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revista impressa
Iª Série
(1982-1986)IIª Série
(1992-...) (2005-...)3
E
DITORIALII Série, n.º 20, tomo 1, Julho 2015
Propriedade e Edição|
Centro de Arqueologia de Almada, Apartado 603 EC Pragal, 2801-601 Almada Portugal Tel. / Fax|212 766 975 E-mail|secretariado@caa.org.pt Internet|www.almadan.publ.pt Registo de imprensa|108998 ISSN|2182-7265 Periodicidade|Semestral Distribuição|http://issuu.com/almadan
Patrocínio|Câmara M. de Almada Parceria|ArqueoHoje - Conservação e Restauro do Património Monumental, Ld.ª Apoio|Neoépica, Ld.ª Director|Jorge Raposo (director.almadan@gmail.com) Publicidade|Elisabete Gonçalves (publicidade.almadan@gmail.com) Conselho Científico|
Amílcar Guerra, António Nabais, Luís Raposo, Carlos Marques da Silva e Carlos Tavares da Silva
Redacção|Vanessa Dias, Ana Luísa Duarte, Elisabete Gonçalves e Francisco Silva Resumos|Jorge Raposo (português), Luisa Pinho (inglês) e Maria Isabel dos Santos (francês)
Modelo gráfico, tratamento de imagem e paginação electrónica|Jorge Raposo Revisão|Vanessa Dias, Fernanda Lourenço e Sónia Tchissole Colaboram neste número| Rafael Alfenim, Ticiano Alves, Maria João Ângelo, André Bargão, Piero Berni, André Carneiro, António Rafael Carvalho, Ana Cruz,
Mariana Diniz, Sara Ferreira, José Paulo Francisco, Agnès Genevey, Rámon Járrega, Sara Leitão, Ana Marina Lourenço, Vasco Mantas, Andrea Martins, Vítor Matos, César Neves, Franklin Pereira, Vitor Pereira, Xavier Pita, Eduardo Porfírio, Tiago Ramos, Sara Henriques dos Reis, Artur J. Ferreira Rocha, Ana Rosa, Sandra Rosa,
Capa|Jorge Raposo
Montagem de fotografias de peças em faiança recolhidas no interior do perímetro amuralhada da antiga vila do Jarmelo (Guarda), provavelmente produzidas em Coimbra, entre a segunda metade do século XVII e os inícios do século XVIII. Fotografias © Tiago Ramos e Vitor Pereira.
E
ste tomo da Al-Madan Online reúne estudos, artigos e textos de opinião de natureza
muito distinta. Nos primeiros inclui-se a análise de faianças provavelmente produzidas
em Coimbra entre a segunda metade do século XVII e os inícios do século XVIII,
entretanto recolhidas no interior do perímetro amuralhado da antiga vila medieval do Jarmelo
(Guarda), a par do estudo de um conjunto de pratos decorados em “corda-seca” recuperado
na Praça do Comércio e na Ribeira das Naus, em Lisboa, que atesta o uso destas cerâmicas
sevilhanas de finais do século XV, primeira metade do século XVI, na convivialidade da
corte portuguesa da época. Segue-se uma abordagem às técnicas e tecnologias informáticas
disponíveis para a manipulação não invasiva, a restituição e a representação gráfica de
cerâmicas arqueológicas, acompanhada de uma reflexão bem diversa, centrada na
interpretação sociológica da epigrafia votiva do municipium Olisiponense, considerando as
diferentes entidades religiosas e os que lhes prestam culto nesta parcela do Império Romano.
Os textos de opinião ilustram também uma assinalável diversidade. O primeiro fala-nos da
“Arqueologia das Coisas”, também conhecida como “Arqueologia Simétrica”, uma visão
pós-processualista do mundo e da transformação social como teia de relações entre seres
humanos, mas também entre estes e seres não humanos, e de todos eles com “coisas”.
Outro trabalho trata a relação antrópica com o ambiente aquático e apresenta propostas
para a definição, interligação e aplicação de conceitos como os de Arqueologia Marítima,
Naval, Náutica e Subaquática. Por fim, um terceiro reflecte sobre as condições de
consolidação e desenvolvimento do Parque Arqueológico do Vale do Côa, de modo a
que este assuma em plenitude o importante papel regional que pode e deve desempenhar.
As denominadas arqueociências marcam presença através da apresentação e sustentação
teórico-metodológica de projecto de investigação em arqueomagnetismo aplicável
na datação absoluta de contextos e materiais arqueológicos.
A temática patrimonial mais alargada está representada por trabalhos de ilustração científica
de aspectos técnicos, etnográficos e históricos do Moinho de Maré de Corroios (Seixal),
de divulgação da vida de Maria José Viegas e integração da sua obra em couro no contexto
da produção artística das mulheres portuguesas, e, ainda, de destaque para a importância
local e regional da extinta igreja de N.ª Sr.ª da Consolação, fundada em meados do
século XV à entrada do castelo de Alcácer do Sal.
Noticia-se o achado, em Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja), de uma nova estela atribuída
à Idade do Bronze, e a aplicação de técnicas de estudo de parasitas em sedimentos associados
a enterramentos humanos de necrópole identificada na igreja de S. Julião, em Lisboa.
Por fim, apresentam-se sínteses ou balanços de vários eventos científicos ou de âmbito
patrimonial, dedicados ao debate de temáticas ligadas ao Neolítico, à Época Romana e à
Antiguidade Tardia, ou à reflexão sobre o papel dos museus, empresas e associações de
cidadãos na gestão da Arqueologia e do Património arqueológico.
Como sempre, votos de boa leitura!...
Jorge Raposo
Miguel Serra, Luciana Sianto, Pedro F. Silva, Rodrigo Banha da Silva e Ana Vale
Por opção, os conteúdos editoriais da
Al-Madan não seguem o Acordo Ortográfico
de 1990. No entanto, a revista respeita a vontade dos autores, incluindo nas suas páginas tanto artigos que partilham a opção do editor como aqueles que aplicam o dito Acordo.
Í
NDICEE
DITORIAL ...3A Faiança da Antiga
Vila do Jarmelo (Guarda):
contributos para o seu
conhecimento |
Tiago Ramos
e Vitor Pereira
...6E
STUDOSA
RQUEOLOGIABreve Abordagem Acerca
da Aplicação das Técnicas
Computacionais à Representação
da Cerâmica Arqueológica |
Ana Rosa e Sandra Rosa
...28A Arqueologia e as Coisas:
a disciplina e as correntes pós-humanistas |
Ana Vale
...41O
PINIÃOArqueologia, Património
e Desenvolvimento
Territorial no Vale do
Côa |
José Paulo
Francisco
...56Arqueologia Marítima,
Naval, Náutica e
Subaquática: uma
proposta conceitual |
Ticiano Alves e
Vasco Mantas
...50De Sevilha para Lisboa:
pratos com decoração
em “corda-seca” de final dos
séculos XV-XVI de dois contextos na Ribeira ocidental |
André Bargão, Sara Ferreira e Rodrigo Banha da Silva
...21Uma Análise da Epigrafia Votiva
de Olisipo: contributo para um estudo das
interacções culturais no municipium
|
Sara Henriques dos Reis
...34A
RQUEOCIÊNCIASArqueomagnetismo em Portugal:
aplicações em Arqueologia |
Maria João Ângelo,
Agnès Genevey, Rafael Alfenim
5
Colóquio O Neolítico em Portugal,
Antes do Horizonte 2020: perspectivas
em debate |
Mariana Diniz, César Neves
e Andrea Martins
...112E
VENTOSP
ATRIMÓNION
OTÍCIASUm Novo Achado do Bronze do
Sudoeste: a estela do Monte do Ulmo
(Santa Vitória, Beja) |
Miguel Serra
e Eduardo Porfírio
...108Elementos para a História da Extinta Igreja
de Nossa Senhora da Consolação de Alcácer
do Sal nos Séculos XV a XVII |
António Rafael Carvalho
...91O Couro Repuxado
na Linhagem Feminina:
a arte de Maria José Viegas |
Franklin Pereira
...99Estudo
Paleoparasitológico
de Sedimentos
Associados a
Enterramentos
Humanos da Necrópole da Igreja de São
Julião, Lisboa |
Luciana Sianto, Sara Leitão,
Vítor Matos, Ana Marina Lourenço e Artur
Jorge Ferreira Rocha
...110Seminário Internacional
Augusta Emerita y la Antiguëdad Tardía
|
André Carneiro
...114Congreso Amphorae ex Hispania:
paisajes de producción y consumo |
Ramón Járrega y Piero Berni
...116I Fórum sobre Museus, Empresas e
Associações de Arqueologia: dinâmicas e
problemáticas sociais na gestão da
Arqueologia em Portugal |
Ana Cruz
...118O Moinho de Maré de
Corroios: ilustração do
Património pré-industrial |
Xavier Pita
...76onde se assistiu, para a Arqueologia em geral e para o estudo do Neolítico em particular, a uma fase de
“…ino vação teórica, metodológica e prática…”,
por parte de uma nova geração de arqueólogos que procuravam distanciar-se das leituras Histórico-Cul tu ralistas em vigor, em prol das abordagens processuais propostas pela Nova Arqueologia. Para se compreender o cenário com que os pri-meiros grupos neolíticos se depararam aquando da sua “chegada” (não se pretendendo, aqui, dis-cutir os distintos mecanismos de introdução do Neolítico, ainda em debate), Ana Cristina Araújo, em “Antes do Afagar a Terra: quando o território era então Mesolítico”, trouxe à discussão os ante-cedentes do processo de Neolitização, analisando os comportamentos sociais e económicos dos gru -pos de caçadores-recolectores do Mesolítico, gru-pos que se apresentavam claramente condicio-nados pelas novas condições ambientais instala-das no Pós-glaciar.
Após estas duas conferências introdutórias, deu--se início a um conjunto de apresentações focadas sobre territórios de análise específicos, que reflec-tiram de forma evidente o percurso pessoal dos seus autores.
Nas duas comunicações subsequentes, João Car -los de Senna-Martinez, através de “Sociedades
N
o passado dia 21 de Fevereiro de 2015, a Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP), através da sua Secção de Pré-História, or ganizou o Colóquio “O Neolítico em Portugal, antes do Horizonte 2020: perspectivas em deba-te”, que teve lugar no Auditório da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Esta acção deu continuidade à actividade desen-volvida, nos últimos anos, pela AAP na progra-mação de Colóquios, Conferências e Workshops, num esforço conjunto entre a Direcção e as suas Sec ções que teve expoente máximo na realização do I Congresso da Associação dos Arqueólogos Por tugueses, em 2013.Num desafio lançado a diversos arqueólogos, que têm dedicado a sua investigação ao estudo do Neolítico ou a tópicos afins, este colóquio tinha como principal objectivo permitir uma reflexão conjunta acerca dos trabalhos desenvolvidos, nas últimas décadas, sobre o Neolítico em Portugal, nas suas múltiplas vertentes, bem como perspec-tivar futuras linhas de investigação, definindo os principais tópicos de uma agenda em aberto, que os programas a desenvolver, no âmbito do Ho ri -zonte 2020, poderão incorporar.
Cada conferencista dispôs de 25 minutos para ex -por elementos considerados centrais no seu tra-balho, dando origem a apre sentações
construídas a partir de uma diversi-dade considerável de pers pectivas teórico-metodológicas que tradu-zem o dinamismo da in ves tigação em torno do Neolítico, em Portugal. Na primeira comunicação, Ana Cris -tina Martins abordou a temática a partir de uma visão historiográfica. Seguindo uma linha de trabalho que a caracteriza, a autora, em “Estudos Neolíticos em Transição (1958-1977)”, reporta a um período concreto da His tória da Arqueologia portuguesa,
E
VENTOSCam ponesas na Plataforma do Mondego: Neoli -tização e Megalitismo”, e João Luís Cardoso, com a apresentação “Na Estremadura, do Neo -lítico Antigo ao Neo-lítico Final: um percurso pessoal”, debruçaram-se sobre os resultados obti-dos ao longo de várias décadas de prática arqueo-lógica, em contextos geográficos específicos – Beira Interior, Estremadura e Baixo Vale do Tejo –, para traçarem um perfil crono-estratigráfico do Neolítico regional, utilizando a informação dis-ponível para estes territórios, com percursos de investigação distintos.
Cronologia, caracterização dos lugares de povoamento e das estratégias de subsistência foram te -máticas comuns das apresentações, sendo que a de J. C. Senna-Martinez, condicionada pela base empírica disponível, incidiu maioritariamente sobre os espaços simbólicos e funerários destas comunidades, já escavados em finais do século XX, e J. L. Cardoso apresentou dados provenientes fundamentalmente de contextos habitacionais intervencionados na última década, nomeada-mente Carrascal, Moita da Ladra e Cortiçóis. Também sobre a Estremadura incidiu a comuni-cação de Teresa Simões e Simon Davis: “O Lapiás das Lameiras (Sintra): um sítio paradigmático para o conhecimento da Neolitização da fachada atlântica da Península Ibérica”. A descrição deste contexto arqueoló-gico, com particular destaque para os dados faunísticos, sintetiza o objec-tivo principal da apresentação. Além da cronologia antiga – a ocupação do Neo lí tico parece remontar aos inícios da 2ª metade do VI milénio cal AC –, a excepcional preservação da matéria orgânica constitui um ele-mento de referência do sítio. Neste sentido, destaca-se a existência de ani mais domesticados, nomeada-mente Ovis aries que, em conjunto
colóquio
O Neolítico em Portugal,
Antes do Horizonte 2020
perspectivas em debate
Mariana Diniz, César Neves e Andrea Martins[UNIARQ- Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa;
Associação dos Arqueólogos Portugueses; Fundação para a Ciência e a Tecnologia;
113
Ocidente Peninsular Através das Suas Expressões Ideológicas no 4º Milénio a.n.e.”, procurou reflectir acerca do peso do subsistema ideológico no de -senvolvimento social das comunidades neolíticas. O questionário, ainda em aberto, relativamente a temáticas como Megalitismo não funerário, os grandes recintos de fossos, o significado dos moti-vos decoratimoti-vos (ou a ausência deles) na cerâmi-ca, a arte rupestre, a arte móvel, foi abordado nes-ta comunicação.
Por fim, a intervenção “Sociedades Neolíticas e Co -munidades Científicas: questões aos trajectos da História”, apresentada por Mariana Diniz, Cé sar Neves e Andrea Martins, procurou enunciar alguns tópicos a debater acerca dos Mecanismos de Transição e Modelos Sociais Mesolítico / Neo -lítico, Territórios Culturais e Grupos Neolíticos e Ritmos Demográficos do Neolítico antigo ao Neo -lítico final, discutindo ainda os contextos sociais da produção contemporânea de inquéritos ao Pas sado.
Para além dos 18 investigadores que apresentaram comunicações, o Colóquio contou com a parti-cipação de mais de 70 assistentes, na sua grande maioria estudantes universitários, seguidos de só -cios da AAP e arqueólogos de distintas instituições e categorias profissionais. Todos os participantes tiveram espaço para, em dois momentos distintos do programa, puderem questionar e debater as temáticas abordadas, numa discussão profícua que valorizou e justificou, ainda mais, a realização deste Encontro.
No claro reconhecimento da investigação desen-volvida, e em curso, sobre o Neolítico, na cons-tatação da existência de novas linhas de investi-gação, e de agendas cada vez mais multidiscipli-nares e na, cada vez mais clara, consciência da fun-damental transmissão de conhecimento científico a múltiplos públicientíficos, científiconsideramse plenamen te atingidos os objectivos propostos para este En -contro.
O êxito verificado no Colóquio “O Neolítico em Portugal, Antes do Horizonte 2020: perspectivas em debate” resultou do empenho conjunto da co -munidade científica, cuja vitalidade ficou ampla-mente demonstrada. É intenção da Secção de PréHistória e da Direcção da AAP editar um vo -lume monográfico que inclua todas as comuni-cações apresentadas ao Encontro, adicionando também aquelas que não puderam ser apresen-tadas, até ao final do corrente ano, para que o seu conteúdo possa suscitar novas reflexões e debates. A construção do conhecimento científico acerca do Neolítico, em Portugal, antes do Horizonte 2020, também passa por aqui.
com outros elementos da cultura material, permite atestar a presença, no sítio, do “pacote neolítico” nas suas diferentes componentes.
A partir do Alentejo Central, Leonor Rocha se -guiu a linha programática do Colóquio. Na conferência “O Neolítico no Alentejo: novas perspec -tivas”, a investigadora sintetizou os resultados por si obtidos, nas últimas décadas, naquela re gião. Numa leitura integrada, e partindo essencialmen -te de dados provenien-tes de in-tervenções arqueológicas que coordenou – com destaque pa ra a pros -pecção arqueológica –, analisou a génese e evo-lução das primeiras sociedades camponesas, refe-rindo quer espaços de habitat quer necrópoles. Uma visão particular foinos transmitida por An -tónio Faustino de Carvalho, na apresentação “O Estudo do Neolítico em Portugal, 1992-2016: percursos e perceções pessoais”. O autor procurou, de forma crítica e partindo do seu trajecto pro-fissional, fazer uma retrospectiva do estudo do Neolítico em Portugal, nos últimos 23 anos, pro-jectando, ao mesmo tempo, o futuro imediato. Esta intervenção reflectiu as diferentes etapas da sua investigação – Estremadura, Foz Côa e Al garve –, marcada pela análise multidisciplinar, discu-tindo ainda opções metodológicas e questões de financiamento.
O Colóquio integrou ainda apresentações relati-vas a metodologias de análise e campos discipli-nares específicos, e nesta linha surgem os contri-butos de Ângela Ferreira e, em seguida, de Maria João Valente. A primeira, em “Palácio dos Lu -miares e Encosta de Sant’Ana: análise traceológi-ca”, referiu-se a um estudo traceológico dos con-juntos de pedra lascada em sílex, provenientes de dois contextos neolíticos concretos, localizados na actual cidade de Lisboa. Ficou mais uma vez pa -tente o potencial informativo deste campo de análise funcional que, em conjunto com o estu-do tecno-tipológico estu-dos artefactos líticos, pro-porciona uma melhor caracterização das activi-dades económicas praticadas pelos grupos neolí-ticos, auxiliando na interpretação da natureza das ocupações. A apresentação de Maria João Va lente, “Zooarqueologia do Neolítico no Sul de Portugal: actual estado dos conhecimentos”, constituiuse como uma análise crítica aos dados zoo -arqueológicos disponíveis para o Neolítico do Sul de Portugal. Além do número reduzido de res-tos faunísticos, a autora refere que as faunas exu-madas provêm de um número limitado de con-textos – na Estremadura, Alentejo e Algarve –, o que dificulta a definição global das estratégias de subsistência dos grupos neolíticos. A generaliza-ção dos estudos faunísticos é uma necessidade
efectiva, embora se reconheçam as limitações na ob -tenção de dados, resultantes de problemas tafo-nómicos e pós-deposicionais.
Numa apresentação conjunta, Carlos Tavares da Silva e Joaquina Soares colocaram em discussão um tema que, em Portugal, não tem gerado par-ticular interesse no debate científico: o Neolítico médio. A co municação “Neolítico Médio Agro--Pastoril. Invi sibilidade e crise (?)”, além de pro-por um modelo económico e social para os finais do V e inícios da 1ª metade do IV milénio AC, ba -sea do num “semi-nomadismo agro-pastoril”, pos-sibilitou a di vulgação dos dados provenientes das esca vações da Fábrica de Celulose e Pipas (Mou -rão-Monsaraz), aumentando, assim, a evidência empí rica disponível acerca desta etapa média do Neolítico.
“As Origens do Megalitismo no Século 21”, de Rui Boaventura, abriu o último painel. As práti-cas funerárias das populações do 4º e 3º milénios a.n.e. foram discutidas, partindo de uma revisão crítica de dados prévios, em conjunto com os en -tretanto obtidos pela “revolução empírica”, como o autor denominou a entrada em cena de infor-mação obtida a partir de distintas análises arqueo-métricas. O trabalho desenvolvido por Boaven tura tem possibilitado “…novas abordagens acerca das
origens do Megalitismo [funerário], mas também do seu apogeu e declínio”. Destacou ainda a
necessi-dade de promover o conhecimento científico, pe la partilha de dados e valências entre investiga do res, gerando verdadeiras equipas de in vesti -gação.
Num encontro desta natureza era inevitável a pre sença de um trabalho sobre Recintos de Fossos, matéria que, nos últimos dez anos, veio transfor-mar o discurso científico e obrigar a uma revisão de problemáticas relativas ao Neolítico final. Na intervenção “Os Fossos Enquanto Estruturas de Condução e Drenagem de Águas: o caso do sis-tema de fossos duplo do recinto do Porto Torrão”, Filipa Rodrigues propõe uma funcionalidade específica para o sistema de fossos duplo identi-ficado no Porto Torrão (Ferreira do Alentejo). Para a autora, a construção deste sistema “…estaria
rela-cionada com a condução e drenagem de águas, ou seja, com o controlo e manipulação de dois bens con-siderados fundamentais para as sociedades agro--pas toris: a terra e a água”. F. Rodrigues, partindo
essencialmente de observações directas em Porto Torrão, sustenta o modelo teórico proposto na ne -cessidade de crescimento da produtividade agrí-cola e do controlo da água.
Seguidamente, António Valera, numa abordagem marcadamente teórica, em “Olhar o Neolítico do
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[travessa luís teotónio pereira, cova da piedade, almada]
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