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25-hidroxivitamina D e exposição solar: uma análise epidemiológica entre os estudantes de medicina / 25-hidroxivitamina D e exposição solar: uma análise epidemiológica entre os estudantes de medicina

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25-hidroxivitamina D e exposição solar: uma análise epidemiológica entre os

estudantes de medicina

25-hydroxivitamine D and sun exposure: an epidemiological analysis among

medicine students in southeast paraense

DOI:10.34117/bjdv6n2-293

Recebimento dos originais: 30/12/2019 Aceitação para publicação: 27/02/2020

Ádria Rodrigues da Silva

Graduanda em Medicina pela Universidade do Estado do Pará – UEPA Instituição: Universidade do Estado do Pará – UEPA

Endereço: Rua 7 de setembro, nº 1622. Centro, Abaetetuba – PA. CEP: 68440-000 E-mail: adriarodriguess@hotmail.com

Alessandra da Silva Mota

Graduanda em Medicina pela Universidade do Estado do Pará – UEPA Instituição: Universidade do Estado do Pará – UEPA

Endereço: Rua Comandante Francisco de Assis, nº 2136. Centro, Castanhal – PA. CEP: 68743-100 E-mail: ale.thur@outlook.com

Wild dos Anjos Cavalcante

Médico Endocrinologista pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro Instituição: Centro de Diabetes e Endocrinologia de Marabá

Endereço: Alameda Indaia, Quadra 15, Lote 05. Condomínio Mirante do Vale, Marabá – PA. CEP: 68510-509

E-mail: wildcav@hotmail.com

Eduardo Arinos de Almeida Ferreira

Biomédico pela Universidade do Estado do Pará Instituição: Laboratório de Análises Clínicas Biotest Eireli

Endereço: Rua Santa Catarina, Quadra 147, Lote 22. Cidade Nova, Marabá – PA. CEP: 68503-340 E-mail: eduardoferreira@biotestlab.com.br

RESUMO

A hipovitaminose D é um problema de saúde mundial e o Brasil está inserido nesse cenário, apresentando também uma elevada prevalência. Diante disso, o objetivo geral desta pesquisa é correlacionar dos níveis séricos de 25-hidroxivitamina D com os fatores relacionados à exposição solar nos estudantes de Medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus VIII. Após a aprovação do protocolo de estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Campus IV), sob número de protocolo 3.247.281, foi conduzido um estudo observacional, transversal e descritivo, o qual foi realizado por meio de um formulário aplicado na UEPA e da dosagem sérica de 25-hidroxivitamina D no Laboratório de Análises Clínicas Biotest em 39 estudantes, os dados foram agrupados e analisados no programa Microsoft Excel 2013 e Microsoft Word 2013. Os resultados encontrados quanto à hipovitaminose D foram: prevalência de 25,64%, destes 50% são homens, 70% têm entre 18 e 22 anos, 70% possuem de 2 a 7 salários mínimos, 70% não tomam banho de sol com duração de 15 a 20 minutos, 40% expõem-se mais ao sol antes das 10 horas e/ou após as 16 horas e, igualmente, 40% expõem-se mais entre 10 e 16 horas, 70% não fazem uso de protetor solar, 60% praticam atividade física diária e 80% têm carro como meio de transporte. Por fim, conclui-se que a exposição

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solar insuficiente e o uso de carro são comuns entre os estudantes de Medicina, sendo correlacionados à significativa prevalência de deficiência de vitamina D neste grupo.

Palavras-chave: vitamina D, hipovitaminose, exposição solar.

ABCTRACT

Hypovitaminosis is a worldwide health problem and Brazil is present on the scene, with a high prevalence. Therefore, the general objective of this research is to correlate serum 25-hydroxyvitamin D levels with factors related to sun exposure in students from the University of the State of Para (UEPA) Campus VIII. After approval of the study protocol by the Research Ethics Committee (Campus IV), under protocol number 3.247.281, an observational, transversal and descriptive study was conducted, which was done through a form applied in UEPA and of the serum 25-hydroxyvitamin D dosage at the Biotest Clinical Analysis Laboratory in 39 students, the data were grouped and analyzed in the program Microsoft Excel 2013 and Microsoft Word 2013. The results found for hypovitaminosis D were: prevalence of 24.64%, of these 50% are men, 70% are between 18 and 22 years old, 70% have 2 to 7 minimum wages, 70% do not take sunbathing for 15-20 minutes, 40% are more exposed to the sun before 10 hours and/or after 16 hours, and 40% are exposed more between 10 and 16 hours, 70% do not use sunscreen, 60% practice daily physical activity and 80% have cars as a means of transportation. Finally, it is concluded that insufficient sun exposure and car use is common among medical students and correlated with the significant prevalence of vitamin D deficiency in this group.

Keywords: vitamin D, hypovitaminosis, sun exposure.

1 INTRODUÇÃO

ESTRUTURA E FUNÇÕES

A vitamina D é um seco-esteroide composto por 4 anéis derivados do colesterol (DELUCA, 2011). Há duas formas, uma chamada vitamina D3 ou colecalciferol, a qual é produzida por meio da radiação ultravioleta no 7-dehidrocolesterol do tecido animal, ou vitamina D2, também chamada de ergocalciferol, obtida através das plantas (HOLICK, 1999).

A metabolização da vitamina D inclui duas hidroxilações para chegar-se ao metabólito ativo, uma vez que o colecalciferol é classificado como um pró-hormônio. Por isso, ao passar pelo fígado, forma o calcidiol (25-hidroxivitamina D) e, depois disso, pelos rins, onde seus dois principais resultados são o calcitriol e o 24-hidroxicalcidiol (CARVALHO e BARGE, 2011).

A vitamina D é imprescindível na regulação osteomineral, principalmente do cálcio, mas a 1,25 dihidroxivitamina D3 também está relacionada com outras funções, tais como controlar pressão arterial, sintetizar interleucinas inflamatórias e antibióticos naturais pelas células de defesa nos mamíferos, modular autoimunidade, além de multiplicar e diferenciar as células (CASTRO, 2011).

O porquê de sua grande importância na homeostase do organismo, em especial do cálcio e no desenvolvimento do esqueleto, ocorre devido às suas funções no intestino, rins, ossos e glândulas paratireoides (PEDROSA e CASTRO, 2005). Ademais, a expressão do receptor de vitamina D está

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presente em vários tecidos, como cérebro, coração, paratireoides e rins, possibilitando uma ação sistêmica (TEXEIRA e COSTA, 2015).

DEFICIÊNCIA

A hipovitaminose D é um problema de saúde mundial e o Brasil está inserido nesse cenário, apresentando também uma elevada prevalência. De forma geral, em várias regiões do Brasil, os estudos indicam valores subótimos de vitamina D, verificando-se alta prevalência de hipovitaminose D em diversas faixas etárias (MAEDA et al., 2014).

A deficiência da vitamina D diminui a absorção intestinal de cálcio e fósforo, levando à elevação do paratormônio (PTH; hiperparatireoidismo secundário), que mobiliza cálcio do osso para restaurar a normalidade do cálcio sérico, causando redução da mineralização óssea. Dessa forma, dependendo de sua gravidade e duração, a hipovitaminose D pode ser assintomática ou se manifestar como atraso do crescimento e do desenvolvimento, irritabilidade, dores ósseas e, quando grave e prolongada, causar hipocalcemia, hipofosfatemia, hiperfosfatasemia, acentuação da elevação do PTH, raquitismo em crianças e osteomalácia em adolescentes e adultos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2016).

Nesse contexto, as maiores causas de hipovitaminose D estão relacionadas a uma baixa exposição solar (uso excessivo de roupas, locais com pouca insolação e pouca penetração da luz ultravioleta tipo B na atmosfera, uso de bloqueadores solares) e a uma pobre ingesta alimentar, uma vez que sua ocorrência natural nos alimentos é pequena e a suplementação com essa vitamina não é feita rotineiramente em todos os países (CANUTO et al., 2015). Além disso, outros fatores compreendem: capacidade reduzida de síntese de vitamina D pela pele (devido ao envelhecimento ou raça amarela, por exemplo), menor biodisponibilidade da vitamina D, como ocorre na obesidade, e alteração do metabolismo da 25-hidroxivitamina D e da 1,25-dihidroxivitamina D3, o que pode acontecer na vigência de fibrose cística, doenças gastrointestinais, hematológicas, renais, insuficiência cardíaca e imobilização, hepatopatias crônicas, acidose sistêmica e uso de anticonvulsivantes (RONCHI , SONAGLI e RONCHI, 2012).

FONTES

A vitamina D é obtida pela síntese cutânea e de fontes alimentares. Aproximadamente 90% são provenientes da síntese cutânea após exposição solar e menos de 10% são obtidos de fontes alimentares. Dessa forma, as fontes alimentares de vitamina D não conseguem suprir as necessidades dessa vitamina. O leite materno, embora seja o melhor alimento para o recém-nascido e o lactente, possui baixas concentrações de vitamina D, mesmo se a lactante for suficiente em vitamina D. A

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ingestão de alguns alimentos ricos em vitamina D, por exemplo salmão, sardinha, cavala, arenque, fígado, em geral não faz parte dos hábitos alimentares da população brasileira.

Em relação à síntese cutânea, durante a primavera, outono e verão, 10 a 15 minutos de exposição solar, entre 10 e 15 horas, é suficiente para a síntese da vitamina D em indivíduos de pele clara. Residir em latitudes além de 35 a 40º, as quais diminuem a quantidade de raios UVB (Ultravioleta do tipo B) que chegam até a terra, e ter pele escura, visto que a melanina absorve os fótons de UVB, funcionando como um protetor solar natural, interferem nessa produção. O uso de protetor solar com fator de proteção maior do que 30 pode diminuir a síntese da vitamina D em até 90%, se usado de forma adequada (> 2mg/cm²) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2016).

2 OBJETIVOS

GERAL

Correlacionar os níveis séricos de 25-hidroxivitamina D com os fatores relacionados à exposição solar (tempo médio e período de exposição e hábitos de vida) nos estudantes de Medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus VIII – Marabá.

ESPECÍFICOS

a) Traçar o perfil epidemiológico dos estudantes, definindo: sexo, idade e nível socioeconômico; b) Definir o perfil de exposição solar por meio de um questionário simplificado;

c) Identificar a prevalência de deficiência de 25-hidroxivitamina D neste grupo; d) Comparar os resultados obtidos com estudos nacionais e regionais.

3 METODOLOGIA

DESENHO E LOCAL DE ESTUDO

Após a aprovação do protocolo de estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa e respeitando-se a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), ao Código de Nuremberg e à Declaração de Helsinque, iniciou-se um estudo observacional, transversal e descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa.

A coleta de dados do questionário foi realizada na Universidade do Estado do Pará (UEPA) e os exames laboratoriais foram realizados no laboratório de análises clínicas Biotest, instituição que participou da pesquisa como patrocinador principal.

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Critérios de Inclusão: Este trabalho apresenta como critério de inclusão os estudantes de Medicina da UEPA Campus VIII – Marabá, com idade igual ou superior à 18 anos, independentemente do sexo, que estejam devidamente matriculados na instituição e encontram-se integralmente cursando seus respectivos períodos. Foram incluídos na pesquisa 39 alunos.

Critérios de Exclusão:

• Presença referida de alguma doença crônico-degenerativa (como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca), doenças gastrointestinais e autoimunes;

• Uso crônico ou prolongado de medicamentos como corticosteroides, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes;

• Uso de suplementos de vitamina D; • Estar gestante e/ou lactante.

COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados em fevereiro de 2019, através de um questionário confeccionado pelos pesquisadores. As amostras para exames laboratoriais foram coletadas no mesmo mês, respeitando o dia e horário de melhor disponibilidade aos referidos alunos.

Para a caracterização do estudo foram utilizadas as seguintes variáveis: sexo, idade, nível socioeconômico, uso de protetor solar, realização de atividade física, meio de transporte diário, frequência de banhos de sol de duração de 15 a 20 minutos, período de maior exposição solar e nível sérico de 25-hidroxivitamina D.

Quanto ao nível sérico de 25-hidroxivitamina D, utilizou-se o valor de referência determinado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a partir do qual nível sérico acima de 20 ng/mL é considerado normal. Para grupos de risco, como idosos, gestantes, pacientes com osteomalácia, raquitismo, osteoporose, hiperparatireoidismo secundário, doenças inflamatórias, doenças autoimunes e renal crônica e pré-bariátricos, o valor recomendado é entre 30 e 60 ng/mL. Entre 10 e 20 ng/mL é considerado baixo, com risco de aumentar a remodelação óssea e, com isso, perda de massa óssea, além do risco de osteoporose e fraturas. E, menor que 10 ng/mL é considerado valor muito baixo, com risco de evoluir com defeito na mineralização óssea, característico da osteomalácia e raquitismo. Níveis acima de 100 ng/mL apontam para risco de hipercalcemia e intoxicação.

A coleta de sangue para dosagem de 25-hidroxivitamina D foi realizada por um técnico de enfermagem da empresa financiadora previamente escolhido pelo diretor do laboratório. Após a coleta, um adesivo contendo os dados do participante foi colado ao tubo de coleta contendo a amostra

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de sangue. Para a análise da dosagem sérica, foi utilizada a máquina E-411 de análises clínicas, pela técnica da eletroquimioluminescência.

ANÁLISE DE DADOS

Levando-se em conta que, durante o estudo, existiam cerca de 90 alunos matriculados no curso de Medicina da UEPA Campus VIII, aplicou-se o cálculo de tamanho da amostra dentre uma população limitada menor que 10.000 elementos. A partir do qual, foram classificados cerca de 40 alunos para incluir-se ao campo amostral estratificado da pesquisa.

Após a coleta dos dados, foi construída uma planilha eletrônica e os dados coletados foram agrupados, organizados e armazenados em ordem numérica, com o auxílio do Microsoft Excel 2013 e Microsoft Word 2013, utilizando-se apenas os códigos dos indivíduos. Para assim serem apresentados didaticamente por meio de gráficos e tabelas.

RISCOS E BENEFÍCIOS

Esta pesquisa ofereceu riscos relativos à coleta de amostra sanguínea para dosagem de 25-hidroxivitamina D, como: dor, desconforto, eritema e/ou edema local, tromboflebite, reações de hipersensibilidade e/ou outros ferimentos ocasionados por procedimentos invasivos. A fim de minimizá-los, a coleta foi realizada por um profissional devidamente capacitado e seguiu todas as normas de biossegurança do laboratório, entre elas: o uso de seringas estéreis, luvas, tocas, jaleco, garrote limpo, álcool à 70% para assepsia e algodão para controle de sangramento.

Em relação à análise técnica do material, ela foi guiada por um biomédico empregado pela instituição patrocinadora e foram utilizados recursos tecnológicos atuais e adequados à este exame em específico, assegurando-se que todos estes equipamentos são supervisionados e mantidos íntegros pela equipe do laboratório Biotest.

Sob outra perspectiva, a pesquisa ajudará a reconhecer a realidade desta patologia na classe estudantil, no município de Marabá e comparar com os níveis regional e nacional, auxiliando assim, o desenvolvimento de ações intervencionistas que visem diminuir o número de casos de deficiência desta vitamina. A divulgação dos resultados à comunidade acadêmica possibilitará o controle e a atenção mais efetiva sobre a doença, uma vez que o centro acadêmico não apresenta dados estatísticos referentes a esta abordagem. E, individualmente, os participantes conheceram seus respectivos níveis séricos de vitamina D e assim puderam buscar assistência à saúde especializada, para corrigir possíveis carências nutricionais.

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O estudo obedeceu à Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e foi conduzido após a submissão e aprovação sob número de protocolo 3.247.281, pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos CEP/Campus IV/CCBS/UEPA. A instituição não obteve nenhum tipo de ônus com a pesquisa, ficando estes sob a responsabilidade das pesquisadoras.

Aos participantes da pesquisa, foi oferecido o número de celular dos pesquisadores para relatar quaisquer reclamação em relação a possível quebra de sigilo e/ou desconforto moral e físico ou para relatar o desejo de retirar o consentimento, o número do laboratório Biotest e da UEPA Campus VIII para relatar quaisquer reclamação quanto aos atendimentos por funcionários das instituições. Ademais, foi oferecida assistência médica caso o participante apresentasse reações ocasionadas pela punção venosa.

Caso o participante tivesse qualquer despesa decorrente da participação na pesquisa, haveria ressarcimento por parte dos pesquisadores. De igual maneira, caso ocorresse algum dano decorrente da participação no estudo, o aluno seria devidamente indenizado.

4 RESULTADOS

De maneira geral, os estudantes de Medicina da UEPA Campus VIII possuem, em sua maioria (74,36% dos participantes), níveis séricos de 25-hidroxivitamina D adequados. Quanto à essa dosagem, obteve-se uma média aritmética de 24,76 ng/mL, um desvio padrão de 5,99 e uma variância de 35,88, tendo como valores máximo e mínimo, respectivamente, 36 ng/mL e 13,3 ng/mL. A figura 1 apresenta estas variáveis estatísticas.

Figura 1: Variáveis estatísticas com base nas dosagens séricas de 25-Hidroxivitamina D.

FONTE: Protocolo de pesquisa.

29 (74, 36%) 10 (25,64%) 24,76 ng/mL 5,99 35,88 36 ng/mL 13,3 ng/mL 0 5 10 15 20 25 30 35 40

Níveis séricos adequados Deficiência Média aritmética das dosagens

Desvio Padrão Variância Maior nível sérico Menor nível sérico

Níveis séricos adequados Deficiência Média aritmética das dosagens Desvio Padrão Variância Maior nível sérico Menor nível sérico

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Em relação ao perfil epidemiológico dos 39 estudantes de Medicina que participaram da pesquisa: 18 eram homens e 21 eram mulheres. Entretanto, dos 10 alunos que apresentaram deficiência de 25-hidroxivitamina D, 5 eram homens e 5 em mulheres, conforme a figura 2, que representa a distribuição absoluta e relativa do sexo.

Figura 2: Prevalência por sexo.

FONTE: Protocolo de pesquisa.

Ademais, 20 participantes tinham de 18 à 22 anos, 17 tinham de 23 à 28 anos, haviam 2 estudantes com idade de 29 à 34 anos e nenhum com 35 anos ou mais. Dentre os alunos cuja dosagem sérica demonstrou deficiência de vitamina D, 7 pertenciam ao grupo de 18 à 22 anos e 3 tinham de 23 à 28 anos, como demonstra a figura 3.

Figura 3: Prevalência por idade.

FONTE: Protocolo de pesquisa. 0

10 20 30

Amostra total Alunos com deficiência de 25-hidroxivitamina D 18 (46,15%) 5 (50%) 21 (53, 85%) 5 (50%) Masculino Feminino 20 (51,28%) 7 (70%) 17 (43,6%) 3 (30%) 2 (5,12%) 0 0 0 0 5 10 15 20 25

Amostra total Alunos com deficiência de 25-hidroxivitamina D 18 à 22 anos 23 à 28 anos 29 à 34 anos Mais que 35 anos

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Levando-se em conta o valor do salário mínimo como 954 reais, 6 estudantes possuíam uma renda mensal de um salário mínimo ou menos, 24 possuíam de 2 à 7 salários mínimos, 6 possuíam de 8 à 13 salários mínimos e 3 participantes demonstraram possuir mais de 13 salários mínimos. Quanto àqueles que foram classificados em deficientes de vitamina D, 2 incluem-se ao primeiro grupo socioeconômico, 7 afirmam estar no segundo grupo e 1 inclui-se no terceiro, de acordo com a figura 4.

Figura 4: Prevalência por nível socioeconômico.

FONTE: Protocolo de pesquisa.

No que tange à frequência de banhos de sol com duração de 15 a 20 minutos, 23 dos participantes afirmaram não realizar esta atividade, 10 demonstraram a fazer de uma a duas vezes por semana, 1 aluno faz de três a quatro vezes e 5 deles realizam em cinco ou mais vezes por semana. Dos estudantes com deficiência da vitamina, 7 afirmaram não tomar banhos de sol semanalmente e 3 disseram realizar uma a duas vezes por semana, conforme a FIGURA 5.

6 (15,38%) 2 (20%) 24 (61,53%) 7 (70%) 6 (15,38%) 1 (10%) 3 (7,69%) 0 0 5 10 15 20 25 30 Amostra total Alunos com deficiência de

25-hidroxivitamina D

14 salários mínimos ou mais 8 à 13 salários mínimos 2 à 7 salários mínimos 1 salário mínimo ou menos

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Figura 5: Frequência de banhos de sol com duração de 15 a 20 minutos.

FONTE: Protocolo de pesquisa.

Em relação ao período de maior exposição solar, 16 participantes responderam se expor mais entre 10 e 16 horas, 12 deles o fazem antes das 10 horas e/ou após as 16 horas e 11 afirmaram que não se expõem em quaisquer horários. Dentre aqueles com deficiência de vitamina D, 4 estudantes marcaram a primeira opção e, igualmente, 4 deles assinalaram a segunda opção e 2 alunos mostraram não se expor ao sol, segundo a figura 6.

Figura 6: Prevalência do período de maior exposição ao sol.

FONTE: Protocolo de pesquisa.

No que tange aos fatores que poderiam interferir nos níveis séricos de vitamina D: 21 estudantes demonstraram não usar protetor solar diariamente, enquanto 18 responderam afirmativamente a esta questão. Daqueles que apresentaram deficiência sérica de vitamina D, 7

0 5 10 15 20 25

Amostra Total Alunos com deficiência de 25-Hidroxivitamina D 23 (58,97%) 7 (70%) 10 (25,64%) 3 (30%) 1 (2,56%) 0 5 (12,82%) 0

Nenhum 1-2 vezes/semana 3-4 vezes/semana 5 ou mais vezes/semana

11 (28,20%) 2 (20%) 12 (30,76%) 4 (40%) 16 (41,02%) 4 (40%) 0 5 10 15 20

Amostra Total Alunos com deficiência de 25-Hidroxivitamina D Ausência de exposição solar em quaisquer horários Antes das 10 horas da manhã e/ou após 16 horas Entre 10-16 horas

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declararam não usar protetor solar cotidianamente, enquanto 3 utilizam o produto, conforme o explicitado na figura 7.

Figura 7: Prevalência segundo o uso de protetor solar.

FONTE: Protocolo de pesquisa.

Nessa perspectiva, 22 participantes disseram que praticam exercícios físicos cotidianamente, ao passo que 17 afirmaram não os praticar de forma diária. Dentre aqueles com deficiência de vitamina D, 6 praticam exercícios e 4 não, como demonstra a figura 8.

Figura 8: Prevalência de acordo com a prática diária de exercícios físicos.

FONTE: Protocolo de pesquisa.

Quanto ao tipo de meio de transporte utilizado, 2 pessoas usam bicicleta, 3 usam motocicleta, 24 utilizam carro, um estudante utiliza ônibus e 9 estudantes não utilizam quaisquer meio de transporte. Entre os alunos com deficiência, 1 usa bicicleta, 8 usam carro e 1 não usa esses meios de transportes, com base na figura 9.

18 (46,15%) 3 (30%) 21 (53,84%) 7 (70%) 0 5 10 15 20 25

Amostra total Alunos com deficiência de 25-hidroxivitamina D Uso diário de protetor solar Não diário uso de protetor solar

22 (56,41%) 6 (60%) 17 (43,58%) 4 (40%) 0 5 10 15 20 25 Amostra total Alunos com deficiência de

25-hidroxivitamina D

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Figura 9: Prevalência segundo o meio de transporte mais utilizado.

FONTE: Protocolo de pesquisa.

5 DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo demonstraram uma prevalência de 25,64% no que se refere à deficiência de vitamina D entre os estudantes de Medicina da UEPA Campus VIII. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia afirma que a 25-hidroxivitamina D (calcidiol) é o metabólito mais abundante e o melhor indicador para a avaliação do status de vitamina D. Em termos de comparação, nos Estados Unidos, a prevalência desta hipovitaminose na população pediátrica é de, aproximadamente, 15% (MISRA, 2019). Portanto, apesar da diferença entre as populações de estudo, conclui-se que a porcentagem de alunos que apresentam deficiência de vitamina D é bastante significativa e acima da média comparada.

Por outro lado, poucas pesquisas direcionados aos alunos da área da saúde foram realizadas. Além disso, muitos estudos epidemiológicos relacionados à esta deficiência foram conduzidos antes do posicionamento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, em 2017, em considerar como níveis normais de 25-hidroxivitamina D as dosagens acima de 20 ng/mL e, assim, estes estudos consideraram os valores normais acima 30 ng/mL. Com isso, várias literaturas foram eliminadas na etapa de comparação de resultados com esta pesquisa.

Entretanto, em um estudo aplicado à adolescentes de João Pessoa-PB/Brasil, a prevalência de deficiência de 25-hidroxivitamina D foi de 57,3% (ARAÚJO, 2016). Da mesma forma, em uma revisão publicada em Niterói-RJ/Brasil, a prevalência sobe para 77% nos brasileiros adultos (JORGE et al., 2018).

Aplicando o mesmo ponto de corte utilizado por Araújo (2016) e Jorge (2018), observa-se, na presente pesquisa, que a porcentagem de alunos que obteve dosagem sérica menor que 30 ng/mL foi

0 5 10 15 20 25

Amostra Total Alunos com deficiência de

25-Hidroxivitamina D 2 (5,12%), 1 (10%) 3 (7,69%) 0 24 (61,53%) 8 (80%) 1 (2,56%) 0 9 (23,7%) 1 (10%)

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de 82%. Dessa forma, ressalta-se a alta prevalência de níveis séricos baixos entre os estudantes de Medicina, acima da média destes estudos comparativos.

Em relação à variável sexo, no estudo realizado por Araújo (2016), o sexo feminino foi o mais prevalente, ao contrário de Yatley e colaboradores (2008), cujo resultado apontou para um maior aporte de 25-hidroxivitamina D entre os homens. Com base na figura 2, há igual prevalência entre os sexos, diferindo dos trabalhos citados acima.

Quanto à idade, 70% dos alunos que obtiveram deficiência de vitamina D informaram ter de 18 à 22 anos. Contudo, quanto maior a idade, maior a tendência de apresentar esta deficiência, visto que, em idosos, a capacidade de sintetizar vitamina D pela exposição à luz solar encontra-se diminuída, devido à perda progressiva da eficiência em sintetizar vitamina D (HOLICK e CHEN, 2008). Da mesma forma, Yatley et al. (2008) verificaram maiores dosagens da vitamina em crianças, quando comparado aos adultos. Logo, o resultado desta pesquisa mostra oposição ao que se espera em relação à idade. O fato de a maioria dos alunos da amostra obtida (51,28%) apresentarem-se de 18 à 22 anos pode explicar tal resultado.

Apesar de o nível socioeconômico ser apontado como um dos fatores que influenciam a incidência de deficiência de vitamina D em vários estudos, pouco se é correlacionado objetivamente aos níveis séricos de 25-hidroxivitamina D. Neste estudo, 70% dos alunos que apresentaram deficiência de vitamina D declararam possuir de 2 à 7 salários mínimos.

No que tange ao uso diário de protetor solar, 70% dos alunos com hipovitaminose D afirmaram não usar este produto cotidianamente. Por outro lado, segundo Holick e Chen (2008), o uso de protetor solar, indispensável para prevenção de câncer de pele, diminui a produção cutânea da vitamina D. A aplicação de protetor solar com Fator de Proteção Solar (FPS) 8 reduz a síntese cutânea de vitamina D em 90%; os de FPS 15, em 95% e os de FPS 30, em 99%.

Todavia, Andrade et al. (2015), descreve que o hábito de passar protetor solar não infere significativamente nos níveis de vitamina D. Portanto, a variável analisada pouco correlacionou-se aos níveis séricos de 25-hidroxivitamina D e os resultados obtidos foram opostos ao que se esperava, visto que aqueles que não usam protetor solar estariam mais expostos à síntese cutânea eficaz de vitamina D.

Sobre a variável da prática de exercício físico, 56,4% da amostra total e 60% dos estudantes com hipovitaminose alegaram praticar exercício físico diariamente, conforme a figura 10, o que diverge da pesquisa de Al-Othamani e colaboradores (2012), na qual os pacientes sedentários tinham níveis menores de vitamina D, quando comparado com os fisicamente ativos. Igualmente, Marwaha e colaboradores (2011) mostraram que os praticantes de atividade física apresentaram maiores níveis de 25-hidroxivitamina D, associado à maior exposição solar. A pesquisa de Hamilton e colaboradores

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(2014) esteve mais próximo ao resultado deste estudo, pois 84% dos jogadores de futebol pesquisados apresentavam menos de 30 ng/mL, dos quais 12% menos de 10 ng/mL.

Segundo Liechtenstein e colaboradores (2013), o sedentarismo pode implicar em uma menor exposição solar e consequentemente menores níveis de 25-hidroxivitamina D, porém divergente do que ocorreu nos resultados deste trabalho.

É válido lembrar que os seres humanos precisam especialmente da síntese cutânea, já que as fontes alimentares são escassas. Dessa maneira, a exposição solar é de suma importância para atingir níveis adequados de vitamina D, como consequência, situações as quais reduzam-na ou limitem-na, podem levar à deficiência de vitamina D, entre elas há os indivíduos em regime de fotoproteção e usuários de vestimenta religiosa, por exemplo véu, batina e/ou burca. (CONSENSO SBEM, 2014).

Nessa perspectiva, os resultados demonstraram que grande porcentagem da amostra total, aproximadamente 59% e 70% da amostra com deficiência de vitamina D, não toma banho de sol de duração de 15 a 20 minutos, assim como apenas cerca de 15% da amostra total e 0% da amostra com hipovitaminose D toma banho de sol com a frequência de três vezes ou mais por semana, concordando que há possível relação da falta de exposição solar com a hipovitaminose D.

Isto está em conformidade com os resultados de Tangpricha e colaboradores (2004), visto que, neste estudo, para se atingir valores adequados de vitamina D, é preciso que haja a exposição solar com duração média de 15 minutos por dia no momento da emissão de raios UVB. Informações semelhantes a Hollick (2011), que demonstrou que a principal fonte de vitamina D é a exposição solar, especialmente de 20 a 30 minutos, três vezes por semana, entre 10 e 15 horas, o que equivale à ingestão de 10.000 a 25.000 UI de vitamina D por dia.

Este fato corrobora com Dirks Naylora e Lennon-Edwards (2011), Lanteri e colaboradores (2013) e Grant (2013), os quais discutiram que a pele provê de 80 a 100% das necessidades de vitamina D, a qual é estocada na gordura corporal em períodos de maior exposição solar.

Prentice e colaboradores (2008) frisam que o atual alerta em torno dos riscos do desenvolvimento de neoplasias cutâneas e sua prevenção tem levado muitos indivíduos à evitar a exposição solar direta ou à aplicação excessiva de agentes protetores tópicos. Diante disso, a Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta que pessoas com pele muito clara, que têm maior risco de câncer de pele, sempre usem protetor solar e, apenas três vezes por semana, tomem sol, mas só nos braços. Segundo a entidade, essa exposição já é suficiente para um aporte adequado de vitamina D.

À respeito do período de maior exposição ao sol, em torno de 41% da população total e 40% entre os deficientes de vitamina D em estudo responderam que se expõem mais entre 10 e 16 horas, enquanto que cerca de 30% da totalidade e 40% na amostra com hipovitaminose D assinalaram antes

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das 10 e/ou depois das 16 horas, conforme a figura 6. Portanto, esta variável não correlacionou-se com os níveis de 25-hidroxivitamina D entre os alunos com deficiência deste nutriente.

Desse modo, há discordância dos resultados referidos com os achados de Tangpricha e colaboradores (2004), os quais apresentam que outros fatores também influenciam os níveis séricos de vitamina D, como a hora do dia em que há exposição ao sol. Assim como o posicionamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia (2013), a qual afirma que o nível de radiação UVB no período anterior às 10 horas da manhã e após as 15 horas é mínimo, não justificando a exposição solar durante esses períodos, especialmente para produzir vitamina D.

Não obstante, Ferreira (2013) apresenta que o tempo de exposição e a proporção do corpo exposto necessários para uma adequada síntese de vitamina D3 na pele são questões difíceis de serem definidas e não podem ser tituladas como uma simples regra geral, uma vez que o nível de vitamina D3 sintetizado pelo indivíduo depende da latitude em que mora, estação do ano, cor da pele, hábitos alimentares e de vestimenta e da determinação genética.

Partindo-se da suposição de que os estudantes utilizam meios de transporte diariamente para deslocar-se à universidade durante o dia, este fator poderia influenciar na captação de raios UVB. Nesse sentido, a presente pesquisa mostra que 61,53% da amostra total e 80% dos alunos com deficiência de vitamina D utilizam carro como principal meio de locomoção, de acordo com a figura 9. Todavia, não foram encontrados outros estudos com esta abordagem.

6 CONCLUSÃO

É notório que o estilo de vida mais moderno oferece mais conforto aos homens. Alternativas ao enfrentamento do incomodo ao calor e à forte luminosidade do ambiente livre proporcionam o deslocamento urbano através de veículos fechados, a realização de exercícios físicos em ambientes climatizados, a criação de produtos tópicos para a prevenção do câncer de pele, o uso de roupas modernas com tecido de absorção de raios UVB, etc. Enfim, as tecnologias atuais afastam os homens da apreciação às atividades ao ar livre, o que pode comprometer a regulação solar da homeostase corpórea. Nesse sentido, o conforto da vida moderna também apresenta seu preço: o aumento dos índices de deficiência de vitamina D.

Aplicando esta avaliação a um grupo específico e, nesse caso, aos estudantes de Medicina da UEPA Campus VIII Marabá, pretendeu-se, primeiramente, conhecer o perfil epidemiológico desta população. Em relação a isso, os resultados mostraram maior prevalência do sexo feminino (53,85%), idade de 18 à 22 anos (51,28%) e nível socioeconômico de 2 à 7 salários mínimos por pessoa (61,53%). A prevalência de deficiência de vitamina D, segundo as dosagens séricas e os valores recomendados pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, foi de 25,64%.

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Entretanto, a grande maioria das pesquisas divulgadas à nível nacional ainda consideravam níveis abaixo 30 ng/mL como insuficiente ou deficiente.

A mudança para um ponto de corte mais baixo (20 ng/mL) alterou significativamente os paradigmas médicos, uma vez que a faixa de segurança para ausência de patologias adversas, incluindo osteoporose, osteomalácia e raquitismo, tornou-se mais ampla, a prevalência de hipovitaminose D diminuiria e menos pacientes necessitariam de suplementação vitamínica. Fato este evidenciado nos resultados da presente pesquisa, pois, caso os níveis séricos abaixo de 30 ng/mL fossem considerados inadequados, a prevalência de deficiência de vitamina D passaria para 82%. Isto é, a grande maioria dos alunos necessitariam de consulta médica especializada e tratamento direcionado, mesmo sem fatores de risco para as doenças citadas.

Considerando os fatores que poderiam interferir nos níveis séricos de 25-hidroxivitamina D, a frequência de banhos de sol com duração de 15 a 20 minutos obteve significativa influência, visto que 58,97% de todos os alunos e 70% dos estudantes com deficiência de vitamina D afirmaram não tomar banho de sol semanalmente. Nesse sentido, a importância da exposição solar para a produção cutânea do pró-hormônio é explícita e corroborada por este estudo.

Por outro lado, os horários de maior exposição solar tiveram pouca relação com as dosagens séricas, já que, entre os alunos com deficiência da vitamina, os horários de antes das 10 horas e/ou após 16 horas e os horários entre 10 e 16 horas foram assinalados na mesma proporção (40% cada opção).

Outrossim, 53,84% da amostra total e 70% dos estudantes com deficiência da vitamina afirmaram não usar protetor solar diariamente, o que se demonstrou discordante dos demais estudos, que evidenciaram a não utilização desses produtos como favorecedor da captação de raios UVB. Todavia, há autores que digam que o uso de bloqueador solar pouco influência nesta produção. Portanto, estudos necessitam ser conduzidos a fim de esclarecer a real importância da ausência de protetor solar tópico na síntese da vitamina D e seu impacto na saúde da pele.

Ademais, estudos mostram que o sedentarismo pode ser um contribuinte aos baixos níveis séricos de vitamina D. Porém, nesta pesquisa, isso não é significativamente visto, pois 56,41% de todos os participantes e 60% dos alunos com deficiência da vitamina afirmaram exercitar-se diariamente.

Outro fator muito presente na vida pós-revolução industrial é o uso de automóveis, cujas proteções metálicas absorvem e refletem boa parte dos raios UVB, diminuindo a captação solar cutânea dos usuários. Este meio de transporte é utilizado por 61,53% dos participantes e 80% dos estudantes com deficiência de vitamina D, o que demonstra significativa contribuição à diminuição dos níveis séricos do pró-hormônio, quando analisado isoladamente.

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Por fim, conclui-se que a exposição solar insuficiente e o uso de carro como meio de deslocamento urbano é comum entre os estudantes de Medicina, sendo correlacionados à significativa prevalência de deficiência de vitamina D neste grupo. Isso configura-se como um verdadeiro paradoxo na região sudeste paraense, uma vez que esta encontra-se próxima à linha do Equador e apresenta incidência de raios UVB durante grande parte do dia. Frente a isso, aconselha-se os centros acadêmicos à desenvolverem atividades de incentivo à exposição solar, incluindo divulgações sobre a importância de manter os níveis séricos adequados de 25-hidroxivitamina D e as vantagens da utilização de meios de transporte alternativos e dos banhos de sol.

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Figura 1: Variáveis estatísticas com base nas dosagens séricas de 25-Hidroxivitamina D
Figura 2: Prevalência por sexo.
Figura 4: Prevalência por nível socioeconômico.
Figura 5: Frequência de banhos de sol com duração de 15 a 20 minutos.
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