• Nenhum resultado encontrado

Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas"

Copied!
34
0
0

Texto

(1)

Erupção dentária e estatuto socioeconómico -

relevância na aplicação de estratégias

preventivas

Mariana Cristina Almeida Santos

(2)

Dissertação de Investigação submetida à Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto para obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária

AUTORA:

Mariana Cristina Almeida Santos

Estudante do 5º ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária up201602937@ fmd.up.pt

ORIENTADORA:

Maria de Lurdes Ferreira Lobo Pereira

Professora Auxiliar da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto mpereira@fmd.up.pt

COORIENTADORA: Inês Alexandra Costa Morais Caldas

Professora Associada com Agregação da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

(3)

II

AGRADECIMENTOS

Decerto, não teria conseguido chegar até aqui sem o apoio de algumas pessoas, às quais expresso a minha gratidão:

À minha orientadora, Professora Doutora Maria de Lurdes Pereira, e à minha coorientadora, Professora Doutora Inês Morais Caldas, pelo exemplo de profissionalismo, pela disponibilidade e ajuda incansável, pela paciência e por todos os conhecimentos transmitidos.

Aos meus pais, por todo o esforço ao longo destes anos e por me permitirem sonhar e acreditar que, para quem se esforça, tudo é possível.

Ao meu namorado, Frederico, pela paciência interminável, por me ouvir e reconfortar nas horas difíceis e por celebrar comigo as pequenas conquistas.

À minha melhor amiga, Sofia, pela amizade, inspiração e motivação com as quais me presenteia desde muito cedo.

A todos os amigos e colegas que me ajudaram, incentivaram e fizeram com que tudo se tornasse mais fácil.

“Continuous effort - not strength or intelligence - is the key to unlocking our potential.”

(4)

III

RESUMO

Introdução: A erupção dentária corresponde ao movimento dos dentes desde a cripta óssea até

ao plano oclusal. São muitos os fatores que podem afetar este processo, existindo alguns autores que referem a associação entre um ambiente socioeconómico favorecido e a erupção dentária precoce e um meio desfavorecido e a erupção tardia. O momento da emergência dentária tem implicações no risco de cárie dentária: durante a erupção há maior risco de cárie. Consequentemente, o momento para implementação de medidas preventivas poderá ser influenciado pela cronologia de erupção.

Objetivo: O principal objetivo deste estudo consiste na caraterização do impacto do estatuto

socioeconómico na erupção dentária,numa perspetiva de adequação das estratégias preventivas.

Materiais e métodos: Classificou-se o segundo molar permanente, de acordo o método de Olze

et al., num total de 529 ortopantomografias de indivíduos com idades entre os 3 e os 17 anos. Da totalidade da amostra, 273 indivíduos pertenciam ao grupo socioeconomicamente desfavorecido e 256 ao grupo socioeconomicamente favorecido. A análise estatística foi realizada recorrendo ao software IBM Statistical Package for the Social Sciences 25®. Efetuou-se a análise descritiva da distribuição do estadio de erupção de acordo com o estatuto socioeconómico, a idade e o sexo dos indivíduos. As idades, em cada estadio, foram comparadas de acordo com o grupo socioecónomico através do teste de Mann-Whitney U, utilizando o nível de significância 0,05.

Resultados: No sexo masculino não se verificaram diferenças estatisticamente significativas

quando comparadas as idades por estadio, de acordo com o estatuto socioeconómico. O mesmo se verificou no sexo feminino, com exceção do estadio 1 (p=0,025).

Conclusões: Os resultados apontam para a não existência de influência do estatuto

socioeconómico na erupção dentária.

Palavras-chave: erupção dentária, segundo molar, estatuto socioeconómico, medidas

(5)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

IV

ABSTRACT

Introduction: Tooth eruption refers to the movement of teeth from the bone crypt to the occlusal

plane. This process can be affected by multiple factors. Some authors report a correlation between a high socioeconomic status and early dental eruption on the one hand and, on the other hand, between a low socioeconomic status and late eruption. The timing of dental emergency has implications for the risk of dental caries: during eruption, the risk of caries is increased. Consequently, the implementation of preventive measures may be influenced by the chronology of eruption.

Objectives: The aim of this study was the characterization of the socioeconomic impact on tooth

eruption, in order to adjust preventive measures.

Material and Methods: The permanent second molar was classified according to the method of

Olze et al. in a total of 529 panoramic radiographs of individuals aged between 3 and 17. Of the total sample, 273 individuals were from a low socioeconomic background and 256 were from a high socioeconomic background. The statistical analysis was performed using the IBM Statistical Package for the Social Sciences 25® software. The descriptive analysis of the distribution of eruption stage was made according to socioeconomic status, age and sex. Ages were compared at each stage according to socioeconomic status using the Mann-Whitney U test, with a significance level set at 0.05.

Results: No statistically significant differences were observed in males when comparing the

ages by eruption stage, according to socioeconomic status. The same applies to females, except for stage 1 (p = 0.025).

Conclusions: The results suggest that socioeconomic status has no influence on dental eruption.

Keywords: tooth eruption, second molar, socioeconomic status, preventive measures,

(6)

V

ÍNDICE

I. Introdução... 1

II. Material e métodos ... 3

Análise estatística ... 5 III. Resultados ... 6 IV. Discussão ... 8 V. Conclusão ... 11 VI. Bibliografia ... 12 VII. Anexos ... 14

Anexo 1: Declaração de Autoria ... 15

Anexo 2: Parecer da Orientadora ... 17

Anexo 3: Parecer da Comissão de Ética ... 19

Anexo 4: Autorização do RAI da FMDUP ... 21

(7)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

VI

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela I: Distribuição etária e por sexo do grupo 1 (n=273)... 3

Tabela II: Distribuição etária e por sexo do grupo 2 (n=256) ... 4

Tabela III: Idade de cada grupo em cada fase (idade mínima, idade máxima, idade média e desvio-padrão (DP), em anos), no sexo masculino ... 6

Tabela IV: Idade de cada grupo em cada fase (idade mínima, idade máxima, idade média e desvio-padrão (DP), em anos), no sexo feminino ... 6

Tabela V: Comparação das idades por estadio de acordo com o grupo socioeconómico, nos rapazes ... 7

Tabela VI: Comparação das idades por estadio de acordo com o grupo socioeconómico, nas raparigas... 7

(8)

VII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Estadios 0 a 3 da erupção do segundo molar permanente; adaptado do método de Olze et. al (28) ... 5

(9)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

1

I. Introdução

A erupção dentária é um dos processos que integra o desenvolvimento dentário e corresponde ao movimento descrito pelos dentes desde o local onde se inicia o seu desenvolvimento, a cripta óssea, através do osso alveolar e da mucosa, até alcançarem o plano oclusal funcional, altura em que contactam com o seu oponente (1-3).

Os movimentos eruptivos podem ser divididos em três fases: pré-eruptiva, eruptiva e pós-eruptiva. A fase pré-eruptiva é intraóssea e inicia quando os gérmenes dentários se começam a diferenciar, terminando quando a coroa está completamente formada. Já a fase eruptiva inicia-se aquando da completa formação coronária e finda com o atingimento do plano oclusal. Fazem parte desta fase não só o movimento intraósseo, mas também o movimento através da mucosa e o período pré-oclusal. Por fim, a fase pós-eruptiva é uma fase extraóssea e respeita ao período que decorre desde a entrada do dente em oclusão até ser perdido ou extraído (1-3).

São muitos os fatores que podem afetar a erupção dentária. São exemplos a genética, o sexo, a nutrição, fatores hormonais, a morfologia craniofacial, algumas doenças sistémicas e, entre outros, também o estatuto socioeconómico (4, 5).

Os défices nutricionais têm sido relacionados com variações no padrão eruptivo (6-8), sendo, nomeadamente, a obesidade associada a um desenvolvimento dentário precoce (9, 10).

Relativamente ao estatuto socioeconómico, este pode influenciar positiva ou negativamente os indivíduos, no que concerne ao seu desenvolvimento, saúde e bem-estar, uma vez que expressa o seu diferente acesso a recursos, comodidades e conhecimento (11).

Neste sentido, vários autores referem que crianças oriundas de um ambiente socioeconómico favorecido apresentam um padrão precoce na cronologia de erupção dentária quando comparadas com crianças provenientes de um meio mais desfavorecido, cuja emergência dentária na cavidade oral ocorrerá mais tarde (4, 12, 13). Isto poderá ser explicado pelo facto de as crianças de uma classe socioeconómica mais alta terem eventualmente um maior acesso a cuidados de saúde, bem como, na teoria, poderem apresentar menos défices alimentares e nutricionais (4).

Sabe-se ainda que, para além de a literatura referir a existência de uma associação entre um baixo estatuto socioeconómico e um maior risco de cárie dentária (14), o momento da emergência na cavidade oral também tem implicações a esse nível: durante a erupção há maior risco de ocorrência de cárie do que nos dentes totalmente erupcionados (15-18). Tal pode ser explicado pelo facto de a acumulação de placa bacteriana ser significativamente maior nos

(10)

2

dentes em erupção, uma vez que há maior dificuldade de higienização e a capacidade de autolimpeza está diminuída até ser atingido o plano oclusal e o dente entrar em função (18). Adicionalmente, o esmalte dentário, logo após a erupção, está sujeito a um período de maturação pós-eruptiva. Neste período o esmalte caracteriza-se por uma maior porosidade e uma menor resistência à cárie dentária quando comparado com o esmalte que atingiu o estado de maturação final (19).

Consequentemente, a implementação de medidas preventivas, nomeadamente a aplicação de selantes de fissuras e as aplicações tópicas de flúor, deve ocorrer no período de até quatro anos após o início da erupção dentária (20, 21). Adicionalmente, a evidência diz-nos que os selantes de fissuras apresentam maior retenção (considerado o principal indicador da sua eficácia) se aplicados em dentes recém erupcionados (22).

Assim, o momento ideal para a implementação de medidas de prevenção da cárie dentária, estará dependente e poderá ser influenciado pela cronologia da erupção dentária.

Através de um estudo que compara dois grupos de crianças, um socioeconomicamente favorecido e outro desfavorecido, pretende-se avaliar se existe diferença na erupção do segundo molar permanente. O principal objetivo deste estudo consiste na caraterização do impacto do estatuto socioeconómico na erupção dentária, numa perspetiva de adequação das estratégias preventivas.

(11)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

3

II. Material e métodos

Estudaram-se 529 indivíduos com idades compreendidas entre 3 e 17 anos (média=10,87 anos, desvio padrão=3,28). Da totalidade da amostra, 273 pertenciam a um grupo designado como pertencente a um estatuto socioeconómico mais baixo (grupo 1). A média de idade deste grupo foi de 10,97 anos (mínimo 3,91, máximo 17, desvio padrão 3,09) – a distribuição etária e por sexo deste grupo está descrita na tabela I. O grupo designado como sendo de um estatuto socioeconómico mais elevado (grupo 2) é constituído por 256 indivíduos, com uma idade mínima de 3 anos, máxima de 16,97 e média de 10,77 anos (desvio-padrão 3,48) – a distribuição etária e por sexo deste grupo está descrita na tabela II.

Tabela I: Distribuição etária e por sexo do grupo 1 (n=273) Sexo Total Masculino Feminino Idade, em anos 3 1 0 1 4 1 2 3 5 1 2 3 6 6 2 8 7 9 20 29 8 18 17 35 9 20 21 41 10 9 14 23 11 8 11 19 12 12 10 22 13 16 17 33 14 13 9 22 15 6 9 15 16 8 10 18 17 1 0 1 TOTAL 129 144 273

O grupo 1 inclui apenas as crianças cujos pais não sejam titulares de escolaridade de nível superior e cujos cuidados de saúde oral sejam obtidos na Clínica Dentária Universitária da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto; o Grupo 2 é composto por ortopantomografias provenientes de uma clínica privada do Porto, incluindo apenas as crianças

(12)

4

em que pelo menos um dos pais possua educação superior e sem seguro de saúde com cobertura da Medicina Dentária.

Este procedimento, já previamente utilizado por outros autores (23), permitiu a criação de dois grupos socioeconómicos distintos, constituídos tendo em conta dois dos principais indicadores do estatuto socioeconómico (24): a) o nível educacional dos pais do indivíduo, e b) o nível de rendimento, avaliado indiretamente pela capacidade de acederem a serviços médico-dentários de diferentes custos.

Todas as radiografias estudadas não foram realizadas com o objetivo de elaborar este estudo, mas com finalidade terapêutica, sendo registadas a data de exposição e a data de nascimento do indivíduo. A idade do indivíduo foi ocultada durante o momento da análise. A data de exposição variou entre os anos 2000 e 2011. Apenas foram incluídos no estudo indivíduos com bom estado de saúde geral, sendo excluídas as ortopantomografias com anomalias ou condições dentárias que impeçam a aplicação das técnicas.

Tabela II: Distribuição etária e por sexo do grupo 2 (n=256) Sexo Total Masculino Feminino Idade, em anos 3 0 3 3 4 0 1 1 5 6 2 8 6 9 7 16 7 13 16 29 8 11 20 31 9 16 6 22 10 12 16 28 11 12 5 17 12 7 12 19 13 10 11 21 14 9 9 18 15 9 7 16 16 10 17 27 TOTAL 124 132 256

(13)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

5

Relativamente às ortopantomografias, usaram-se os critérios de exclusão: • Ausência simultânea dos dentes 37 e 47;

• Presença de cárie profunda que atinge a polpa, restauração profunda ou tratamento endodôntico em ambos os segundos molares mandibulares permanentes;

• Radiografias com evidência de patologia com capacidade de influenciar o desenvolvimento dentário (supranumerários, agenesias, tumores odontogénicos, etc.).

Foi analisado, em cada ortopantomografia, o estadio de erupção do segundo molar mandibular permanente (preferencialmente, o esquerdo), recorrendo-se ao Método de Olze et al. (25-28). Esta classificação compreende quatro estadios de erupção, que estão representados na Figura 1 e descritos de seguida:

a) Estadio 0: dente intraósseo; b) Estadio 1: dente submucoso;

c) Estadio 2: dente na cavidade oral, sem atingir o plano oclusal; d) Estadio 3: dente no plano oclusal.

Análise estatística

Para a análise estatística dos dados recolhidos recorreu-se ao software IBM Statistical Package for the Social Sciences 25®. As variáveis categóricas foram descritas através de frequências absolutas. As variáveis contínuas foram descritas utilizando os valores mínimos, máximos, a média e o desvio padrão. As idades, em cada estadio, foram comparadas de acordo com o grupo socioecónomico através do teste de Mann-Whitney U. Foi utilizado o nível de significância 0,05.

Figura 1: Estadios 0 a 3 da erupção do segundo molar permanente; adaptado do método de Olze et. al (28)

(14)

6

III. Resultados

No sexo masculino, os estadios 1 e 2 tiveram idades médias de atingimento inferiores no grupo 1 (estatuto socioeconómico desfavorecido) (9,76 e 11,29 anos versus 10,43 e 11,86 anos). Nos estadios 0 e 3, a idade média de atingimento foi, pelo contrário, menor no grupo 2 (estatuto socioeconómico favorecido), admitindo-se que tal possa refletir a constituição da amostra (tabela III).

Nas raparigas, verificou-se a mesma tendência nos estadios 1 e 2, os quais exibiram idades médias de atingimento inferiores no grupo 1 (estatuto socioeconómico desfavorecido) (9,89 e 11,53 anos versus 10,03 e 11, 79 anos). A mesma tendência foi verificada no estadio 3 (13,99 anos no grupo 1, e 14,20 anos, no grupo 2), havendo inversão, no estadio 0, onde a idade média de atingimento foi menor no grupo 2 (tabela IV). Novamente se admite que possa ser reflexo da constituição da amostra.

Tabela III: Idade de cada grupo em cada fase (idade mínima, idade máxima, idade média e desvio-padrão (DP), em anos), no sexo masculino

Estadio Grupo n Mínimo Máximo Média DP

0 Grupo 1 42 3,97 10,06 8,00 1,47 Grupo 2 45 5,30 10,30 7,67 1,31 1 Grupo 1 17 8,48 12,18 9,76 0,91 Grupo 2 26 8,32 12,5 10,43 1,16 2 Grupo 1 18 9,01 13,18 11,29 1,29 Grupo 2 3 10,4 13,52 11,86 1,57 3 Grupo 1 50 11,26 17,00 14,20 1,49 Grupo 2 48 9,85 16,96 13,97 1,92

Tabela IV: Idade de cada grupo em cada fase (idade mínima, idade máxima, idade média e desvio-padrão (DP), em anos), no sexo feminino

Estadio Grupo n Mínimo Máximo Média DP

0 Grupo 1 54 4,14 10,68 8,01 1,37

Grupo 2 46 3,50 10,51 7,47 1,57

1 Grupo 1 20 7,87 13,26 9,89 1,24

(15)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

7

No que concerne à comparação das idades por estadio, de acordo com o grupo socioeconómico, no sexo masculino não se verificou a existência de diferenças estatisticamente significativas (p>0,05), sendo que, todavia, no estadio 1, o valor de p foi de 0,062 (tabela V).

Tabela V: Comparação das idades por estadio de acordo com o grupo socioeconómico, nos rapazes

Estadio Mann-Whitney U Z P

0 781,500 -1,389 0,165

1 146,000 -1,863 0,062

2 19,000 -0,805 0,421

3 1152,000 -0,341 0,733

No que concerne à comparação das idades por estadio, de acordo com o grupo socioeconómico, no sexo feminino não se verificou a existência de diferenças estatisticamente significativas (p>0,05), com exceção do estadio 1, em que o valor de p foi de 0,025 (tabela VI).

Tabela VI: Comparação das idades por estadio de acordo com o grupo socioeconómico, nas raparigas

Estadio Mann-Whitney U Z P 0 918,000 -0,350 0,726 1 149,000 -2,241 0,025 2 44,000 -0,580 0,562 3 1411,500 -0,741 0,459 2 Grupo 1 13 10,47 13,77 11,53 0,92 Grupo 2 7 9,51 14,37 11,79 1,57 3 Grupo 1 53 10,03 16,96 13,99 1,81 Grupo 2 58 9,84 16,97 14,20 2,02

(16)

8

IV. Discussão

A presente investigação revela a não existência de diferenças significativas no que concerne à comparação das idades por estadio de acordo com o grupo socioeconómico, em ambos os sexos, com exceção do estadio 1 no sexo feminino.

Embora sejam escassos, alguns estudos referem a existência de uma diferença na cronologia de erupção dentária associada ao estatuto socioeconómico, relacionando a erupção tardia a um meio socioeconómico desfavorecido, contrariamente ao que acontece com indivíduos favorecidos, em que a emergência dentária geralmente ocorre mais cedo (4, 12, 13).

Tal, pode ser explicado pelo facto de o estatuto socioeconómico frequentemente determinar o acesso dos indivíduos a recursos, comodidades e conhecimento, podendo ter uma influência positiva ou negativa não só ao nível da sua saúde, mas também do seu desenvolvimento (11).

O primeiro estudo a fazer referência às diferenças na erupção dentária associadas ao estatuto socioeconómico, ainda que indiretamente, data de 1957. Clements et al. (12), observaram 1943 crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os 5 e os 15 anos, que frequentavam diferentes escolas (escolas independentes, técnicas, rurais e urbanas), cada uma delas associada a um nível socioeconómico. Concluíram que os indivíduos pertencentes às escolas independentes e rurais, neste estudo associadas a um estatuto socioeconómico superior, apresentavam uma emergência dentária precoce, quando comparados com os restantes indivíduos. Contudo, tal não se verificou ao nível do segundo molar, o dente usado na presente investigação. Para além disso, estudaram a relação entre a ocupação profissional dos pais e o momento da emergência dentária dos indivíduos, observando uma tendência para uma emergência precoce no grupo em que os pais tinham cargos de chefia e profissões qualificadas, contrariamente ao que acontecia no grupo em que os pais eram trabalhadores não qualificados.

Garn et al. (13), na década de 70, também sugeriram existir um impacto económico na emergência dos dentes permanentes, tendo para tal observado 9656 indivíduos entre os 4,5 e os 16,49 anos. Para cada indivíduo, analisaram o rendimento familiar, o número de pessoas do agregado familiar, bem como as idades de cada um dos indivíduos pertencentes a este, para calcularem um índice que retratasse o rendimento relativamente às necessidades do agregado. Assim: um índice de 1 representava o limite de pobreza; um índice abaixo de 1 associava-se a pobreza; e um índice superior a 1 revelava que a família vivia acima do limiar de pobreza. O primeiro grupo, incluía indivíduos que apresentavam um índice de até 1.49 (associado a

(17)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

9

pobreza). O segundo grupo era constituído por indivíduos com um índice maior ou igual a 2.25 (o índice médio, na época, para a população estudada). Após análise dos dois grupos, chegaram à conclusão de que a emergência dentária ocorria mais tarde no primeiro grupo, quando comparado com o segundo. Esta diferença foi mais notória nos indivíduos do sexo masculino do que no sexo feminino.

Os resultados obtidos na presente investigação apontam no sentido da não existência de um impacto significativo do estatuto socioeconómico na erupção dentária do segundo molar permanente, tal como descrito por Clements et al. (12). No entanto, os mesmos resultados contrariam as investigações anteriores (12, 13), que, na generalidade da dentição, referem existir uma erupção precoce associada a um estatuto socioeconómico mais elevado.

Admite-se, portanto, que os resultados possam refletir a constituição da amostra, que apresenta limitações, sobretudo no que respeita ao número de indivíduos estudados e ao facto de apenas se estudar o segundo molar permanente. Neste sentido, acredita-se que, com uma amostra maior, isto é, se for estudado um maior número de indivíduos, bem como um maior número de dentes em cada indivíduo, os resultados possam ser distintos.

Sabe-se também que, para além do estatuto socioeconómico, outros fatores devem ser tidos em conta aquando do estudo da erupção dentária. Nesse sentido, aspetos como o estado nutricional, bem como fatores genéticos e hormonais devem, entre outros, integrar investigações futuras para que se desenvolvam modelos de regressão logística com a finalidade de determinar qual o peso que cada um representa no processo de erupção.

Ainda assim, destaca-se o facto de a erupção dentária ter sido classificada através do método radiográfico descrito por Olze et al. (25-28), contrariamente aos estudos anteriormente apresentados, cuja observação apenas teve em conta a emergência gengival (erupção clínica). Embora este último seja um método mais acessível e de fácil observação e classificação, apenas designa uma fase do processo contínuo de erupção dentária. Em contrapartida, o método radiográfico de Olze et al. (25-28) comtempla todas as etapas do processo.

Quanto ao estatuto socioeconómico, este pode ser definido por diferentes determinantes, sendo os mais comuns o grau de instrução, a ocupação profissional e o rendimento (24). Neste estudo, a mensuração do estatuto socioeconómico foi feita através do grau de instrução, pela existência ou não de educação de nível superior dos pais, e do rendimento, avaliado indiretamente pela capacidade de acederem a serviços médico-dentários de diferentes custos. Apesar dos determinantes utilizados estarem longe do ideal, permitiram a existência de um contraste no estatuto socioeconómico entre os dois grupos.

(18)

10

Relativamente ao momento ideal para a implementação de medidas de prevenção da cárie dentária, nomeadamente a aplicação de selantes de fissuras e as aplicações tópicas de flúor, sabe-se que estará dependente e poderá sabe-ser influenciada pela cronologia da erupção dentária, uma vez que durante ou logo após a erupção há maior risco de ocorrência de cárie do que nos dentes cujo esmalte já sofreu a maturação pós eruptiva (15-18).

Para além disso, a evidência diz-nos que um baixo estatuto socioeconómico está associado a um maior risco de cárie (14). Tal pode ser explicado pelo facto da menor literacia em saúde, geralmente verificada neste grupo de indivíduos, e da menor capacidade económica afetarem o acesso a medidas de higiene oral, bem como o acesso a uma alimentação equilibrada e com baixos níveis de açúcar (14). Adicionalmente, associa-se a dificuldade em suportar os custos de consultas médico-dentárias de âmbito privado, nomeadamente no que respeita aos atos preventivos, levando a que, frequentemente, as pessoas só procurem o médico dentista em situações de dor (29).

Deste modo, e embora os resultados obtidos apontem no sentido de que o momento para a aplicação de medidas preventivas não esteja dependente do estatuto socioeconómico, as crianças e os jovens mais desfavorecidos devem ser abrangidos de forma mais eficaz pelas políticas e programas de saúde pública oral. Assim, quando se considera a implementação das medidas de prevenção e promoção de saúde oral poderá ser considerada a condição socioeconómica dos indivíduos.

(19)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

11

V. Conclusão

Os resultados desta investigação apontam no sentido da não existência de um impacto do estatuto socioeconómico no padrão temporal da erupção dentária do segundo molar mandibular. Contudo, admite-se que, tais resultados poderiam ser distintos se fosse utilizada uma amostra maior, nomeadamente com o estudo de um maior número de indivíduos, bem como de um maior número de dentes em cada indivíduo.

Sabe-se que a implementação de medidas de prevenção da cárie dentária deve ocorrer, idealmente, num curto espaço de tempo após a erupção dentária e, embora os resultados indiquem que o momento dessa implementação não seja influenciado pelo estatuto socioeconómico, a prevenção e promoção de saúde oral poderá ter de ser adequada à situação socioeconómica do indivíduo.

(20)

12

VI. Bibliografia

1. Andrade DC, Guedes-Pinto AC. Textos escolhidos de odontopediatria. 1st ed. Porto (PT): Ensino e Educação Universitária, 5; 2017.

2. Avery JK. Oral development and histology. 2nd ed. New York: Thieme Medical Publishers, Inc.; 1994.

3. Guedes-Pinto AC. Odontopediatria. 7th ed. São Paulo (BR); 2003.

4. Almonaitiene R, Balciuniene I, Tutkuviene J. Factors influencing permanent teeth eruption: Part one-general factors. Stomatologija. 2010;12(3):67-72.

5. Duarte ME, Andrade MA, Faria PC, Marques LS, Jorge ML. Fatores associados à cronologia de erupção de dentes decíduos - revisão da literatura. Revista da Universaidade Vale do Rio Verde. 2011;9:139-51.

6. Dimaisip-Nabuab J, Duijster D, Benzian H, Heinrich-Weltzien R, Homsavath A, Monse B, et al. Nutritional status, dental caries and tooth eruption in children: a longitudinal study in Cambodia, Indonesia and Lao PDR. BMC Pediatr. 2018;18(1):300.

7. Psoter W, Gebrian B, Prophete S, Reid B, Katz R. Effect of early childhood malnutrition on tooth eruption in Haitian adolescents. Community Dent Oral Epidemiol. 2008;36(2):179-89. 8. Heinrich-Weltzien R, Zorn C, Monse B, Kromeyer-Hauschild K. Relationship between malnutrition and the number of permanent teeth in Filipino 10- to 13-year-olds. Biomed Res. 2013;2013:205950.

9. Must A, Phillips SM, Tybor DJ, Lividini K, Hayes C. The association between childhood obesity and tooth eruption. Obes Res. 2012;20(10):2070-4.

10. Sanchez-Perez L, Irigoyen ME, Zepeda M. Dental caries, tooth eruption timing and obesity: a longitudinal study in a group of Mexican schoolchildren. Acta Odontol Scand. 2010;68(1):57-64.

11. Cardoso UF. A quantificação do estatuto socioeconómico em populações contemporâneas e históricas: dificuldades, algumas orientações e importância na investigação orientada para a saúde. Antropologia Portuguesa. 2005;22/23:247-72.

12. Clements EM, Davies-Thomas E, Pickett KG. Time of eruption of permanent teeth in british children at independent, rural, and urban schools. British medical journal. 1957;1(5034):1511-3. 13. Garn SM, Nagy JM, Sandusky ST, Trowbridge F. Economic impact on tooth emergence. Am J Phys Anthropol. 1973;39(2):233-7.

14. Schwendicke F, Dorfer CE, Schlattmann P, Page L, Thomson WM, Paris S. Socioeconomic inequality and caries: a systematic review and meta-analysis. J Dent Res. 2015;94(1):10-8. 15. Pahel BT, Vann WF Jr, Divaris K, Rozier RG. A Contemporary Examination of First and Second Permanent Molar Emergence. J Dent Res. 2017;96(10):1115-21.

(21)

Dissertação de Investigação – Mestrado Integrado em Medicina Dentária Erupção dentária e estatuto socioeconómico - relevância na aplicação de estratégias preventivas

13

16. Alves LS, Zenkner JE, Wagner MB, Dame-Teixeira N, Susin C, Maltz M. Eruption stage of permanent molars and occlusal caries activity/arrest. J Dent Res. 2014;93(7):114-9.

17. Naaman R, El-Housseiny AA, Alamoudi N. The Use of Pit and Fissure Sealants-A Literature Review. Dentistry journal. 2017;5(4).

18. Carvalho JC. Caries process on occlusal surfaces: evolving evidence and understanding. Caries Res. 2014;48(4):339-46.

19. Lynch RJ. The primary and mixed dentition, post-eruptive enamel maturation and dental caries: a review. Int Dent J. 2013;63 Suppl 2:3-13.

20. Sala EC, García PB. Odontología preventiva y comunitaria: principios, métodos y aplicaciones. 3rd ed. Barcelona: Masson, S.A.; 2005.

21. Azarpazhooh A, Main PA. Pit and fissure sealants in the prevention of dental caries in children and adolescents: a systematic review. J Can Dent Assoc. 2008;74(2):171-7.

22. Harris NO, Garcia-Godoy F, Nathe CN. Primary Preventive Dentistry. 8th ed. Great Britain. 2014.

23. Carneiro JL, Caldas IM, Afonso A, Cardoso HF. Examining the socioeconomic effects on third molar maturation in a Portuguese sample of children, adolescents and young adults. Int J Legal Med. 2017;131(1):235-242.

24. Geyer S, Peter R. Income, occupational position, qualification and health inequalities-competing risks? (comparing indicators of social status). J Epidemiol Community Health. 2000;54(4):299-305.

25. Olze A, Ishikawa T, Zhu BL, Schulz R, Heinecke A, Maeda H, et al. Studies of the chronological course of wisdom tooth eruption in a Japanese population. Forensic Sci Int. 2008;174(2-3):203-6.

26. Olze A, Peschke C, Schulz R, Schmeling A. Studies of the chronological course of wisdom tooth eruption in a German population. Journal of forensic and legal medicine. 2008;15(7):426-9. 27. Olze A, van Niekerk P, Ishikawa T, Zhu BL, Schulz R, Maeda H, et al. Comparative study on the effect of ethnicity on wisdom tooth eruption. Int J Legal Med. 2007;121(6):445-8.

28. Olze A, van Niekerk P, Schulz R, Schmeling A. Studies of the chronological course of wisdom tooth eruption in a Black African population. J Forensic Sci. 2007;52(5):1161-3.

29. Patel R. The State of Oral Health in Europe. Better Oral Health European Platform; 2012. Available from: http://www.wfpha.org/tl_files/doc/about/OHWG/BOHEP.pdf

(22)

14

(23)

15

(24)
(25)

17

(26)
(27)

19

(28)
(29)

21

(30)
(31)

23

ANEXO 5: Autorização da UPorto para tratamento

de dados pessoais

(32)
(33)

(34)

Imagem

Tabela I: Distribuição etária e por sexo do grupo 1 (n=273)  Sexo  Total  Masculino  Feminino  Idade, em anos  3  1  0  1 4 1 2 3 5 1 2 3 6 6 2 8 7 9 20  29 8 18 17 35 9 20 21 41 10 9 14 23  11  8  11  19  12  12  10  22  13  16  17  33  14  13  9  22  15
Tabela II: Distribuição etária e por sexo do grupo 2 (n=256)  Sexo  Total  Masculino  Feminino  Idade, em anos  3  0  3  3 4 0 1 1 5 6 2 8 6 9 7  16 7 13 16 29 8 11 20 31 9 16 6 22  10  12  16  28  11  12  5  17  12  7  12  19  13  10  11  21  14  9  9  18
Figura 1: Estadios 0 a 3 da erupção do segundo molar permanente; adaptado do método de Olze et
Tabela III: Idade de cada grupo em cada fase (idade mínima, idade máxima, idade média e desvio-padrão (DP),  em anos), no sexo masculino
+2

Referências

Documentos relacionados

Resultados obtidos nos levantamentos efetuados apontam para a possibilidade de se complementar a metodologia para avaliação de pavimentos atualmente disponível no Brasil através do

Os trabalhos foram realizados durante um ano, janeiro/2003 e dezembro/2003, quando foram registrados o tamanho da colônia em termos do número de pares reprodutores, sucesso

Os estudos iniciais em escala de bancada foram realizados com um minério de ferro de baixo teor e mostraram que é possível obter um concentrado com 66% Fe e uma

Mesmo com a maioria dos centenários apresentando elevado percepção qualidade de vida, viu-se que o nível de atividade física e a média de número passo/dia, foram inferiores

coordenar estudos, pesquisas e levantamentos de interesse das anomalias de cavidade oral e seus elementos, que intervirem na saúde da população; Examinar os dentes e

Tendo em conta os objetivos que se pretendem atingir com este estudo, começa-se por conduzir uma revisão de literatura no âmbito do comportamento organizacional, mais

Tendo como parâmetros para análise dos dados, a comparação entre monta natural (MN) e inseminação artificial (IA) em relação ao número de concepções e

Quadro 5-8 – Custo incremental em função da energia em períodos de ponta (troços comuns) ...50 Quadro 5-9 – Custo incremental em função da energia ...52 Quadro 5-10