Direito de Imigração no
Direito da União
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• “A União assegura a ausência de controlos de
pessoas nas fronteiras internas e desenvolve uma política comum em matéria de asilo, de imigração e de controlo das fronteiras
externas…” Artigo 67.º, n.º 2 Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia
Conceito de Imigração
• Ato de entrar num país estrangeiro para nele permanecer de forma duradoura
• Tipologia • - económica • - familiar
• - por razões humanitárias
– Asilo
– Proteção de refugiados (Convenção de Genebra de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados)
– Proteção subsidiária – Proteção temporária
Espaço de Liberdade, Segurança
e Justiça, artigos 67.º a 89.º
TFUE
• Sem autoridade policial central, apenas
Frontex (gestão da cooperação operacional) • “em caso de ameaça grave à ordem pública…
(o) Estado pode reintroduzir …o controlo…”
artigo 23.º Código das Fronteiras Schengen
Não suprimiram os controlos de
pessoas nas suas fronteiras
internas:
• O Reino Unido e a Irlanda, Protocolos n.º 19 e 20
• Bulgária, Chipre, Croácia, Roménia, por decisão do Conselho (motivo: falta de confiança na efetividade dos controlos)
• Integrados na supressão das fronteiras
internas, em fazer parte da União Europeia: • Islândia
• Noruega • Suíça
• Liechtenstein
Medidas de integração positiva
• Política comum de vistos e outros títulos de residência de curta duração, art. 77.º, n.º 2, alínea a do TFUE
• “Condições de circulação de estrangeiros” da Convenção de Schengen e Regulamento da UE n.º 610/2013, última revisão entrará em
vigor em 12 de abril de 2016
• Afastamento de nacionais de países terceiros em situação irregular, Diretiva 2008/115/CE • Eurosur (intercâmbio de informações)
Medidas de integração positiva
• Normas para os dispositivos de segurança e dados biométricos dos passaportes e
documentos de viagem emitidos pelos Estados-Membros, Regulamento (CE) n.º 2252/2004 revisto em 2009
• Código das Fronteiras Schengen, CFS = Regulamento (CE) n.º 562/2006, última
revisão pelo Regulamento (UE) n.º 2016/399 • Complementa-se com o “Manual Prático para
os guardas de fronteira” contendo “diretrizes comuns, melhores práticas e recomendações sobre controlo fronteiriço”
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Relatórios do Relator Especial das Nações Unidas e da
Agência Europeia dos Direitos Fundamentais constataram “práticas crescentes de detenção de imigrantes tanto no
interior como no exterior da União Europeia,
desacompanhadas da proteção dos direitos humanos básicos dos detidos, e de devoluções forçadas de
imigrantes intercetados no alto mar a países
mediterrânicos do Norte de África que não garantem aos requerentes de asilo a proteção efetiva exigida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.” sublinhado nosso
Nacional de país terceiro precisa para atravessar a fronteira externa, ver CFS:
• Documento de viagem que o autoriza a atravessar a fronteira externa
• Visto válido confirmado pelos guardas no Sistema de Informação sobre Vistos, VIS
• Justificar objetivo e condições de estada prevista, nomeadamente meios de subsistência suficientes • Não estar indicado no Sistema de Informação
Schengen, SIS
• “os documentos de viagem dos nacionais de países
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• “os documentos de viagem dos nacionais de
países terceiros são objeto de aposição
sistemática de carimbo de entrada e de saída”
• Sem esse carimbo “as autoridades nacionais competentes podem presumir que o titular não preenche ou deixou de preencher as
condições de duração da estada aplicáveis no Estado-Membro em questão”
• Comissão Europeia considera o atual sistema de aposição manual de carimbos “complexo, lento e pouco fiável”
• Prevê-se substituição por Sistema de Entrada/Saída automatizado
• A grande maioria de imigrantes em situação
irregular é constituída por pessoas que entraram legalmente na União Europeia para uma estada de curta duração e permanecem
Beneficiários da liberdade de
circulação ao abrigo do direito
da União
• Encontram-se, em regra, sujeitos apenas a um controlo de fronteira mínimo, e não ao
“controlo pormenorizado” a que são sujeitos os nacionais de países terceiros
• Também podem ser indicados no SIS como ameaça a segurança pública
Proibição de
medidas de efeito
equivalente
ao controlo de
fronteira
Não prejudica:
• A realização de controlos de segurança sobre as pessoas nos portos e aeroportos
• A obrigação de posse ou porte de títulos e documentos nos termos da lei nacional
• A obrigação imposta aos nacionais de países terceiros de assinalar a sua presença em
Proibição de
medidas de
efeito equivalente
ao
controlo de fronteira
O TJUE concretizou o conceito:
• Violação do art. 67.º, n.º 2 TFUE e art. 20.º e 21.º CFS pela legislação francesa que
autorizou as autoridades policiais controlarem unicamente numa zona de 20 quilómetros
para o interior da fronteira interna terrestre • Legislação holandesa referente aos “controlos
móveis de segurança” não se opõe
Proibição de
medidas de efeito
equivalente
ao controlo de fronteir
a
Legislação holandesa referente aos “controlos
móveis de segurança” não se opõe. Tais controlos • Devem basear-se “em informações gerais e na
experiência em matéria de permanência ilegal de pessoas nos locais dos controlos”
• Devem “ser efetuados em medida limitada, a fim
de obter essas informações gerais e dados ligados à experiência na matéria”
• “O seu exercício está sujeito a certas limitações
Reintrodução temporária do
controlo fronteiriço nas
fronteiras internas
• Última revisão ao CFS pelo Regulamento (UE) n.º 2016/399
• Deve ser avaliada a adequação e a
proporcionalidade de tal medida em relação à ameaça
• Tem sido levada a cabo sobretudo para fazer face a manifestações de escala transnacional, i.é cimeiras da NATO, G8, etc., ou devido a um súbito afluxo de nacionais de países terceiros
Conceito de migração versus
conceito de asilo
• “Imigração” em sentido estrito: ato de entrar num país estrangeiro para nele permanecer de forma duradoura, assente numa opção voluntária motivada por considerações de ordem económica, social ou familiar
• “Asilo”: a proteção que o Estado concede no seu território, a um indivíduo que a veio
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• “Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito
de procurar e de beneficiar de asilo em outros
países” Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948
• “Refugiado” em termos da Convenção de Genebra relativa ao Estatuto dos Refugiados, 1951:
“…pessoa… receando com razão ser perseguida em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões políticas, se encontre fora do país de que tem a nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, não
• Em 2013: deslocamentos forçados afetavam 51,2 milhões de pessoas, o número mais alto desde a Segunda Guerra Mundial.
• Aproximadamente 13,9 milhões de indivíduos tornaram-se novos deslocados em 2014. Entre eles, 11 milhões de
deslocados dentro de seus países, um número nunca antes registrado, e 2,9 milhões de novos refugiados.
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• Dos 59,5 milhões de pessoas deslocadas forçadamente até 31 de dezembro de 2014, 19,5 milhões eram refugiados (14,4
milhões sob mandato do ACNUR e 5,1 milhões registrados pela UNRWA), 38,2 milhões de deslocados internos e 1,8 milhão de solicitantes de refúgio.
• A Síria é o país que gerou o maior número tanto de
deslocados internos (7,6 milhões de pessoas) quanto de
refugiados (3,88 milhões). Em seguida estão Afeganistão (2,59 milhões de refugiados) e Somália (1,1 milhão de refugiados). Os países e regiões em desenvolvimento acolhem 86% dos refugiados no mundo: 12,4 milhões de pessoas, o número mais alto em mais de duas décadas.
Numero segundo o Alto
Comissário das Nações Unidas
para Refugiados
• “A União desenvolve uma política comum
em matéria de
asilo, de proteção
subsidiária e de proteção temporária
,
destinada a conceder um estatuto
adequado a qualquer nacional de um
país terceiro que necessite de proteção
internacional e a garantir o princípio da
não repulsão.” Artigo 78.º, n.º 1 TFUE
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• Proteção subsidiária: proteção conferida por um
Estado a um estrangeiro que, sem ser juridicamente um refugiado, se encontra carecido de proteção internacional, pois é oriundo de um país em guerra civil ou onde existe uma situação de violência generalizada ou ainda de
violação sistemática dos direitos humanos
• Proteção temporária: proteção concedida durante um período de tempo determinada a uma categoria genérica de beneficiários (deslocados) em caso de afluxo maciço de pessoas, que fogem de uma situação de conflito armado ou violação sistemática de direitos humanos
• Diretiva 2011/95/UE: “estabelece normas relativas às
condições a preencher pelos nacionais de países terceiros ou por apátridas para poderem beneficiar de proteção
internacional, a um estatuto uniforme para refugiados ou pessoas elegíveis para proteção subsidiária e ao conteúdo da proteção concedida”
• Diretiva 2013/32/UE: relativa a procedimentos comuns de concessão e retirada do estatuto de proteção internacional • Diretiva 2013/33/UE: estabelece normas em matéria de
acolhimento dos requerentes de proteção internacional Transpostas em Portugal pela Lei do Asilo (Lei n.º 27/2008,
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• Diretivas n.º 2004/83/CE, do Conselho, de 29 de Abril, e 2005/85/CE, do Conselho, de 1 de
Dezembro, estabelecem as condições e
procedimentos de concessão de asilo ou proteção subsidiária e os estatutos de requerente de asilo, de refugiado e de proteção subsidiária
Igualmente transpostas em Portugal pela Lei de Asilo (Lei nº 27/08, de 30 de Junho)
Direito secundário da União e a
sua transposição:
• Diretiva 2001/55/CE: relativa as normas mínimas para a concessão de proteção temporária em caso de afluência maciça de pessoas deslocadas e
medidas de fomento de um esforço equitativo entre os Estados-Membros para acolher as ditas pessoas e assumir as consequências do seu
acolhimento
• Transposta em Portugal pela Lei n.º 67/2003
Direito secundário da União e a
sua transposição:
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• Diretiva 2003/86/CE relativa ao direito ao reagrupamento familiar (é a principal via de imigração legal, garantido
igualmente na Declaração Universal dos Direitos do
Homem, no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, na Convenção Europeia dos Direitos do Homem, na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, na
Convenção sobre os Direitos da Criança, entre outros) Transposta em Portugal pela Lei (Lei n.º 23/2007, de 4 de
julho, que aprova o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional, última alteração introduzida pela Lei n.º 63/2015, de 30 de junho)
Direito secundário da União e a sua transposição:
• Centro de Direitos Humanos na FDUC: Direito ao Asilo, 2013
• SOUSA, Constança Urbano de: Enquadramento legal do Direito de Asilo, conferência na Ordem dos
Advogados, 19 de outubro de 2015
• Agência dos Direitos Fundamentais da União
Europeia: Manual de legislação sobre asilo, fronteiras e imigração, 2014
• PIÇARRA, Nuno: Fronteiras, Vistos, Asilo e Imigração, in SILVEIRA, Alexandra, et al. (Coord.): Direito da União Europeia – Elementos de Direito e Políticas da União,