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10.AFLATOXINAS EM AMENDOINS COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE BACABAL-MA

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AFLATOXINAS EM AMENDOINS COMERCIALIZADOS

NO MUNICÍPIO DE BACABAL-MA

Antônia Fernanda Lopes da Silva1, Kamyla Wendy Silva Brígido1, Karla Frida

Torres Flister 2, Camila Guimarães Polisel3, Wandson Rodrigues Sousa1, Clícia

Mayara Santana Alves1

As aflatoxinas são substâncias tóxicas resultantes do metabolismo secundário dos fungos do gênero Aspergillus sp. e têm potencial para induzir efeitos tóxicos agudos e crônicos como hepatotoxicidade, carcinogênese, teratogênese e mutagênese no organismo humano e dos animais. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a contaminação de aflatoxinas e a presença de fungos filamentosos em amostras de amendoim comercializados no município de Bacabal-Maranhão. Foram coletadas 300g de amostras de amendoim in

natura com casca e sem casca em supermercados e em feiras, durante os meses de dezembro

de 2015, fevereiro e março de 2016. As amostras foram submetidas a um processo de quarteamento, onde foi retirada uma porção equivalente a 50 g e submetida à análise. A análise toxicológica foi realizada através do método de Cromatografia em Camada Delgada de sílica gel F254 e a detecção da micoflora foi feita através da técnica de Plaqueamento. Foram detectados fungos do gênero Aspergillus sp., Penicillium sp. e Cladosporium sp. nas amostras analisadas. As análises toxicológicas indicaram a presença de aflatoxinas em 44% (n=8) das amostras analisadas, sendo a aflatoxina G2 mais frequente, seguida de aflatoxina B1. Conclui-se que, em todas as amostras, tanto com casca como sem casca, houve o crescimento de fungos. Tornando-se necessária a criação de estratégias de controle na colheita, transporte e armazenamento dos grãos.

Palavras-Chave: Aflatoxinas. Amendoim. Brasil.

Aflatoxins are toxic substances resulting from the secondary metabolism of fungi of the genus Aspergillus sp. and have the potential to induce acute and chronic toxic effects such as hepatotoxicity, carcinogenesis, teratogenesis, and mutagenesis in the human and animal organism. In this sense, the present work had as objective to evaluate the contamination of aflatoxins and the presence of filamentous fungi in samples of peanut marketed in the city of Bacabal-Maranhão. 300g of unprocessed peanuts in shells or shelledsamples were collected in supermarkets and street markets during the months of December 2015, February and March 2016. The samples underwent to a quartering process, in which a portion equivalent to 50 g was submitted for analysis. The toxicological analysis was performed using the Thin Layer Chromatography method of silica gel F254 and the detection of mycoflora was done through the Plating technique. Fungi of the genus Aspergillus sp., Penicillium sp. and

Cladosporium sp were detected in the analyzed samples. Toxicological analyzes indicated the

presence of aflatoxins in 44% (n = 8) of the examined sampling, aflatoxin G2 being more frequent, followed by aflatoxin B1. It was concluded that, in all the samples, both in shell or shelled, there were fungus growth. It is necessary to create control strategies in grain harvesting, transport and storage.

Keywords: Aflatoxins. Peanut. Brazil.

1 Curso de Farmácia da Faculdade de Educação de Bacabal-FEBAC. Rua Doe de Outubro, 377-Centro. CEP: 65.700-000. Bacabal-MA. Email: nandalopesslp@hotmail.com. wandsonrsousa@gmail.com /clicia.mayarasa@gmail.com 2 Curso de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão. Avenida dos Portugueses, 1966 – Vila Bacanga. 65065-545. São Luís-MA. Email: karlaflister@yahoo.com.br

3 Curso de Farmácia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Avenida Costa e Silva, s/n – Cidade Universitária. 790070 – 900. Campo Grande -MS. Email: milaguimaraes2@hotmail.com

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1. INTRODUÇÃO

Os fungos filamentosos são microrganismos multicelulares e estão presentes por todos os lugares como na água, no ar ou no solo, podendo contaminar grãos e alimentos por produzirem substâncias tóxicas, chamadas micotoxinas. As micotoxinas são substâncias tóxicas resultantes do metabolismo secundário destes fungos. Elas são produzidas por vários fungos, principalmente os gêneros Aspergillus sp.,

Penicillium sp. e Fusarium sp.

(SONGSERMSAKUL, 2008).

Muitos alimentos ficam susceptíveis à contaminação fúngica no campo, durante a colheita, no processamento, no transporte e/ou na estocagem (BRYNDEN, 2012). Encontrando condições favoráveis tais como fatores ambientais, que incluem a umidade, temperatura, e pH e fatores relacionados ao próprio alimento, como a presença de nutrientes e a composição química, o desenvolvimento fúngico é favorecido no alimento, bem como a produção de micotoxinas (IARC, 2002; IAMANAKA et al, 2010).

Quimicamente, as micotoxinas são moléculas relativamente pequenas, mas com uma grande diversidade estrutural, o que resulta em variados efeitos biológicos e demanda procedimentos diversos para sua identificação e quantificação (SONGSERMSAKUL, 2008). Possui baixo peso molecular, o que dificulta a identificação por antígenos do organismo. São termoestáveis, ou seja, uma vez presentes nos alimentos ou matéria prima, dificilmente serão eliminadas nos processos subsequentes de preparo do produto final, o que ressalta a importância da prevenção da contaminação (SONGSERMSAKUL, 2008).

As aflatoxinas representam a principal classe das micotoxinas, sendo consideradas as mais importantes substâncias tóxicas produzidas por fungos que se desenvolvem em plantas e sementes. Sendo os fungos Aspergillus flavus e

Aspergillus parasiticus os maiores produtores.

Quatro aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2) são encontradas em plantas contaminadas com fungos, sendo a aflatoxina B1 a mais tóxica, normalmente encontrada em grandes concentrações em alimentos, e a maioria dos

dados toxicológicos existentes sobre essa classe de micotoxinas estão relacionados a ela (BRASIL, 2008). Além disso, a Aflatoxina B1 tem estrutura química que lhe permite sofrer bioativação através das enzimas do citocromo p450, o que forma metabólitos com maior potencial carcinogênico (VEIGA et al, 2009)

Sob condições favoráveis, os fungos podem crescer em diferentes tipos de alimentos podendo causar deterioração (FAGUNDES, 2002). No entanto, certos alimentos são mais susceptíveis que outros. Em geral alimentos com alto teor de carboidratos são mais favoráveis à produção de toxinas. Contudo, as espécies de Aspergillus flavus têm mostrado uma preferência às oleaginosas como amendoim, castanhas do Brasil, pistácias e amêndoas (IAMANAKA et al, 2010).

O amendoim (Arachis hipogea) é um grão que possui altos índices de proteínas e óleos, apresentando aproveitamento em torno de 40 e 50% na extração de óleo e farelo, respectivamente, que aliados ao agradável sabor, o torna largamente consumido por adultos e crianças nas mais diversas formas, desde o grão apenas torrado, até em sofisticados doces, confeitos e pratos da culinária brasileira e de outros países (EMBRAPA,2004).

A contaminação do amendoim por micotoxinas é decorrente de falhas no controle da umidade e temperatura em todas as fases e etapas da cadeia produtiva, propiciando condições favoráveis para o desenvolvimento dos fungos toxigênicos (principalmente Aspergillus flavus e

A.parasiticus). Além disso, o controle dificultado

pelas condições climáticas e pela própria natureza do amendoim torna esta cultura altamente suscetível à contaminação e crescimento de bolores produtores de aflatoxinas (EMBRAPA, 2004).

Segundo Shundo et al (2010), as espécies produtoras de aflatoxinas e a consequente contaminação de grãos e alimentos são frequentes em áreas geográficas que apresentam clima quente e úmido, desse modo, o Brasil, por ser um país de clima predominantemente tropical, apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento destes fungos.

Em 2011 foi publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a

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Resolução de nº 07 de 18 de fevereiro, a qual estabelece os limites máximos toleráveis de aflatoxinas em amendoins com casca e sem casca e seus derivados, determinando o limite de 20μg/kg para aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, adota o limite de 50 µg/kg de aflatoxinas totais para alimentos destinados ao consumo animal (ANVISA, 2011).

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a incidência da contaminação por aflatoxinas totais e a micoflora em amostras de amendoim comercializadas no município de Bacabal-Maranhão.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal, com aspecto experimental, onde foram analisadas amostras de amendoim com e sem casca, no município de Bacabal-Ma. As amostras foram obtidas nos meses de dezembro de 2015, fevereiro e março de 2016 recebendo as respectivas numerações: mês um, dois e três. As amostras foram coletadas em supermercados e feiras que obedeciam aos critérios de inclusão estabelecidos, sendo eles: oferecer uma venda fixa e contínua e comercializar amendoins com casca e sem casca. Foram utilizadas amostras representativas de 500g, de diferentes marcas, sem apresentar indício de deterioração. No momento da compra o amendoim estava exposto em local seco, como recomendado pelo fabricante, exceto as amostras adquiridas nas feiras, que ficavam expostas ao ar livre. As amostras foram separadas de acordo com os meses em que foram coletadas, sendo três amostras com casca, recebendo as numerações um, dois e três, respectivamente, e três amostras sem casca com as respectivas numerações quatro, cinco e seis. Somando-se assim, seis amostras por cada mês de coleta e 18 amostras no total. As amostras preparadas para análise utilizando o método de quarteamento, que consiste em homogeneizar as amostras e dividi-las em quatro partes, retirando um quarto (¼) para que seja submetida às análises.

2.1 Padrões e Reagentes

Os padrões de aflatoxinas totais foram adquiridos pela Sigma-Aldrich (St. Luois, MO,

EUA) e o preparo de suas soluções estoque e de trabalho foram realizados conforme metodologia da Association of Official Analytical Chemistis (AOAC), adaptada pelo Instituto Adolfo Lutz (2008). Na preparação dos padrões foi utilizada a água Mili-Q (Milipore, Brasil). Todos os reagentes e solventes utilizados nas análises foram de grau analítico da Vetec, Brasil.

2.2 Análise da micoflora em amendoins

Para análise microbiológica das amostras foi utilizado o método de plaqueamento em superfície, com o meio de cultura Ágar Sabouraud. Para tanto, foram trituradas 5g de cada amostra e colocadas em placas de petri contendo meio de cultura sólido, deixando-as em temperatura ambiente, durante cinco dias, para favorecer o crescimento fúngico. Após o crescimento, foi realizada a análise macroscópica dos fungos, observando aspectos morfológicos de suas colônias, tais como: coloração, bordas e aspecto. Posteriormente, foi realizado o isolamento das colônias identificadas em tubos de ensaio com meio de cultura sólido, deixando em temperatura de 25°C por cinco dias. Passado isto, foi realizado o repique das colônias, utilizando meio de cultura Ágar Sabouraud. Retirando uma alíquota da amostra do tubo isolado e transferindo para o meio de cultura em placa de petri, adicionando 1mL de água destilada e colocando por cima a lamínula, armazenando em geladeira por sete dias. Percorrido este tempo, a lamínula foi retirada do meio de cultura, colocada em lâminas e coradas com azul de metileno, sendo submetidas à análise microscópica para identificação do fungo.

2.3 Análises Toxicológicas

Foram pesadas 30g de amostra e trituradas em liquidificador comum, a fim de que se obtenha uma massa homogênea. Em seguida foi retirada uma sub-amostra de 15g, transferida para um Erlenmeyer e adicionado 5 mL de água aquecida a 60°C, homogeneizando com o auxílio do bastão de vidro. Foi adicionado 50 mL de clorofórmio, com o frasco tampado, agitou-se por 30 segundos e prosseguiu-se por mais 30 minutos em agitador mecânico. O extrato clorofórmico foi filtrado em funil de vidro com papel de filtro qualitativo,

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adicionando uma pequena quantidade de celite ao funil para acelerar a filtração. Foi coletado 25 mL do extrato em outro frasco Erlenmeyer e evaporado em banho-maria a 80°C até a completa evaporação do clorofórmio. O resíduo foi ressuspendido com 25 mL de metanol, transferido quantitativamente para o funil de separação, adicionado 25 mL da solução de NaCl a 4%, agitando lentamente.

As gorduras e os demais interferentes foram extraídos com três porções de 25 mL de hexano. Descartando-se a fração com hexano e recolhendo o extrato metanólico em béquer. O extrato metanólico foi transferido para um funil de separação, extraindo as aflatoxinas com 25 mL de clorofórmio, agitando o funil de separação suavemente por três minutos. Deixando as fases se separarem e recolhendo a inferior (clorofórmio) em frasco Erlenmeyer de 250 mL. A operação foi repetida com mais 25 mL de clorofórmio. O clorofórmio juntamente com o extrato da primeira partição foi recolhido e evaporado em banho-maria a 80 °C. O resíduo foi transferido com clorofórmio para um frasco Erlenmeyer de 50 mL e evaporado. Para efetuar a cromatografia em camada delgada, o resíduo foi dissolvido em 500 μL de clorofórmio.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante a realização das análises microbiológicas, foi possível traçar um perfil micológico dos fungos encontrados nas amostras de amendoins. Nas amostras com casca foram identificados fungos do gênero Apergillus sp,

Aspergillus fumigatus, Penicillium sp e Cladosporium sp. Já nas amostras sem casca, foram identificados Aspergillus fumigatus e outras espécies de Aspergillus sp (Tabela 1). AMOSTRAS MÊS 011* MÊS 022* MÊS 033* AMOSTRA COM CASCA Aspergillus sp. Aspergillus fumigatus Penicillium Aspergillus sp. Penicillium sp. Cladosporium sp AMOSTRA SEM CASCA Aspergillus sp. Aspergillus fumigatus Aspergillus sp. Penicillium sp. Aspergillus sp

Tabela 1: Perfil micológico em amostras de amendoins

comercializados no município de Bacabal-MA.

1*Mês 01: Dezembro; 2*Mês 02: Fevereiro; 3*Mês 03: Março

Os fungos do gênero Aspergillus foram os mais prevalentes no presente estudo, com 38,8% (n=07) das amostras. Segundo Pereira et al (2002) a presença do fungo no alimento não implica, obrigatoriamente, em produção de micotoxina, assim como a toxina pode estar presente no alimento mesmo na ausência do fungo.

Segundo Peluque (2014), os fungos dos gêneros Aspergillus sp. Fusarium sp. e Penicillium sp. são os principais contaminantes dos grãos, tanto no campo, quanto no armazenamento e produção, assim como possíveis produtores de micotoxinas. A espécie Aspergillus flavus é uma das mais importantes do gênero. Pois tem capacidade de produzir as aflatoxinas, que são consideradas as mais toxigênicas. Essas, apresentam como principal característica a capacidade de poder crescer em substratos oleaginosos, condição que aumenta o nível de aflatoxinas nos cereais.

Em um estudo realizado por Mupunga, et

al (2014), utilizando amostras de amendoim e

manteiga de amendoim, relatou que o Aspergillus flavus foi predominante em 95% de todas as amostras analisadas.

Fonseca (2014) relata que a umidade é um importante fator que deve ser analisado em relação à presença de fungos em grãos, pois com a umidade entre 20 a 22%, a atividade metabólica da vagem oferece resistência à contaminação por fungos. Com umidade abaixo de 11%, no amendoim com casca, não há umidade suficiente para o desenvolvimento dos fungos e também não há perigo de contaminação. No entanto, a fase em que o grão apresenta um maior risco de contaminação está no intervalo de 22%-20% até 11%. Fatores como os danos mecânicos aos grãos, o tempo de armazenamento elevado e as condições em que o amendoim é armazenado, favorecem o crescimento de fungos com consequente contaminação por micotoxinas (DING et al, 2015).

Embora não tenha sido analisada no presente estudo, a atividade da água no amendoim é considerada, segundo Santurio

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(2000), um fator que também favorece a proliferação de fungos no grão. Pois, à medida que a atividade da água é aumentada, a velocidade das reações e o crescimento microbiano são beneficiados. E, como os fungos são os microorganismos mais resistentes à diminuição da atividade da água, tornam-se os principais causadores de deterioração de alimentos.

Em um estudo realizado por Bumbangi (2016), utilizando amendoins comercializados em supermercados e expostos ao ar livre, constatou que as maiores concentrações de aflatoxinas foram encontradas em amendoins comercializados em supermercados. Isso é explicado pelo fato do grão ser embalado, ficando assim, com limitação na perda de água. Enquanto que os amendoins comercializados ao ar livre, permanecem secando de forma contínua.

Quanto às análises toxicológicas, foram possíveis observar um total de 8 (44,4%) amostras positivas (Tabela 2). Sendo, as amostras do mês 03 com 66,6% (n=4) de positividade, isso pode ser explicado por conta da prevalência de Aspergillus identificado as amostras analisadas, como foi descrito na Tabela 1.

Tabela 2: Perfil toxicológico em amostras de

amendoins comercializados no município de Bacabal- Ma.

Quanto ao tipo de aflatoxina detectada nas amostras de amendoins, foi possível identificar apenas aflatoxinas do tipo B1 e G2, agrupadas por mês em que foram coletadas as amostras, sendo encontrada no mês dois a associação de aflatoxinas B1 e G1, representando 16,6% (n=1) das amostras contaminadas. No entanto, no mês dois não foi possível detectar a presença de aflatoxinas em 83,3% (n=5) das amostras analisadas.

O Aspergillus flavus produz aflatoxinas B, enquanto outras espécies produzem B e G (PRADO et al., 2008). Experimentos realizados a partir da cultura de Aspergillus flavus indicaram a presença de dois grupos de toxinas cristalizadas que se denominaram aflatoxina B e aflatoxina G de acordo com a fluorescência emitida por elas, sendo que a aflatoxina B emite fluorescência azul

(Blue) e a aflatoxina G emite fluorescência verde (Green) (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).

Dentre os grupos de micotoxinas, destacam-se as aflatoxinas B1, G1, B2 e G2, sendo que a aflatoxina B1 é mais conhecida por apresentar potencial carcinogênico devido a sua hepatotoxicidade e elevada concentração nos substratos (FERREIRA et al, 2006).

Em estudos realizados por Kawashima e Soares (2006), analisando 74 amostras de produtos à base de milho, em apenas 5 amostras apresentaram positivo para aflatoxina B1, 3 amostras para B2, já as aflatoxinas G1 e G2 não foram detectadas em nenhuma amostra analisada. Ao contrário do presente estudo onde a aflatoxina G2 esteve presente em 100% (n=18) das amostras analisadas.

Vários estudos realizados com amendoim e seus derivados, no Brasil, têm se apresentado positivos para a presença de aflatoxinas, na maioria deles as aflatoxinas está com índices acima do limite máximo estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (SCHNEIDER; MOSTARDEIRO, 2007). Sendo que este limite, para amostras de amendoim e derivados, é de 20 µg/kg (ANVISA, 2011).

Em um estudo realizado no leste da Etiópia, utilizando bolos de amendoim, foi detectada a presença de aflatoxina B, isto indica que esse tipo de aflatoxina é capaz de resistir a temperaturas elevadas. Já a aflatoxina G poderia ter sido eliminada pelo processamento do alimento em altas temperaturas (MOHAMMED et

al, 2016).

Caldas et al (2002) estudaram 366 amostras de grãos, dentre eles: amendoim, castanhas, milho e farinhas obtidas no comércio do Distrito Federal, quanto à presença de aflatoxina. Foram detectadas

MÊS Total de amostra s Amostras Positivas (n; %) Não detectável (n; %) Aflatoxina 01 02 03 06 06 06 3 (50%) 1 (16,6%) 4 (66,6%) 3 (50%) 5 (83,3%) 2 (33,3%) G2 G2 e B1 G2

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aflatoxinas em 19,6% das amostras, sendo que o amendoim e derivados apresentaram maior incidência de contaminação (34,7%), para aflatoxinas totais. Um estudo mais recente realizado por Gonçalez (2008) avaliou a presença de micotoxinas em amostras de amendoim coletadas em diferentes etapas da produção, e foi observado que 32% das amostras apresentaram contaminação por aflatoxina B1 e B2.

Bando (2007) ressalta em seu estudo que a gravidade e os sintomas de uma micotoxicose dependem do tipo e da toxicidade da micotoxina, a quantidade, a duração e via da exposição, o sexo, a idade, o estado nutricional e a saúde do indivíduo exposto.

Ao serem ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele, as aflatoxinas podem desencadear uma série de efeitos agudos ou crônicos, tanto para o homem como para os animais. Sabendo-se que o fígado é o órgão mais afetado por estas toxinas, por ser o principal órgão de metabolização, a ingestão de alimentos com baixos teores destas micotoxinas, com uma dada frequência e por tempo prolongado pode levar ao aparecimento de efeitos crônicos, como carcinomas hepáticos. Por outro lado, a ingestão de alimentos com alto grau de contaminação em curto prazo pode produzir efeitos agudos hepatotóxicos, como necrose e degeneração lipídica recebendo a denominação de aflatoxicose (MARTINS et al, 2008).

As aflatoxinas, além de ocasionarem efeitos sobre a saúde humana e animal, constituem também, um problema econômico, visto que a ocorrência de substancias tóxicas causa interferências ou impedem a exportação de produtos alimentícios (WU et al, 2011; MAIA et al, 2011).

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. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que, em todas as amostras, tanto com casca como sem casca, houve o crescimento de fungos. Mas, em apenas oito (44,4%) amostras encontrou-se contaminação por aflatoxinas, dentre elas, a aflatoxina do tipo G foi a mais frequente, em decorrência da elevada frequência de fungos do gênero Aspergillus sp. Isso indica que essas amostras encontram-se impróprias para o consumo.

Desse modo, torna-se necessária a criação de estratégias de controle na colheita, transporte e armazenamento dos grãos, os quais devem ser armazenados ainda com a casca, pois esta oferece proteção contra danos mecânicos ao grão. Visto que a contaminação por aflatoxinas representa um sério problema à saúde humana. Como método de controle, recomenda-se o rastreamento de micotoxinas nos grãos comercializados e o controle do crescimento de fungos, assim será estabilizada a produção de micotoxinas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela  2:  Perfil  toxicológico  em  amostras  de  amendoins  comercializados  no  município  de  Bacabal-  Ma

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