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Professores em formação: construindo a prática e a identidade profissional/ Teachers in training: building practice and professional identity

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761

Professores em formação: construindo a prática e a identidade profissional

Teachers in training: building practice and professional identity

DOI:10.34117/bjdv5n10-172

Recebimento dos originais: 10/09/2019 Aceitação para publicação: 14/10/2019

Elaine Kendall Santana e Silva Doutoranda em Estudos de Linguagens

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET/MG Rua Dom Pedro II, 682, Afonso Pena – Divinópolis – MG – Brasil

E-mail: elaine.silva@uemg.br Ana Paula Martins Fonseca Doutoranda em Estudos de Linguagens

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET/MG Rua Quito, 410 apto 401 – Divinópolis – MG – Brasil

E-mail: martinsfonsecaana@gmail.com Alessandra Fonseca de Morais Doutora em Letras - Estudos Literários Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Endereço: Rua Ipanema, 331 - apto 101 - Divinópolis-MG

E-mail: afm2203@yahoo.com.br Ana Cristina Franco Rocha Fernandes

Mestre em Educação Tecnológica

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET/MG Av. Paraná - 3001

35500-170 – Divinópolis – MG – Brasil E-mail: anadelio23@gmail.com

Geralda Pinto Ferreira

Especialista em Educação Especial e Inclusiva. Faculdade UNA – Unidade Divinópolis

Rua Oswaldo Machado Gontijo 1209/202. Divinópolis - MG. E-mail: geralda.ferreira@prof.una.br

Fernanda Maria Francischetto da Rocha Amaral Mestre em Educação, Cultura e Organizações sociais

Faculdade UNA – Unidade Divinópolis Rua Maranhão, 851 - Sidil - CEP 35500-066

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 RESUMO

Este trabalho apresenta uma pesquisa realizada com estudantes de licenciatura da Universidade do Estado de Minas Gerais com o objetivo de investigar o processo de construção identitária profissional vivenciado por eles. Para isso, foram realizadas análises das representações sociais e das estratégias de textualização, que se apresentam na tecitura de questionários e relatórios de estágio produzidos pelos licenciandos durante o estágio curricular supervisionado. Considerando-se a materialidade dos dados e os princípios teórico-metodológicos adotados, a pesquisa realizada foi, fundamentalmente, interpretativa e qualitativa (LANKSHEAR & KNOBEL, 2008). Foram utilizados diversos autores como referencial teórico, tais como, Matencio (2003), Mondada e Dubois (2003), Moscovici (2003), Koch (2003), Kleiman (2007; 2008), Reichmann (2013; 2015). Após a realização da pesquisa é possível confirmar que as estratégias textuais utilizadas pelos licenciandos para responder aos questionários e produzir os relatórios, podem oferecer pistas de como eles (re) constroem suas Representações Sociais sobre o que é “ser professor” e de como (trans) formam e constroem sua identidade profissional durante o curso.

Palavras-chave: Identidade. Formação docente. Representações sociais. Estratégias linguísticas.

ABSTRACT

This work presents a research carried out with undergraduate students from the State University of Minas Gerais in order to investigate the process of professional identity construction experienced by them. For this, analyzes of the social representations and textualization strategies were performed, which are presented in the tecitura of questionnaires and reports of internship produced by the licenciandos during the supervised curricular stage. Considering the materiality of the data and the theoretical-methodological principles adopted, the research was fundamentally interpretative and qualitative (LANKSHEAR & KNOBEL, 2008). Several authors have been used as theoretical references, such as Matencio (2003), Mondada and Dubois (2003), Moscovici (2003), Koch (2003), Kleiman (2007; 2008), Reichmann (2013; 2015). After conducting the research, it is possible to confirm that the textual strategies used by the licenciandos to answer the questionnaires and produce the reports can offer clues as to how they (re) build their Social Representations on what it is to be a teacher and how ) form and build their professional identity during the course.

Keywords: Identity. Teacher training. Social representations. Linguistic strategies.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo se propõe a apresentar um estudo por meio da análise das estratégias lingüísticas utilizadas em textos acadêmicos, sobre as representações sociais de professores em formação e sua construção identitária sobre a profissão. A temática surgiu a partir da experiência da pesquisadora como professora em cursos de licenciatura de uma cidade do interior de Minas Gerais e da orientação de Estágios Supervisionados. Ao longo desse trabalho, observamos que os relatórios de estágio podem oferecer no decorrer de seu

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 engendramento linguístico “projeções de imagens dos interlocutores, de seus papéis sociais e comunicativos, dos conhecimentos partilhados, assim como de motivações e intenções, de espaço e tempo de produção/recepção, de atribuir novo propósito à produção linguageira”. (MATENCIO, 2002, p.6).

Dessa forma, pesquisas sobre a formação docente nos permitem investigar que as estratégias lingüísticas podem dar pistas sobre o processo de construção identitária de professores em formação e isso tem sido alvo de vários trabalhos, dentre eles destaca-se, Kleiman (2001; 2007; 2008; 2005, 2013), Kleiman e Martins (2007), Assis (2009), Matencio (2004), Reichmann (2013; 2015) e Silva (2004). Estudos sobre este assunto são importantes e merecem ser realizadas para que se aprofunde o conhecimento sobre esta temática e, a partir disso, seja possível intervir, de maneira que se contribua, principalmente, com o processo de formação destes profissionais que vão atuar com o ensino.

Segundo Kleiman (2005, p. 204) “a formação de professores envolve transformação identitária, decorrente do processo de socialização profissional, que é realizado, discursivamente, nos cursos universitários.” Dessa forma, os “espaços de formação” se constituem em importantes oportunidades para o letramento e a construção identitária dos licenciandos e se processa na atividade lingüística dos interlocutores durante a interação verbal.

Sendo assim, é relevante salientar que a formação do professor de língua não se limita à sala da aula da universidade, já que implica “numa série de procedimentos de natureza educacional que antecedem a esse evento e dele procedem” (ASSIS, 2009, p. 102), ressaltamos a importância do campo de Estágio Supervisionado como um lócus privilegiado de interação e de possibilidades de construção da identidade profissional, porque possibilita ao licenciando um contato direto com a vivência e experimentação da profissão. Portanto, a preocupação em realizar uma pesquisa que considere o Estágio Supervisionado como aspecto relevante para a formação de professores, deve-se ao fato de percebermos que ele pode contribuir para a construção da identidade profissional dos professores em formação. Pesquisar sobre a construção identitária na formação de professores como afirmam Kleiman e Martins (2007):

numa situação em que se convergem práticas sociais como o cotidiano familiar dos alunos, as de ensino e as administrativas escolares e nas quais se articulam diferentes tipos de elementos macroestruturais com áreas particulares da vida social escolar, o processo de gerenciamento desses elementos, assim como a identidade e o processo

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 de formação do professor enquanto agente social, são de inegável interesse para a pesquisa. (KLEIMAN; MARTINS, 2007, p.273)

Os estudos sobre o assunto demonstram, ainda, que a representação da profissão não existe desvinculada da linguagem; por isso, a essa visão corresponde um determinado discurso que a materializa. Portanto, “representar é um processo, no qual membros de uma cultura usam a linguagem para produzir significado”. SILVA (2016, p. 84). Há que se ressaltar, assim, que as representações, embora absorvidas pela consciência individual, são socialmente produzidas na e pela linguagem. E numa pesquisa que tem o objetivo de investigar sobre a representação da profissão é relevante refletir sobre o processo de letramento e a construção identitária.

Dessa forma, a pesquisa realizada é importante, pois poderá proporcionar não apenas à pesquisadora, como aos demais profissionais interessados, subsídios que os orientem, tanto teórica quanto metodologicamente, na formação dos licenciandos. Partimos da hipótese de que por meio do discurso utilizado por eles nas respostas dadas aos questionários e na produção dos relatórios de estágio é possível perceber como se dá a construção identitária desse professor em formação. Este trabalho poderá, ainda, contribuir para a reflexão sobre a importância do Estágio Supervisionado no processo de letramento e de construção da identidade do professor e de suas representações sobre a profissão. De acordo com Reichmann (2015), p. 32:

justamente por se constituir como um entrelugar, na fronteira (...) a disciplina de estágio forja um espaço privilegiado para discussões sobre histórias socioprofissionais vividas por professores iniciantes, pois é um espaço que pode visibilizar confrontos, negociações e reconfigurações identitárias.

Portanto, o objetivo principal da pesquisa foi investigar, através da análise das estratégias de textualização, como se dá a construção identitária do professor em formação nos cursos de Pedagogia e Letras da cidade de Divinópolis, através do Estágio Supervisionado, focalizando o jogo interlocutivo, a inserção e o gerenciamento de vozes que se instauram na trama discursiva de relatórios de estágio. Para isso, foi proposta aos alunos a produção de um relatório reflexivo – entendendo-se esse gênero textual como um texto no qual os alunos registram suas expectativas, descobertas e reflexões, realizadas no decorrer do Estágio Supervisionado. Foi, também, objetivo dessa pesquisa analisar as representações que esse aluno tem sobre a profissão “professor”, através da análise de respostas dadas aos

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 questionários aplicados no início do Estágio Supervisionado e se, através das pistas linguísticas, era possível verificar diferença na construção identitária desses alunos ao final dessa experiência.

É nosso interesse o processo de letramento que pode se revelar pela referenciação textual, pelos mecanismos enunciativos e pela construção da identidade profissional, bem como pelas representações sociais sobre a profissão escolhida. Trabalhou-se com dados de natureza documental e com dados coletados através de questionários.

Um dos pressupostos teóricos que embasam esta pesquisa diz respeito à noção de referenciação, pois ela exerce um papel bastante importante na tentativa de se compreender como ocorre o processo de construção de identidade profissional sob a luz das estratégias textuais- discursivas. Esse assunto tem sido tratado por diversos autores, tais como, Mondada e Dubois (2003), Marcuschi (2001) e Koch (2001). No decorrer de seus estudos sobre esse processo, esses autores discordam da concepção tradicional, segundo a qual a noção de referência está relacionada a um processo de correspondência entre um termo linguístico e um objeto situado no mundo extralinguístico, ou seja, segundo a qual um nome ou expressão usados para se referir a alguma coisa só terão valor de verdade se estiverem ligados a uma situação verdadeira do mundo real e exterior.

Ao invés de adotarem essa concepção de referência, os autores citados preferem utilizar o termo referenciação, e procuram ressaltar o caráter dinâmico e interativo desse processo. Segundo a perspectiva adotada por eles, o sentido das palavras e dos textos não é imanente, não se depreende de forma previamente estabelecida, mas, sim, de forma dinâmica, adaptável, no sentido de que existe a possibilidade de negociação entre os interlocutores.

É importante que a questão da referenciação seja tratada, pois esse é um fenômeno que está diretamente relacionado ao objeto de pesquisa deste trabalho. Afinal, pelo processo de referenciação, tem-se acesso à construção de objetos de discurso e através desse acesso pode-se compreender o que os sujeitos constroem como reprepode-sentações de determinado conceito.

Por essa razão, essa pesquisa está de acordo com Koch (2003, p.79), quando afirma que “a referenciação constitui uma atividade discursiva”, e também com Mondada e Dubois (2003) que, além de defenderem esse pressuposto, parecem defender também a 19507deia de que não há relação entre as palavras e as coisas, mas apenas relações entre objetos de discurso. Assim, “a instabilidade das categorias está ligada as suas ocorrências, uma vez que elas estão situadas em práticas: práticas dependentes tanto de processos de enunciação como de atividades cognitivas não necessariamente verbalizadas” (MONDADA & DUBOIS, 2003,

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 p.29). É possível compreender, então, que as expressões dêiticas não são, por si sós, suficientes para a construção de sentido, porém, elas podem servir de “pistas” para que os interlocutores acionem seus diversos conhecimentos partilhados e atribuam sentidos a essas expressões. Sendo assim, numa concepção interacional da língua, a compreensão não é apenas uma simples decodificação, mas é, como diz Koch (2003), uma atividade interativa bastante complexa de produção de sentidos. É essa partilha de conhecimentos entre os participantes da ação comunicativa que lhes permite acionar os referentes e torná-los objetos de discurso.

Com isso, o enunciador, em função de fatores intra ou extradiscursivos, pode sempre decidir pela homologação ou não, por meio de suas escolhas lexicais, de uma transformação ou mudança de estado constatada ou predicada. Simetricamente, ele pode também alterar a categorização de um objeto independentemente de toda e qualquer transformação asseverada a respeito deste (APOTHÉLOZ & REICHLER-BÉGUELIN apud KOCH, 2003: 80).

Essa transformação ou mudança de estado ocorre porque o sujeito irá categorizar um objeto de acordo com a atividade que está sendo desenvolvida e de seu contexto. Isso pode ser observado, nas respostas dos questionários, através de alguns fenômenos, tais como os mecanismos enunciativos, pelos quais pode-se observar como o aluno realiza o gerenciamento de vozes; o uso de operadores discursivos, com os quais o aluno introduz considerações sobre sua prática no Estágio Supervisionado e os modalizadores, pelos quais os alunos vão introduzindo, produzindo e/ou qualificando os objetos de discurso no decorrer do texto e vão, assim, construindo os sentidos para o que foi estudado (teoria) e vivenciado (prática). Assim, ao produzirem os relatórios, os alunos estão em “interação” com os autores dos textos estudados para a realização do estágio e sua própria prática docente, o que se refletirá em seu processo de letramento.

Para tratar dos mecanismos enunciativos, esta pesquisa embasou-se nos pressupostos de Bakhtin (1999) para quem um discurso é sempre perpassado por outros discursos que o precederam. Assim, para esse autor, toda enunciação, por mais original que seja, é constituída a partir de outros discursos, com os quais ela pode estabelecer vários tipos de relação: de concordância, de discordância, de assimilação, etc. Ao referir-se ao discurso do outro, ele afirma que “O discurso citado é o“ discurso no discurso, a enunciação na enunciação”, mas é ao mesmo tempo, um “discurso sobre o discurso”, uma “enunciação sobre a enunciação”. (1999, p. 144).

Portanto, o sujeito constrói seu discurso dialogando com as diversas vozes que já se manifestaram sobre o objeto discursivo que está sendo construído. Pode-se dizer, então, que

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 toda enunciação é dialógica, pois contém em sua construção outras vozes, além daquela que se manifesta no momento da enunciação. Tal manifestação pode ocorrer de forma explícita e/ou implícita e é tratada por Authier-Revuz (apud CHARAUDEAU e MAINGUENEAU, 2004, p.261) como heterogeneidade mostrada e heterogeneidade constitutiva. Dessa forma, o relatório reflexivo é uma atividade discursiva que pressupõe um diálogo com as produções teóricas que embasam o curso e as próprias reflexões do estudante, portanto, é comum haver um entrecruzamento de vozes na sua trama textual-discursiva que podem falar de perspectivas semelhantes ou não às do autor do texto-base. Essa interação, isto é, esse entrecruzamento de vozes pode ocorrer, como já dito, de forma explícita ou implícita, podendo o aluno utilizar estratégias textual-discursivas tais como a citação, a evocação, o discurso direto e o discurso indireto. E podem, ainda, ser utilizados mecanismos tais como as modalizações, a ironia, a reformulação, a imitação, a paráfrase. A utilização desses mecanismos e as formas através das quais eles se manifestam permite compreender as relações estabelecidas entre as instâncias enunciativas – autor do texto-base/aluno – e podem, também, caracterizar a configuração textual e o funcionamento sócio-comunicativo do relatório.

Além disso, a maneira como o aluno realiza o gerenciamento de vozes possibilita a pressuposição de suas representações sobre os aspectos teóricos e práticos da profissão docente. Pode-se dizer, assim, que uma investigação que tome os mecanismos enunciativos como objeto de análise, como é o caso desta pesquisa, é importante, pois eles indicam o posicionamento do aluno em sua enunciação, na relação estabelecida com o discurso dos autores dos textos trabalhados durante o estágio e seu próprio discurso, e entre o discurso de cada autor e o discurso daqueles com os quais cada um dialoga. Para compreender essa construção pela qual passa o aluno, é necessário verificar, nas atividades de escrita, as representações e as transformações sobre seu posicionamento identitário cujas contribuições advêm dos estudos de Moscovici (2003), em que o autor define Representações Sociais da seguinte maneira:

Um sistema de valores, ideias e práticas, com uma dupla função: primeiro, estabelecer uma ordem que possibilitará às pessoas orientar-se em seu mundo material e social e controlá-lo; e, em segundo lugar, possibilitar que a comunicação seja possível entre os membros de uma comunidade, fornecendo-lhes um código para nomear e classificar, sem ambiguidade, os vários aspectos de seu mundo e da sua história individual e social (MOSCOVICI, 2003, p. 21).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 Parece coerente dizer que, para Moscovici (2003), as Representações Sociais orientam os sujeitos quanto aos conhecimentos que são classificados e negociados de acordo com as práticas discursivas em que estão inseridos. De acordo com esse autor, as representações sociais podem ser pensadas como um sistema de “crenças, dos conhecimentos e das opiniões que são produzidas e partilhadas pelos mesmos indivíduos de um mesmo grupo, a respeito de um dado objeto” (GUIMELLI apud CHARAUDEAU & MAINGUENEAU, 2004, p.432). Considerando esse compartilhamento, parece coerente pensar que o posicionamento identitário dos sujeitos desta pesquisa embasa-se numa estrutura anterior que, em alguns casos, podem ser provenientes de práticas discursivas em que eles desempenhavam o papel de aluno da educação básica, podendo ser reafirmados ou desconstruídos, gerando novas representações no momento em que eles assumem o papel social de alunos graduandos (professores em formação) ou podem, ainda, ser construídos em situações em que esses sujeitos assumem a função de professor dos anos iniciais.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Considerando-se a materialidade dos dados e os princípios teórico-metodológicos adotados, a pesquisa que ora se propõe, é, fundamentalmente, interpretativa e qualitativa. O corpus para a análise consistiu em: relatórios de estágio e questionários aplicados aos discentes que estão cursando licenciatura na UEMG de Divinópolis. Estes questionários continham questões que possibilitam perceber sua concepção sobre o que é ser professor e quais aspectos consideram relevantes na formação do professor da Educação Básica.

A pesquisa proposta volta-se para a questão do discurso e das reflexões de estudantes em curso, em que se buscou perceber a relação que têm construído entre a teoria e a prática docente e de que maneira o Estágio Supervisionado têm contribuído para tal construção. Vale ressaltar que parte-se, aqui, da concepção de que toda e qualquer atividade de ensino (conteúdo, metodologia, avaliação) realizada pelo sujeito – o professor – revela sua identidade profissional que, por sua vez, revela seu processo de letramento e a interpretação desse sujeito acerca da realidade de uma maneira geral e, de modo específico, do fenômeno em si – o ensino/aprendizagem.

Além disso, se pretendíamos entender como se dá a construção identitária desses professores em formação, foi preciso ter em mente que tal construção revela um conjunto de representações, de ideias que os sujeitos da pesquisas têm dessa profissão. Pode-se afirmar que essas ideias, essa visão da profissão não existe desvinculada da linguagem; por isso, a essa

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 visão corresponde um determinado discurso que a materializa. Há que se ressaltar também que essa determinada visão de mundo, embora absorvida pela consciência individual, é socialmente produzida: a enunciação, ainda que realizada por um organismo individual, é, do ponto de vista do seu conteúdo, de sua significação, organizada fora do indivíduo pelas condições extraorgânicas do meio social. A partir dessa visão bakhtiniana do caráter coletivo (social) de produção das ideias, pode-se dizer que o conteúdo da consciência dos estudantes em formação inclui naturalmente uma concepção sobre o que é ser professor, que é apreendida por eles ao longo de sua formação, de sua inserção em um determinado grupo social.

Finalmente, pode-se dizer que, ao analisar o discurso desses alunos/professores, a partir da trama discursiva observada nas respostas dadas aos questionários, o processo de construção da identidade profissional dos alunos dos cursos de Licenciatura da UEMG – unidade Divinópolis, ganha a visibilidade ainda não conquistada e possibilita uma reflexão acerca de aspectos relevantes para a formação de professores da Educação Básica.

Para o desenvolvimento da pesquisa, primeiramente, foi feita a leitura dos autores pertinentes e, concomitantemente, realizado um levantamento das turmas de Pedagogia e Letras da UEMG – campus Divinópolis - que iniciariam a disciplina de estágio e que pudessem participar dessa pesquisa concordando em produzi-la, expondo suas reflexões a respeito do papel do professor e a relevância que o estágio supervisionado tem na formação do licenciando. Eles responderam a dois questionários, sendo um no início do estágio e outro após o término, que foram analisados para se ter um reconhecimento global daquilo que era recorrente em todos os cursos e, também, de maneira separada, de modo a comparar o posicionamento dos alunos de cada curso. Por meio das análises, foi possível detectar que os graduandos possuem similaridades na forma de entender o “ser professor” e da importância do Estágio Supervisionado. Foram aplicados, aos alunos que estão em curso, um questionário no início do ano e um no final, ambos com as mesmas questões, com o objetivo de perceber a o representação identitária profissional que o aluno apresentava no início da pesquisa e suas possíveis (trans) formações ao final.

A escolha pela aplicação de questionários escritos ocorre pelo fato de que a escrita inicia um processo de referenciação que, como defende Ducrot (apud MATENCIO, 2003), é uma “ação de estatuto ambíguo em que se tem o referente tanto como um elemento externo ao texto – por que é dito por outros tantos textos – quanto um elemento interno à materialidade textual – pois nele se inscreve e nele se constrói” e, com isso, ao responder o questionário, o aluno não está apenas repetindo aquilo que aprendeu, mas construindo seu próprio conceito a

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 partir daquilo que já sabe. Pensando nisso, foram analisados os questionários visando perceber o posicionamento dos discentes acerca da formação do professor e se há indícios de falas e teorias retextualizadas em seus discursos.

Em se tratando da questão “o que é ser professor?” muitas respostas se assemelharam em ambos os cursos analisados. As respostas dadas apresentam o professor como um sujeito formador de opinião, que transmite para o aluno conhecimento, havendo uma troca na relação professor-aluno e contribuindo principalmente na formação desses estudantes como cidadãos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao serem questionados sobre quais são os aspectos relevantes na formação do professor na formação básica um número expressivo de licenciandos disse sobre a “necessidade de formação continuada”, a “busca de conhecimento através de pesquisas” e a “importância da relação entre a experiência e a prática”, ou seja, mostram a importância da busca do professor estar em um recorrente processo de aprendizagem.

Ao posicionarem-se sobre a contribuição do Estágio Supervisionado, os discentes concordam que é uma experiência necessária no processo de formação do professor, pois, é nele que o graduando poderá vivenciar o dia a dia e a realidade do ambiente escolar, adquirindo conhecimento e estratégias para lidar com seus futuros alunos. Embora o estágio supervisionado proponha a aplicação do conhecimento adquirido na formação do graduando em sala de aula, os alunos ao serem questionados sobre quais as contribuições do estágio para a percepção da relação teoria e prática pedagógica, afirmam que existe um abismo entre os dois processos. Segundo as respostas dadas, somente as teorias estudadas não preparam o professor para lidar com o aluno na sala de aula. O processo de construção profissional também se adquire na medida em que as aulas acontecem efetivamente, ou seja, afirmam que a execução da regência é essencial para o aprendizado da profissão.

Em alguns questionários respondidos pelos graduandos do curso de Letras notou-se que algumas respostas possuíam argumentos idênticos, tais como: “é uma oportunidade de crescimento profissional e pessoal, além de ser um importante instrumento de integração entre escola, universidade e comunidade”. Foi realizada uma averiguação dessas respostas e concluiu-se que esses alunos buscaram trabalhos acadêmicos na internet e os utilizaram como base para o seu discurso, e, portanto, elaboraram suas respostas a partir do processo de retextualização.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 De acordo com Matencio (2003, p. 3) “ao processar um texto, o sujeito constrói, necessariamente, um quadro de referência em que ele instancia um contexto de situação em uma prática discursiva”, ou seja, os estudantes adequaram um conhecimento a um contexto para consolidar seus argumentos a esse contexto. Contudo, em nenhuma das respostas foram feitas as devidas referências, para efetivar sua retextualização. As partes retextualizadas foram incorporadas ao texto como parte do raciocínio dos discentes constitiuindo-se, portanto, de plágio.

Em se tratando dos relatórios feitos pelos graduandos de Letras e Pedagogia, observou-se que estes não possuíam as características básicas de referenciação e retextualização. De acordo com Matencio (2003, p. 3 - 4)

Retextualizar [...] envolve a produção de um novo texto a partir de um ou mais textos-base, o que significa que o sujeito trabalha sobre as estratégias linguísticas, textuais e discursivas identificadas no texto-base para, então, projetá-las tendo em vista uma nova situação de interação, portanto um novo enquadre e um novo quadro de referência.

Os relatórios foram construídos a partir das orientações do orientador de estágio e percebemos que somente em alguns foram acrescidos fragmentos de textos-base estudados durante a graduação ou mesmo no decorrer das aulas de estágio. Observamos que o posicionamento em relação ao estágio mantém-se basicamente o mesmo em todos os relatórios analisados. Houve recorrência de frases que tinham um sentido parecido, como podemos observar nos exemplos a seguir: “a experiência adquirida em sala de aula contribuiu positivamente na compreensão das ações que devem ser realizadas para o melhor aprendizado”; “o estágio foi de suma importância para minha vida acadêmica e para o amadurecimento da ideia do ‘ser professor’ dentro de mim”; “o estágio contribui para a formação docente, nos fazendo ampliar nossa visão a respeito da educação e vencer nossas próprias barreiras e obstáculos enquanto professores”.

Em contrapartida às respostas dadas aos questionários, notou-se que os relatórios foram, na grande maioria, produzidos com o intuito apenas de relatar os acontecimentos acerca do estágio, praticamente, sem referência aos textos-base estudados, ao passo que os questionários foram respondidos de forma mais criteriosa, tendo, em alguns casos, respostas retextualizadas sobre o que foi repassado por seus orientadores. Mas, mesmo não tendo retomado explicitamente os textos-base, é possível perceber retomada de autores estudados

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 durante o curso, o posicionamento dos discentes, o nível de letramento acadêmico e o processo de formação identitária desses estudantes acerca da profissão escolhida. A cada resposta dada ou a cada manifestação lingüística que permeia o discurso dos licenciandos, nos relatórios de estágio e nos questionários, é possível perceber pistas da construção identitária e o nível de letramento acadêmico apresentado por eles. Podemos assim concluir, que o Estágio Supervisionado contribui para a formação profissional do futuro professor, e que a construção identitária deste profissional perpassa a teoria adquirida no decorrer do curso juntamente com a realidade vivenciada no ambiente escolar por meio do estágio.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização da pesquisa foi possível confirmar que as estratégias textuais utilizadas pelos licenciandos para responder aos questionários e produzir os relatórios, podem oferecer pistas de como eles (re) constroem suas Representações Sociais sobre o que é “ser professor” e de como (trans) formam e constroem sua identidade profissional por meio do Estágio Supervisionado. Este estudo, também, possibilita reafirmar a importância do embasamento teórico que sustenta as disciplinas estudadas, pois a análise dos dados permite perceber pistas de que os alunos incorporaram ao seu discurso o conceito do que é ser professor trabalhado no decorrer de cada curso. Além disso, foi possível perceber que o uso da referenciação foi benéfico para o desenvolvimento dessa pesquisa, uma vez que, como diz Matencio (2003), “analisar o processo de investigação é também investigar formas de enquadre da realidade, que unem dimensão social e individual na materialidade textual”, permitindo assim que o professor trabalhe em suas aulas não apenas o conteúdo solicitado na ementa, mas também o crescimento individual e coletivo de seus estudantes.

Vivenciar a realidade profissional antes de sua formação plena, em sua respectiva disciplina, possibilita ao aluno em formação, construir sua identidade profissional unindo a teoria com a prática. Tal situação, muitas vezes, causa um desconforto diante da realidade encontrada no ambiente escolar. Percebe-se que em muitos relatos análisados, foram apresentadas queixas diante da ideologia construída no ambiente universitário acerca da postura profissional de um professor, em oposição as dificuldades apresentadas no ambiente escolar de ensino Fundamental e Médio.

Ao contrapor a teoria diante da realidade vivida por um professor de ensino básico (alguns participantes afirmaram haver um abismo entre as duas vivências), percebe-se que, muitas vezes, a ideologia profissional contrapõe-se com o ambiente escolar. De acordo com

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 19503-19517 oct. 2019 ISSN 2525-8761 as respostas dadas nos questionários, o professor teria o papel de entrar em uma sala de aula, para transmitir o conhecimento científico de sua disciplina. No entanto, afirmam que na prática, o professor esbarra-se em comportamentos sociais que, muitas vezes, inviabilizam o conteúdo científico, tendo muitas vezes, este profissional que readequar-se diante da realidade desta ou daquela comunidade escolar e criar novos modelos e meios de transpor o conhecimento científico.

Portanto, pode-se concluir que, mais do que situar o futuro professor no ambiente escolar, o Estágio Supervisionado, também cria novas reflexões sobre as formas de possibilitar o conhecimento científico diante das múltiplas faces sociais apresentadas nas instituições de ensino.

Em suma, entender como se constrói o discurso do professor é uma atividade de grande relevância e contribuição para a prática pedagógica, pois, conhecendo o posicionamento de um docente em relação à sua profissão e a posição dos graduandos pelo assunto, pode-se compreender como é a prática educativa agora e como será futuramente. Além do mais, pode-se notar como pode-se dá a formação teórica dos graduandos e pode-se essa é utilizada de forma proveitosa, tornando a presente pesquisa uma forma interessante de se avaliar tanto o ensino dos professores de graduação, como também um auxílio para a aprendizagem de seus alunos. Portanto, concluiu-se que entender o processo de construção identitária dos graduandos é de grande relevância e contribuição para a prática pedagógica docente, pois, a partir dessa percepção é possível refletir sobre a formação teórica e a prática pedagógica dos futuros professores. É também fundamental analisar a importância do estágio supervisionado na formação de novos educadores, uma vez que essas atividades podem configurar-se em um meio essencial para que o graduando conheça o dia-a-dia do professor, suas dificuldades e realizações, e para que compreendam, também, o ambiente da sala de aula e o cotidiano escolar em uma visão diferente da que ele tinha quando era aluno da Educação Básica. Essa ampliação da visão do futuro professor com relação ao ambiente escolar torna-se primordial, uma vez que foi neste ambiente que ele escolheu ingressar profissionalmente.

REFERÊNCIAS

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