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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CONSUMO ALIMENTAR DE GESTANTES NO ÚLTIMO TRIMESTRE DE GRAVIDEZ

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Revista UNIABEU, V.11, Número 27, janeiro-abril de 2018.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E NUTRICIONAL DE GESTANTES NO

TERCEIRO TRIMESTRE DE GRAVIDEZ

Aliny Lima Jerônimo1 Brena Keila Oliveira Aguiar2 Rafaella Maria Monteiro Sampaio3 Francisco Regis da Silva4 Francisco José Maia Pinto5

Resumo: Objetivou-se investigar o perfil epidemiológico e nutricional de gestantes durante o terceiro trimestre de gravidez. Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, realizado em uma Maternidade Escola do Estado do Ceará, no período de outubro de 2010 a março de 2011. A amostra do estudo foi constituída de 223 mulheres no puerpério imediato. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semiestruturada, realizada no próprio hospital. Utilizaram-se dois instrumentos para coleta de dados: um formulário semiestruturado e um questionário de frequência do consumo alimentar. Observou-se que a amostra estudada tinha idade média de 25,6 ± 6,2 anos. Quanto à raça, 79,8% declaram ser não branca. Em relação ao estado civil, verificou-se maior prevalência de mães que viviam com companheiro (60,1%). Analisando a vitamina A, encontraram-se valores de ingestão acima da média recomendada, que seria 770 µg e a quantidade ingerida foi 1790,34 (±1122,49). Sugere-se, que as variáveis socioeconômicas, demográficas e nutricionais podem influenciar negativamente na saúde do binômio mãe-filho, tanto no que diz respeito ao ganho de peso gestacional da mãe, como o peso do concepto. Logo, deve-se incentivar a formação de atitudes favoráveis pelas gestantes, no sentido de aderir a hábitos alimentares saudáveis.

Palavras-chave: gestante; epidemiologia nutricional; nutrição em saúde pública.

Abstract: The objective was to investigate the epidemiological and nutritional profile of pregnant women during the third trimester of pregnancy. This is a descriptive, cross-sectional study with a quantitative approach, carried out at a School Maternity of the State of Ceará, from October 2010 to March 2011. The study sample consisted of 223 women in the immediate puerperium. The data collection was performed through a semi-structured interview, performed in the hospital itself. Two instruments were used for data collection: a semi-structured form and a food consumption frequency questionnaire. It was observed that the sample studied had a mean age of 25.6 ± 6.2 years. As for the race, 79.8% declare to be non-white. In relation to marital status, there was a higher prevalence of mothers living with their partners (60.1%). Analyzing vitamin A, we found values of intake above the recommended mean, which would be 770 μg and the amount ingested was 1790.34 (± 1122.49). It is suggested that socioeconomic, demographic and nutritional variables may negatively influence the health of the mother-child binomial, both with regard to the mother's gestational weight gain and the weight of the concept. Therefore, the formation of favorable attitudes by pregnant women should be encouraged in order to adhere to healthy eating habits.

Keywords: pregnant; nutritional epidemiology; nutrition in public health.

1 Nutricionista. Centro Universitário Estácio do Ceará (ESTÁCIO-FIC), Fortaleza, CE, Brasil. 2 Nutricionista. Centro Universitário Estácio do Ceará (ESTÁCIO-FIC), Fortaleza, CE, Brasil.

3 Nutricionista. Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará (UECE); Professora do Curso

de Nutrição da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e do Centro Universitário Estácio do Ceará (ESTÁCIO-FIC).

4 Nutricionista. Mestrando em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará (UECE); Especializando em

Saúde Pública pela Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), Fortaleza, CE, Brasil.

5 Estatístico e Matemático. Pós-Doutor em Saúde Coletiva (USP). Doutor em Instituto de Medicina Social (UFRJ).

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1. INTRODUÇÃO

A gestação caracteriza-se pelo período de desenvolvimento do embrião no útero, no qual as necessidades nutricionais são elevadas decorrentes dos ajustes fisiológicos da gestante e das demandas de nutrientes para o crescimento fetal. O estado nutricional da gestante não implica somente sobre a saúde materna, mas até mesmo na saúde do feto, devido à dependência da mãe para seu crescimento e desenvolvimento (CD), podendo influenciar no seu peso ao nascer, prematuridade, mortalidade e morbidade infantil (GOMES et al., 2015).

O estado nutricional materno e o ganho de peso gestacional influenciam o risco de morbimortalidade materna, fetal e a saúde do futuro adulto. O deficit de peso pré-gestacional e ganho de peso materno insuficiente vêm sendo associados ao baixo peso ao nascer. Por sua vez, o ganho de peso materno excessivo constitui um importante fator de risco para macrossomia, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e complicações no parto. A ingestão alimentar habitual materna é um dos determinantes do ganho de peso na gestação, o que está associado direta ou indiretamente ao desenvolvimento de complicações durante a gestação (OLIVEIRA et al., 2010).

Durante o período gestacional ocorrem modificações fisiológicas gerando necessidades aumentadas de nutrientes essenciais, incluindo proteínas, carboidratos e lipídios, para manter a nutrição materna e garantir o adequado CD fetal. A fonte de nutrientes do feto é composta pelas reservas nutricionais e ingestão alimentar materna (ROSA; MOLZ; PEREIRA, 2014).

O Brasil, particularmente, encontra-se numa fase de transição epidemiológica, com alteração no perfil de morbimortalidade populacional, na qual as doenças infecciosas e parasitárias (DIP) estão dando lugar às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como a obesidade (FREITAS et al., 2011). Em mulheres, o excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2) foi estimado em 48% e obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) em 16,9% (BUENO, 2011).

A avaliação do estado nutricional e do consumo alimentar, bem como a inclusão de dados referentes às condições socioeconômicas durante o processo gravídico, são

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imprescindíveis para que se possa estabelecer uma dieta adequada levando em consideração as condições econômicas das gestantes (GOMES et al., 2015). A dieta, no primeiro trimestre da gestação, é muito importante para o desenvolvimento e diferenciação dos diversos órgãos fetais. Já nos trimestres subsequentes, a dieta está mais envolvida com a otimização do CD cerebral do feto (FREITAS et al., 2011).

Atualmente, o serviço de atenção ao pré-natal e parto no país é organizado de maneira hierarquizada e integra todos os níveis de atenção (REIS et al., 2014). O acompanhamento nutricional da mulher durante a assistência pré-natal tem como principal objetivo avaliar o estado nutricional, identificar fatores de risco, possibilitar interferências terapêuticas e profiláticas no sentido de corrigir distorções e planejar e realizar a educação nutricional (RETICENA; FERNANDA, 2015).

Portanto, faz-se necessário um maior aprofundamento sobre o consumo alimentar durante a gestação, por ser considerado um indicador indireto do estado nutricional, capaz de detectar situações de risco na alimentação. Dessa maneira, o presente estudo teve como objetivo investigar o perfil epidemiológico e nutricional de gestantes durante o terceiro trimestre de gravidez.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, realizado na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC), em Fortaleza-Ceará, no período de outubro de 2010 a março de 2011.

A MEAC, situada no município de Fortaleza, é um dos hospitais que compõem o complexo hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC), que tem como funções básicas o ensino, a assistência médico-hospitalar e a pesquisa.

A amostra do estudo foi constituída de 223 mulheres no puerpério imediato (até 48 horas pós-parto), atendidas na instituição. Os critérios de inclusão adotados para seleção amostral foram: ter idade maior ou igual a 19 anos e idade gestacional (IG) maior ou igual a 37 semanas. Excluíram-se as mães com gravidez múltipla, com complicações gestacionais e as portadoras do Human Immunodeficiency Virus (HIV), as diabéticas, as que apresentam hipertensão arterial sistêmica (HAS), insuficiência renal, dentre outras patologias.

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A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semiestruturada, realizada no próprio hospital. Utilizaram-se dois instrumentos para coleta de dados. O primeiro foi o formulário semiestruturado relacionado com as seguintes variáveis hierarquizadas: dados socioeconômicos e demográficos, gestacionais e nutricionais. O segundo instrumento foi o questionário de frequência do consumo alimentar (QFCA) referente ao último trimestre da gestação. O QFCA utilizado foi originalmente desenvolvido por Willet e colaboradores (1985), posteriormente, foi reproduzido e validado por Henriques (2001), que o adaptou à realidade do consumo de alimentos de mulheres da periferia de um município da região metropolitana de Fortaleza. Ao referido questionário, foi adicionada uma coluna correspondendo à porção diária de cada alimento para facilitar a tabulação dos dados. No QFCA, os alimentos foram divididos nos seguintes grupos: leite e derivados, frutas, hortaliças, carnes e ovos, cereais e leguminosas, açúcares e doces, óleo e gorduras e miscelânea: sendo analisados de acordo com a frequência consumida em: diária, semanal, mensal, anual/raramente/nunca. Além da frequência consumida, foi investigada a quantidade consumida de cada alimento no último trimestre da gestação. Assim como o consumo de bebida alcoólica e o hábito de fumar.

Os dados referentes ao consumo alimentar foram transformados em peso (gramas), utilizando-se as padronizações da tabela de Pinheiro e colaboradores (2008). A análise do consumo em quantidade total de calorias, macronutrientes e micronutrientes foi realizada com a utilização do software de avaliação nutricional Diet Win, versão profissional 2.0.

Para tabulação dos dados foi utilizado o Software Office Excell®, versão 2013, sendo

realizada dupla digitação dos dados como forma de detectar possíveis inconsistências na digitação. Para o processamento de dados gerais foi utilizado o programa Stata, versão 11.0. Os dados uni-variados foram analisados de forma descritiva usando-se as frequências (absolutas e percentuais) e as medidas paramétricas (média e desvio padrão).

Os preceitos éticos foram obedecidos conforme a Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), a qual regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012). O projeto de pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da MEAC (CEP - MEAC), sob parecer consubstanciado nº 215/10.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que a amostra estudada tinha idade média de 25,6 ± 6,2 anos, sendo 19 anos e 47 anos, os valores mínimos e máximos, respectivamente. A proporção geral de puérperas jovens (51,1%), com idade entre 19 e 24 anos, representou a maioria do grupo em estudo. Quanto à raça, 79,8% declarou ser não branca, não autodeclarando sua cor. Em relação ao estado civil, verificou-se maior prevalência de mães que viviam com companheiro (60,1%) (Tabela 1).

Tabela 1 – Perfil socioeconômico e demográfico das puérperas. Fortaleza, 2011.

Variáveis n % Idade (anos) 19-24 114 51,1 25-30 64 28,7 31-36 28 12,6 >37 17 7,6 Raça Branca 45 20,2 Parda 112 50,2 Preta 66 29,6 Estado Civil Com companheiro 134 60,1 Sem companheiro 89 39,9 Anos de Estudo <7 35 15,7 8-9 60 26,9 10-12 118 52,9 >12 10 4,5 Escolaridade EF incompleto 54 24,2 EF completo 41 18,4 EM incompleto 59 26,5 EM completo 59 26,5 Superior 10 4,5 Ocupação Trabalha 118 52,9 Não trabalha 105 47,1 Renda familiar <1 SM 66 29,6 1-2 SM 82 36,8 2-3 SM 57 25,6 >3 SM 18 8,1 Procedência Capital 166 74,4 Interior 57 25,6 Legenda: EF = Ensino Fundamental; EM = Ensino Médio; SM = Salário Mínimo.

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A idade materna é um fator de risco que pode comprometer o resultado da gestação, considerando como fator de risco as gestantes adolescentes ou com mais de 35 anos. No atual estudo, a proporção geral é de puérperas jovens (51,1%), com idade entre 19-24 anos. No que se assemelha a diversos estudos como o de Leite et al. (2013), cerca de 54% das puérperas são predominantemente jovens, estando na faixa etária entre 20-29 anos, sendo assim, consideradas pertencentes ao grupo de menor risco obstétrico. Resultado semelhante também encontrado no estudo de Gomes et al. (2015), onde a avaliação das gestantes mostrou cerca de 52% com idade entre 19-30 anos.

A diferença étnica pode estar ligada às condições socioeconômicas. Em relação à raça/cor, evidencia-se no presente estudo o maior número de mulheres que relatam ser parda, dado que está em consonância com pesquisa de Laurentino et al. (2011), que aponta que aproximadamente 69% das puérperas assistidas em uma maternidade referem-se ser da raça/cor parda. Dado também obtido no estudo de Berger (2016), que aponta a predominância da raça parda com 46,2%.

Quanto ao estado civil das gestantes estudadas, observou-se prevalência de mães que viviam com companheiro (60,1%), que, neste estudo, considerou-se como casadas. Resultado parecido ao estudo de Gomes et al. (2015), que 66,7% das gestantes eram casadas. De acordo com Figueiredo e Rossoni (2008), é fato reconhecido a necessidade de a mãe ter uma família estruturada. A ausência de um pai pode interferir significativamente na criação da criança, além de ser uma pessoa de referência para a mãe, podendo atuar com o apoio emocional, aumentar a autoestima da gestante e fornecer à família mais segurança.

Ao analisar a escolaridade, encontraram-se média de 9,7 ± 2,4 anos de estudo, sendo dois anos e 13 anos, os valores mínimos e máximos, respectivamente, enquanto 52,9% das mulheres possuíam entre 10-12 anos de estudo. Quanto à ocupação, 52,9% das mães relatou ter um trabalho remunerado.

A baixa escolaridade, aliada à baixa condição econômica, pode dificultar o acesso a informações sobre cuidados com a gestação e o recém-nascido ou comprometer o entendimento sobre o que lhe é informado (ANDRADE et al., 2015). Neste estudo, 52,9% das mulheres possuía 10-12 anos de estudo. Quanto à renda, observou-se que 66,4% dispõem de menos de dois SM. Segundo Rosa (2014), 66,66% informaram ter mais de

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oito anos de estudo, e 46,66% informaram receber até dois SM. Ramos (2009) relata que 38% têm entre oito e 11 anos de estudo. No que se assemelha ao atual estudo.

Entretanto, observou-se resultado diferente na pesquisa de Coelho et al. (2015), onde a média de anos de estudo foi inferior a oito, e a maioria das mulheres estava sem trabalho remunerado (59,7%). Segundo Reticena et al. (2015), as condições socioeconômicas desfavoráveis produzem resultados insatisfatórios na saúde da população em geral, e quanto maior a renda, maior o poder de compra e acesso a alimentação variada, o que pode influenciar na saúde materna e fetal.

Observou-se que 71,3% das mães realizam mais de quatro refeições por dia. Verificou-se que 17% das mulheres tinham o hábito de ingerir bebida alcoólica durante a gravidez. Em relação ao hábito de fumar, 24 (10,8%) puérperas afirmaram ter fumado durante a gravidez (Tabela 2).

Tabela 2 – Perfil comportamental das puérperas de acordo o estilo de vida. Fortaleza, 2011.

Com relação às condições maternas de cuidados à saúde, resultados diferentes foram encontrados no estudo de Menezes (2012), onde 33% eram tabagistas e 1,8% referenciaram abusar de álcool. Berger (2016) relata que 14,7% faziam uso de tabaco, 5,7% de álcool. Andrade (2015) descreve que 15,3% das gestantes faziam uso do álcool.

A nicotina, substância presente nos cigarros, promove uma série de alterações na fisiologia normal da gestação, reduzindo o fluxo sanguíneo da placenta e promovendo a vasoconstrição. A prevalência de 13,5% de fumo entre as gestantes deste estudo reforça

Variáveis n % Nº de refeições 03 04 1,8 04 60 26,9 05 82 36,8 06 77 34,5 Etilismo Sim 38 17,0 Não 185 83,0 Tabagismo Sim 24 10,8 Não 199 89,2

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a importância de orientações no pré-natal que desestimulem essa prática. Assim como o tabaco, o uso de bebidas alcoólicas é fortemente desencorajado, tendo como impacto direto a síndrome alcoólica fetal, caracterizada por danos ao sistema nervoso central (ANDRADE et al., 2015).

Giacomello et al. (2008) relatam em seu estudo que o estado nutricional materno, durante a gestação, é um forte determinante do desfecho da mesma. Durante a gestação, as mulheres estão aptas à inconformidade nutricional. Isso ocorre devido ao aumento da demanda de energia, macro e micronutrientes, que incidem durante a gravidez, de modo que se possa garantir a saúde da mãe e do concepto.

O crescimento fetal depende da absorção de nutrientes, que, por sua vez, depende da ingestão alimentar da mãe, pois os nutrientes que chegam à placenta dependem do consumo alimentar da mãe (FALL et al., 2003). Neste sentido, os micronutrientes (vitaminas e minerais) são essenciais para a manutenção do crescimento e redução das deficiências maternas, podendo ser uma importante causa de retardo do crescimento intrauterino.

Analisando a vitamina A, encontraram-se valores de ingestão acima da média recomendada, que seria 770 µg, e a quantidade ingerida foi 1790,34 (±1122,49) (Tabela 3). Resultado que difere do estudo de Amaral e Brecailo (2011), com ingestão abaixo da média recomendada, 573,59mg (±834,33). De acordo com Pessanha (2016), o consumo alimentar de vitamina A pode afetar o estado nutricional não somente da mãe como também do bebê, em que tal ingestão afeta positivamente os níveis de retinol presente no leite materno, podendo prevenir problemas de saúde para a criança durante o desenvolvimento fetal e também após o nascimento.

Em relação ao consumo de ferro, observou-se baixa ingestão 12,51 (±2,83), sendo que o recomendado seria 27mg/dia (Tabela 3). Valor semelhante ao estudo de Fontoura et al. (2012), com ingestão média de 13,95mg, sendo, assim, também abaixo do recomendado. Camargo et al. (2013) relatam que a deficiência de ferro prolongada, se aliada ao consumo inadequado de outros nutrientes, pode levar ao desenvolvimento por anemia na gestação, o que repercute de forma adversa na saúde da gestante e do concepto.

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Revista UNIABEU, V.11, Número 27, janeiro-abril de 2018. Tabela 3 – Perfil nutricional das puérperas. Fortaleza, 2011. Variáveis Recomendado RDA* (1989) Total (Média ± DP) Vitamina A 770µg 1790,34 ± 1122,49 Ácido Fólico (mcg) 600 µg 173,62 ± 52,35 Ferro (mg) 27mg/dia 12,51 ± 2,83 Cálcio (mg) 1000 mg/dia 775,37 ± 272,83

*RDA=Ingestão Dietética Recomendada.

Quanto ao cálcio, verificam-se valores abaixo do recomendado, 775,37 (±272,83), estando em desacordo com o recomendado, que seria 1000mg/dia (Tabela 3). Amaral e Brecailo (2011) encontraram valor médio de consumo de 309,40mg (±172,25). Outros estudos revelaram que durante a gestação as mulheres tenderam a aumentar o consumo de leite, mas, ainda assim, a ingestão de cálcio na dieta permaneceu abaixo dos níveis recomendados.

Com relação ao ácido fólico, observa-se, neste estudo, ingestão abaixo do recomendado, no que se assemelha a outros estudos como o de Hedrich et al., (2010), que aponta dietas carentes em ácido fólico. Fazio et al. (2011), relatam em seu estudo uma menor ingestão em comparação com as recomendações adotadas. As gestantes estão propensas a desenvolver deficiências de ácido fólico provavelmente devido à demanda desse nutriente para o crescimento fetal e tecidos maternos (PONTES; PASSONI; PAGANOTTO, 2014). Os valores de macronutrientes encontram-se na Tabela 4.

Tabela 4 – Consumo habitual de calorias e macronutrientes das puérperas. Fortaleza, 2011.

Variáveis Média ± DP Calorias (Kcal) 2.605,46 ± 470,48 Proteínas (g) 82,53 ± 16,90 Carboidratos (g) 368,81 ± 71,80 Lipídeos (g) 88,90 ± 18,02 4. CONCLUSÃO

Sugere-se que as variáveis socioeconômicas, demográficas e nutricionais podem influenciar negativamente na saúde do binômio mãe-filho, tanto no que diz respeito ao ganho de peso gestacional da mãe como no peso do concepto. Resultando, assim, em

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um recém-nascido de baixo peso, caracterizando-se como um problema de saúde pública. Além disso, tais achados podem dificultar o acesso aos serviços de saúde, representando, portanto, um fator de risco para a saúde da gestante e da criança.

Portanto, deve-se dar maior atenção ao consumo de macro e micronutrientes no período gestacional, levando-se em consideração todas as interações que ocorrem entre o metabolismo dos mesmos. Perceber a importância de uma nutrição adequada na gestação é o primeiro passo para a formação de atitudes favoráveis pelas gestantes, no sentido de aderir hábitos alimentares saudáveis.

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Revista UNIABEU, V.11, Número 27, janeiro-abril de 2018.

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Submetido: 20 de agosto de 2017 Aceito: 19 de fevereiro de 2018

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Tabela 1 – Perfil socioeconômico e demográfico das puérperas. Fortaleza, 2011.
Tabela 2 – Perfil comportamental das puérperas de acordo o estilo de vida. Fortaleza,  2011
Tabela 3 – Perfil nutricional das puérperas. Fortaleza, 2011.

Referências

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