• Nenhum resultado encontrado

Ócio, lazer e turismo: avanços e recuos das formas do entretenimento humano / Idleness, leisure and tourism: advances and retreats of the human entertainment forms

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Ócio, lazer e turismo: avanços e recuos das formas do entretenimento humano / Idleness, leisure and tourism: advances and retreats of the human entertainment forms"

Copied!
19
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Ócio, lazer e turismo: avanços e recuos das formas do entretenimento

humano

Idleness, leisure and tourism: advances and retreats of the human

entertainment forms

DOI:10.34117/bjdv6n7-306

Recebimento dos originais: 10/06/2020 Aceitação para publicação: 14/07/2020

Luzia Neide Coriolano

e-mail: luzianeidecoriolano@gmail.com

RESUMO

O texto analisa ócio, lazer e turismo como formas de entretenimento humano, no processo civilizatório. A sociedade flexível, ao recuperar a crise industrial, coloca os serviços em evidência e torna ócio, lazer e turismo novas centralidades. Mas a dialética do trabalho e do tempo livre, da produção fabril não tira a possibilidade de, no tempo marcado pela obrigação do trabalho, surgirem momentos de ócio, posto que nem o trabalho, nem o capital dominam por completo o trabalhador. E as pessoas encontram formas de resistência aos modelos de lazeres convencionais. O que se explica são mudanças de forma de entretenimento humano, no decorrer do tempo, e as do turismo, em decorrência da passagem do capitalismo industrial para o flexível. Adota-se metodologia dialética, caminho que se propõe a desvendar a realidade estudada pela contradição inerente ao fenômeno e mudanças que ocorrem dialeticamente na sociedade. O objeto investigado e sempre visto como processos inacabados, em movimento, sempre em via de se transformar e desenvolver, sendo fim sempre um novo começo. Assim, os avanços e recuos do entretenimento nem sempre são provenientes de mudanças nos aspectos cotidianos das pessoas, muitas vezes de revoluções políticas e econômicas implantadas pelos grupos de interesses, com hegemonia no espaço mundial. Conclui-se que a metamorfoConclui-se do trabalho cria novas centralidades, em especial a do lazer. E embora o ócio tenha sido associado a ociosidade, a análise crítica exige reconsideração do conceito e da prática do ócio, admitindo-o associado ao lazer da sociedade contemporânea. É o que se defende neste ensaio.

Palavras chave: trabalho, ócio, lazer, turismo, totalidade. ABSTRACT

This text aims to evaluate idleness, leisure and tourism as human entertainment form on civilizing process. When the flexible society recovers of the effect of industrial crisis, it makes idleness, leisure and tourism turn into new centralities. However, the dialectics of work and free time of factory production does not take the possibility of, at the time marked by the work obligation, to exist moments of free idleness, it means that neither the work nor the capital dominate the workers in totality. Additionally, people find ways to resist to the idleness conventional models. What explains changes on the forms of human entertainment over time and the changes of tourism due to the passage from the industrial to the flexible capitalism. We adopted dialectical methodology to understand the studied reality of the contradiction inherent to the phenomenon and changes that occur dialectically in the society. The object investigated and always seen as unfinished processes, in movement, always about to change and develop, being an end and a new start. Therefore, the advances and retreats of entertainment are not always come from changes on the daily aspects of people, but many times come

(2)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

from politic and economic revolutions planted by groups of interests, with hegemony on world space. The work metamorphosis creates new centralities, especially the leisure one. Moreover, critical analysis requires reconsideration of the concept and practice of idelness, admiting it associated to leisure the contemporary Society, which is defended in this text.

Key-words: work, idleness, leisure, tourism, totality.

1 INTRODUÇÃO

Este texto remete a reflexões sobre ócio, lazer e turismo, formas de entretenimento humano, usufruídas no decorrer do processo civilizatório em diferentes etapas de crescimento da humanidade e associadas as mudanças de concepção de trabalho. Processo que modifica as necessidades básica da vida humana, redirecionam o ócio tentando substituí-lo por lazer e turismo. Nem sempre o comportamento humano foi da maneira como é denominado agora, “civilizado”, ocorrem mudanças e o processo de mudança constitui o processo de civilização. A transformação na e da conduta das pessoas constitui processo civilizatório explicado por Norbert Elias (1968) ao mostrar mudanças nos padrões de comportamento da sociedade ocidental. A viagem de lazer emerge no contexto em que se evidenciam transformações na concepção de trabalho e entretenimento, na sociedade que acelera o ritmo de transformações socioespaciais e apresenta formas de consumo cultural de lazer. O mar e o litoral atrativos ao lazer e turismo, na contemporaneidade, situam-se na faixa de alta hierarquia, antes considerado algo “tenebroso”. Veja-se que nem sempre se usou garfos à mesa, nem celulares, wifi e whatsApp, para comunicação com pares.

Ao esgotamento de forças de trabalho as pessoas buscam descontração e relaxamento, procuram desanuviar, entretenimento em meio ao trabalho, como fazem ainda comunidades tradicionais, sobretudo orientais. Historicamente o trabalho passa de castigo a privilégio. Sem preocupação com a acumulação capitalista, o trabalho realiza-se sem exacerbação, como forma de atendimento à satisfação humana ou de subsistência e, assim, dignifica quem trabalha. O trabalho associa-se ao ócio, necessidades axiológicas ou valorativa. As necessidades humanas essenciais por intrínseca à pessoa, são as mesmas em todos os lugares e tempos, e apenas: ser, ter, estar e fazer na concepção de Max Neff (2012) e as necessidades axiológicas que remetem ao conceito de valor, na concepção de Nietzsche e estudos de Robertson (2016) derivado da cultura de grupo ou sociedade, portanto, construção histórica.

Nas comunidades primitivas, trabalho e ócio constituem formas de satisfação das necessidades humanas. O ócio tinha-se como necessidade e a prática dependia apenas da vontade pessoal, criatividade voluntária e libertadora, essencial à realização humana. De Masi (2000, p. 13), afirma que até o advento da indústria, “os aristocratas, proprietários de terras e intelectuais não trabalhavam”.

(3)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Os que trabalhavam pobres, escravos e servos inventavam formas de ócio, que, assim como o comer e o dormir suspeitavam-lhes a vida. A sociedade industrial transmuta o trabalho em forma de acumulação, renega o ócio transformando-o em negócio, faz emergir o lazer e turismo, associados ao consumo. Evidentemente o ócio é apenas mascarado, posto que é necessidade humana, sendo lazer e turismo necessidades induzidas pelo avanço do modo de vida.

O modo de produzir acelera a tendência de uso de máquinas no trabalho, em lugar de pessoas deixando-as com tempo desocupado, pela invenção de máquinas cada vez mais inteligentes. Se antes se substituíam as mãos humanas, agora tentam fazê-lo com o cérebro. Tempo desocupado é aquele em que o trabalho está ausente porque a pessoa foi demitida para dar lugar às maquinas que realizam trabalhos sem reclamação e em maior proporção, ou não encontra emprego. De Masi (2000) antevê a possibilidade de libertação definitiva do trabalho pesado, desgastante, que máquinas fazem melhor e de soma de vantagens do bem-estar industrial ao gozo do tempo liberado para o “ócio criativo”. Criativo, porque em momentos de descontração, relaxamentos o cérebro cria, projeta, inventa, leva ao deleite. Aprimora a inteligência fazendo coisas que apenas pessoas realizam, maquinas não conseguem realizar. Ócio e negócio, trabalho e não-trabalho misturam-se, demonstrando flexibilidade da sociedade capitalista que se reinventa constantemente produzindo diferentes prática socioespaciais. Entre estas lazer e turismo que transformam e dinamizam espaços, paisagens e relações culturais e de poder nos territórios.

O texto objetiva analisar ócio, lazer e turismo como formas de entretenimento humano da sociedade de economia flexível que assinala confrontos com a rigidez da produção fordista e coloca o setor terciário na dinâmica da mundialização do capital, conforme Chesnais (1996). A crise do capitalismo industrial desvia a produção dura, de massa para flexível com evidencia nos serviços: financeiros, mercadológicos, comercias, tecnológicos e organizacionais que passam a absorver a força de trabalho que a indústria libera, dando destaque a lazer e turismo. As economias modernas chegam ao terciário superior com serviços voltados à educação, saúde, ócio, lazer e turismo com foco na qualidade de vida, no bem viver. Deixa o trabalho de ser a única centralidade hegemônica, criam-se outras entre elas lazer e turismo. Se a sociedade industrial faz do trabalho referência, a sociedade flexível, do conhecimento (SENSE, 2008) e da informação (Castells,2000) promove referências lazer e turismo, para oferecer novos campos de semeaduras. E, assim, o trabalho, base estruturadora da sociedade industrial e categoria chave da análise científica que mantinha lazer e turismo em posição periférica, dá lugar à novas centralidades ou referências das análises acadêmicas. A metamorfose do trabalho cria novas referências, é o que se defende no texto, pois a sociedade flexível não justifica trabalho como único fio condutor das análises cientificas.

(4)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

educação, conhecimento, informação, lazer, turismo, em sustentação ao trabalho industrial. Desenvolve-se a produção simbólica e social evidenciando ócio, lazer e turismo. No contexto do processo civilizatório, a sociedade flexível desmantela a hegemonia do trabalho, coloca serviços na vanguarda da produção e instiga as questões que se investiga: como o ócio, lazer e turismo emergem no contexto histórico da flexibilidade e articulam hodiernamente o consumo e indústria do lazer? Quais as resistências frente ao lazer mercadoria? Objetiva-se analisar avanços e recuos do entretenimento humanos no processo civilizatório, sobretudo a articulação de trabalho e lazer que passam a centralidades analíticas. È isso o que se defende nesse ensaio.

2 A VISÃO METODOLÓGICA DA ANÁLISE

Para a corrente teórico-metodológica crítica, radical, se o turismo é atividade capitalista serve para exploração de pessoas e territórios, é apenas forma diferenciada de acumulação de capital. Nessa visão torna-se inviável pensar turismo como atividade humanitária, encontro de pessoas, viagem de amigos que curtem a vida e lugares com pouco consumo, buscam bem-estar e qualidade de vida. Não há como conceber o turismo sem foco no consumo, voltado ao crescimento pessoal, partilhas, troca de saberes, vivência que levem a qualidade de vida.

Na visão dialética, crítica, não radical, visão da autora, o turismo mesmo atividade capitalista, contraditória, voltado às intencionalidades de mercado e consumo, pode sair deste foco e criar oportunidades de trabalho, lazer, bem-estar e qualidade de vida. A exploração não está na atividade em si, mas na forma como é realizada. Mentalidade simplista, reducionista, não tem significado no mercado flexível, onde consumidores, turistas e empresários compreendem que o mercado mudou exigindo mudança dos negócios que se voltam às pessoas, tanto as que trabalham como as que fazem lazer. Daí empresas zelarem pela satisfação de clientes em especial, no turismo. A dialética admite ser o modo de produção da vida material condutor do processo de explicação da realidade e não a teoria, considera básico o entendimento de que o objeto analisado é histórico, processual, em constante movimento de negação, contradição e conflito, pois o confronto, entre o pensamento elaborado e novo pensamento, gera tensão. O real investigado é resultado de práticas sociais, síntese de múltiplas determinações, e apreendê-las exige analisar, interpretar à luz de teorias e conceitos, base da produção. Assim, ocio, lazer e turismo sofrem avanços e recuos de acordo com as determinações da sociedade que as praticam.

3 TRABALHO E ÓCIO DESCONECTADOS: UMA TOTALIDADE EM CONFLITO

O mundo permanece rural por muito tempo, da Antiguidade à Idade Média quando trabalho era ato indigno, árduo, reservado a negros, servos, pessoas consideradas inferiores e más, pelo que

(5)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

mereciam castigadas. Nada melhor que trabalho para apená-los (HUBERMAN, 1986). Comunidades primitivas mesclavam trabalho com distração, desopilação, entretenimento, descontração, repouso ou ócio, sem o rigor do controle do tempo. Martins (2014) confirma que, nas sociedades pré-capitalistas, o trabalho integrava as elaborações naturais do cotidiano e nele se continham diversões, brincadeiras, jogos, ações lúdicas, tempo subjetivo e do trabalho em intrínsecas relações. Contemporaneamente, em sociedades com industrialização não hegemônica, o ócio, o lúdico e o criativo ainda se fazem presentes.

O mundo, na explicação de Milton Santos (1996), “é abstração” considerando que não há espaço geográfico denominado mundo, existem países, estados, municípios, cidades ou lugares que têm nomes e onde se vive a cotidianidade do trabalho, do lazer e da vida. Assim, “cada lugar é, a sua maneira, o mundo, ” afirma o pensador (1966, p. 252). E lugares marcados pelas ações de trabalho e lazer, sejam espaços rurais, urbanos, industriais, religiosos, balneários e turísticos.

O milenar espaço rural do Velho Mundo, conhecido pelos europeus até o século XV, Eurásia e África, ou continentes europeu, asiático e africano, e arquipélagos da Micronésia, estenderam a ruralidade até a emergência do capitalismo, ao sair da Idade Média. A produção capitalista incide na transformação econômica inerente aos espaços e, assim, o capitalismo industrial torna lugares, urbanos e urbanizados, além de industrializados, espetacularizados para submissão aos negócios. As cidades viram mercadorias caras. O modo de produção faz o trabalho privilégio, introspecta, em cada um, a ideia de que é triste, feio e vexatório não trabalhar, dando ao ócio conotação pejorativa associando-o à preguiça e vagabundagem.

A ideia de trabalho chega à exaustão, torna pessoas viciadas, e muitos o fazem por compulsão, pelo prazer de produzir e ser útil. As pessoas se conhecem como workaholics, criação de Wayne Oates, em 1971. O psicólogo esclarece que viciados pelo trabalho “têm o autocontrole da atividade, são felizes e se sentem realizados com o que fazem”. Assim, diferente dos explorados como força de trabalho, produzem mais valia, lucro, acumulação e trabalham não pelo prazer de produzir e criar, posto que fazem trabalho alienado. Os que realizam o trabalho livre são estimulados ao desenvolvimento das potencialidades e podem usufruir do ócio, enquanto trabalhadores explorados são privados das condições para que isso aconteça e o fazem por necessidade. No espaço rural, o trabalhador não mede a duração do tempo de trabalho, importante é realizar a atividade. A ideia de medir o tempo de trabalho surge com a manufatura quando se determina a hora de entrada e saída da fábrica. O tempo é o elemento de articulação do conceito de trabalho, define valor do trabalho e todo o tempo não dedicado ao trabalho é improdutivo. Daí por que ócio é oposição à lógica capitalista e tem significado negativo sendo igual a ociosidade.

(6)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

No capitalismo, a relação capital e trabalho tem foco no lucro e não no desenvolvimento humano, sendo o trabalho a principal referência, fio condutor do modo de produção capitalista. O capitalismo industrial dá ao trabalho centralidade hegemônica. O trabalho humano é contraditório, cria condições de apropriação da natureza que leva pessoas a criativas, inventivas de instrumentos de trabalho, meios técnicos e empreendimentos, mas a força de trabalho explorada produz trabalho alienado. A segunda natureza criada pelo trabalho humano é aprimorada, habilidades avançam com novas tecnologias, à medida que avança o trabalho e as formas de executá-lo. Nesse contexto, não são as pessoas foco de interesse, senão o capital. O tempo dominante cósmico rende-se ao do relógio, que associa tempo a dinheiro. É a organização moderna no tempo social e laboral que reestrutura o ritmo vital para tornar possível a sociedade fabril, mas a vida humana permanece associada ao trabalho e ao ócio.

O trabalho, além de suprir necessidades de subsistência, leva ao crescimento pessoal, promove avanço e transformação do processo civilizatório, modifica as formas de entretenimento. Trabalhar significa dar parcelas de vida a quem vai usufruir do tempo trabalhado, ou seja, “dar tempo a alguém é o maior ato de doação, pois se dá a coisa mais preciosa que se tem, a vida”, afirma Oda (2016, p.8). Do trabalho resulta a produção de riqueza que, no capitalismo, significa lucro, renda, acumulação, mais valia, crescimento econômico, implicando a exploração da força de trabalho e anulação do ócio. Certo está Russel (2002, p. 26) ao afirmar que o trabalho não é o principal objetivo da vida humana, se fosse, a maioria das pessoas gostaria de trabalhar. Assim, o trabalho é quase sempre contraditório, pois no capitalismo dificilmente quem trabalha deixa de se alienar do produto. Realidade que promove a busca de alternativas de produção, com emergência de trabalhos solidários, comunitários, que assegurem condições de humanização em que trabalho e ócio voltem a ser totalidade, como nas comunidades primitivas.

4 O ÓCIO COMO NECESSIDADE BÁSICA DO SER HUMANO

Ócio é uma necessidade axiológica, valorativa, e faz parte da vida das pessoas, sem distinção de classe, raça, cor ou credo por ser forma de aproveitamento de parte do tempo, de acordo com a vontade e na intimidade de cada um. Todos são levados a ficar em ócio, mesmo de forma inconsciente. Se lazer é invenção da sociedade industrial que torna o ócio e entretenimento mercadoria e o turismo do capitalismo, pode-se dizer que ócio é invenção humana, atende exclusivamente à necessidade humana, não ao mercado. Ócio a arte de não fazer nada, de adiar, respirar, meditar, vegetar, bocejar, cochilar, tomar banho com aromaterapia e tudo mais, saborear na ponta da língua, degustar, ouvir na intuição, e esperar por nada, matar o tempo no cansaço. Significa “matar o tempo”, direito à preguiça (LAFARGUE, 2000). Na cultura judaico cristã, a ociosidade

(7)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

considera-se mãe de todos os vícios, mentalidade que se projeta nos seguidores. Recupera-se a autenticidade da prática, ao emergir a ideia de readmiti-lo para promoção do bem viver na contemporaneidade.

A palavra preguiça é ambígua, com conotação pejorativa de aversão ao trabalho e gosto pela malandragem; significa também repouso, descanso, não ambição, e “os poetas gregos consideravam o ócio presente dos deuses, ” diz Russel (1932, p.). Ócio é o “estado da mente e do espírito que convida as musas”, fonte de inspiração dos poetas (RUSSEL, 1932), criativo. E acrescenta o clássico em: Um ensaio sobre o trabalho, escrito em 1932, (p. 8) “um grande mal está a ser causado no mundo moderno pela crença na virtuosidade do trabalho e que ele é caminho para a felicidade e prosperidade”. Pressente o pensador de ideias humanitárias que o trabalho não atende às necessidades humanas e passa a defender o ócio, escrevendo, em 1934, o livro Elogio do Ócio. Lafargue, em 1880, também escreve sobre trabalho e lazer no livro O Direito à Preguiça, no qual critica o trabalho considerando-o forma de exploração, instiga trabalhadores a não trabalhar para não contribuir com a acumulação, o que justifica ao questionar “trabalhar para que, para ficarem mais pobres, ” pela exploração capitalista. O autor exalta a preguiça e subestima o trabalho, justifica a não necessidade do trabalho e remete confiança evangélica narrada por São Mateus, no Capítulo 6, versículos 28 e 29.

E por que andais preocupados quanto ao que vestir? Observai como crescem os lírios do campo, eles não trabalham nem tecem. Eu, contudo, vos asseguro que nem Salomão com todo esplendor de sua glória, vestiu-se como um deles. (SÃO MATEUS apud LAFARGUE, 2000, p. 27).

Trata-se de crítica ao trabalho capitalista emergente, do reconhecimento ao ócio e de denúncia à maldição do trabalho assalariado, apontando a necessidade de superá-lo. O ócio é tão antigo quanto o trabalho, modernamente, constitui obstáculo ao modo de produção capitalista, o que requereu revoluções políticas e tecnológicas, na segunda metade do Século XVIII. A sociedade industrial para se estruturar precisa do trabalho de todos, não mais de escravos e servos, e tanto desconstrói o ócio e implementa o paradigma trabalho. Ideias introjetadas afetam profundamente o comportamento social e mudam hábitos e atitudes. A introjeção da ideia de trabalho destrona o ócio que se associa à preguiça, inutilidade e improdutividade, leva a acreditar que o trabalho é necessidade e dignifica as pessoas. Max-Neff (2012) esclarece a proposição em contraponto, ensinando que a essência dos seres humanos é expressa de forma clara por meio das necessidades humanas concebidas como potencial e privação.

As necessidades existenciais são: de ser, ter, fazer e estar; e as necessidades axiológicas: de subsistência, proteção, afeto, entendimento, participação, identidade, liberdade, ócio e criação (2012, p. 34).

(8)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Explica Max-Neff (2012) que as necessidades humanas são apenas essas, em todos os lugares e em todos os tempos, mudam satisfatores ou formas de alcançá-las. O ócio é, pois, necessidade básica que não se pode anular, sendo o trabalho forma de satisfação de diferentes necessidades, com variâncias, por ser satisfator de necessicadade. Há diversas formas de trabalho ou de satisfatores. Alerta Max-Neef, acerca da existência e relevância dos bens econômicos, que são apenas satisfatores capazes de satisfazer as necessidades existenciais e axiológicas. Ao propor modelo de desenvolvimento à escala humana, Max-Neef destaca a relação dialética entre necessidades, satisfatores e bens econômicos, entretanto isso “torna-se necessário para a concepção de formas de organização econômica nas quais os bens possam ser instrumentos com que satisfatores irão permitir que as necessidades sejam vivenciadas de maneira coerente, sadia e plena” (MAX-NEEF, 2012, p.36). Para o teórico, trabalho não é necessidade, mas sim satisfator de necessidades, assim como alimentos, casas, roupas, carros, escolas, livros, computadores, celulares entre infinidades de coisas que se utilizam.

O ócio é necessidade e, assim, pode ser usufruído sem a interferência do Estado, mercado, empresas e consumo. O modo de produção capitalista, ao descartar o ócio, gratuito e libertador, cria formas compensatórias para substitui-lo, mas, ao mesmo tempo, voltado ao consumo, assim surge o lazer mercadoria. O lazer, fruto da sociedade industrial, é mercadoria para consumo e forma de recuperação da força de trabalho, assim como o turismo que é o lazer em viagem, com maiores oportunidades de consumo, a começar pela viagem. Pois é o lazer dos viajantes. O ócio está no âmbito pessoal, remete à intimidade e representa algo liberatório, gratuito, hedônico, próprio de pessoas que adotam o prazer e a felicidade como bens supremos da vida. Embora abrigue a ideia de repouso, descanso e tranquilidade, não fica no plano estático, remete a sensações suaves, conscientes e gratificantes. Explica Cuenca Cabeza (2009), estudioso do ócio, que se trata de experiência humana gratuita, livre, alegre e com fim em si, ou seja, voluntária e entendida como necessidade primária, de caráter construtivo da experiência humanista. É uma experiência propiciada pelo estado mental que permite desfrutar algo consigo mesmo, sem depender de outra pessoa. Exclui o trabalho e o tempo das necessidades biológicas. A vivência do ócio ganha significação, importância e qualidade, à medida que não representa mero “hobby” e se insere na vida das pessoas quebrando barreiras do tempo objetivo, convencional. Afirma Cuenca Cabeza (2009) que a prática do ócio depende do estado físico, emocional, intelectual e espiritual e também de valores de cada pessoa.

A vivência do lazer e turismo começa muito antes de realizá-los, permite que se antecipe o prazer de esperança e ilusão da experiência. O ócio é uma experiência pura, o que se faz, mas poderia não se fazer – “aquilo que não é necessário, quer do ponto de vista da produção econômica, quer do

(9)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

da sobrevivência da espécie, e da manutenção dos valores culturais”, afirma Fourastié (1979, p.10). O ócio situa-se no plano adequado à realização de atos, livre, não é guiado pelos objetivos ou propósitos úteis, também se distancia das necessidades de consumo. Acrescenta Cuenca Cabeza (1979, p. 11) “fica perto de outras necessidades humanas tão importantes como a necessidade do saber, do agir e do expressar-se.

Estudiosos do ócio: Cuenca Cabeza (2003, Fourastié (1979), Baptista, (2014) De Masi (2000), Russell (2002), Martins (2014), Rhonden (2014), Coriolano e Vasconcelos (2014) afirmam que o ócio, criativo e libertador, perdeu hegemonia no capitalismo industrial, mas se alça à sociedade flexível. O tempo surrupiado pelo trabalho e princípios capitalistas é, em parte, devolvido à produção flexível podendo ser usufruído com novas formas de ócio e lazer, em bolhas de tempo que remetem à histórica tensão entre espaços de produção e de ócio. A produção exige competitividade e dedicação inclusiva, e pessoas cada vez mais conscientes lutam pela liberdade e tempo para criatividade humana. A flexibilização de horários de trabalho e a crescente incorporação da comunicação mediatizada com usos digitais fizem aparecer bolhas de tempo de ócio com usos de celulares, notebooks, tornando possíveis intercâmbios comunicativos breves que não deixam de ser entretenimento, e momentos de ócio, necessidade fundamental. Assim, o trabalho, eixo estruturante da vida cotidiana familiar e social em crise, nas últimas décadas, perde predominância e leva Baptista (2014) a afirmar o trabalho muda e mudam as pessoas, pois:

Deixa emergir uma temporalidade humana ociosa, de modo que pode promover a existência para outro modo de conhecimento, de desenvolvimento e de aproximação da pessoa com si própria, na escuta do que lhe é mais íntimo e próprio. (BAPTISTA, 2014, p 96).

Explica Rhoden (2014) que o ócio é sempre construtivo porque potencialmente capaz de aproximar pessoas de projetos existenciais, levar à autodescoberta, crescimento pessoal, saúde, qualidade de vida e desenvolvimento social, além de ser meio de restauração do equilíbrio psicofísico. Ócio é a forma mais elevada de atividade humana e proporciona enlevo, encantamento, tocando o espírito. As tecnologias da informação e comunicação, na sociedade contemporânea, têm contribuído para a inserção de ócio digital, em que a relação do sistema produtivo com o tempo ocioso das pessoas é cada vez mais indissociável fazendo surgir “bolhas de ócio”, afirma Igarza (2009). Em meio ao trabalho flexível, indiscutivelmente, surgem micro pausas para o ócio, com ajuda de celular e notebook. A sociedade de consumo rejeita o ócio porque se não pode ser mercadoria, passa a ser obstáculo ao capitalismo.

(10)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

4.1 LAZER: PRODUTO DA SOCIEDADE INDUSTRIAL

A sociedade industrial tira as possibilidades de ócio como ação livre que as pessoas possam realizar por vontade própria, faz predominar o tempo ocupado e controlado pelo trabalho explorado. As máquinas promovem a produção de bens industrializados em série e em massa, em grande escala e desprestigiam o trabalho humano. Se, nas comunidades primitivas, o trabalho integrava funções do ciclo vital da existência, assim como dança, festa, reza, ócio intercalada ao labor, a sociedade industrial anula esta possibilidade por separar os tempos. A exploração da força de trabalho gera o conflito capital versus trabalho na luta pela conquista de direitos, assim emerge o tempo do não trabalho ou tempo livre e as férias. Trabalho alienado, lazer e férias fazem parte do processo sócio histórico do capitalismo industrial. E se no trabalho há alienação, o lazer promovido com esta mesma concepção de sociedade também ocorre nessas circunstâncias, posto que vire mercadoria.

No trabalho humanizado, as pessoas criam coisas socialmente úteis e necessárias, diferente do trabalho industrial que além do produto necessário, inventa necessidades, planeja obsolescência tendo em vista intensificar o consumo, produzir supérfluos o que aliena e explora. Quando o trabalhador não é dono da própria vontade, nem do que faz - o produto - o trabalho é forçado e alienado: não serve a quem trabalha, mas à reprodução do capital. A venda da força de trabalho leva trabalhadores à luta para redução da jornada de trabalho, de 12 horas diárias para 8 ou 6 horas, em alguns países. A conquista promove o tempo livre do trabalho que passa a ser ocupado com lazer, férias – conceitos fordistas (URRY, 1996). A condição da existência do lazer é o tempo livre do trabalho. A indústria prima pela valorização da máquina e exclui trabalhadores. O trabalho, paradigma hegemônico da sociedade industrial, contraditoriamente fez surgir o tempo livre e o lazer como conquistas, também cooptados, pois passam a ser oportunidade de consumo mais do que de entretenimento, embora muitos não se deem conta. Circunstância explicada por Kurtz (2000) ao dizer que o lazer falha no conteúdo, pois, à medida que emerge, o tempo livre ocupa espaço de finalidade própria do capital, pois a indústria da cultura e do lazer passa a ocupar e colonizar o tempo penosamente conquistado (KURZ, 2000).

O lazer representa conquista do trabalhador industrial, embora não seja atividade livre, visto fazer parte da esteira industrial transformada em consumo prazeroso, mercadoria cultural, inclusive viagens. O lazer para muitos é pura forma de consumo e, como dizem Campbell (1987) e Urry (1996), as pessoas procuram satisfação no consumo de produtos, motivados pela expectativa da procura do prazer que se situa na imaginação e não na necessidade material. E se o prazer está na imaginação e no desejo, cada compra leva à desilusão e anseios pelos novos produtos, na dialética da busca e insaciabilidade do consumismo. O excesso de desejos gera infelicidades, e assim se tem que distinguir desejo de necessidade. A quantidade de bens materiais, acrescida a imateriais com a emergência dos

(11)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

serviços de informação, comunicação, comércio, educação, lazer e turismo, produtos de preponderância estética, simbólica e valorativa, revelam a sociedade flexível. Mas, a dialética do trabalho e do tempo livre, da produção fabril não tira a possibilidade de, no tempo marcado pela obrigação do trabalho, ocorrerem momentos de ócio, posto que nem o trabalho, nem o capital dominam por completo o trabalhador. E as pessoas tanto se adaptam e gostam dos lazeres convencionais, como encontram formas de resistência a estes lazeres mercadorias. Sabe-se que cinemas, teatros, casas de shows e espaços de entretenimentos e lazeres sempre lotados, mas em meio ao lazer mercadoria convive o lazer despretensioso, lúdico, envolvente que se assemelha ao ócio das comunidades tradicionais.

A aceleração do tempo promove extinção de produtos, valores, padrões, assim como “descarte da indústria cultural” identificado por Adorno e Horkheimer (1992), e a “fluidificação da cultura e do lazer” expressa por Bauman (2001), na “modernidade líquida”. Contudo criam-se “espaços de esperança”, assinala Harvey (2004) convocando trabalhadores a serem “arquitetos do próprio destino e da própria sorte”. Instiga o pensador a acabar com o trabalho escravo, assumam-se potencialidades de mudança do mundo capitalista e não se reproduzam desvalores da sociedade que se critica.

A lógica que se admite é que o ócio antecede ao lazer, é necessidade básica, sendo estágio de enlevo a quem se permite, daí ser criativo e poder chegar a níveis transcendentais. É a capacidade de o ser humano transpor barreiras, tornando-se superior a circunstâncias estressantes, podendo perdurar na vida de pessoas que o entendem nessa dimensão. Associar ócio apenas ao que fazia a nobreza medieval impregnada da ideia de liberdade manifestada como estado ou condição de estar e ser livre da necessidade de trabalhar é execrá-lo como necessidade humana, e direito permanente das pessoas, em todos os tempos, como afirma Max-Neff (2012). A nobreza tinha repulsa pelo trabalho, amava o nada fazer, o não produzir. Na Antiguidade clássica, filósofos, nobres não trabalhavam dedicavam-se a escrever, pasdedicavam-sear, caçar, meditar, filosofar, no contexto de estratificação social, por dedicavam-serem donos do poder e privilegiados, não sendo apenas ócio o que faziam. Ócio é direito de todos e inalienável. É no capitalismo que se associa ócio à ociosidade e vício perigoso, pai de todos os males. Se até a Idade Média, era deprimente trabalhar, na modernidade, a emergência do capitalismo faz feio e indigno não trabalhar. Constata-se que cada sociedade manipula valores, conceitos e comportamentos. O ócio rural medieval é metamorfoseado em ociosidade e o trabalho valorizado.

Lazer é entretenimento em forma de festa, filme, esporte, show, arte, espetáculo dentre outros, consumidos em espaços especiais, praias, cinemas, teatros, ambientes produzidos adequadamente à prática da atividade, ocupa o tempo livre dos trabalhadores. Lazer é o que se faz no tempo de folga do trabalho, muitas vezes facilitado pelas empresas. O lazer da sociedade industrial, para descontrair, relaxar, recuperar energias, exige consumo muitas vezes. Paga-se para ir ao cinema, teatro, bar,

(12)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

boteco, shopping, praia, dificilmente se faz lazer sem consumir, o foco é o consumo. Assim o lazer funcionalista produzido pela sociedade industrial para repor as forças do trabalhador é mais uma forma de exploração, ou se consome ou não se usufrui do lazer e entretenimento. Muitas vezes o lazer é cansativo e desgastante, interessa vender produtos do lazer, retorno aos investimentos e ampliação dos lucros dos negócios bem-sucedidos. Nada escapa à exploração capitalista e assim fica cada vez mais difícil fazer ócio libertador, como faziam as comunidades antigas. A indústria do lazer investe no marketing e passa o lazer a ser campo vasto de exploração de negócios lucrativos.

A sociedade industrial institui férias e o lazer no século XIX quando se organizam grandes e pequenas cidades industriais, na Inglaterra, e trens levam passageiros para cidades balneárias, afirma Urry (1996). Trabalhadores fogem de espaços de trabalho, em busca de entretenimento e lazer no litoral, quando banho de mar deixa de ser cura por recomendação médica, passando a praia a ser espaço de prazer e entretenimento. Operários industriais são os primeiros a usufruírem do lazer, nos balneários, que dão origem ao lazer de segunda residência, depois ao segmento do turismo de sol e mar, constatando-se avanços e recuos do entretenimento humano. O lazer dos operários instiga donos do capital a se dirigirem também às cidades balneárias, embora sem o aspecto do litoral turístico contemporâneo. Em alguns, se instalam guaritas com entrada pagas que separam trabalhadores de proprietários, narra Hern (1967). Reforça Urry (1996) afirmando que:

Havia diferença quanto ao tom social dos balneários, uma hierarquia, os da classe trabalhadora em balneários fabris ligados a uma cidade industrial e em geral apresentavam propriedade fragmentada da terra, em meados do século XIX com paisagem pouco atraente e menos colorida (p. 42).

Assim, férias passam a realidade crescente na vida da classe trabalhadora, não apenas na do trabalho fabril, mas de todas as áreas de trabalho. Surgem as excursões de um dia, populares e organizadas pelas companhias ferroviárias, transporte da época industrial. O automóvel e avião apenas se anunciavam e se projetavam. Assim, o conceito lazer está associado ao descanso e entretenimento do trabalhador fabril, nos finais de semana e períodos de férias, registra a história da indústria inglesa. Conquista árdua e não prêmio patronal.

Praias, especificamente lugares de tratamento médico, no final do século XIX, na Inglaterra, são transformados em espaço de lazer e prazer. Afirma Urry (1996) que Brighton foi o primeiro balneário inglês, com praia estruturada para lazer. A aldeia, onde a pesca era a principal atividade econômica, recebe os primeiros bangalôs, com fundos para o mar, como foram reproduzidas as primeiras ocupações urbanas nos litorais brasileiros. Moradia à beira mar dá início ao lazer de segunda residência, resulta do crescimento da classe média, da crescente popularidade da natação,

(13)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

com a ideia de espaços privados para a família. O bangalô populariza-se, no século XX, e passa a objeto de hostilidade, em relação a status, os mais ricos já não o utilizavam, assim como posteriormente segundas residências. Indústria, lazer, mentalidade industrial e lazer de segunda residência disseminam-se na Europa, América, Brasil e lugares. A indústria passa ser padrão de todas as atividades e o trabalho, paradigma de referência.

Lazer de segunda residência não é atividade turística, mas compartilha elementos com o turismo e, na sociedade flexível, chega-se a se admitir o turismo de segunda residência, o segmento pelo que o turista estrangeiro opta, pela compra de casas particulares para hospedagem e descarta hotéis, sobretudo, em litorais de países latino-americanos, segundo Hiernaux (2005).

Segundas residências são alojamentos próprios ao lazer de finais de semana, feriado, férias, vilegiaturas, veraneio em espaços costeiros, montanhosos ou rurais, próximos às metrópoles. Os imóveis têm baixos índices de uso para lazer, afetados pela implantação do “time share” - compra do direito de utilização de período de uma semana ou mais, em hotéis que vendem modalidade de hospedagem para veraneio. A diminuição de uso de segundas residências redireciona os imóveis para lazeres, com aluguéis por temporada e expansão de negócios imobiliários e turísticos.

O litoral do Mediterrâneo e do Atlântico consideram-se espaços especiais de lazer de praia pela tropicalidade, apinhados de segundas residências para lazer de residentes e turismo de segunda residência ou turismo residencial para estrangeiros.

4.3 TURISMO: LAZER EM VIAGEM

Turismo é forma especial de lazer por exigir viajar. Ninguém é turista onde reside. Muitas pessoas aproveitam férias, finais de semana, tempo livre do trabalho e viajam para fazer lazer. São turistas propriamente ditos e o motivo da viagem é lazer. Diferente, muitos viajam por outros motivos, às vezes até a trabalho, mas conseguem fazer lazer, e, assim, são turistas. As pessoas viajam em diversas circunstâncias, estruturando segmentos da atividade: turismo de férias, negócios, eventos, terceira idade, religioso, rural, ecoturismo, de aventura, entre segmentos, às vezes inventados sem base de sustentação. A produção conceitual do turismo dá-lhes rigor como atividade econômica, e consolida o arcabouço teórico para análise da atividade. Falar em turismo de lazer é desconhecer teoria e conceitos, por apenas redundância.

O turismo é lazer em viagem em tempos modernos, e, mais recente, em relação a ócio e lazer e coexistem. Surge quando se descobre prazer da viagem, quando viagem deixa de ser risco, necessidade e peso, se faz oportunidade de lazer e deleite. E quando emergem fronteiras territoriais para controle dos que entram e saem. Antes não havia restrições de tráfego, em zonas de contatos entre países, estados e cidades, aos viajantes, mas o mundo aberto acarreta saques, violência e

(14)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

insegurança. O turista exibe passaporte que dá a permissão de entrada, com controle de saída. Se turismo é viagem e lazer inevitavelmente exige consumo de passagem, hospedagem, guia, visita a atrativos turísticos, sobretudo usufruto de serviços especificamente turísticos, na concretização de estada.

Fazer turismo é conhecer belezas de lugares, envolvimento com a cultura e valores e vivência de situações com oportunidade de crescimento pessoal. Os lugares visitados são núcleos receptores de turistas e polarizam as atividades da cadeia produtiva do turismo. Neles, estão a oferta turística constituída de atrativos naturais e culturais, dos serviços especificamente turísticos e da infraestrutura de apoio, tudo do lugar para atendimento a residentes com qualidade de vida e serve de apoio aos turistas. Infraestrutura urbana e social atende essencialmente a residentes, mas oferece conforto e bem-estar aos que chegam dando-lhes condições de hospitalidade.

O conceito de turismo aflora, no século XVII, na Inglaterra, e, somente no século XIX, se instaura como atividade econômica moderna. Viagem sempre existiu, desde a origem humana, turismo não: invenção do mercado capitalista. Viagem turística é sempre associada a prazer, gozo, saída do cotidiano e busca do novo, diferente, desconhecido, prazeres que dão bem-estar psíquico. O turismo faz parte do mundo de símbolos, ícones, sonhos e representações, pura abstração, o que existe são lugares. É um conjunto de percepções de imagens e valores de significado cultural, construído por quem compra viagem e por quem vende produto turístico. A simples menção de viagem evoca, no espírito das pessoas, sensações, desejos, euforias libertadoras. As viagens agem como estimulante de sonhos, imaginação, metáfora de enriquecimento individual e forma de repouso de trabalho e da rotina do dia a dia. O turismo é mediado pelo modo de pensar, de sentir e pelo que alicerça a cultura da sociedade burguesa. Na modernidade, viagens se liberam da carga de sofrimento das viagens antigas e medievais e tornam-se excitantes, prazer e gozo, diz Ortiz (1996, p. 25). Até a Idade Média, não se imaginava viagem para satisfação pessoal: é a sensação do cerne do turismo.

Turismo é atividade terciária, posto que serviço, embora, do ponto de vista econômico se compare à indústria pelos governos e empresários. É negócio econômico para os que o vendem e oportunidade de lazer e aprendizagem para os que brincam. Assim, agregam-se os que viajam e brincam e residentes que trabalham oferecendo serviços. O turismo oferece oportunidades de aquisição cultural, troca de experiências, realização de sonhos, busca de emoções, daí sedutor. Em muitas circunstâncias, a dimensão cultural do turismo se substitui pela função puramente comercial, visto que os que o vendem buscam lucros. E, embora o viajante encontre, em qualquer parte do mundo, lugares similares, termina por viajar na sequência de reproduções do mundo do marketing, que a publicidade apresenta como destino turístico de sucesso.

(15)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Turismo no século XIX, serve para educação de viajantes das classes privilegiadas nobreza que realiza viagens conhecidas do Grand Tour, por motivos culturais e educacionais. Agregadas às práticas de lazer turístico, estão vilegiatura, veraneio, termalismo, balneários, cassinos e montanhismo. Na modernidade industrial, o turismo torna-se fenômeno de massa, estandardizado, em atenção a maior número de pessoas. Mesmo assim, existe ética burguesa, lazer em viagem, que não é para todas as pessoas. À medida que crescem as cidades manufatureiras, surgem “semanas de folga”, férias e, com elas, aumentam os balneários, o lazer litorâneo de operários, um dos primeiros tipos de turismo, quando trens levam trabalhadores fabris para cidades balneárias. Tirar férias era uma forma de consumir balneários e, mais que isso, significava marca de cidadania. Estrutura-se o turismo maciço no modelo fabril da sociedade industrial, fenômeno coletivo. Santos (2002) cita Fortuna e Ferreira para explicar que:

Na passagem do capitalismo liberal para o capitalismo organizado ou fordista, a tecnologia dos transportes e os modelos de organização da atividade turística criaram condições para que se passasse de uma configuração social em que predominava a viagem individualizada dos mesmos grupos sociais mais abastados, para outra em que se institucionaliza o turismo coletivo ou de massa. (p. 236).

A sociedade industrial que, para alguns, se estende até primeira metade do século XX, produz cultura de massa, cria formas coletivas de lazer: rádio, televisão, futebol, balneário, shows, parque temático e oferece condições infraestruturais para o boom turístico em países europeus. Desconstrói a ideologia da sociedade rural e superestima as benesses de cidades modernas urbanizadas e espetacularizadas que também são mercadoria. No Brasil, somente na década de 1980, aceleram-se as ideias da modernização, urbanização e turistificação, com destaque para segmentos típicos de países tropicais, turismo de sol e praia, turismo de massa, dentro da mesma lógica. A intervenção do Estado, em esferas da sociedade, para promoção do desenvolvimento econômico, faz do turismo não apenas atividade econômica, mas política. Assim, planejado pelas políticas públicas e gestadas em parceria com empresas privadas e também realizado de modo alternativo por comunidades e bairros periféricos. A expansão e arrancada do turismo, no mundo moderno, configuram-se como fruto do processo histórico civilizatório.

O capitalismo industrial, com diretrizes fordistas e tayloristas, chega ao máximo da produção de objetos, com o desempenho de máquinas e controle da força de trabalho. Mas, como as próprias crises sustentam o capitalismo, mais uma se instala com exigência de mudanças tecnológicas, automação, informação, microeletrônica, robótica, inteligência artificial emergindo o capitalismo pós-industrial ou flexível, com foco não mais na indústria, mas no setor terciário ou serviços. Assim, passa a ter prioridade comércio, informática, telecomunicações, educação, saúde, sobretudo, turismo.

(16)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

A reestruturação capitalista busca novos produtos e mercados, assim, como novos lugares para alocação de empresas, ou fusões de empresas e grandes corporações. É assim que Chesnais (1996) e Harvey (1993) apresentam a “mundialização do capital” e “acumulação flexível” que necessariamente muda o comportamento do turismo que passa a ser também flexível. A acumulação flexível (HARVEY, 2006) fez desaparecer postos de trabalho formais, reforça trabalhos não regulamentados, não assalariados, ligados às economias informais ou trabalho por conta própria, emprego de jornadas flexíveis, terceirizações, assim como aumento da informalidade e do desemprego.

O carro-chefe da economia deixa de ser a fábrica, e passa a serviços que representam a nova fronteira da mundialização do capital: serviços financeiros, de seguro e imobiliários (CHESNAI,1996). Não é objetivo deste ensaio apresentar teorizações sobre mudança de ciclo do capitalismo para sustentação da indústria e do próprio capitalismo. O que se quer explicar são as mudanças na forma de entretenimento humano, no decorrer do tempo, e as do turismo, em decorrência da passagem do capitalismo industrial para o flexível.

Enquanto a indústria expulsa operários e as máquinas fazem melhor o trabalho mecânico, os serviços, em especial o turismo, absorvem trabalhadores qualificados e não qualificados, excluídos da indústria. O turismo absorve trabalho especializado, personalizado, lúdico, intelectual e criativo e informal. Oferece possibilidades em dois circuitos da economia: superior e inferior explicados por Santos (1978), ao mostrar que os circuitos são resultado da modernização que diz respeito às atividades criadas pelo progresso tecnológico para atender ao consumo de produtos de melhor qualidade e aos que precisam dos produtos, no circuito inferior. Assim, os serviços turísticos se oferecem no eixo do turismo convencional, de luxo resorts, cruzeiros e hotéis de bandeira internacional, restaurantes refinados e, no eixo do turismo alternativo, com pousadas e restaurantes populares, no turismo comunitário.

Pastore (2009) observa que, nesse contexto, os serviços que mais se expandem são os de economia intangível que não dependem de esforço físico, mas de talento intelectual, competência e criatividade. Intangíveis porque o papel dos empregados não é claramente dividido e identificável. Acrescenta Souza (2013) que, nesse contexto, muitos trabalham como cooperados, por projeto, à distância, como freelancer, intermitentes e colaboradores. O turismo oferece oportunidades em que inclui ricos e pobres, mas em situações bastante diferenciadas. Os serviços, em grande parte, proporcionam integração, mas há que se verificar contradição de integrações, posto que continuam reproduzindo desigualdades, sobretudo nos países periféricos. Os serviços turísticos são polarizados em territórios selecionados, de forma includente e excludente.

(17)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

A sociedade flexível muda comportamentos sociais e formas de ver o mundo, consequentemente, muda o turista que não quer ser o viajante identificado como mero consumidor. Aparecem turistas que querem vivenciar experiências, dispensam, muitas vezes pacotes fechados convencionais, preferem viajar sozinhos, ou em pequeno grupo, donos da vontade para fazer o que lhes convier, independente de guia de turismo.

5 CONCLUSÃO

Do estudo e reflexões, conclui-se que ócio, lazer e turismo são formas de entretenimento humano que emergem, ao longo do tempo, em contextos diferenciados, decorrentes de como se encontra a organização da vida e do trabalho humano. Assim, ocorrem avanços e recuos nas formas do entretenimento. Embora haja luta para destruição do ócio por não contribuir com a acumulação, reconhece-se que é esse o caminho para o pleno atendimento da necessidade ao descanso do trabalho. A sociedade flexível convive com estas formas de entretenimento em diferentes circunstâncias.

Embora o ócio tenha sido associado a ociosidade, a análise crítica exige reconsideração do conceito e da prática do ócio admitindo-o associado também ao lazer da sociedade contemporânea.

Lazer e turismo são atividades socioeconômicas e conceitos associados aos interesses da sociedade inseridos em jogos de forças políticas, ideológicas, sobretudo a valores, em especial religiosos que regem sociedades, pensadores e estudiosos que acabam se vinculando a uma forma de pensar para explicar entretenimento e lazer da sociedade. Em determinado momento ócio é aceito pelas classes privilegiadas, em outro, a luta é pela destruição do ócio e implementação do lazer consumista. Finalmente, surge o turismo como expressão moderna do entretenimento que convive com trabalho e lazer, reunindo-os em totalidade, embora com nova concepção.

Assim, avanços e recuos do entretenimento nem sempre são provenientes de mudanças nos aspectos cotidianos das pessoas, muitas vezes, resultam de mudanças políticas e econômicas implantadas pelos grupos de interesses, com hegemonia no espaço mundial.

REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor; HORKHEIMER Max, Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores 1992.

BAPTISTA, MARIA MANUEL. Ócio, temporalidade e existência: uma leitura à luz da fenomenologia e hermenêutica heideggereanas. In: BAPTISTA, M. M; AVENTURE, Anne. Do Ócio: Debates no contexto Cultral Contemporâneo. Coimbra: Gráfico Editor 1ª Edição de abril de 2014

(18)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

CAMPBELL, C. A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. Brasil Blackwell, 1987. CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. In: ______. A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e terra. 2000,v.1.

CHESNAIS, François. A Mundialização do Capital. Tradução Silvana Finzi Foá. São Paulo: Xamã, 1996.

CORIOLANO, Luzia Neide, VASCONCELOS, Fabio P. Lazer e Turismo: novas centralidades da sociedade contemporânea. Revista Brasileira do Lazer. Belo Horizonte. V. 1 n.2 p. 3-22, agosto de 2014.

CORIOLANO, Luzia Neide. O Turismo nos discursos nas políticas e no combate a pobreza. CUENCA CABEZA, M. (2003). Ócio e Desarrolo humano. Universidad de Deusto/ World Leisure. 2000.

______. Ocio humanista, dimensiones y manifestaciones actuales del ocio (Documentos de Estudios de Ocio, Num.16). Bilbao, España: Instituto de Estúdios de Ócio/ Universidad de Deusto. 2003. ______. Uma nova forma de entender o ócio. 2009. Disponível em: <http://www.asociacionotium.org/wp-cosilvatent/uploads/2009/03/una-nueva-forma-de-entender-el-ocio.pdf>. Acesso em 20 jul. 2016.

DE MASI, Domenico. O Futuro do Trabalho: Fadiga. Ócio na sociedade pós-industrial. Tradução: FIGUEIREDO, Yadyr A. Rio de janeiro: José Olympio; Brasília. DF: Ed da UnB, 2000.

______. O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.

ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Uma História dos Costumes. Trad. RIBEIRO Janine Renato. Rio de Janeiro: Zahar 1968

FOURASTIÉ, Jean. Ócio e Turismo. Rio de Janeiro: SALVAT Ed. do Brasil S.A, 1979. GRAZIA, Sebastian de. Tiempo, trabajo y ócio. Madrid: Tecnos, 1966.

HARVEY, David. Do Fordismo à acumulação flexível. In. ______. A condição Pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1993. p.135 -176.

______. Espaços de Esperança. Trad. De Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

HERN, A. The Seaside Holidsy. Londres, Cresset Press, 1967.

HIERNAUX, Daniel. La promocion inmobiliaria y el turismo residencial: el caso meicano. Scripta Nova. Barcelona: Universidad de Barcelona, vol. n.194, agosto de 2005. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-270/sn-270-87.htm>. Acesso em: 17 jul. 2016.

HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Tradução DUTR, Waltensir. Rio de Janeiro: LTC/S.A, 1986.

IGARZA, ROBERTO. Burbujas de ócio. Nuevas formas de consumo cultural. Buenos Aires: La Crujia, 2009.

KURZ, R. A ditadura do tempo abstrato. In: Lazer numa sociedade globalizada. São Paulo: SESC/ WLRA, 2000.

(19)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46244-46262, jul. 2020. ISSN 2525-8761

MARTINS. J. Clerton de O. Tempo livre, ócio e lazer: Sobre palavras, conceitos e experiências. In: BAPTISTA, M. M; AVENTURE, Anne. Do Ócio: Debates no contexto Cultural Contemporâneo. Coimbra: Gráfico Editor 1ª Edição de abril de 2014.

MAX-NEEF, Manfred A. Desenvolvimento á escala humana. Concepçoes,, aplicação e reflexão posteriores. Blumenau: Edifurb, 2012.

OATES, W. Confessions of a workaholic: the facts about work addiction. New York: World Pub- lishing, 1971.

ODA, Orlando. O verdadeiro valor e significado do trabalho. Disponível em: http://www.gazetaonline.com.br/_conteudo/2014/01/oportunidades/1476304-o-verdadeiro-valor-e-significado-do-trabalho.html. Acesso em: 16 maio 2016.

ORTIZ, Renato. Um outro território: ensaios sobre a mundialização. São Paulo: Olho D'água Editora, 1996.

PASTORE, Jose. Crescimento de 6%: e a mão de obra? O Estado de S. Paulo, 08/12/2009. Disponível em: <http://www.josepastore.com.br/artigos/ed/ed_045.htm> Acesso em: 23 jun. 2012. RHODEN, IEDA. Atributos das experiências do Ócio e Implicações contraditórias decorrentes do estilo de vida contemporâneo. In: BAPTISTA, M. M; AVENTURE, Anne. Do Ócio: Debates no contexto Cultral Contemporâneo. Coimbra: Gráfico Editor 1ª Edição de abril de 2014.

ROBERTSON, Simon. Nietzsche e Valor: florescimento e esses cia. IN Cad.

Nietzsche vol.37 no.1 São Paulo Jan./June 2016. In

http://dx.doi.org/10.1590/2316-82422016v3701sr Acesso em 22/04/17.

RUSSEL Bertrand. Em Louvor ao Ócio. Ensaio sobre o trabalho. 1932 sitehttp://rendimentobasico.pt/bibliografia/bertrand-russell . Acesso em 3 de julho de 2016.

_____. O Elogio do ócio. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2002.

SANTOS, Figueiredo. Turismo mosaico de sonhos. Incursões sociológicas pela cultura turística. Portugal, Universidade de Algarve. Edições Colibri, 2002.

SANTOS, Milton. Pobreza Urbana. São Paulo, Hucitec, 1978.

______. A Natureza do espaço habitado: técnica, espaço, tempo e emoção. São Paulo: HUCITEC, 1996.

SENSE, J.E. A Sociedade do Conhecimento e as reformas educacionais. In Colóquio Internacional de Geocrítica, 10. Anais Eletrônicos... 2008. Barcelona: Universidade de Barcelona, 2008. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/-xcol/91.htm>. Acesso em: 25 maio 2015.

SOUZA, Michel Aires de. O modo de produção flexível e o novo perfil do trabalhador do século XXI. 05/09/2013. Disponível em: <https://filosofonet.wordpress.com/2013/09/05/o-modo-de-producao-flexivel-e-o-novo-perfil-do-trabalhador-no-seculo-xxi/> Acesso em: 30 jul. 2016.

Referências

Documentos relacionados

[r]

Os estudos mostram que a construção de barragens causa impactos não só no espaço físico dos leitos e margens dos rios, mas que esses impactos são sentidos também no

Foi encontrado importante percentual de familiares que declararam que a doação ajudou, de alguma forma, a superar o luto pela perda do ente querido (88,24%). Batten &amp; Prottas 17

- O prazo de validade da proposta fica estabelecido como sendo de 60 (sessenta) dias, contados a partir da data do protocolo constante no envelope nº 02. b) Orçamento

Do amor,&#34; mas do amor vago de poeta, Como um beijo invizivel que fluctua.... Ella

a) avisar a alta direção quando houver problemas de falta de estoque.. b) entrar em contato com os clientes relatando os fatos ocorridos pela falta da entrega. c) gerenciar

§ 8° As autoridades fiscais do S/IVISA-RIO e os fiscais de atividades econômicas, bem como os guardas municipais e os agentes de inspeção de controle urbano poderão determinar a

Trata-se de um estudo bibliográfico que teve como objetivo apresentar uma breve análise dos temas recorrentes, autores mais citados e metodologias adotadas no