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AVIFAUNA URBANA DO CLUBE ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL (AABB) EM IPORÁ, GOIÁS

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AVIFAUNA URBANA DO CLUBE ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO

BRASIL (AABB) EM IPORÁ, GOIÁS.

ÉDINA DAS GRAÇAS ROSA1, DANIEL BLAMIRES1 1

Universidade Estadual de Goiás.BR 153 Quadra Área, Km 99, Anápolis-Goiás.

RESUMO

O propósito deste estudo foi analisar a avifauna do Clube “Associação Atlética do Banco do Brasil” (AABB) em Iporá, Estado de Goiás, Brasil. O trabalho de campo foi desenvolvido entre novembro de 2007 a outubro de 2008, totalizando 48 visitas semanais, sendo a transecção a metodologia empregada para estimar a riqueza. Registrou-se 73 espécies de 28 famílias. A curva acumulativa segundo Mau Tao aproximando-se da distribuição assintótica, e o número estimado de espécies segundo Jacknife1 de 88,67 demonstram que a riqueza foi razoavelmente obtida. A análise de similaridade deste estudo com outros inventários em Goiânia (Campus da UFG), e Lago Pôr do Sol, em Iporá (LPS) demonstrou que: a) houve maior distanciamento de AABB e UFG em relação ao LPS, provavelmente devido ao menor número de espécies aquáticas nos dois primeiros inventários; b) houve maior similaridade entre AABB e UFG, ambas localidades com similar composição fisionômica. A classificação das espécies em categorias tróficas demonstrou um predomínio de espécies onívoras e insetívoras. Este estudo relata a dinâmica de uma avifauna numa localidade urbanizada do interior goiano.

Palavras-chave: Cerrado, Estado de Goiás, Aves, Ecologia urbana.

URBAN BIRDS OF ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL CLUB

(AABB) IN IPORÁ, STATE OF GOIÁS

ABSTRACT

The aim of this work was to analyse the birds of “Associação Atlética Banco do Brasil” Club at Iporá, Goiás State, Brazil. Fieldwork was developed between November 2007 and October 2008, totalizing 48 weekly visits, and transection was methodology used to estimate richness. We recorded 73 species from 28 families.

Mao Tao’s cumulative curve approximating to asymptotic distribution and 88.67 species estimated according

to Jacknife1 demonstrated that richness was satisfactorily sampled. A similarity comparison with other studies in Goiânia (UFG Campus) and “Lago Pôr do Sol” (LPS at Iporá) shows that: a); there were larger dissimilarity of AABB and UFG in relation to LPS, probably due to the smallest number of aquatic species in the first two inventories; b) there were a most similarity between AABB and UFG, which have similar physiognomic composition. The most of species were classified as occasional or probable resident. Classification in trophic categories reveals that most of species were omnivorous and insectivorous. This study reports the dynamics of an avifauna in a few urbanized locality from interior of Goiás State.

Keywords: Cerrado, Goiás State, Birds, Urban Ecology.

INTRODUÇÃO

Em ambientes urbanizados, as aves são um dos grupos animais mais pesquisados (Turner, 2003), já que seus estudos podem ser importantes para: fornecer informações para a preservação dos hábitats; constatar o surgimento de espécies sinântropas; e checar o desaparecimento das espécies incapazes de adaptarem-se aos hábitats

transformados (Matarazzo-Neuberger, 1998).

Assim, nos últimos anos, foram desenvolvidos importantes estudos com aves em vários ambientes urbanos brasileiros, como campi universitários (Motta-Júnior, 1990; Monteiro & Brandão, 1995 e Moura et al., 2005), quadras residenciais (Argel-de-Oliveira, 1995;

Matarazzo-Neuberger, 1995), lagos urbanos (Alves & Pereira, 1998; Silva & Blamires, 2007), e parques municipais (Valadão et al., 2006; Fuscaldi & Loures-Ribeiro, 2008).

Por outro lado, o Estado de Goiás situa-se no centro do Cerrado, apresitua-sentando, portanto, uma fauna significativamente representativa para este domínio, apesar de sua avifauna ainda ser pouco conhecida fora das proximidades da capital Goiânia (Silva, 1995). Ademais, nos últimos anos foram desenvolvidos poucos estudos com aves urbanas em Goiás (Monteiro & Brandão, 1995; Moura et al., 2005). Para a região centro-oeste de Goiás, um trabalho com aves urbanas foi desenvolvido por Silva & Blamires (2007) no

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lago urbano de Iporá, onde inexistiam estudos similares até então.

Assim, este trabalho tem o propósito de ampliar o conhecimento da ornitologia na região centro-oeste de Goiás, a partir da análise de uma comunidade de aves urbanas numa localidade em Iporá, com base em padrões de riqueza, similaridade com outros inventários, e categorias tróficas.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

Este trabalho foi desenvolvido no Clube da “Associação Atlética Banco do Brasil (AABB)”, situado na periferia da malha urbana

do município de Iporá (16º25’23’’S,

51º06’30’’W, 610 m de altitude), na região centro-oeste do estado de Goiás (figura 1). O clube possui cerca de 4 a 5 ha, e um perímetro de aproximadamente 1000 m.

Figura 1 - Localização geográfica do município de Iporá, Estado de Goiás, no centro-oeste brasileiro.

A AABB é utilizada para finalidades de

lazer, estando circundada por colégios,

residências, ruas com tráfego intenso, um lote baldio coberto por estrato de gramíneas de até 1 m de altura, e pastagens com árvores nativas esparsas (para criação de gado bovino). A área esteve sujeita a reformas estruturais durante todo o período de amostragem dos dados. O clube apresenta um parque aquático (constituído por duas piscinas), três campos gramados de futebol, além de edificações para atividades físicas e

recepções. A vegetação é caracterizada

principalmente por espécies exóticas para

ornamentação e sombreamento. Ademais, são também encontradas plantas nativas heliófitas e seletivo-xerófitas, como a caroba Jacaranda

cuspidifolia Mart., o piqui Caryocar brasiliense

Cambess., o baru Dipteryx alata Vogel, e o angico Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan

METODOLOGIA

Os dados foram amostrados

semanalmente entre novembro de 2007 a outubro de 2008, totalizando 48 visitas à área. Cada turno iniciou-se por volta das 6:50h, sendo concluído a

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aproximadamente 7:20h. O procedimento de registro das espécies, baseado em Bibby et al. (2000), foi uma transecção no perímetro da AABB, a fim de avaliar a avifauna do clube. Os registros foram feitos visualmente, com o uso de binóculos 10x50 mm e 20x50 mm, assim como pela identificação das vocalizações, tomando-se o cuidado para não registrar um mesmo indivíduo mais de uma vez. Os nomes científicos e vernáculos, bem como a sequência taxonômica empregados neste estudo, seguem a listagem do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2011). Uma curva acumulativa de espécies foi elaborada segundo o método da reamostragem Mau Tao (Colwell et al., 2004), e uma estimativa para a riqueza no Clube foi gerada a partir dos dados de ocorrência das espécies, através do estimador não-paramétrico Jacknife1,

com 1000 aleatorizações. Ambos os

procedimentos foram gerados com o programa

EstimateS 8.0, de Colwell (2006).

A listagem de espécies obtida na AABB também foi comparada com os inventários

avifaunísticos realizados no Campus da

Universidade Federal de Goiás, em Goiânia (UFG- Monteiro & Brandão, 1995), e no Lago Pôr-do-Sol, em Iporá (LPS- Silva & Blamires, 2007), os quais empregaram metodologia de amostragem de dados baseada em transecção e

censo, tal como neste estudo (Monteiro & Brandão, 1995; Silva & Blamires, 2007). Esta comparação foi realizada com base no coeficiente de similaridade de Kulcszynsky, calculado com o uso do programa NTSYS 2.2 (Numerical

Taxonomy Analyses System, de Rohlf, 2002).

As espécies foram agrupadas em

categorias tróficas com base em informações sobre hábitos alimentares segundo Willis (1979), Motta-Júnior (1990), Ridgely & Tudor (1994), Sick (1997), e Sigrist (2006), sendo consideradas as seguintes categorias: insetívoros (INS), onívoros (ONI), frugívoros (FRU), granívoros (GRA), nectarívoros (NEC) e carnívoros (CAR).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registradas 73 espécies de aves na AABB, pertencentes a 28 famílias (Tabela 1). As famílias com maior número de espécies foram Tyrannidae (12 ou 16,4%), Columbidae (7 ou 9,5%) e Emberizidae (6 ou 8,2%). A curva acumulativa de Mau Tao aproximando-se da distribuição assintótica (figura 2) a partir do décimo mês de amostragem, e a riqueza estimada segundo Jacknife1 de 88,67 (pendente final= 1,22), demonstram que a riqueza de aves do clube foi razoavelmente obtida.

Tabela 1 - Espécies de aves registradas na Associação Atlética Banco do Brasil, em Iporá, na microrregião centro-oeste de Goiás, entre novembro de 2007 e outubro de 2008. Os nomes científicos, vernáculos, e a sequência taxonômica seguem CBRO (2011). CT: categorias tróficas (INS= insetívoros, ONI= onívoros, FRU= frugívoros, GRA= granívoros, NEC= nectarívoros, CAR= carnívoros).

Família Espécie Nome vernáculo CT ARDEIDAE Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) Maria-faceira ONI THRESKIORNITHIDAE Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) Curicaca ONI

ACCIPITRIDAE Ictinia plumbea (Gmelin, 1788) Sovi INS

Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Gavião-carijó CAR

FALCONIDAE

Caracara plancus (Miller, 1777) Caracará CAR Milvago chimachima (Vieillot, 1816) Carrapateiro CAR Falco femoralis Temminck, 1822 Falcão-de-coleira CAR CHARADRIIDAE Vanellus chilensis (Molina, 1782) Quero-quero ONI

COLUMBIDAE

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Rolinha-roxa GRA Columbina squammata (Lesson, 1831) Fogo-apagou GRA Columba livia Gmelin, 1789 Pombo-doméstico ONI Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) Pombão GRA Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) Pomba-galega GRA Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu FRU

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Tabela 1 (Continuação) - Espécies de aves registradas na Associação Atlética Banco do Brasil, em Iporá, na microrregião centro-oeste de Goiás, entre novembro de 2007 e outubro de 2008. Os nomes científicos, vernáculos, e a sequência taxonômica seguem CBRO (2011). CT: categorias tróficas (INS= insetívoros, ONI= onívoros, FRU= frugívoros, GRA= granívoros, NEC= nectarívoros, CAR= carnívoros).

Família Espécie Nome vernáculo CT

PSITTACIDAE

Ara ararauna (Linnaeus, 1758) Arara-canindé FRU Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776)

Periquitão-maracanã FRU Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818)

Periquito-de-encontro-amarelo FRU Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) Maitaca-verde FRU

CUCULIDAE

Piaya cayana (Linnaeus, 1766) Alma-de-gato INS Crotophaga ani Linnaeus, 1758 Anu-preto INS Guira guira (Gmelin, 1788) Anu-branco INS STRIGIDAE Glaucidium brasilianum (Gmelin, 1788) Caburé ONI

TROCHILIDAE

Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839)

Rabo-branco-acanelado NEC Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) Beija-flor-tesoura NEC Aphantochroa cirrochloris (Vieillot, 1818) Beija-flor-cinza NEC Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817)

Beija-flor-de-veste-preta NEC Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788)

Beija-flor-de-garganta-verde NEC GALBULIDAE Galbula ruficauda Cuvier, 1816

Ariramba-de-cauda-ruiva INS BUCCONIDAE Monasa nigrifrons (Spix, 1824) Chora-chuva-preto ONI

RAMPHASTIDAE

Ramphastos toco Statius Muller, 1776 Tucanuçu ONI Pteroglossus castanotis Gould, 1834 Araçari-castanho ONI

PICIDAE

Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Pica-pau-verde-barrado INS Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Pica-pau-do-campo INS Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766)

Pica-pau-de-banda-branca INS THAMNOPHILIDAE

Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) Choca-barrada INS Taraba major (Vieillot, 1816) Choró-boi INS

FURNARIIDAE

Furnarius rufus (Gmelin, 1788) João-de-barro ONI Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Petrim INS TITYRIDAE Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) Caneleiro-preto INS

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Tabela 1 (Continuação) - Espécies de aves registradas na Associação Atlética Banco do Brasil, em Iporá, na microrregião centro-oeste de Goiás, entre novembro de 2007 e outubro de 2008. Os nomes científicos, vernáculos, e a sequência taxonômica seguem CBRO (2011). CT: categorias tróficas (INS= insetívoros, ONI= onívoros, FRU= frugívoros, GRA= granívoros, NEC= nectarívoros, CAR= carnívoros).

Família Espécie Nome vernáculo CT

TYRANNIDAE

Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Risadinha ONI Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822)

Guaracava-de-barriga-amarela ONI Phaeomyias murina (Spix, 1825) Bagageiro ONI Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) Primavera INS Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766)

Bentevizinho-de-asa-ferrugínea INS Casiornis rufus (Vieillot, 1816) Caneleiro INS Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Bem-te-vi ONI Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) Suirirí-cavaleiro INS Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Neinei ONI Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Suiriri INS Tyrannus savana Vieillot, 1808 Tesourinha INS Griseotyrannus aurantioatrocristatus (d'Orbigny &

Lafresnaye, 1837)

Peitica-de-chapéu-preto INS

VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Pitiguari INS

HIRUNDINIDAE

Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817)

Andorinha-serradora INS Progne chalybea (Gmelin, 1789)

Andorinha-doméstica-grande INS TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus Naumann, 1823 Corruíra INS TURDIDAE Turdus leucomelas Vieillot, 1818 Sabiá-barranco ONI MIMIDAE Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) Sabiá-do-campo ONI COEREBIDAE Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Cambacica INS

THRAUPIDAE

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) Sanhaçu-cinzento ONI Tangara palmarum (Wied, 1823)

Sanhaçu-do-coqueiro ONI Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Saíra-amarela ONI Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) Figuinha-de-rabo-castanho GRA

EMBERIZIDAE

Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Tico-tico GRA Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766)

Canário-da-terra-verdadeiro GRA Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Tiziu GRA Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) Baiano GRA Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) Coleirinho GRA

ICTERIDAE

Cacicus cela (Linnaeus, 1758) Xexéu ONI

Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) Encontro ONI Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) Graúna ONI Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) Vira-bosta ONI FRINGILLIDAE Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Fim-fim ONI

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0 20 40 60 80 100

NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT

Meses

R

iq

u

ez

a

Mao Tau Jacknife 1

Figura 2 - Curva acumulativa de Mau Tao e Jacknife1 para a riqueza de aves no Clube Associação Atlética dos Amigos do Banco do Brasil (AABB), em Iporá, no período de novembro de 2007 a outubro de 2008.

A análise de similaridade segundo o índice de

Kulczynsky demonstrou, a princípio, um maior

distanciamento da UFG e AABB em relação ao LPS (0,538 e 0,625, respectivamente), o que pode estar relacionado à baixa proporção de espécies associadas a hábitats aquáticos nos dois primeiros inventários, que foram em geral desenvolvidos em áreas com hábitats predominantemente terrestres (Monteiro & Brandão, 1995; presente estudo). Uma similaridade moderada fora obtida entre AABB e LPS (0,625), sendo ambos os inventários desenvolvidos em localidades na malha urbana de Iporá, e distantes entre si apenas 2 km (Silva & Blamires, 2007; presente estudo). Contudo, uma notável similaridade foi constatada entre UFG e AABB (0,714), ambas as áreas com distintos tamanhos, porém similar composição fisionômica (ver área de estudo em Monteiro & Brandão, 1995; e neste estudo), capazes assim de favorecer o predomínio de espécies associadas a hábitats campestres e florestais.

Na tabela 1 encontram-se

discriminadas as categorias tróficas para cada espécie, enquanto na tabela 2 são apresentados os totais de espécies agrupadas em guildas tróficos. Houve um predomínio das espécies onívoras e insetívoras, seguidas das granívoras. De fato, este padrão já era esperado, tal como anteriormente observado para outras localidades urbanas

brasileiras (Motta-Júnior, 1990;

Argel-de-Oliveira, 1995; Matarazzo-Neuberger, 1995; Valadão et al., 2006; Silva & Blamires, 2007; Fuscaldi & Loures-Ribeiro, 2008). Assim, um aumento de onívoros é esperado em áreas antropizadas, as quais podem desempenhar um efeito tampão contra flutuações no estoque de alimentos, e se os atuais níveis de antropização persistirem, haverá uma tendência gradativa de aumento nos ambientes da representatividade das espécies onívoras, e provavelmente insetívoras menos especializadas (Willis, 1979; Motta-Júnior, 1990).

Tabela 2 - Totais de espécies da avifauna do Clube Associação Atlética Banco do Brasil em Iporá, Goiás, distintas por categorias tróficas e respectivas proporções. DIETA ESPÉCIES (%) Onívoros 25 (34,2) Insetívoros 24 (32,8) Granívoros 10 (13,7) Frugívoros 5 (6,9) Nectarívoros 5 (6,9) Carnívoros 4 (5,5) TOTAL 73

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Em suma, este estudo relata a dinâmica de uma avifauna numa pequena localidade urbanizada do interior goiano. Recomendamos novos estudos similares, sobretudo nas cidades mais distantes da capital Goiânia, a fim de ampliar o conhecimento da avifauna em pequenas áreas urbanizadas no Estado de Goiás, no centro do Cerrado.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos senhores Sebastião Cardoso de Morais, presidente do Clube Associação Atlética Banco do Brasil e Wellington Santana dos Santos, zelador do Clube, pela hospitalidade ao longo de todo o período coleta de dados. Jennifer Gonçalves Ponciano auxiliou durante parte das atividades de campo. Marcelo Ferreira de Vasconcelos leu criticamente uma versão anterior do manuscrito, e Flávio Alves de Souza confeccionou o mapa.

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Recebido em / Received: 2011-10-01 Aceito em / Accepted: 2012-07-08

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Figura  1  -  Localização  geográfica  do  município  de  Iporá,  Estado  de  Goiás,  no  centro-oeste  brasileiro
Tabela  1  -  Espécies  de  aves  registradas  na  Associação  Atlética  Banco  do  Brasil,  em  Iporá,  na  microrregião centro-oeste de Goiás, entre novembro de 2007 e outubro de 2008
Tabela  1  (Continuação)  -  Espécies  de  aves  registradas  na  Associação  Atlética  Banco  do  Brasil,  em  Iporá,  na  microrregião  centro-oeste  de  Goiás,  entre  novembro  de  2007  e  outubro  de  2008
Tabela  1  (Continuação)  -  Espécies  de  aves  registradas  na  Associação  Atlética  Banco  do  Brasil,  em  Iporá,  na  microrregião  centro-oeste  de  Goiás,  entre  novembro  de  2007  e  outubro  de  2008
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