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URBANIZAÇÃO E DINÂMICA TERRITORAL NO MÉDIO VALE DO PARAÍBA DO SUL PAULISTA

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URBANIZAÇÃO E DINÂMICA TERRITORAL NO MÉDIO

VALE DO PARAÍBA DO SUL PAULISTA

Fernanda Monteiro Arrezze Bedaque1 Luís Fernando Bedaque2 Carlos Murilo Prado Santos3

RESUMO

Se tratando de uma das áreas mais antigas de ocupação do Estado de São Paulo, o Vale do Paraíba do Sul Paulista vem sendo ocupado a partir de meados do século XVI. Desde então, a região sofreu influências de praticamente todos os ciclos econômicos do Brasil, destacando a cafeicultura no século XIX e a industrialização desenvolvida pós-1940. Devido às facilidades de circulação, graças a Estrada de Ferro Centra do Brasil (EFCB), a Rodovia Presidente Dutra (BR-116) e a Rodovia Carvalho Pinto (SP-070), muitas empresas e indústrias ainda estão se instalando pela região, dando seqüência a interiorização industrial por que passa o País desde início da década de 1990. Com esta concentração industrial, associado a um considerável fluxo migratório, podemos apontar que a região vem passando por um processo de expansão demográfica e das áreas urbanas, suscitando no desenvolvimento do processo de conurbação em algumas áreas do Médio Vale. Desse modo, ao pensarmos a cidade enquanto um conjunto de “formas-conteúdo” (Santos, 2002), temos que estar atentos ao rol de relações desenvolvidos no processo de formação de áreas conurbadas, tanto do ponto de vista material, quanto imaterial, pois, ao estar ligada ao processo de reprodução das relações de produção (Lefebvre, 1976), nestes pontos temos a manifestação da lógica do capital, incorporando novos pontos no território, dando origem a uma nova lógica de organização espacial. São estas reflexões a respeito da relação entre crescimento econômico e expansão urbana regional, suscitando na formação de áreas de conurbação que orientam nossas pesquisas.

Palavras chave: Vale do Paraíba do Sul; organização sócio-territorial; conurbação.

Introdução

O processo de urbanização brasileiro constitui-se em um complexo campo de análise para a Geografia, já que este termo envolve e abrange inúmeros aspectos da

1 Graduanda – Departamento de Ciências Sociais e Letras – curso de Geografia – Universidade de

Taubaté (UNITAU).

2 Geógrafo, mestrando em Geografia pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP).

3 Geógrafo, mestre em Geografia pelo Instituto de Geociências (IG/UNICAMP). Professor do

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// organização espacial da sociedade brasileira. Tendo em vista que o objetivo central desta pesquisa é apontar e analisar o surgimento de áreas de conurbação no Médio Vale do Paraíba do Sul Paulista, se torna fundamental, inicialmente, abordarmos alguns aspectos do processo de urbanização na região delimitada. Vinculados ao processo de urbanização, procuramos compreender o contexto no qual se deu origem e como vem se desenvolvendo o processo de conurbação na região, procurando assim, analisar as mudanças paisagísticas ocorridas.

O Vale do Paraíba do Sul constitui-se, juntamente com o litoral e o planalto paulistano, umas das áreas mais antigas de ocupação do Estado. Inserido no contexto da expansão territorial e econômica da Colônia, o povoamento no Vale do Paraíba e a sua conseqüente urbanização, estão ligados à política administrativa da Metrópole portuguesa do século XVIII. Por possibilitar ligações terrestres com o litoral norte de São Paulo e sul do Rio de Janeiro, o Vale do Paraíba se afirmou como rota de circulação da produção de ouro extraído da Capitânia de Minas Gerais rumo aos portos de Paraty e Ubatuba, o que, conjuntamente com o aumento no fluxo de viajantes, transformou a região em uma importante fonte de abastecimento de produtos de primeira necessidade. Mesmo com os incentivos da Coroa portuguesa e com a intensa circulação por suas rotas, o povoamento na região foi um processo demorado e lento. Destarte, o povoamento só veio a se concretizar com o desenvolvimento da economia cafeeira na região em meados do século XIX (Müller, 1969).

Com a expansão da economia do café, o processo de urbanização do Vale passou por significativas mudanças, destacando, um aumento significativo no número de cidades, a partir de então, um local de importantes funções comerciais. Isto não significa que tais funções fossem novas, mas qualitativamente superiores, já que as atividades cafeeiras passaram a necessitar de uma estrutura de transporte, bancária e de comércio (Cardoso, 1991).

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// margens desta estrutura de transporte, a partir daí, pautando suas economias no setor industrial e de serviços.

Com este processo de desenvolvimento industrial na região, o Vale do Paraíba do Sul vem se tornando estratégico no desenvolvimento econômico do Brasil, pois está localizado entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, os dois mais importantes centros demográficos do País. O Vale vêm se confirmando como um corredor industrial e financeiro mais importante da América Latina, processo ainda em desenvolvimento, mas em estágio avançado. Devido às facilidades de circulação, graças a Rodovia Presidente Dutra (BR-116) e a Rodovia Carvalho Pinto (SP-070), muitas empresas e indústrias ainda estão se instalando pela região, dando seqüência a interiorização industrial por que passa o País desde início da década de 1990.

Com base nos dados da TABELA 1, podemos perceber que o Vale do Paraíba do Sul recebeu um grande incremento no número de plantas industriais após 1991, saltando de 2.114 estabelecimentos em 1991, para 2.963 em 2007. Isso confirma e evidencia o processo de expansão industrial na Região do Vale do Paraíba do Sul. Ao analisarmos os números relativos à expansão industrial na região de Governo de São José dos Campos iremos perceber que o crescimento industrial é expressivo, subindo de 940 em 1991, para 1.313 em 2007, situação semelhante à Região de Governo de Taubaté, onde o número de estabelecimentos sai de 604 em 1991, para 831 em 2007. Nota-se que a expansão industrial no Município de São José dos Campos é bem mais significativa do que em Taubaté, sintoma da proximidade com a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com maiores facilidades nos fluxos de mercadorias e capital.

Com esta concentração industrial, associado a um intenso fluxo migratório, podemos apontar que a região vem passando por um processo de expansão demográfica e das áreas urbanas, suscitando no desenvolvimento do processo de conurbação4 em algumas áreas do Vale. Desse modo, destacamos dois pontos em estágio de inicial de conurbação (IMAGEM 1), que nos apresentam as seguintes situações: expansão urbana na direção SO-NE, acompanhando a Rodovia P. Dutra, áreas urbanas próximas, com o aumento no tamanho das áreas urbanas decorrentes da expansão demográfica e uma expansão no número de plantas industriais, principalmente nos municípios de São José dos Campos e Taubaté.

4 A conurbação ocorre quando municípios vizinhos passam a ter suas áreas urbanas contíguas

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Com base nas imagens (IMAGENS 1, 2 e 3), temos fortes indícios de que este processo de conurbação vem confirmando as previsões do IBGE e de pesquisadores, dando continuidade no processo de formação da primeira Megalópole do Brasil ligando os municípios de São Paulo e Rio de Janeiro. Vale destacar que este processo de formação de uma megalópole está em andamento, porém, devido às deficiências no desenvolvimento e melhorias na infra-estrutura, além dos obstáculos naturais, é um processo extremamente lento se comparado com outras áreas no mundo.

TABELA 1 - Evolução do Número de Plantas Industriais no Médio Vale do Paraíba Do Sul Paulista – 1991/2007

ANO 1991 1996 2000 2005 2007

Jacareí 237 257 231 263 286

São José dos Campos 452 586 616 716 802

Caçapava 93 109 119 127 140

Taubaté 244 268 278 348 394

Tremembé 47 51 69 62 67

Pindamonhangaba 134 166 153 186 228 Região de Governo de

São José dos Campos* 840 1.017 1.030 1.183 1.313 Região de Governo de

Taubaté** 604 659 649 746 831 Vale do Paraíba do Sul*** 2.114 2.348 2.342 2.670 2.963

* Região de análise definida pela Fundação SEADE. Nesta região de governo estão inclusos os municipios de Caçapava Igaratá, Jacareí, Jambeiro, Monteiro Lobato, Caçapava, Paraibuna, Santa Branca e São José dos Campos

** Região de análise definida pela Fundação SEADE. Nesta região de governo estão inclusos os municipios de Campos do Jordão, Natividade da Serra, São Luiz do Paraitinga, Redenção da Serra, Santo Antonio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, Tremembé, Lagoinha, Pindamonhangaba e Taubate.

*** Estão incluídos os Municipios do Vale do Paraíba do Sul Paulista, mais os municipios do Litoral Norte do Estado de São Paulo e da Serra da Mantiqueira.

FONTE: Fundação SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados)

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// podemos apontar que estas áreas urbanas tiveram um crescimento vegetativo positivo, tendo como conseqüência, uma expansão de suas áreas urbanas.

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// IMAGEM 1 – Eixo Rio-São Paulo, destacando as áreas urbanizadas no Médio Vale do Paraíba do Sul Paulista.

FONTE: Atlas Biota - http://sinbiota.cria.org.br/info ORG: Fernanda Monteiro Arrezze Bedaque

IMAGEM 2

FONTE: Google Earth®, 2009

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// IMAGEM 3

FONTE: Google Earth®, 2009

ORG: Fernanda Monteiro Arrezze Bedaque

O processo de conurbação: um olhar geográfico

Produto da ação humana ao longo do tempo, a organização espacial pode ser considerada uma das facetas da organização social, “conseqüência do trabalho e da

divisão social do trabalho”, (Lefebvre, 1976). É o resultado do trabalho social que

transforma, diferencialmente, a natureza primitiva, dando origem a formas espaciais diversas sobre a superfície da Terra, criando paisagens distintas. Como o trabalho social e a sua divisão dão-se de acordo com as características de cada tipo de sociedade, sendo ligadas ao nível de desenvolvimento das forças produtivas e de suas relações, a organização espacial resultante refletirá estas características como estrutura básica do território.

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// espacial, com base no processo de formação do espaço geográfico5. Ao analisarmos o espaço geográfico podemos afirmar que sua produção é social, e que cada lugar é definido pelas ações acumuladas no passado em conjunto com as ações do presente. Isso posto, podemos afirmar também que as épocas são distintas entre si, marcadas pelas etapas de trabalho e pelas relações sociais, que produzem mudanças, tanto do ponto de vista das formas, quanto do ponto de vista das funções estabelecidas pela estrutura social e presentes no território (Santos, 2002).

Tomando o espaço geográfico como totalidade, partimos para uma análise da cidade enquanto um local de relações entre materialidades e imaterialidades, formas-conteúdo, em interação e ao mesmo tempo em contradição. Não podemos analisar a cidade somente como uma forma e nem somente como um ponto de junção de funções (circulação, trocas...), pois assim estaríamos sendo reducionistas. Henri Lefebvre (1978, p.73) afirma: “(...) formas, estructuras, fonciones urbanas (em la ciudad, com el

territorito por ella influído o dirigido, en las relaciones com la sociedad y al Estado)

actuaron unas sobre otras y se modificaron: movimiento que el pensamiento puede hoy

reconstruir y controlar”.

Desse modo, com base em Lefebvre (1978) e Santos (2002), ao pensarmos a cidade enquanto um conjunto de fomas-conteúdo, temos que estar atentos ao rol de relações desenvolvidos no processo de formação de áreas conurbadas, tanto do ponto de vista material, quanto imaterial, pois, ao estar ligada ao processo de reprodução das relações de produção, nestes pontos temos a manifestação da lógica do capital, incorporando, ou não, novos pontos no território, dando origem a uma nova lógica de organização espacial, a partir daí, com um centro difusor de mudanças, no caso em questão, as cidades maiores e com uma estrutura mais desenvolvida.

A concentração de atividades localizadas em um ponto do território, maximizando a acumulação de capital para as mesmas, condiciona a continuidade deste processo, sendo as áreas metropolitanas bons exemplos. O mesmo se pode dizer das ruas caracterizadas por um único tipo de atividade, as “ruas especializadas” – comércio de móveis, peças automotivas, armarinhos, dentre outras. As vantagens advindas com as economias de aglomeração induzem à reprodução do padrão sócio-espacial preexistente.

6 Nesta pesquisa entendemos o espaço geográfico enquanto um sistema de objetos e um sistema de ações.

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Quando as deseconomias de aglomeração se intensificam – congestionamento, poluição, alto preço da terra – isto se traduz na recriação de novas concentrações de atividades em áreas distantes do centro da cidade (Corrêa, 1998). Temos assim, um processo de criação de sub-centros que darão origem e poderão sustentar esta conurbação, possibilitando a ampliação do raio de ação do capital por meio da ocupação territorial.

Dessa forma, existe de um lado um processo de reprodução simples do espaço e, de outro, uma reprodução ampliada. Esta reprodução ampliada do espaço é uma expressão do processo de reprodução ampliada do capital, que se verifica simultaneamente à sua centralização e concentração. Assim, reprodução ampliada do capital significa, no plano das empresas, uma centralização, mas no plano espacial representa uma descentralização recriadora. É dessa forma que devemos compreender o processo de conurbação, como uma manifestação dessa descentralização centralizadora (Lefebvre, 1976). O capital consegue a incorporação de novas áreas à sua dinâmica, tendo como conseqüências sócio-espaciais, a ampliação dos espaços construídos e transformados em áreas urbanas, como o desenvolvimento e a introdução de novas técnicas e normatizações de organização territorial, representados aqui pelos planos de desenvolvimento e pelo planejamento urbano.

Dessa maneira, vários itens podem ser analisados como vetores de causa e efeito no processo de conurbação. A metropolização dessas áreas com os fluxos migratórios de populações de regiões lindeiras, decorrentes da expansão nos postos de trabalho, criados com a instalação de novas plantas industriais na região e com o desenvolvimento do setor me serviços6, reflexos da desconcentração industrial da Região Metropolitana de São Paulo para o cinturão expandido – Campinas, Santos, São José dos Campos. Assim, podemos apontar que a flexibilização da produção e seu impacto nos arranjos produtivos locais e regionais, principalmente no setor industrial, estão entre os elementos estruturantes desse processo. Vale destacar o papel do Estado neste processo, auxiliando na criação e implantação da infra-estrutura necessária à implantação das indústrias, assim como, através de medidas normativas, com alterações em zoneamentos, isenções fiscais e tributárias em seus limites administrativos.

O Estado passa a normatizar o uso do território. A planificação intervencionista do Estado na criação dos distritos industriais, dentre outras ações, é um elemento

6 Um bom indicador de expansão nas atividades do setor de serviços, pode ser auferido com base no

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// funcional na concretização do processo de conurbação. Conflitos de gestão, devido à indefinição de limites territoriais e administrativos em áreas de conurbação, o custo social do investimento necessário para atender distritos industriais em áreas distantes do centro, a atuação dos agentes da especulação imobiliária se valendo dos interstícios vazios para valorização de suas terras, os movimentos sociais em busca de terra e moradia, além de prováveis impactos ambientais7 estão entre os problemas de grande destaque nestas áreas.

Na região em foco do Vale do Paraíba do Sul Paulista, podemos identificar duas principais aglomerações nesta condição: São José dos Campos-Jacareí-Caçapava e Taubaté-Pindamonhangaba-Tremembé, onde este processo se explicita mais. As tendências geradoras em cada um desses agrupamentos possuem elementos semelhantes e especificidades. A proximidade entre as áreas urbanas entre esses municípios é fator preponderante, sendo que Taubaté e São José dos campos, atuam como pólos concentradores de fluxos e serviços para os demais; a contigüidade das áreas urbanas é elemento facilitador do processo, mas outros elementos atuam de forma decisiva e determinante, como a existência de importante parque industrial e pólo de serviços. Além dos elementos apontados, temos que destacar que esses municípios estão inseridos num processo de desconcentração-concentrada e interiorização industrial iniciados pelo Estado nas décadas de 1970 e 1980, que tem implicado em importantes mudanças na dinâmica da rede urbana paulista8.

Com a chegada da década de 1990, este processo de desconcentração industrial, consequentemente econômica, fica mais acentuado. Após 1990, o Brasil vem passando por um processo de descentralização industrial, pois com o desenvolvimento dos sistemas de transporte e telecomunicações, as regiões metropolitanas do Brasil, destacando a Região Metropolitana de São Paulo, estão passando por um processo de desconcentração com a perda de plantas industriais, a partir daí, sendo levadas para o interior do estado ou para outras regiões do Brasil. Desse modo, por estar localizado na periferia da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), uma área de transbordamento da indústria localizada na região metropolitana, o Vale do Paraíba do Sul Paulista vem recebendo os reflexos das mudanças operadas na RMSP, com a construção de novas

7 Com relação aos impactos ambientais gerados pelo processo de expansão urbana podemos destacar o

desmatamento, a ocupação de áreas de encostas e mananciais. Desse modo, podemos destacar a poluição dos recursos hídricos e a contaminação e degradação do solo, além de grandes transformações

paisagísticas.

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// plantas industriais, principalmente nos municípios localizados às margens da Rodovia Presidente Dutra. Vale destacar neste processo de desconcentração, a construção do eixo rodoviário Ayrton Senna-Carvalho Pinto, possibilitando uma maior integração da RMSP e o Vale do Paraíba do Sul, facilitando na circulação dos fluxos de pessoas, mercadorias e capital pela região.

Comparando a região em estudo com outras do Estado de São Paulo e do país, não deixaremos de notar a proximidade territorial das cidades do Vale do Paraíba como fator relevante, que associado à localização geográfica privilegiada entre os maiores centros econômicos e comerciais do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, com grande desenvolvimento do setor industrial, facilitam o desenvolvimento de áreas conurbadas, podendo apontar na região de São José dos Campos, o início do processo de metropolização. Portanto, para quem pesquisa o processo de conurbação na região em questão, estes são elementos de fundamental importância.

Assim sendo, para poder apreender a dinâmica espacial dos processos de urbanização, industrialização e conurbação, a fim de estabelecer a sua cadeia de determinações que se materializa na configuração urbana, será preciso analisar a sociedade organizada sob as relações capitalistas de produção. Dessa forma, o urbano aparecerá nesse processo como o lugar preferencial da produção e da reprodução social, bem como, da organização territorial como suporte para a expansão do capital industrial.

Com base nas imagens 2 e 3, podemos afirmar que este processo de conurbação se encontra em estágio avançado, o que nos permite apontar uma tendência à formação de uma grande área conurbada que abarcará, praticamente, todo o Médio Vale do Paraíba do Sul, se estendendo do Município de Jacareí ao Município de Pindamonhangaba. Entre os municípios de Pindamonhangaba e Aparecida podemos apontar um grande vazio urbano, porém, com potencial para a ocupação. Com a infra-estrutura de transporte instalada e atualmente, em processo de expansão e melhorias, é uma questão de tempo a sua ocupação. Já entre os Municípios de Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Tremembé e Pindamonhangaba, esta tendência de formação de uma grande área conurbada se confirma com maior clareza, onde podemos apontar um processo de conurbação em estágio avançado, pois as áreas de vazios urbanos são raras e de pequenas extensões.

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// do Mar e da Mantiqueira, o crescimento sempre se dá no sentido Sudoeste-Nordeste, acompanhando a Rodovia presidente Dutra e o Rio Paraíba do Sul, facilitando a conurbação em alguns pontos do Médio Vale do Paraíba do Sul. A estrutura geomorfológica da região não é um fator limitante ou definidor, mas pode ser considerada, um vetor direcional. Além de apresentar um relevo acidentado, os famosos “Mares de Morros” (Ab`Sáber, 2003), atualmente se tratam de áreas pertencentes a Unidades de Conservação de proteção da Mata Atlântica nas serras do Mar e Mantiqueira, limitando, legalmente, a ocupação e a expansão urbana para estas áreas.

Assim, associando as condições geomorfológicas ao processo de desenvolvimento econômico e industrial, tendo como uma de suas facetas de análise, a expansão urbana regional, o Médio Vale do Paraíba do Sul apresenta condições propícias a formação de grandes áreas conurbadas, podendo desencadear e vir a confirmar um processo de metropolização nesta área. Desse modo, dentro de uma hierarquia urbana definida pelo Governo do Estado de São Paulo (1982), podemos apontar que a rede urbana regional está articulada ao Macro-Eixo representado pela Rodovia Presidente Dutra e pela Estrada de Ferro Central do Brasil (E.F.C.B.), local onde estão localizados os centros de maior nível hierárquico da região (Taubaté, São José dos Campos e Guaratinguetá). Assim, baseado neste eixo principal, a expansão urbana regional se dá de forma linear, paralela a Rodovia Presidente Dutra. Porém, apesar da estrutura urbana seguir os eixos rodoviários, a influências destes centros se dá de forma transversal, abarcando as demais cidades do Vale, atingindo a Serra da Mantiqueira e o Litoral Norte do Estado de São Paulo.

Desde meados do século XIX cidades da Europa, como Londres ou Paris, começaram a crescer além de seus limites político-administrativos, ou absorver núcleos urbanos já existentes além desses limites (Villaça,1998). Portanto, processos de metropolização e conurbação não são fenômenos recentes no mundo e no Brasil, no entanto, mesmo vivenciando os problemas e dificuldades que essas experiências trouxeram, podemos apontar que é um tema que pouco despertou a atenção de pesquisadores e da academia.

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///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// restritas. Por isso, destacamos a importância da contribuição desse estudo, principalmente num programa de planejamento urbano e regional. O tema é complexo e extenso e por si só, exigindo maior dedicação e aprofundamento. São necessárias pesquisas empíricas e detalhamentos para um desvelamento eficiente do assunto, que mesmo assim, ainda precisará aglutinar outros estudos e outras pesquisas para então termos uma visão mais completa e real do quadro. Seria pretensão sem antes cuidar dos levantamentos empíricos, propor ou vaticinar qualquer caminho para o enfrentamento deste processo que, pelo que a história tem mostrado, é inexorável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Imagem

TABELA 1 - Evolução do Número de Plantas Industriais no Médio Vale do Paraíba Do  Sul Paulista – 1991/2007

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