolo 646 de 29/08/2007).

Neste período, estavam inscritos em torno de 100 alunos no curso, sendo que todos foram convidados a participar. Porém, apenas 79 alunos aceitaram participar da pesquisa e atenderam aos critérios de inclusão: ser aluno da Unati-PUC Goiás no ano de 2007, sexo feminino e assinar o consentimento informado em participar do estudo. Foram excluídas 21 alunas que explicitaram recusa em participar do estudo.

Os dados foram coletados nas salas de aula da PUC Goiás, ao término das aulas no período de agosto a outubro de 2007. Para mensu-rar a qualidade de vida foi utilizada a Escala de Qualidade de Vida de Flanagan (EQVF) (Flanagan, 1982), instrumento adaptado e validado no Brasil (GONÇALVES; DIAS; DE LIZ, 1999; NASSAR; GONÇALVES, 1999), auto-aplicável com questões objetivas, que conceptualiza qualidade de vida a partir de cinco dimensões: a) bem-estar físico e material; b) relações com outras pessoas; c) atividades sociais, comunitárias e cívicas; d) desenvolvimento pessoal e realização; e) recreação. Essas dimensões são mensuradas através de quinze itens onde o participante tem sete opções de resposta, que vai de “muito insatisfeito” (escore 1) até “muito satisfeito” (escore 7). A pontuação máxima alcançada na avaliação da qualidade de vida proposta por Flanagan é de 105 pontos e a mínima de 15 pontos, que refletem baixa qualidade de vida.

O nível de atividade física dos participantes foi mensurado através do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão 8 (forma longa), administrado na forma de entrevista individual para o alcançasse maior de fidedignidade. O IPAQ foi originalmente proposto por um grupo de pesquisadores durante uma reunião científica em Genebra, Suíça, em abril de 1998 (BENEDETTI; MAZO; BARROS, 2004; CRAIG et al., 2003). Trata-se de um instrumento validado no Brasil (MATSUDO et al., 2001), adaptado para idosos (BENEDETTI; MAZO; BARROS, 2004) e que permite estimar o tempo gasto na realização de atividades físicas em uma semana usual nos diferentes contextos da vida. O participante relata a quantidade de tempo gasto, por dia, na realização da atividade física de intensidade moderada a vigorosa e caminhada.

O IPAQ é composto por 13 questões distribuídas em cinco seções (trabalho, tarefas domésticas, transporte, lazer e tempo sentado), classi-ficando o indivíduo em a) “sedentário”, b) “irregularmente ativo A”, c) “irregularmente ativo B”, d) “ativo”, e) “muito ativo”. Os alunos foram

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posteriormente classificados de acordo com a orientação do próprio IPAQ, que divide e conceitua as categorias em:

‡ Sedentário – Não realiza nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana;

‡ Irregularmente Ativo A – Realiza 10 minutos contínuos de atividade física, seguindo pelo menos um dos critérios citados: freqüência 5 dias/ semana ou duração de 150 minutos/semana;

‡ Irregularmente Ativo B – Não atinge nenhum dos critérios da reco-mendação citada nos indivíduos insuficientemente ativos A;

‡ Ativo – Cumpre as seguintes recomendações: a) atividade física vigoro-sa > 3 dias/semana e > 20 minutos/sessão; b) moderada ou caminhada > 5 dias/semana e > 30 minutos/sessão; c) qualquer atividade somada: > 5 dias/semana e > 150 min/semana.

‡ Muito Ativo – Cumpre as seguintes recomendações: a) vigorosa > 5 dias/semana e > 30 min/sessão; b) vigorosa > 3 dias/semana e > 20 min/ sessão + moderada e ou caminhada 5 dias/semana e > 30 min/sessão.

Os dados foram tabulados e analisados por meio dos softwares MS-Excel e Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 11.0. Foram aplicados os testes Anova para comparar as médias, Kolmogorov Smirnof para checar se os dados apresentaram distribuição normal e teste Qui-Quadrado. Utilizou-se p ≤ 0,05.

Além dos testes, realizou-se a descrição dos dados, apresentando as médias dos resultados e/ou das freqüências. Assim como sua distribuição, as medidas de dispersão e o desvio padrão.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 79 voluntários do sexo feminino, com idade entre 50 e 79 anos. Foram 24 participantes (30,4%) entre 50 e 59 anos, 34 participantes (43,0%) entre 60 e 69 anos e 21 participantes (26,6%) entre 70 e 79 anos. A média de idade das participantes foi de 64,553 anos (s= 7,36).

Ao se fazer uma análise descritiva do nível de atividade física, nenhuma participante foi enquadrada como sedentária. Sendo classifi-cada como irregularmente ativa A apenas uma mulher (1,26%), como irregularmente ativa B foram seis mulheres (7,60%), ativa 53 mulheres (67,09%) e muito ativa 19 mulheres (24,05%).

O local onde preferencialmente as participantes realizam atividade física é no domicílio considerando as atividades domésticas, pois foi obtido

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,8'-3+4:59*+);2:;8', Goiânia, v. 20, n. 5/6, p. 365-378, maio/jun. 2010.  o relato de 67 mulheres (84,81%) que exercem essa atividade. Seguida da atividade física na recreação, desporto e lazer 60 mulheres (75,95%), a realização de atividade física no transporte 58 mulheres (73,41%) e atividade física no trabalho 26 mulheres (32,91%).

A Escala de Qualidade de Vida de Flanagan, que tem um intervalo possível de 15 a 105 pontos no qual quanto maior o valor maior a satisfação do indivíduo, obteve-se como resposta valores entre 30 e 105 pontos, com uma média de 84,67 pontos (s=12,40). Entre os itens de maior satisfação, observou-se que em primeiro lugar ficou o item aprendizagem (x=6,02 e s=1,22). Já o item de menor satisfação foi relacionamento intimo (x=4,71 e s=1,56). Cabe ressaltar que 29 mulheres (36,71%) não responderam o item relacionamento íntimo.

Ao se realizar uma correlação entre idade e nível de atividade física, a média de idade manteve-se semelhante nos diversos grupos: irregularmente Ativo A (65,0 anos), Irregularmente Ativo B (68,8 anos), Ativo (63,6 anos), Muito Ativo (65,7 anos) (p=0,359).

Em todas as faixas etárias prevalece o grupo Ativo: 50 a 59 anos (70,8%), 60 a 69 anos (73,5%) e 70 a 79 anos (52,4%); seguido do gru-po Muito Ativo: 50 a 59 anos (25%), 60 a 69 anos (20,6%) e 70 a 79 anos (28,6%), porém nossos valores não tiveram significância estatística (p=0,290).

Quando comparada as variáveis idade e qualidade de vida a média da EQVF permaneceu elevada em todas as faixas etárias 50 a 59 anos (87,1 pontos), 60 a 69 anos (84,8 pontos), 70 a 79 anos (82,8 pontos) (p=0,569).

Quanto à correlação entre a média da EQVF e os grupos classifi-cados pelo IPAQ, teve-se como resultados: Irregularmente Ativo A (91,0 pontos), Irregularmente Ativo B (78,7 pontos), Ativo (84,0 pontos), Muito Ativo (90,1 pontos). Porém, não foi um resultado estatisticamente significativo (p=0,190).

DISCUSSÃO

Atualmente os termos “atividade física”, “estilo de vida”, “quali-dade de vida”, “envelhecimento” tem sido foco de diferentes discussões no meio científico. Em nosso estudo, buscamos estabelecer uma relação entre qualidade de vida e atividade física em mulheres acima de 50 anos. Ao estudar o envelhecimento, pode-se perceber o fenômeno de “fe-minização”, pois, quanto mais idoso é o contingente, maior é a proporção de mulheres (CAMARANO, 2003). Além disso, são elas mais do que os

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homens que participam de atividades extradomésticas, de organizações e movimentos de mulheres, fazem cursos especiais, viagens e mesmo trabalho remunerado temporário ou voluntário (GOLDANI, 1999). Na UnATI/UCG, quase que a totalidade dos alunos são do gênero feminino, o que nos levou a escolher apenas mulheres para estudo.

Na população estudada, são predominantes os idosos compre-endidos na faixa dos 60-69 anos de idade, os chamados idosos jovens (43,0%). Fato que está em consonância com achados de experiências em Universidades Abertas à Terceira Idade. Barreto et al. (2003), ao pesquisar o perfil sócio-epidemiológico demográfico de 308 mulheres idosas da Universidade Aberta à Terceira Idade no Estado de Pernambuco verificou que 71,43% destas eram idosas na faixa etária dos 60-69 anos.

Nota-se que, para freqüentarem programas como o da UnATI/ UCG, é necessário competência e manejo razoáveis em termos de de-sempenho das atividades instrumentais de vida diária (AIVD), as quais possuem um nível de complexidade maior que as atividades de vida diária (AVD) e que, com o aumento da idade aumenta proporcionalmente o aparecimento de algum grau de dependência, tanto nas AVD´s quanto nas AIVD´s, é compreensível a maior freqüência de idosos jovens neste tipo de programa de extensão. Além disso, pessoas na faixa dos 50-59 anos de idade geralmente possuem uma vida economicamente ativa, o que também explica a baixa prevalência destes na UnATI/UCG.

A Organização Mundial da Saúde (2002) declara que a maioria dos idosos em todo mundo leva uma vida sedentária, no entanto nossos resultados demonstraram que a população estudada foi caracterizada prioritariamente por idosas ativas (65,82%), não sendo encontrada ne-nhuma mulher com estilo de vida sedentário. Resultado semelhante à pesquisa de Kura et al. (2004), onde pesquisando 56 idosas praticantes de hidroginástica e ginástica em Passo Fundo/RS, (89,28%) eram ativas. Tais resultados nos permitem observar que cada vez mais os idosos têm buscado um envelhecimento ativo e com qualidade.

Além disso, o presente estudo verificou o local onde preferencial-mente as mulheres realizam atividade física durante uma semana habitual. O domicílio foi citado por 67 mulheres (84,81%), mostrando ser um local importante para execução de atividade física. Corroborando esses achados, Toscano (2005) ao pesquisar 238 idosos do gênero feminino participantes de grupos de convivência em Aracaju/SE, verificou que 199 idosas (83,6%) realizavam atividade física no domicílio. De acordo com Ainsworth (2000), a demanda energética das mulheres durante suas vidas

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,8'-3+4:59*+);2:;8', Goiânia, v. 20, n. 5/6, p. 365-378, maio/jun. 2010.  é representada principalmente pelas atividades domésticas e estima-se que elas despendam 3,9 horas por dia em trabalhos domésticos e em tarefas de cuidados com a família. Esses resultados nos remetem à importância do trabalho doméstico para mulheres idosas, já que em sua maioria são aposentadas que passam a maior parte do tempo na residência.

A atividade física na forma de recreação, desporto ou lazer foi a se-gunda mais relatada (75,95%), normalmente relacionada com caminhada, hidroginástica ou dança. O fato da UnATI/UCG ter como uma de suas características a promoção de momentos de lazer, pode ter sido um fator pre-ponderante para esse achado. Resultado semelhante foi observado por Mazo et al. (2005) em sua pesquisa sobre o nível de atividade física e a sua relação com as características sócio-demográficas e as condições de saúde de 198 mulheres idosas freqüentadoras de Grupos de Convivência de Florianópolis/ SC. Encontrou um percentual de 35% de idosos que realizavam atividade física na forma de lazer; sendo também a segunda atividade mais realizada.

Como citado anteriormente, o processo de envelhecimento da po-pulação brasileira é um movimento já deflagrado e em franca expansão. O envelhecimento da população, por sua vez, afetou profundamente a composição etária da População Economicamente Ativa (PEA), com aumento significativo da participação dos segmentos mais adultos, em especial dos indivíduos com idade de 60 anos ou mais, e redução da participação dos mais jovens (CAMARANO, 2003). Corroborando esses achados, em nossa pesquisa, 26 mulheres (32,91%) relataram realizar atividade física no trabalho, seja ele remunerado ou voluntário.

Concernente a qualidade de vida, sabe-se que este é um termo bastante amplo e que leva em consideração não somente as necessidades básicas do ser humano, mas também seu bem-estar subjetivo e social (SOUZA; CARVALHO, 2003). Dessa forma, é possível notar atual-mente, que as questões sobre qualidade de vida têm avançado em níveis consideráveis, sob o enfoque dos determinantes sociais de condição de vida e desenvolvimento (ROCHA et al., 2000).

Conforme Monteiro (2001) a satisfação com a vida está direta-mente relacionada à atividade física. Essa citação se confirma em nossa pesquisa, pois além de serem consideradas ativas, evidenciamos um alto grau de satisfação das alunas com suas vidas através do escore total da EQVF (x=84,67 e s=12,40), o que revela a existência de qualidade de vida elevada nas diversas variáveis analisadas.

É importante destacar que, ao se avaliar os quinze itens da escala, as respondentes demonstrariam baixa satisfação se os escores de tais itens

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ficassem abaixo de 5. Dessa forma, entre os achados, apenas um item mostrou-se baixo: relacionamento íntimo (x=4,71 e s=1,56). O de maior satisfação foi aprendizagem (x=6,02 e s=1,22), resultado que geralmente é verificado ao se pesquisar participantes de UnATI´s. No trabalho de Santos (2002) com 128 idosos, no qual foi avaliada a satisfação destes em relação à qualidade de vida através da EQVF, oito itens ficaram com escore abaixo de 5 (1 – conforto material; 2 – saúde; 5 – relacionamento íntimo; 8 – participação em associações; 9 – aprendizagem; 10 – auto-conhecimento; 12 – comunicação e 13 – recreação ativa). O item com menor escore foi aprendizagem (x=3,69) e o maior escore ficou com a variável socialização – “fazer amigos” (x=6,23). Assim, fica evidente através dos resultados com altos escores na presente pesquisa, a elevada qualidade de vida da amostra pesquisada.

A sexualidade permanece como aspecto vital da vida humana mesmo na idade avançada. Porém os idosos têm muitas agressões à sua sexualidade. Nossa cultura freqüentemente desencoraja o interesse sexual dos idosos e por vezes a sexualidade do velho passa a ser considerada como uma indecência. Mas não é só a sociedade e a família que exercem pressão sobre a sexualidade dos idosos. As próprias pessoas quando chegam a essa idade se consideram assexuados e assim permanecem (D’OTTAVIANO, 2000). O relacionamento intimo geralmente é visto com insatisfação por parte dos idosos, a ponto do estar sozinho ou viúvo significar autonomia e liberdade, principalmente se tratando de mulheres. Estas, na sua juventude e vida adulta não tiveram liberdade dada as relações de gênero prevale-centes (DEBERT, 1999). Contudo, na amostra da presente pesquisa ficou evidenciado um alto grau de insatisfação nos relacionamentos íntimos, corroborando as afirmações de D´Ottaviano e Debert. Verifica-se que a sexualidade para indivíduos que alcançam a melhor idade é um assunto obscuro e que merece uma atenção coletiva por parte do estado, sociedade, família e do próprio indivíduo que a vivencia.

O nível de atividade física declina com o avançar da idade (KURA et al., 2004). Porém, na presente pesquisa, a idade não foi um fator pre-ponderante na diminuição da prática de atividade física entre as mulheres. Parece-nos sensato dizer que essas mulheres assimilaram a importância da prática de atividades físicas, mesmo com idade avançada.

E assim como o nível de atividade física a qualidade de vida mostrou-se elevada nas diversas faixas etárias pesquisadas (p=0,569). Fica evidenciado que todas as mulheres pesquisadas possuíam além de alto grau de atividade física, envolvimento com diversas outras

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ativida-,8'-3+4:59*+);2:;8', Goiânia, v. 20, n. 5/6, p. 365-378, maio/jun. 2010.  des sociais, educacionais e de recreação, ou seja, sugere-se que a forma ativa com que essas mulheres vivem elevou o índice da qualidade de vida independentemente da idade que possuem.

A atividade física pode retardar declínios funcionais, além de diminuir o aparecimento de doenças crônicas em idosos saudáveis ou doentes crônicos. Melhora a saúde mental e freqüentemente promove contatos sociais. Ajuda as pessoas idosas a permanecerem independentes o máximo possível, pelo período de tempo mais longo. Além disso, pode reduzir o risco de quedas (OMS, 2005). Dessa forma, é propício dizer que atividade física influencia positivamente na qualidade de vida.

Contudo, ao se correlacionar o nível de atividade física e o índice de qualidade de vida das participantes da presente pesquisa, em todos os grupos classificados pelo IPAQ o escore total da EQVF manteve-se elevado, ou seja, a presença de atividade física, mesmo que em menor proporção na vida das alunas, mostrou-se importante (p=0,190). Esses resultados evidenciam a importância do envelhecimento ativo na promoção do envelhecimento com qualidade de vida.

A Organização Mundial da Saúde (2005) declara que envelhe-cimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. E esse envelhecimento ativo depende de uma diversidade de fatores “determinantes” que envolvem indivíduos, famílias e países.

A atividade física é um determinante comportamental do envelhe-cimento ativo, além de outros determinantes relacionados ao ambiente físico e social, fatores econômicos, sistemas de saúde e serviço social, aspectos pessoais e determinantes transversais como cultura e gênero (OMS, 2005). Compreende-se com isso, que alcançar uma vida com qualidade perpassa por esses determinantes.

Os achados desse trabalho ratificam a importância de se buscar um equilíbrio entre os fatores determinantes da qualidade de vida. Pois, como dito outrora, as participantes dessa pesquisa demonstraram uma boa qualidade de vida. E sugere-se que a conquista dessas mulheres se deve ao fato de além de serem ativas, terem a oportunidade de participar de atividades envolvendo aulas teóricas, oficinas temáticas, seminários, atividades lúdicas, de socialização, culturais, de desporto e lazer e ofici-na de fisioterapia preventiva; atividades que estão imbuídas dos fatores determinantes citados pela Organização Mundial de Saúde.

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CONCLUSÃO

Tendo como pressuposto os objetivos desta pesquisa, pôde-se perceber que a população estudada é, em sua maioria, constituída de idosas jovens, ativas e que possuem uma boa qualidade de vida. Sendo que a qualidade de vida mostrou-se em grande parte, relacionada à atividade física.

No entanto, mesmo com um nível menor de atividade física de algumas voluntárias, a satisfação com a vida permaneceu elevada, suge-rindo que não apenas o nível de atividade física influencia na qualidade de vida destas, mas também uma série de outros fatores, como por exemplo, participar das atividades propostas pela Unati-PUC Goiás.

QUALITY OF LIFE AND PHYSICAL ACTIVITY LEVEL OF EL DERLY COMMUNITY

Abstract: t

his study aimed to analyze the relationship between quality

of life and level of physical activity. We used the Questionnaire

In-ternational Physical Activity Questionnaire (IPAQ ), version 8, long

range and Quality of Life Flanagan. Through the results, the authors

emphasize the importance of active aging in promoting a

quality life.

Keywords: aging, quality of life, physical activity

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* Recebido em: 10.07.2010.

Aprovado em: 09.09.2010.

** Fisioterapeuta. Graduado em Fisioterapia pela PUC Goiás. Especialista em Saúde Pública e Programa Saúde da Família pela Uni-Evangélica de Anápo-lis. E-mail: welmer.alves@hotmail.com

*** Graduado em Fisioterapia pela PUC Goiás. Fisioterapeuta. E-mail: samuella-cerda@hotmail.com

****Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Goiás. Profes-sora na PUC Goiás. Orientadora deste estudo. Fisioterapeuta. E-mail: ruthlo-sada@uol.com.br

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Referências

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