lllSTll-I,JTO DË CiEl'lClAS SOCIAIS
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/ssrunrrre oe (EPúBLrcA co\f o Âtt'o l,Àl R()(lÍN lo DL SUt tlx(l!:LIì^vCI^ BIBI,IÔT ECA O Presidente da República
DICIONTARIO
DAS
GRANTDES
FIGTJRAS
ELJROPEIAS
Coorden
ação
Isabel
Bakazar
Alice
Cunha
l,)'.%ñ\¿.iYF-$H)Yt'
"ëwl"
INDICE
Prefácios
Regina Bastos, Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus 7
Ana Paula Zacarias, Secretária de Estados dos Assuntos Europcus ... 9
Prólogo As Grandes Figuras da Construção Europeia, Alice
Cunha...
... ... ...13Introdução
A Herança das Grandes Figuras para o futuro da Construção Europeia, Isabel Baltazar... 15Entrada
Adenauer, I(onradAutor
Carlos Gaspar .31 37 39 45 51 57 67 65 69 73 79 85 91 97 101 105 109 113 777 Á1'nnr.r,Pedro...
Guilhe¡me d'Oliveira Martins Antunes SJ, Manuel José Eduardo Franco .. Michel Renaud ... Aron, Raymond Bech,Joseph
Henrique Burnay e Margarida Malheiros Benda, Julien Bevin, Ernest Isabel Carnisão Beyerr, Johan Wi1lem... Vicente de Paìva B¡andão Paulo Vila Maior ... i : : : : i : l Bichet, Robert André Pereira Matos Bidault, Georges Paulo Carvalho Vicente Briand,Aristide...
Adriano Moreira lìrugmans, Henri Maria Fernanda Enes FICIüTÉCNICA Calvet de Magall"rães, José ... Churchill, Winston ... Isabel Maria Freitas Valente João Carlos Espada Título Dicionário das Grandes Figuras Europeias Coordcnação Isabel Baltazar e Alice Cunh¿ Colombo, Emilio Vanda Figueiredo Corrêa d'Oliveira, José... Coudenhove-Krf ..gi,Ri.h"lJ....
Júlio Rodrigues da Silva Maria Sousa Galito ... Edição Assernblcia da República - Divisâo <ìe Ddições Rcvisão Susana Oliveira Capa e clcsign Nuno Tinótco De Gasperi, Alcide De Gaulle, Charles Paulo Sande ManuelLoff
De Rougemont, Denis... Carlos E. Pacheco Amaral e Fábio LourençoYie\ra
I23
Delors, Jacques Eduardo PazFeneira .. Carlos Morujão ... r29 135 141 145 751t5/
t63
Dcrrida, Jacques ... Paginação e pré-impressão Mário Clrarola Irnprcssão Jorge Fìrnandes Tiragem 600 exemplarcs Du Bois, Pierre Einaudi, Luigi Luís Andrade Gabriele De Angeiis Genscher, Hans Dietrich Giscard d'Estaing, Valéry ... Ana Paula Brandão ... Manuel Porto GonzâIez, Antonio Muñoz Sánchez ISBN 978-972-55ó-71 1_1 l)epósito Lcgal 45 6 408/ 19 Guerra, Ruy Nuno Valério ,,..,..,,,, 169Haas, Ernst B Alice Cunha t73 Habermas, Jürgen Hallstein, Walter Mendo Castro Henriques ... 777
l,isboa, rnaio c1c 2019 €) Assemblcia da Rcpública Di¡citos rescrvados, nos termos cìo artigo 52.. c{a lei n." 2gl2003, clc 30 de julho. José M. Magone ...183 ...189 ... 193 ... 797 Hugo, Victor Jenkins, Roy Cristina Robalo Cordeiro Carlos Ribeiro Medeiros l(ant, ìmmanuel ... Karamanlis, Konstantin Viriato SoromenhoMarques ClâudiaToriz Ramos ... 203
wm{parl¡me nto.pt Kissinger, Henry Elionora Cardoso ... 207
María de laPazPando Ballesteros
.."...'...
2t1
.¡\ Assemblcia da República rgradcce às instituições e particularcs que ccderam irlirgcns.
I(ohl, Helmut
Madariaga, Salvador de
...
Rui Aballe Vieira ... Lima, Sebastião de Magalhães ....Lopes, En'râr"ri Rodrigues Lourenço, Edurrdo Lur-rs, Joseph Marc, Alexandre Marshall, George Mayriscl.r, Emìle Teresa Nunes
Eduardo Raú1 Lopes Rodrigues
Maria Manuel Baptista e Dulce Martinho Sónia Ribeiro
Reinaldo Saraiva Hermenegildo Maria Fernanda Rollo
José Tavares Castill'ro
Maria Luísa Duarte ..
Ruì Tavares
Pedro Emanuel Mendes
Acílio da Silva Estanqueiro Rocl.ra
Francisco Pereira Coutinho Marília Rosado Carrilho Edmundo Alves
José Gomes André
Clara Isabel Serrano
António Venturl
Norberto Ferreira da Cunha Ana Isabel Xavier
Fernar-rda Neutel
Fátima Pacheco
Ana Mónica F'onseca
Rt¡i Manuel Morrrr Ramos
Manuel Filipe Canaveira
Vítor Magriço Dina Sebastião Teresa Ruel
Cláudia de Castro Caldeirinha
Sérgio Neto
Eugénio Pereira Lucas António Horta Fernandes
Diogo Freitas do Amaral
Paulo Alves Pardal
277 221 225 229 z.t.'t 239 245 251 257 26L 265 271. 1 -1',7 zó-t 289 295 299 303 307 .) 1.) 31.7 321-JZ/ JJ1 .1.1') 339 345 349 -t).t 357
36t
365 371 375 379 385 389 393 397 403 409 473 479 423 429 435 441, 477Maljolin, Robert
...
Luís Aguiar SantosPrefácio
Nietzsche, Friedriclr Mazzini, Giuseppe
Mcdciros Ferrcira, Josi
M itterrerrd, Frrnçois
Monnet, Jean João Mota de Campos
Monteiro, Amaro do
Saclamento
Rui Lourenco Amaral de Almeida Mor-in, Edgar Eduardo Ferraz- da RosaJoão Medina
Noël, Émile Sandrina Antunes
Na
Europa
ocidental do
séculoXIX
surgem vivos debates ideológicose
devisões de sociedåde que
têrì
como pano de fundo o caPitalismo liberal e que âssentam,.o
id"io
do sufrágio tendencialmente universal, sendo o povo' atfavés do voto, a exercefo controlo e a conferir a legitimidade da classe dirigente'
Filósofos,
políticos,
ideélogose
protagonistas diversosque
atravessaram c período dos séculåsXIX
e )O( marcaram Pfofundamente ahistória
e a evolução para'o
mod"lo
original e sem paralelo que passou a constituir o chamado projeto euroPeu.Gro,re", e tumultu;sos eventos, acontecilnentos e ggefras' burilaram as cofrentes
político-ideológicas.
'
I-p..trãrr.l
prru
os criadoresda
Sociedade das Nações,a
Segunda GuerraMundial o.orrt"."rr,
d.vastou a Europa efez
dezenas de milhões de mortos' trazendoà evidência a necessidade de construção de
um
modelo de união de Estados-Nação que,paftilhando
soberania e adotando políticas comuns, fosse capaz de assegurar aPaz.,þraticar a Solidariedade e construir a Prosperidade Social'
Dos Pais Fundadores da
comunidade
Económica do carvão e do Aço(coce)'
pâssando por chefes de Estado e de Governo que Protagonizanm o apfofundamentoäo
-od.lã
de integração político, económico e social desse novo modelo, e â muitas personalidadesde;1t;,
r.
d"u.
a evolução e a concretização das várias etapas dacons-tlução da União EuroPeia.
De
entre esses protagonistas ,fazem parte Políticos e ideólogos portugueses quetiveram
um
papeld. .norÃ.
relevância na traduçãodo
sentimento pró-europeu do nosso povo,.rio.,do
na dianteira das grandes etapas-d-â integração a Par da maioriado, ,.r.,,
parceiros europeus.Assim tãndo sido
no
Mercado
ljnico'
no
Espaço deLivre
Circulação"schenged"
na adoção daMoeda lJnica
e, mais recentemente' na Cooperação Éstr.uturadaÞermanente em'
matéria de Segurança e Defesa.o
Di.ior.ário
das Grandes Figuras Europeias, que agofa se publica' surge emmomento crucial da vida da
união,
"-
pl..ro
processo de negociação da saída de umdos seus Estados-membros, o Reino
unido
(Brexit),do
crescimento dos movimentos populistas detratoresdo projeto
europeu,e
da crise de refugiadose
migfantes quei.*u-
a solidariedade. Estas realidades têm que ser enfrentadas e requefem memóriâhistórica, gÍ'Lîdezade argumentos, respeito pelas diferenças, constfução de consensos
e práticas "políticas conceitadas capazes de sedimentaf o sentimento de pertença euro-peia dos seus Estados-membros.
: :
Re¡
Jean
Manuel de Almeida Ribeiro Nunes, M:rnrrel JrcirrtoOrtega Y Gasset, José
Pescatore, Pierre
Pintasilgo, Maris de Lourdes ... Pires, Francisco Lucas
Proudhon, Pierre-Joseph Rarnadier, Paul Reinold, Gonzague de ... Retinger, Jósef Reves, Emery Rossi, Ernesto Sá, Luís Schrnidt, Helmut Schuman, Robelt Sforza, Carlo Silva Lopes, José da
Soares, Mário
Spaak, Paul Henri Spine1li, Altielo
Strauss, Franz Joseph ... Stresemann, Gustav ... Thatcher, Margaret
Tindemans, Leo
Uri, Pierre ,
Va1ér¡ Paul
Van Zeeland, Paul Vasconcelos, Irene de Veil, Simone . \Meiss, Louise Werneq Pierre Créditos fotográficos António Covas Isabel Baltazar
Maria Manuela Tavares Ribeiro Maria Têresa Santos ...
GONZÁLEZ,FELTPE
|
163GONZALEZ,FELIPE
Presidente do governo entre 7982 e L996,o socialista Felipe González é
consi-derado
como
um
dos
grandes estadistas contemporâneosde
Espanha.Foi
figuradestacada nos processos de democratizaçáo e modernização que se seguiram à morte
de Franco e que mudaram profundamente uma sociedade marcada pela guerra
civil
e 40 anos de ditadura.
No
imaginário coletivo dos espanhóis, o salto histórico vividopelo
seu paísno último
quarto
do
século )O( é inseparável da "europeização". Porisso, a entrada na CEE durante o governo socialista representa Para os espanhóis um momento de enorme força simbólica.
A
política do
presidente Gonzâlezdirigida
aconsolidarademocraciaeoEstadosocialeaprojetarinternacionalmenteaEspanha
encontrou a sua principal base de apoio na CtrE. Convicto europeísta,
Gonzâlezfoium
decidido impulsor da Utr.
Nascido em Sevilha, em 1942,
no
seio deuma
famíIia de classe média-baixa, Felipe Gonzálezfoi
educado num colégio religioso e estudouDireito
na Universidade da capital andaluza.A sua posturauítica
para com o regime franquista consolidou-sedurante uma estadia na Universidade de Lovaina, onde teve o seu
primeiro
contactocom a democracia europeia.
Após
a licenciatura, Gonzâ\ez exerceu como advogado especializadoem Direito
deTrabalho
e
afìliou-se ao histórico
Partido
SociaiistaOperário Espanhol
(lson),
na altura extremamente debilitado por causa da repressão.Ao
lado deAlfonso
Guerra, impulsionou a reativação do PSOE na Andaluzia conver-tendo-se em figura de referência do movimento reformador, que reclamava mudanças no partido, dominado por exilados da guerra civil. As tensões entre a nova geração e avelha guarda levaram à rutura do PSOE em 7972, decidindo a Internacional Socialista reconhecer os renovadores e excluir os históricos.
Em
outubro de 1'974,Felipe Gonzálezfoi
eleito secretário-geral do PSOE numcongresso realizado em Paris, que refundou
o partido
sobre novas bases ideológicas e estratégicas, tentando posicionar-se perante oiminente
fim
da ditadura franquista.Apoiando-se nos companheiros de Sevilha, Felipe González procurou reorganizar em
Espanha
o
PSOEe
devolver-lhea
suahistórica
liderançada
esquerda, para a qualiria
pugnar com o poderosoPartido
Comunista de SantiagoCarrillo
e com muitospequenos partidos socialistas. Para este objetivo, o PSOE contava com o apoio solidário
dos socialistas europeus, muito preocupados, desde o 25 de
Abril
de 7974,com a insta-bilidade na Península Ibérica e especialmente com o avanço dos partidos comunistas.I
764 |
GONZÁLEZ,FELTPE GONZIILEZ,FELIPEI
165em outubro daquele
^no, na sede do
Partido
Socialista português em Lisboa. para a projeção mediática em Espanha, do até então quase desconhecidoGonzâTez,contri-buíram grandemente as suas viagens ao estrangeiro, convidado por diversos partidos da
Internacional Socialista.
O
contacto direto com dirigentes..rrop..r,
representou, além disso, uma grande esco_la de formação políticapur"
o¡ou.*
ÍdËr
do psoE, sendo que, aquando da morte de Franco, em novembro derg75,tinha
jâ
abandonado o,.r,
ur1ì.-rior
discurso combativo e apostava não na "rutura democrática" mediante mobilizaçõesde rua,
como
queriam os comunistas, mas pela desmontagem gradual da ditadura,como defendia o novo chefe do Estado, o rei Juan Carlos
L
Enquanto o governo da monarquia av^îç^valentamente na reforma política, o PSOE concentrava-se em consolidar a sua fraca infraestrutura e em preparar a ðampanha para as primeiras eleições democráticas, contando com a ajuda fi.rãrr.èi.a e logístìca da alemã Fundação Ebert.
Em
dezembro de 7976,o ainda ilegalpSotr
realizouno centrode lVladrid o seu
primeiro
congresso em Espanha desde a guerra civil.A
assistência de todos os grandes líderes do socialismo europeu (com a úniãa exceção deMário
Soares) converteu o congressonum
acontecimento de imenso impacto num país ansioso por ser parte da Europa democrática e consolidou Felipe Gonãález como ð dirigenteesþa-nhol
com maior dimensão internacional. Nas eleiçoes legislativas dejunhJde I9Zi,
oPSOtr obteve um espetacular resultado de 29o/o dos votoq 20 pontos acima do Partido Comunista e apenas cinco abaixo da
ucD
(Unión
de Centro Democrático) dopresi-dente do governo
Adolfo
suírez.como
líder da oposição, Felipe González defåndeuuma
política
de consenso com o governo orientadap"tu
u .o.rìlrrsão do processo dedemocratíz,açã.o, e cujos pontos mais marcantes foram a elaboração da
constituição
e
os Pactos da
Moncloa,
dirigidos a superar a depressão económica.No
plano extårior, o PSOE apoiou plenamente o pedido de adesão àcEE
apresentadopor Stârezno
mêsde
julho
de 1977 e conseguiu, graças à sua influência entie os partidås da InternacionalSocialista, que, em outubro de 1977,o Conselho da Europa aàmitisse a Espanha como membro, apesar de não ter ainda uma constituição democrática.
A
estratégia moderada dopsoE
impulsionadapor
Felipe Gonzâlez provocouum crescente mal-estar entre as bases do
partido
que, no.ongi.rro
de
maiode
1979, pretenderam aprovarum
programa claramenteáe
esquerda-,ao
queo
indiscutívelsecretário-geral respondeu com a retirada da sua candidatura para a reeleição.
Num
congresso extraordinári
o
realizado em setembro ,Gonzâlez..grèrrou triunfante
comolíder e-conseguiu
impor
um programa social-democrata comã
qual preten dia atrair aparte do eleitorado de centro que
tinha
dado avitórízà ucD
,.u,el.içoe,
celebradas após a aprovaçã.o daconstituição
em dezembro de 192g.como
parte da estratégiapara chegar ao poder, o PSOE lançou uma agressiva operaçã,o de desprestígio do
preîi-dente suárez que, abandonado pelo seu
próprio
prriido,
acabariaio, ,r
demitir
emjaneiro de 1981' Na sessão de investidura do novo presidenre,
L.opãldo
Calvo Sotelo, uma unidade da GuardiaCivil
assaltou o Parlamento einiciou
um golpe de Estadode
ultra-direita
que, contudo, fracassou em poucas horas graças à int"ervenção do rei.Considerando
a
situaçãode
emergência nacional,o
psóE, regressouà
política
de consenso com o governo, que porém acabaria por abandonar em1,9g2,quandocalvo
Sotelo aprovou a entrada de Espanha na NATO. Procurando capitalizar a'rejeição desta decisão por parte de amplos sectores da sociedade, os socialistas colocaram-se à frente
de uma onda de protestos contra o governo e Felipe Gonzâlez prometeu celebrar um
referendo
,ob..
a permanência do país na NATO quando o PSOE alcançasse o poder.A
oportunidade apresentou-se antes do previsto, devido à crise instalada na UCD, queobrigou
"
o presidente a convocar eleições anteciPâdâs.N"r
eleições de outubro de 1982,o PSotr obteve uma vitória histórica (48,L10/o). Com 40 anos, Felipe Gonzâlez converteu-se no chefe de governo mais jovem doconti-nente. Para viabil\zar
o
seu projeto de consolidação da democracia, modernização eprojeção internacional de Espanha, o presidente Gonzâ\ez considerava imprescindível
i
täpía^entrada do país nu CBO.As
negociações com Bruxelas, iniciadas em fevereirod"
ig7g,
encontravam-se, aliás, na altura,num "ponto morto" por
causa da decisão de Paris de bloquearo
alargamento ibérico pelotemor
de queo
seu sector agrícolamediterrânico fÅse durameãte danificado com a entrada de Espanha na Comunidade'
Embora a
sua afinidade ideológicacom
o
presidente francês FrançoisMitterrand'
Felipe González não conseguiu convencê-lo patalevantar o veto e procurou
por
isso"poio
.ro novo chanceler alemãoHelmut
Kohl. f)urante
uma visita à RFA' em março¿"
1SSS, o presidente do governo espanholfez
uma inesperada declaração a favor dainstalação áos
..rro*ísseis
em,território
alemão, defendidapor Kohl
e rejeitada deforma veemente
por
grande parre da opinião pública alemã e pelo velho amigo dos socialistas erpanhóisWiUy
nt""at.
Esta mudança pro-atlantista de Felipe Gonzâlezprovocou
uÅ
conflito
com
o
seuministro
dos Negócios
Estrangeiros' Fernandoil4orán,
o
qual
foi
substituídopor
um fiel
servidordo
presidente' e que eramuito
,.1oro (r.1oro
do controlo era ó presidente, deve ficar claro aoleitor)
docontrolo
dapolítica europeia do governo socialista.
'
Muità
comprometida como
alargamento ibérico, a RFA impulsionou, graças à sua potênci^".oãó*i.",
as reformas na PolíticaAgrícola Comum
requeridas pelaFrarrçå e as negociações com Portugal e Espanha foram desbloqueadas.
A
entrzda naCEE;
1 de jan"eirode
1986 representouum
enorme sucesso para o governo socialista e parao
seu carismático presidente.Muito
cedo sentiram-se em Espanha os efeitos positivos da adesão com a chegada dos fundos de coesão e de acrescidos investimentos estrangeiros.Num
ambientedi
entusiasmo europeísta' em março de 7986,realizou-seo
ref.ändo
sobre a Pertença à NATO. Contrariamente à sua postura tradicional, ossocialistas defenderam o
voto
a favor da continuidade naAliança'
Esta mudança de posiçãofoi
promovida sobretudo por Felipe Gonzalez,que estava convencido de que aþ".rrr".rên.iu
de Espanha na NATO era o preço ^ p^g^r por ter sido admitida na CEE.IJma
apar\ção do piesidente na televisão, na qual ameaçou com a demissão se a opçãode abandonar a
NAIO
vencesse,foi
crucial
para avitória
mínima
da permanência'O
dramático referendo não causou danos, mas, pelo contrário' fortaleceu o prestígio como estadista de Felipe Gonzâlez, que levouo
seupartido
a uma segunda maioriaabsoluta nas eleições
dejunho
de 1986.Ao
mesrno tempå porta-voz e animador do incondicional europeísmo da socie-dade espanhola, Felipe Gán zâlez defendia de maneira veemente em Bnrxelas o reforço da Comunidade.Atuando
em perfeita sintonia com o chanceler alemão, o presidenteespanhol apoiou
o
Acto
Único
Europeu, a consolidação dos fundos estruturais e o..iorço
da Cooperação Política Europeia. Este mesmo espírito de otimismo europeísta dorrri.ro.,"
p..rldei.iu
espanholadoConselho
1.66
|
GONZÁLEZ,FELTPENo
conselho
Europeu deMadrid,
emjunho,
manifestaram-se, porém, oslimites
dovoluntarismo
de FelipeGonzílez.
Asua
proposta dedar
forma aum
projeto
parauma Europa social e solidária que tivesse como objetivo fechar a histórica brecha em
termos de desenvolvimento entre o norte e o sul recebeu a rejeição de alguns países e
sobretudo da Grã-Bretanha de Margaret Thatcher.
com
a inesperada q,rãd" dãMu.o
de
Berlim,
Gonzâ\ez afastou-se da tendência vigente entre os governantes europeuse proclamou desde
muito
cedo o seu claro apoio à proposta deKohl de
avançar para a reunificação da Alemanha.Foi
umaforma
de agradecer à RFAo
seu apoio para aadesão de Espanha à CtrE.
o
anode
1.992 representou,com
as suas fastuosas celebrações da ExposiçãoUniversal
de
Sevilhae
os JogosOlímpicos de
Barcelona,o ponto
culminánte
doprestígio dos socialistas e da sua obra
de
modernização ede
europeização,inician-do-se depressa o seu rápido declínio marcado por inúmeros casos de corrupção. Neste
contexto' Felipe González tratou de obter vitórias na CtrE para manter o seu prestígio interno.
Do
idealismo europeísta passou-se então à crua defesa dos interesses nacionais. Nas negociações para o Tratado deMaastricht,
Felipe Gonzâ\ez condicionou o apoio espanhol à entrada em funcionamento dos fundos de coesão. Durante anos, a Espanhafoi,
com distância, oprincipal
beneficiário destes fundos, essenciais para amoàerni-zação das infraestruturas do país. Alçada sobre as costas da cEE, a Espanha conseguiu, além disso, nestes anos, ter um papel internacional
muito
além do que corresporrãe.iu ao seu peso económico e o seu presidente perfilou-se comoum
dos líderes de maior prestígiodo
continente. Pelo seu compromisso europeísta, Felipe Gonzâlez recebeuo
Prémio CarlosMagno
em1993.Foi
ainda apontado como possível substituto de Jacques Delors na presidência da Comissão, mas não chegoua
concÍetizar esse passo.Durante
a presidência doconselho
no segundo semestre de799s,a
Espanhaacolheu duas grandes reuniões
de
relevância
paraa uE.
Em
Barcelona, recebeua
ConferênciaEuro-Mediterrânea
que estabeleceu as bases paraa
criação de uma ârea de livre-câmbio em toda a região e, emMadrid,
a reunião do Conselho Europeu impulsionou o processo de união monetária. Estafoi
aúltima
grande apariçãoeuro-peia de Felipe
Gonz:ilez
como presidente do governo espanhol.Em
mãrço d,e J,996,o
conservadorPartido
Popular venceu nas eleições e JoséMaría Aznar formou
umgoverno de minoria. Depois de deixar a Secretaria-Geral do
psoE
emI99Z,Gonzítlez
deu a entender procurar uma segunda vida
política
na Europa.Com
a demissão de Jacques Santer, mais uma vez se falou em Felipe Gonzâlezcomo possível presidente da Comissão Europeia, mas, no final,foi
Romano Prodi o substitutã. GonzàIezmanteve,nos
anos
seguintes,uma prolífica
ativídadeinternacional como
respeitado elderstøtesmøn. Participou em diversas missões das Nações Unidas, da Organização para a
Cooperação e a Segurança na Europa e da Internacional Socialista.
Entre
2007 ;201.0, presidiu o grupo de reflexão sobre ofuturo
de Europa, cujas conclusões sãoum
apeloa salvar o projeto europeu mediante uma decidida integração das políticas nacionais.
Antonio MuirozSânchez
Universidade de Lisboa
GoNZÁLEZ,FELIPE
I
167Referêncìas
CERNUDA, P\lar, El Presidente,Barcelona,'lemas de
Ho¡
1994.GONZALEZ,FeIipe, En Busca de Respuestøs: El Liderazgo en Tiernpo de Crisis,Barcelona, Debate,
20t3.
GONZALtrZ,Fehpe, Mi Idea de Europa,Barcelona, R84,2010.
SÁNCHtrZ CERVtrLLÓ,/¿ sep,Fehpe Gonz1lez,Barcelona, Ediciones B, 2003.
SOTO CARMONA, Álvaro y MATtrOS LOPF;Z, Abdón (dft.), Historia de la lipoca Socialista.