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A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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Academic year: 2021

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Revista Psicologia & Saberes

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A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

THE INFLUENCE OF AFFECTIVENESS ON CHILD EDUCATION Silmara Hepfener1

Hélder Henrique Jacovetti Gasperoto2

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RESUMO: O presente trabalho tem como objeto de estudo a influência da afetividade no desenvolvimento da criança na Educação Infantil. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, fundamenta na revisão literária das teorias de aprendizagem de Piaget, Vygotsky e Wallon, em que pretende fazer uma reflexão entre a afetividade e o aprendizado. O que se questiona é se os vínculos afetivos estabelecidos desde a primeira infância influenciam na construção e no desenvolvimento do indivíduo, propiciando ferramentas fundamentais a aquisição e a continuidade do aprendizado. Além disso, questionamos: como a afetividade pode contribuir? As primeiras leituras demonstram, até aqui, que a afetividade aliada às técnicas de aprendizagem, além de impulsionar à construção do conhecimento, contribui, não só, para o desenvolvimento cognitivo, motor, mas na criança em sua totalidade.

PALAVRAS – CHAVE: Afetividade; Desenvolvimento; Educação Infantil.

ABSTRACT: The present work has as object of study the influence of affectivity on the development of children in early childhood education. This is a bibliographical research, based on the literary review of the learning theories of Piaget, Vygotsky and Wallon, in which it intends to make a reflection between affectivity and learning. The question is whether the affective bonds established since early childhood influence the construction and development of the individual, providing fundamental tools for the acquisition and continuity of learning. In addition, we ask: how can affectivity contribute? The first readings show, so far, that the affection combined with learning techniques, besides driving the construction of knowledge, contributes not only to cognitive, motor development, but in the child as a whole.

KEY WORDS: Affectivity; Development; Child education.

1. INTRODUÇÃO

O texto apresentado tem como objeto de estudo a afetividade e sua promoção aliada ao desenvolvimento da aprendizagem na educação infantil. Trata-se de uma pesquisa com o objetivo de abordar a afetividade como meio facilitador, refletindo se há ou não influências diretas no processo de ensino de aprendizagem na educação infantil.

1

- Licenciatura em Pedagogia, Pós graduação em Psicopedagoga clínica e institucional, em Educação inclusiva e em Educação infantil; e-mail: silmarahepfener@yahoo.com.br

2

- Mestre em Educação UNIMEP; Graduado em Geografia Bacharel - USP, Geografia Licenciatura – USP, Tecnologia Sanitária – UNICAMP, Pedagogia ASMEC, Sociologia Licenciatura UNAR, Filosofia Licenciatura UNAR; e-mail: heldergeo@hotmail.com

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O afeto acompanha o indivíduo desde o seu nascimento e segue em toda sua vida, desempenhando assim um papel de grande importância em todas as relações do sujeito, interferindo em todo o seu desenvolvimento.

A educação infantil, foco neste estudo, com ênfase nos aspectos de desenvolvimento e sua influência da afetividade no processo ensino aprendizagem, que busca mostrar que o professor e suas intervenções nesta primeira fase da criança na escola, são fundamentais para que se crie uma aprendizagem significativa.

Saltini (2008), afirma que a importância que o professor deve ter em conhecer seu aluno de forma particular. É importante que o professor da educação infantil esteja preparado para atuar e aprender diante das dificuldades que encontrará pelo caminho, sempre aprendendo mais e aprimorando seu trabalho para ajudar a criança.

É partir da relação entre professor e aluno, que o processo ensino aprendizagem vai apontar o sucesso ou o fracasso deste desenvolvimento de aprendizado pedagógico, é muito importante esta relação.

Nas abordagens interacionistas se constrói a partir da mediação do educador e a participação do aluno, da família, sempre enfatizando o meio em que a criança vive, buscando seus conceitos de forma afetiva.

O papel da afetividade na educação infantil não é ser o único fator responsável pelo desenvolvimento cognitivo, e sim auxiliar o professor, a fazer com que as crianças mergulhem no universo do conhecimento e juntos contribuir para uma extensão para a vida toda da criança.

A hipótese abordada é que a afetividade funciona como uma ferramenta de transformação, aliada a didática usada pelo professor para auxiliar a criança a vencer suas dificuldades encontradas.

A problematização questiona a utilização da afetividade como apoio no desenvolvimento das crianças do ensino infantil.

Justifica-se a escolha do tema deste artigo por entender que a afetividade aliada ao desenvolvimento de aprendizagem na instituição escolar pode ser a base fundamental para um pleno desenvolvimento na primeira formação da criança.

O artigo é, evidentemente, um processo de estudo científico que requer a especificação de uma metodologia sistemática de pesquisa com um objetivo claramente estabelecido, [...].

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(SEVERINO 2002, p.73). O presente artigo foi baseado em levantamentos bibliográficos, através de publicações periódicas, livro, artigos e de internet.

2. RELAÇÃO DA AFETIVIDADE COM O ENSINO APRENDIZAGEM

O afeto acompanha o indivíduo em todo o percorrer de sua vida, desempenhando um papel importância nas relações humanas, interferindo no desenvolvimento.

Estabelecer vínculo entre o afeto e a educação é o início para um resultado positivo no processo de ensino-aprendizagem, motivando o indivíduo a desenvolver seu conhecimento e explorar o mundo que o cerca.

Segundo Wallon (apud, DANTAS 1992, p.18) a afetividade tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade e este, se constitui sob a alternância dos domínios funcionais, como orgânicos e sociais. Resultam na concretização, implicando assim, a transferência do plano mental à ação da criança.

A afetividade é fator fundamental nas relações estabelecidas entre o aprender e a criança, a afetividade procura mediar o prazer da criança em aprender, sendo que o afeto transmitido pelo professor produz um ambiente seguro, indispensável para a concretização positiva entre o aluno e a aprendizagem, é muito importante à criança sentir segurança no ambiente escolar, pois depois do ambiente familiar é seu primeiro vínculo no meio social que ela irá frequentar.

(...) a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, se dá o tempo todo, seja na sala de aula ou no pátio, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento (SALTINI, 2008, p.100).

Esta relação entre professor e aluno, cria possibilidades de grandes momentos de aprendizagem para a criança, pois quando o conhecimento é compartilhado em situações de afetividade, enriquece o aprendizado, já que o cognitivo é um fio condutor da afetividade.

Na educação infantil, os professores não exercem somente a função de “cuidar”, mas preocupam-se também com a preparação para a vida, compreendendo que o desenvolvimento emocional é importante para o aprendizado global da criança. A escola busca cada vez mais

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priorizar e valorizar o que a criança traz consigo, para assim poder formar pensadores críticos e não apenas reprodutores de um conhecimento pronto.

Como afirma Saltini (2008, p.102), “é o professor que prepara o aluno, para o futuro, através da interação e da socialização afetiva que ocorre nas atividades realizadas, como a incentivar os alunos a buscarem sua própria verdade, e construírem seu pensamento. ”

O docente passa ser um ponto de referência para o aluno, por isso deve-se redobrar o cuidado na relação entre o professor e o aluno. É essencial destacar que toda relação pedagógica tem dimensão quando bem trabalhada.

Na sala de aula, a relação que se fundamenta, no ato do professor ensinar, tem importante significado sobre o que o aluno aprende, conduzindo – o a modificar e transformar atitudes, habilidades e comportamentos.

(...) saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, a curiosidade, as perguntas dos alunos, as suas inibições: um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar não de transferir conhecimento (FREIRE. 1996 p. 47).

Freire (1996) ressalta a importância da escola não somente a missão de ensinar, mas afirma que a função do professor vai muito mais longe, além de passar o conhecimento teórico, há a relação aluno-professor e essa relação de conhecimento construído dia a dia, a qual acompanha o ensino e a aprendizagem junto com o afeto.

O professor deixa de ser somente um transmissor de conhecimentos, e passa a ter o papel de educador em um processo de interação construída a partir da relação com seus alunos, através da valorização da realidade social em que vive este aluno.

Compreendemos desta maneira a importância da afetividade familiar, no reflexo deste vínculo na vida escolar da criança, a importância afetiva do professor no processo de ensino – aprendizagem da criança.

É essencial que no processo de ensino-aprendizagem, que começa a partir da interação da criança com o meio que a cerca, que ressalte os diversos aspectos que fazem parte deste desenvolvimento como, os aspectos orgânicos, sociais, pedagógicos, cognitivos e emocionais, que segundo afirma Weiss apud Santana (2004), “darão sucesso a esse processo”.

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Piaget (1996), afirma que nenhum conhecimento, mesmo que através da percepção, é uma simples cópia do real. O conhecimento tampouco se encontra totalmente determinado pela mente do indivíduo.

Em um olhar piagetiano, o processo de construção do desenvolvimento cognitivo acontece da relação entre o organismo e o meio, através da interação do sujeito com o ambiente que levará a construção das estruturas cognitivas, pois quando são consideradas essas habilidades, dentro e fora da escola, se valoriza o meio em que a criança vive, pode-se dizer que a aprendizagem ocorrerá de forma significativa.

Para Saltini (2008, p.98), ”o educador sensível é aquele que questiona suas ações baseando – se na abordagem que faz a criança a realidade, verbalizado uma realidade vista a seu modo, com as suas capacidades, estruturais, funcionais e afetivas”.

O processo de ensinar e aprender desenvolve as capacidades da criança, isto implica que a aprendizagem não é apenas um processo de memorização, mas um conjunto de todos os aspectos físicos, mentais e emocionais. Mas, para entender a dificuldade da criança é importante olhar para sua totalidade, afetivo e cognitivo. Segundo Souza (2003), afetividade e cognição são aspectos inseparáveis, irredutíveis e complementares da conduta humana.

2.1. A Afetividade E sua influência no aprendizado do Ensino Infantil

A palavra afetividade abrange uma manifestação de sentimentos e emoções, envolvendo a parte psicologia e biológica do desenvolvimento da criança. O aspecto afetivo é um componente muito importante que deve ser estimado no processo de aprendizagem.

Como afirma Ferreira (1999, p.62) afetividade significa o conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre dá impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.

Trata-se do campo de aceitação social, momento que a criança deixa de ser o centro das atenções, para passar a ter convívio com outras crianças.

Para Vygotsky apud Costa (2009), a importância das interações sociais, traz a ideia da mediação e da internalizarão como aspectos fundamentais para a aprendizagem, defendendo que a construção do conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as

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pessoas. Sendo assim é a partir da cultura que a criança está inserida, ou seja, o meio social em que ela vive, que ela irá se desenvolver.

As reações emocionais exercem uma influência essencial e absoluta em todas as formas de nosso comportamento e em todos os momentos do processo educativo. Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem mais seu pensamento, devemos fazer com que essas atividades sejam emocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa têm demonstrado que um fato impregnado de emoção é recordado de forma mais sólida, firme e prolongada que um feito indiferente (VYGOTSKY, 2003, p.121).

Quando a construção do conhecimento acontece de forma afetiva, favorece que se estabeleça uma relação de segurança e evita bloqueios afetivos e cognitivos, auxiliando a integração da criança na escola e ajuda a criança a superar erros e a aprender com eles.

Este primeiro momento de socialização da criança que acontece em sua família é o fio condutor no processo de construção do conhecimento, quando esta criança é tratada com afeto em seu meio, ela consequentemente terá um melhor desenvolvimento, na interação escolar.

A afetividade busca ser um meio facilitador no processo pedagógico, fortalecendo o desenvolvimento cognitivo, pois quando se usa o afeto para instruir, a criança sente-se segura, amada, sendo muito importante para seu convívio escolar.

Para Wallon (2008), a emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos é fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar, a expressão facial, pois são característicos da atividade emocional.

A partir da afetividade, a construção da aprendizagem se torna mais viável, os relacionamentos se tornam mais saudáveis e prazerosos, a interação da criança com a família, a escola e o mundo num todo torna – se uma relação mais espontânea, uma relação que desperta o interesse pelo conhecimento.

Já para Piaget (apud SALTINI 1999, p.87) o desenvolvimento afetivo está ligado intrinsecamente e ocorre paralelo ao desenvolvimento moral: a criança vai superando a fase do egocentrismo e percebe a importância das interações com as outras pessoas e desenvolve a percepção do eu e do outro como referência.

Os sentimentos e as operações intelectuais não constituem duas realidades separadas e sim dois aspectos complementares de toda a realidade psíquica, pois o pensamento é sempre acompanhado de uma tonalidade e significado afetivo, portanto, a afetividade e a cognição são indissociáveis na sua origem e evolução, constituindo os dois aspectos complementares de qualquer conduta humana, já que em toda atividade há um aspecto afetivo e um aspecto cognitivo ou inteligente (PIAGET, 1983, p. 234).

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Portanto, a afetividade influencia na aprendizagem e na construção de novos conhecimentos, pois, na medida em que as crianças são valorizadas e seu contexto social levado em consideração, à aprendizagem passa a exercer uma função mais eficaz na vida da criança.

Nos dias de hoje a afetividade tem atuado diretamente na Educação Infantil, influenciando positivamenteesta primeira etapa no processo de aquisição do conhecimento. A escola é o primeiro meio social em que a criança frequenta fora do seu vínculo familiar. A escola de educação infantil passa a ser, para a criança, um lugar onde ela precisa se sentir segura, onde ela tenha confiança para poder desenvolver todas suas habilidades.

Em qualquer circunstância, o primeiro caminho para a conquista da atenção do aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares que, muitas vezes, estão fechados ás possibilidades acadêmicas. Considerando o nível de dispersão, conflitos familiares e pessoais, e até comportamentos agressivos na escola hoje em dia, seria difícil encontrar algum outro mecanismo de auxílio ao professor mais eficaz (CUNHA, 2008, p.51).

A afetividade é uma importante ferramenta na Educação Infantil, o afeto, auxilia todo o desenvolvimento da criança, podendo ajudar no desenvolvimento psicológico, ajudar a vencer barreiras emocionais e assim facilitando todo o aprendizado da criança.

[...] o que vai dar qualidade ou modificar a qualidade do aprendizado será o afeto. São as nossas emoções que nos ajudam a interpretar os processos químicos, elétricos, biológicos e sociais que experimentamos, e a vivência das experiências que amamos é que determinará a nossa qualidade de vida. Por esta razão, todos estão aptos a aprender quando amarem, quando desejarem, quando forem felizes (CUNHA, 2008, p.67).

Para Freire (1997, p.170) “a afetividade é o território dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transita os medos, sofrimentos, interesses, alegrias” sendo assim ensinar com afeto, é algo eficaz e predominante na vida escolar da criança, esta, se sentindo acolhida no ambiente escolar, despertará desde a primeira infância a vontade de aprender e explorar o conhecimento. A afetividade bem trabalhada na educação infantil, e sucessivamente no meio social em que a criança está inserida, faz com que ela estabeleça relações positivas, tanto na vida pessoal, quanto na vida educacional.

Estabelecer vínculos afetivos, para o aluno, na educação infantil, além de desenvolver e fortalecer o aprendizado intelectual facilita a troca de experiências entre as crianças, aprimorando desde cedo suas capacidades funcionais, estruturais e emocionais. A escola

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infantil, antes de ensinar, procura estabelecer o vínculo afetivo com o aluno, pois passa a ser depois da família, o ambiente em que ele terá como referência, onde a criança além de aprender, busca ter uma relação afetiva, um ambiente prazeroso.

Como afirma Wallon (apud GARCIA 1998, P.41) “a criança acessa o mundo simbólico por meio de manifestações afetivas que se estabelece entre elas e os adultos. Para ele à medida que o indivíduo se desenvolve cria-se uma forma de expressão mais complexa.” O docente passa ser um ponto de referência para o aluno, por isso deve redobrar o cuidado na relação entre o professor e o aluno. É importante ressaltar, que toda relação pedagógica tem dimensão.

Na relação que acontece dentro da sala de aula, quando o professor ensina, com afetividade, influencia diretamente no aprendizado do aluno, fazendo com que este aluno, mude sua postura, sendo importante que o professor compreenda que ele não é apenas um transmissor de conhecimento.

(...) saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, a curiosidade, as perguntas dos alunos, as suas inibições: um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar não de transferir conhecimento (FREIRE, 1996, p 47).

O ato de ensinar e aprender não se limita apenas a sala de aula na escola, é uma relação que vai muito além, pois a prática pedagógica realizada com afeto envolve as necessidades da criança, não só na aquisição do conhecimento, mas também no campo social, moral, na aquisição de valores, enfim em toda a vida do educando.

A criança quando entra na escola tem a necessidade de sentir-se aceita, amada, protegida e compreendida, somente a criança se sentindo segura poderá ter o interesse para despertá-lo para o conhecimento e aprendizado, neste momento o professor é o responsável por construir o desejo da criança em conhecer o novo.

Segundo Saltini (1997 p.91), “é preciso atenção, também, que na idade pré-escolar, assim como na primeira infância, os sentimentos imperam em todos os aspectos da vida infantil, dando cor e expressividade a essa vida”.

A afetividade e a aprendizagem juntas seguem um caminho de motivação na integração entre aluno e professor, favorecendo o relacionamento entre ambos, contribuindo para o processo de ensino. Tratar o aluno com afeto não é necessariamente tentar agradá-lo,

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mas usar a capacidade afetiva para sentir as necessidades do aluno, principalmente quando a criança estiver encontrando dificuldades para o caminho da aprendizagem.

2.2. Expressão da afetividade na relação professor/aluno na educação infantil

A afetividade na educação infantil é muito importante, principalmente na relação entre professor e aluno. Na educação infantil, a afetividade é apresentada entre professor e aluno através de uma forma de carinho, respeito, amizade, por mais difícil que seja não podemos levar para os alunos uma afetividade materna, pois devemos ser professores e não pais deles mesmo ficando muito tempo com eles e até mesmo se fizermos isso, deixamos o mais importante, que é ensinar, transmitir o conhecimento. Assim o pensamento de Libâneo (1994) ajuda no entendimento do tema:

Não estamos falando da afetividade do professor para com determinados alunos, nem de amor pelas crianças. A relação maternal ou paternal deve ser evitada, porque a escola não é um lar. Os alunos não são nossos sobrinhos e muito menos filhos. Na sala de aula, o professor se relaciona com o grupo de alunos. Ainda que o professor necessite atender um aluno especial ou que os alunos trabalhem individualmente, a interação deve estar voltada para a atividade de todos os alunos em torno dos objetivos e do conteúdo da aula (LIBÂNEO,1994, p.251).

Defronte desta ideia podemos entender a importância das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores, porque as mesmas intercederão a relação que o aluno estabelece entre conhecimento e os diversos objetos envolvidos na educação e no processo de ensino e de aprendizagem. Cabe ao professor ser o mediador da aprendizagem, utilizando sua situação privilegiada em sala de aula não apenas para instruções formais, mas para levar aos alunos o desejo de aprender, a vontade de satisfazer curiosidades; ensiná-los a pensar, a ser persistentes a ter empatia e ser autores e não expectadores no palco da existência.

Nesta circunstância, o professor desempenha o papel de mediador no processo educativo e na aquisição da cultura pelo aluno. Sendo assim, a ação do professor tem que ser traçada no conhecimento do desenvolvimento psicológico da criança e das suas necessidades. O professor assim terá condições de tomar decisões comprometidas com o desenvolvimento de habilidades e potencialidades, que façam desse aluno uma pessoa mais feliz e realizada na sua aprendizagem.

O compromisso e o respeito pelos sentimentos do outro, são um dos aspectos mais importantes na relação entre professor e aluno, pois, futuramente, irá se tornar

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responsabilidade social para a cidadania, porque sem interação democrática acaba não existindo uma educação evolutiva.

O professor passa a ser o personagem principal no papel das inter-relações escolares. O professor precisa estabelecer uma relação afetiva com os alunos e que perceba que como indivíduo, seus alunos também têm algo a oferecer e que a aprendizagem se faz por intermédio das interações que são estabelecidas. Como afirma Leite, et.al., (2005), o professor oferece por meio de suas atitudes, uma série de informações ao aluno que irão contribuir na formação de seu autoconceito. As características individuais dos professores (autoritário, permissivo, organizado) e seus traços de personalidade são apontados como responsáveis por maior ou menor eficiência como docentes, assim como a predisposição deste indivíduo para o magistério.

Assim sendo, as expectativas que o professor tem para com seu aluno poderão contribuir sobre a sua performance. O aluno que tem suas características valorizadas pelo professor tende a enfatizá-las cada vez mais, enquanto aquele que se sente rejeitado ou discriminado tende a se afastar da situação e acaba por ver as expectativas negativas do professor comprovadas.

No campo da educação, existe a crença de que a aprendizagem é social, mediada por elementos culturais, produzindo um novo olhar para as práticas pedagógicas. As interações em sala de aula são constituídas por um conjunto complexo de variadas formas de atuação que se estabelece pelas partes envolvidas: professores e alunos. Essa característica de agir está estreitamente relacionada à atuação anterior e determina, sobremaneira, o comportamento seguinte. Na verdade, é pela ligação das várias formas de atuação, durante as atividades pedagógicas, que o professor vai qualificando e aprendendo a lidar com esta relação, e estabelece entre o aluno e os diversos objetos de conhecimento esse sentido, é possível concluir que a afetividade não se limita apenas às demonstrações de carinho físico, que muitas vezes são seguidas de elogios insignificantes, destacando que a afetividade não se restringe apenas ao contato físico. Visto que, a criança vai crescendo ela vai querendo uma troca afetiva mais estendida, porque suas funções simbólicas estarão constituindo sua representação, desta maneira, para a criança, torna-se bastante significativo o que é dito a respeito dela.

Nesta perspectiva os elogios que são dispensados a ela e a atenção às suas dificuldades são formas sutis do professor manifestar interesse pela sua aprendizagem, levando o

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desenvolvimento cognitivo. Desta forma as trocas afetivas vão ganhando multiplicidade, pois afetividade por contato físico vai dando lugar á natureza cognitiva que é o respeito e a reciprocidade. Como afirma Tassoni (2010), conforme a criança vai crescendo o professor vai planejando sua aula de forma que leve o aluno a se sentir seguro o para desenvolver suas atividades com êxito tudo isso por meio da linguagem. Porque as experiências vivenciadas em sala de aula possibilitam trocas afetivas positivas que marcaram o conhecimento e também consolidam a confiança dos alunos e a competência de decisão dele.

A relação entre professor/aluno deve ser dinâmica e o docente tem que ter sabedoria para lidar com todas as situações que ocorrem no dia a dia de uma sala de aula, e ter em mente que ensinar não é apenas transmitir conhecimentos, mas sim um envolvimento total com o seu aluno e sua formação levando a serem homens pensantes e atuantes tornando os capazes de construir conhecimento.

Perante o exposto, a relação professor/aluno não é só de carinho e afeto, pois o docente também precisa impor limites, regras e exercer sua autoridade, assim o educador deve saber a importância do seu trabalho e combiná-lo com autoridade e afeto para isso é preciso obter um diálogo presente e diário em sala para chegar ao resultado de uma classe integrada, compenetrada e envolvida. Mas a autoridade desejada pelo professor/aluno não deve ser aquela, do que o professor fala seja lei, porque quando isso acontece acaba gerando um distanciamento entre professor /aluno prejudicando sua convivência. A falta de comunicação e diálogo entre docente e discente pode trazer danos nessa relação porque o diálogo é fundamental no processo de ensino e de aprendizagem. Quando ocorre o diálogo entre professor/aluno ambos conseguem expor seus desejos e estabelecer uma relação desenvolta, incluindo afeto, respeito, amizade, desta forma construindo um relacionamento prazeroso fundamentado nestes aspectos.

Pode –se assim conceituar que toda prática pedagógica envolve o aspecto afetivo. Deste modo Leite (2005) afirma que todo contexto escolar envolve afetividade em todos os seus aspectos, quando o professor organiza e transmite o conteúdo influencia na aprendizagem e na interação entre professor/aluno/ conteúdo. O modo de como o professor ministra aula e se relaciona com os alunos vai refletir não só ali no momento, mas também futuramente, pois essa relação afeta o social do aluno na escola.

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A natureza da relação docente/discente pode ser observada no desempenho das crianças nas atividades escolares. De acordo com a pesquisa realizada por Tassoni (2010) pode-se observar a relação de afetividade entre professor/aluno em dois aspectos: Posturas e Conteúdos Verbais. Na conduta o professor se apresenta perto do aluno passando segurança, conforto, companhia e no conteúdo verbal o professor fala e incentiva o aluno por meio de elogios e o incentiva na hora de realizar as atividades mostrando o seu potencial de fazer as coisas sozinhas e bem-feitas. No momento em que ocorre a afetividade no ensino o aluno se desenvolve melhor e evolui no seu aprendizado e conhecimento.

A metodologia de ensinar e aprender são a troca de informações e experiências pessoais que acontece entre aluno e professor, e neste relacionamento o afeto é o vínculo facilitador que fará a criança se sentir protegida, acolhida, favorecendo seu aprendizado de modo prazeroso e significativo num todo.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A afetividade como uma ferramenta facilitadora no processo ensino - aprendizagem no decorrer da educação infantil é fundamental, de forma a influenciar na formação da personalidade das crianças, pois, através dos vínculos afetivos desenvolvidos na sala de aula, é possível desenvolver as habilidades na aprendizagem e até mesmo mostrar suas dificuldades pelo caminho do conhecimento.

A afetividade, como mostrado no decorrer do artigo, não é a resolução de todos os problemas, mas é um agente facilitador, ou seja, a afetividade não auxilia apenas no desenvolvimento de aprendizagem, mas também tem uma grande função no convívio da criança. A sala de aula é o principal local onde ocorre esse convívio, mas não o único como apontamos, o espaço de alargar, conhecer e adentrar novos universos, conduzidos pelo professor principalmente no ensino infantil.

O professor de educação infantil além de instruir seus alunos, deve contribuir positivamente para que a criança tenha desde cedo uma relação de prazer com o conhecimento e a escola.

Mas o educador também não deve esquecer-se de impor limites e saber corrigir, no momento certo e da forma certa.

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Pode-se afirmar que as relações de mediação feitas pelo professor, durante as atividades pedagógicas, devem ser sempre entrepostas por sentimentos de acolhimento, simpatia, respeito, além de compreensão, aceitação e valorização do outro: tais sentimentos não só marcam a relação do aluno com o objeto de conhecimento, como também contribuem para a sua autoimagem, auxiliando a autonomia e fortalecendo a confiança em suas capacidades e decisões.

Podemos concluir que a afetividade, nada mais é que a demonstração de carinho, afeto e respeito pelo outro envolvendo não só o contato físico, mas também o diálogo, pois conforme a criança vai se desenvolvendo o afeto físico não é mais tão importante, como o diálogo.

É de suma importância uma relação afetiva prazerosa entre professor/aluno para que possa existir um desenvolvimento pretendido no processo de ensino e de aprendizagem por parte do aluno, assim proporcionando um ambiente de aconchego, socialização e conhecimento para o educando, levando ao aluno mais aprendizado e para o professor mais tranquilidade na sua pratica pedagógica, deixando de lado os conflitos entre professor e aluno e vice e versa.

A educação infantil é apresentada inicialmente como o primeiro meio social da criança fora de casa, por isso a afetividade neste período, objetiva estimular o aprendizado, desenvolver o pensamento cognitivo da criança, favorecendo a construção de sua personalidade e de um futuro cidadão critico, reflexivo e participante dentro da sociedade.

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