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A tutela juridica dos refugiados e a proteção à criança e ao adolescente refugiado / Legal protection of refugees and protection of refugee children and adolescents

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Academic year: 2020

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A tutela juridica dos refugiados e a proteção à criança e ao adolescente

refugiado

Legal protection of refugees and protection of refugee children and adolescents

DOI:10.34117/bjdv6n7-484

Recebimento dos originais:10/06/2020 Aceitação para publicação:20/07/2020

Elisiane Iara Kurtz Boer

Acadêmica do Décimo semestre do curso de Direito Instituição:UNIGRAN

Endereço:R. Balbina de Matos, 2121- Jardim Universitário Dourados- MS, 79824-900

E-mail: elisianekboer@gmail.com Valeska Vendrin Vilella

Mestre em Direito Processual , Professora de Direito Processual Civil Instituição: Unigran

E-mail: valeskavg@hotmail.com

RESUMO

Diante das inúmeras situações de tensão e instabilidade que levam milhares de pessoas ao refúgio, entre elas, várias crianças e adolescentes; os tratados e os acordos internacionais garantem dar proteção às vítimas da violação dos direitos humanos. O trabalho desenvolvido trata da maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial. O artigo tem como eixo estrutural a análise da situação do refugiado, seus direitos e garantias e a devida aplicação pelo ordenamento jurídico interno, de acordo com o a Constituição Federal e o Código Civil. O estudo busca observar preservação as garantias previstas em lei, afim de entender a luta histórica pela cidadania do imigrante e do refugiado ainda infante, situada no contexto mundial de globalização.

Palavras Chave: direitos humanos, refugiado, proteção ABSTRACT

In view of the countless situations of tension and instability that take thousands of people to the refuge, among them, several children and adolescents; international treaties and agreements guarantee protection for victims of human rights violations. The work developed deals with the biggest humanitarian crisis since the Second World War. The structural axis of the article is the analysis of the refugee's situation, rights and guarantees and due application by the internal legal system, in accordance with the Federal Constitution and the Civil Code. The study seeks to observe the preservation of the guarantees provided for by law, in order to understand the historic struggle for citizenship of immigrants and refugees still in infancy, situated in the global context of globalization.

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1 INTRODUÇÃO

O presente artigo procura analisar as legislações e os tratados que versam sobre os refugiados, especificamente sobre os menores que acompanham suas famílias. Com a finalidade de identificar o tipo de tratamento legal que essas crianças e adolescentes recebem ao chegar ao país de destino.

Será utilizada a pesquisa documental, que revela quais são as instituições que procuram atender e dar suporte a essas crianças, bem como as legislações que os ampara.

Em se tratando de refugiado, não nos referimos simplesmente a alguém que está em busca de uma vida melhor, mas sim a um indivíduo que fugiu de uma circunstância degradante, que perdeu seus direitos e que necessita de proteção. Remeter um olhar à criança e ao adolescente que estão fora de seu país de origem, analisar vulnerabilidade e os desafios que variam bastante. A violação dos Direitos Humanos, enseja a quebra da unidade familiar, forçando muitas crianças ficarem expostas no mundo a fora.

O Brasil é signatário em várias convenções e tem leis voltadas para o refugiado. Mas será que estamos nos atentando o suficiente para essas crianças em situação de refúgio? Essa é a reflexão proposta por este texto.

2 DESENVOLVIMENTO

O Brasil aderiu ao compromisso internacional de proteção aos refugiados a partir da ratificação da Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1951 e do Protocolo de 1967, referente ao Estatuto dos Refugiados, constando ainda de seu ordenamento pátrio a Lei n.º 9.474, de 22 de julho de 1997, sendo parte de uma legislação infraconstitucional que trata especificamente sobre essa questão. Passou a contar com a tutela jurídica dos refugiados, incluindo a concepção de refúgio, prevendo a grave e generalizada violação dos Direitos Humanos.

Em 1959, a ONU proferiu a Declaração Universal dos Direitos da Criança, dando início à aplicação do princípio do melhor interesse da criança. A Constituição da República de 1988, converte as crianças e os adolescentes em sujeitos de direitos, e não mais meros objetos de atuação estatal. Em seu artigo 227, a Carta Magna proclama a Doutrina da Proteção Integral, com o objetivo de atender as necessidades de todas as crianças e adolescentes, e institui o princípio da prioridade absoluta, sem qualquer tipo de discriminação que pressupõe a preferência que eles terão na formulação e execução de políticas sociais.

A principal lei que rege a proteção da criança e do adolescente no Brasil é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. Essa lei é advinda da

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Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, de 1989. O artigo 1º do ECA estabelece a proteção integral à criança e ao adolescente, seguindo a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a quem são assegurados todos os direitos fundamentais da pessoa humana (artigo 3º), independentemente da situação familiar. Logo, os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da igualdade são salientados no Estatuto.

Ao tratar sobre refúgio, o infante não figura; não se evidencia a proteção dos direitos da criança e do adolescente nessa situação, o que revela uma lacuna na legislação passível de interpretações. Apesar de haver pouca legislação específica para crianças refugiadas no Brasil, é possível utilizar-se do artigo 227 da Constituição de 1988 em que aponta, por exemplo, que mais do que dever do Estado, é dever da família e da sociedade assegurar os direitos à criança e ao adolescente, unindo direitos individuais e sociais.

A lei 9.474/1997, ao dispor em seu artigo 2° que os efeitos da condição de refugiado podem ser estendidos aos familiares, dentre eles descendentes e outros familiares que dele dependam economicamente, mostra-se evidente que tal dispositivo se aplica às crianças.

Em 2017, segundo Chiaretti e Severo(2018, p.65, foi editada uma resolução que estabelece um procedimento para que crianças desacompanhadas ou separadas efetivamente possam acessar o procedimento de refugio, na via administrativa, independente de aguardar uma decisão judicial proferida no bojo de uma ação de guarda, pelo Juízo de Família, ou Juízo as Infância e Juventude.

Muitos dispositivos têm a intenção de proteger o menor e devem ser analisados para que a efetivação da lei seja invocada. Mesmo que não haja lei específica, não significa que esse grupo de pessoas esteja desprovido de proteção.

A função jurisdicional deve, ser direcionada, para garantir os direitos à proteção da família, aos menores, permitindo que os direitos alcancem e beneficiem aqueles que necessitam da prestação jurisdicional.

Consoante Jubilut e Apolinário (2019, p. 19), o Ministério Público, em conjunto com a Defensoria Pública, observa que o envolvimento dessa instituição se mostra fundamental na medida em que propicia ao Poder Judiciário tomar as medidas necessárias para a proteção dos direitos dos solicitantes de refúgio que apresentam uma maior vulnerabilidade, como é o caso do menor, do idoso, do doente mental, etc. Portanto, a atuação da Defensoria Pública é imprescindível para garantir o acesso à educação e à saúde por parte dos menores refugiados.

Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR, 2019), o número de refugiados é crescente e, entre eles, estão os menores. Testemunhamos os maiores níveis de deslocamento já registrados na história do órgão: mais de 70,8 milhões de pessoas em todo o mundo

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foram forçadas a deixar suas casas. Entre elas estão 25,9 milhões de refugiados, dos quais a metade é menor de 18 anos. Por força do deslocamento, é evidente a formação de grupos familiares em busca de amparo socio-afetivo. Em 2018, metade dos refugiados registrados são crianças e cerca de 111 mil estão separadas de suas famílias ou desacompanhadas (FLEURY, 2019).

Os problemas enfrentados pelos menores em situação de refúgio são ainda mais graves, pois muitos deles, além de deixarem suas casas, deixam sua unidade familiar. Sendo assim, faz-se penoso compreender que em idade tão tenra, crianças até 12 anos e adolescentes até 18 anos, segundo a Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990, possam ser obrigados a fugir de seus países e a buscar abrigo.

Com garantias processuais fundamentais, no tocante às crianças vítimas do refúgio, ressalta- se o Parecer Consultivo OC 21/14, elaborado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos em 19 de agosto de 2014, onde foi requerido ao Tribunal para que fossem dadas determinações precisas quanto às obrigações dos Estados em relação às crianças migrantes. Reconhecido as crianças como titulares de direito e observa o devido processo legal nos parágrafos 108 e 109. Também faz, menção especial ao processo que envolva criança, bem como a necessidade do menor estar assistido dede o início, segundo o parágrafo 116, sendo ouvida e participando do processo.

A convenção dos Direitos da Criança, prevê, que o Estado adote medidas pertinentes para assegurar as crianças assistência humanitária adequada.

No entanto, é importante sempre buscar o melhor interesse da criança, procurando integrar essa vítima do refúgio, observando o ordenamento jurídico brasileiro, que garante que o refugiado não será expulso, visando assegurar direitos e garantias da proteção a pessoa humana.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se verificar que o Brasil busca oferecer uma boa situação aos refugiados. Não obstante, em relação às crianças ainda há um longo caminho a traçar, quando se trata de crianças refugiadas que estejam desacompanhadas de seus entes ou mesmo quando estão com a família e buscam encontrar um lar.

Porém, a partir da Lei nº 9.474/1997, o ordenamento jurídico brasileiro passou a ter a tutela jurídica dos refugiados, conceituando em seu art. 1º quem será reconhecido como refugiado, ainda que a crianças não seja citada de forma clara, com a efetiva vontade do legislador e devido à grande crise de refugiados que enfrentamos, é possível que esse quadro seja colocado em discussão e, em breve, os menores sejam nominados.

Em se tratando de infância, o ACNUR e grande parte das ações previstas, têm como principais ações, promover a reunificação das famílias separadas e prevenir a exploração desses

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menores. Bem como acelerar os processos administrativos e judiciais, promovendo diligências para o reconhecimento da situação de refúgio o mais rápido possível.

Isto posto, a atenção aos menores refugiados deve ser redobrada, uma vez que é indiscutível que eles enfrentam dificuldades em um novo país, e devem ser tomados os cuidados para proporcionar-lhes o princípio do melhor interesse em todo o aspecto social e a devida proteção.

REFERÊNCIAS

ACNUR. Agência da ONU para refugiados. Dados sobre Refúgio. 19 jun. 2019. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/. Acesso em 22 jul. 2019.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cc ivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm. Acesso em: 1 jul. 2019.

BRASIL. Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em 01. jul. 2019.

CHIARETTI, Daniel; SEVERO, Fabiana Galera. Comentários ao Estatuto dos Refugiados. 1. ed. Belo Horizonte: CEI, 2018.

CORTEIDH- CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Opinião Consultiva

n.21/2014, de 19 de agosto de 2014. Disponível em : http://

www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_21por.pdf. Acesso em:23 de set.2019

FLEURY, F. Total de refugiados pelo mundo chega a 70,8 milhões, diz ACNUR. 19 jun. 2019. Disponível em: https://noticias.r7.com/internacional/total-de-refugiados-pelo-mundo-chega-a-708- milhoes-diz-acnur-19062019. Acesso em 25 jul. 2019.

JUBILUT, L.L.; APOLINÁRIO, S. M. O. S. A população refugiada no Brasil. São Paulo: Defensoria Pública de São Paulo, jan. 2009. Disponível em: http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/31/Documentos/A_popula%C3%A7%C3%A3 o_refugiada_no_Brasil-final.pdf. Acesso em: 01 jun 2019.

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