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Academic year: 2021

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Descobertas

Sou Alessandra Anselmi, 40 anos, natural de Santo André, SP, filha única que sempre quis ter irmãos e que, na ausência de outras crianças, contentava-me em ficar em rodas de adultos, encantando-me com suas conversas misteriosas. Desde muito cedo sonhava em ser jornalista e brincava de apresentadora de telejornal, imitando, com certa falta de talento, o apresentador e jornalista Cid Moreira. Nas horas vagas, colecionava recortes de jornal e os lia frente ao espelho. Tinha verdadeira fascinação pelas palavras e o lugar preferido, além da pracinha da igreja, era a banca de jornal – verdadeiro oásis que me levava à falência minha pobre mesada!

Tinha uma imensa coleção de gibis, sem antes mesmo de saber ler, e aguardava ansiosa a mãe chegar do trabalho para que ela pudesse então desvendar esse fascinante mundo das palavras, lendo as historinhas, enquanto eu deitava no colo dela.

Entre um gibi e outro, eu fazia os meus próprios, copiando os desenhos, as palavras, cortando os papéis, colando figuras, era uma pequena e polivalente editora, viciada em cheiro de livros, jornais e revistas. Cresci e continuei sonhando com a profissão, mas antes que ela chegasse era necessário que eu conhecesse as outras áreas que englobam a Comunicação. Assim fiz colégio técnico em Publicidade e Propaganda. Formei-me em Relações Públicas pela

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Metodista e depois em Marketing e Vendas pela Anhembi Morumbi, e fui deixando o Jornalismo para a sobremesa – como se ele devesse mesmo ficar por último. No entanto, desde sempre estive inserida nesse contexto de Comunicação na minha vida profissional, ora com publicidade, ora com locução, fotografia, textos, tudo se mistura e tudo faz sentido assim misturado. Atualmente sou coordenadora de Comunicação e Marketing e Gerenciamento de Redes Sociais do OLHE.

Início

Comecei no OLHE em setembro de 2010 como estagiária em Comunicação. Na época eu cursava Marketing e Vendas, e como estava desempregada, aceitei o convite para ser estagiária, embora tivesse experiência profissional. Mas era o que a ONG podia oferecer na ocasião e não me pareceu de todo ruim, pois poderia contabilizar como horas de estágio para a faculdade.

O convite partiu da amiga, e então presidente do OLHE, Ingrid Mazeto, para escrever pequenas matérias para o Portal do Envelhecimento (www.portaldoenvelhecimento.org.br) - o Programa de Informação do OLHE, premiado e reconhecido internacionalmente, coordenado pela jornalista e editora de conteúdo Beltrina Côrte, e trabalhar com ela é uma experiência única. Me lembrou quando eu era aquela criança que desenhava os gibis, criava os personagens, elaborava as falas, recortava, pintava, editava, lia, vendia, tudo ao mesmo tempo.

A possibilidade de trabalhar com algo que sempre tive fascínio - as palavras, mas agora por meio de uma ferramenta que até então não conhecia, a internet, encheu-me de alegria e expectativas. A proposta estava alinhada ao meu projeto de carreira e, além disso, desempenhar essa função no conforto e na praticidade do sistema home office, enquanto continuaria buscando alternativas mais concretas profissionalmente, foi tentador, e dessa maneira, aceitei. O site reúne um dos melhores e maiores conteúdos sobre envelhecimento. Nasceu em agosto de 2004 com a proposta de transferir informações qualificadas sobre o envelhecimento, a fim de estimular um envelhecer com futuro; tem como princípios a solidariedade, produção de inovações, democratização de conhecimentos e interdisciplinaridade. Em 2005, um ano após seu lançamento, o Portal foi considerado Programa Exemplar na 7ª Edição Talentos da Maturidade (Banco Real), e vencedor do Projeto Capital Semente da ESPM Social/Fundação Citi, em 2010.

O Portal publica ainda uma revista online mensal: REVISTA PORTAL de DIVULGAÇÃO, que aborda assuntos ligados à velhice, com rigor, simplicidade acessíveis ao leitor não especialista, reconhecida no WebQualis – sistema de classificação dos veículos de divulgação da produção intelectual no sítio da Capes. Em agosto de 2011 o site passou pela sua primeira mudança de layout, centrado na navegação, e se renova constantemente.

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Com todo esse passado de credibilidade e dedicação, foi fácil me apaixonar pelo Portal; no entanto, novos desafios surgiram, o trabalho aumentou. Foi natural passar a atuar nos demais programas da ONG, tornando-me responsável pela comunicação interna do OLHE.

Envelhecimento e estranhamento

Já havia passado por diversos segmentos de empresas (indústrias gráficas e editora, indústrias pneumáticas, empresas de engenharia automotiva, equipamentos cirúrgicos e mídia). Mas o envelhecimento foi, sem dúvida, um tema desafiador em termos profissionais e pessoais.

Até então não tinha tido nenhum envolvimento com as questões do envelhecimento, a não ser a proximidade com meus avós e a grande sintonia com os idosos, desde a infância. Conheci, gradativamente, o novo universo que imaginava distante, mas aprendi ser inerente a todos desde que nascemos.

Claro que o aprendizado não foi tão simples e ainda não é. A todo instante deparo-me com a chegada da minha velhice. Agora mesmo, ao escrever este relato, fui tomada pelo estranhamento do meu próprio envelhecimento – não foi tão simples escrever “Alessandra Anselmi, 40 anos...” . Tudo bem, são 40 anos recém-completados, mas a vontade de escrever 39 foi imensa, assumo. Relutei, relutei, relutei, até que tomei coragem e escrevi: “Alessandra Anselmi,

40 anos...”.

Para quem até ontem tinha apenas 20 anos, dar-se conta que de repente tem 40 é arrebatador – e que atire a primeira pedra aquele que nunca sentiu o que estou sentindo –, ainda que seja um pouco mais tarde, aos 50, ou mais cedo, aos 30, não importa! Parafraseando o 16º estadista dos Estados Unidos, Abraham Lincoln (1809-1865): “todo mundo deseja viver muito, mas ninguém

quer ficar velho”.

OLHE e “destranhamento” do envelhecimento

Convenhamos que assumir a velhice num país onde se valoriza o novo não é nada fácil. E de certa forma, essa perplexidade só é menor porque trabalhar no Observatório da Longevidade e estar constantemente em contato com as questões do envelhecimento me permitem maior questionamento sobre essa fase, fazendo com que a minha percepção sobre a velhice - construída desde a infância -, seja aos poucos ampliada, analisada por outros ângulos, vendo-a de uma forma até então nunca imaginada, limpando dos meus conceitos antigas arestas, fazendo ora as pazes com meu futuro – por mais inesperado que ele seja em relação ao meu envelhecimento, ora voltando a ficar de mal...

Porque no fundo essa é uma relação em constante mutação, e faz parte do meu crescimento pessoal. Estar inserida, portanto, nesse contexto me deu e dá a possibilidade de vivenciar essas dúvidas e anseios, estando mais amparada.

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Mas não bastava fazer parte da ONG, nela estar fisicamente; era preciso, urgentemente, imersão no tema da velhice para melhor compreendê-la, aceitá-la, vivenciá-la com alegria. Essa imersão se deu de várias maneiras. Iniciei meu treinamento no tema absorvendo ao máximo tudo aquilo que me cercava: a vivência com outros canais de informação, com outras ONGs, instituições, empresas.

Mas, sobretudo, no cotidiano com os profissionais que estudam, trabalham e respiram a Gerontologia, essa equipe multidisciplinar, composta por pesquisadores, professores, mestres, doutores, estudiosos do processo de envelhecimento que, aos poucos e de forma irreversível, iniciam esta profissional de marketing nos meandros encantadores do envelhecimento e da longevidade, oferecendo ao mesmo tempo autonomia para exercer o trabalho, oportunidade pela busca do aprendizado e um ambiente acolhedor, características fundamentais para manter a união e o foco em torno de um mesmo objetivo.

Óbvio que todo esse aprendizado é um processo contínuo e de extrema importância para a eficácia da comunicação da ONG, que objetiva construir uma nova cultura ao redor do tema velhice.

Envelhecimento como “causa”

Na mesma proporção que aumentava minha paixão aumentavam as responsabilidades no OLHE. A ONG havia conseguido dar alguns passos importantes e então me ofereceu a coordenação de Comunicação, Marketing e Gerenciamento de Redes Sociais.

Depois de alguns anos trabalhando com comunicação, e outros poucos como voluntária numa ONG que apoia os portadores do câncer de mama, em que o apelo da causa é praticamente instantâneo, abordar o envelhecimento é de extrema dificuldade por ser algo completamente negado por todos os segmentos da sociedade, por isso mesmo ainda mais desafiador.

Numa época em que o aumento do número de idosos no mundo inteiro está mudando a forma como concebemos a sociedade, demonstrando, simultaneamente, que é um nicho de mercado altamente promissor e ainda pouco explorado, como se pretende chegar a esses idosos se não se falar ao seu coração? Se não entender seus anseios, suas limitações e necessidades? Era e é preciso desconstruir as formas que reforçam o preconceito contra o idoso e a velhice. Excluir, de uma vez por todas, as expressões que não representam o idoso atual, como melhor idade, terceira idade, chamá-los de

vovozinho, nessa verdadeira relutância de tratar o velho como velho, como se

dizer ou escrever velho seja ruim.

Ao contrário, criar expressões que tentam minimizar o processo natural do envelhecimento reforça o preconceito e o estigma. Portanto, estar em sintonia com esse público poucas empresas, instituições, organizações, associações conseguem, e o OLHE, desde 2006, como organização, e desde 2004 como

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Portal do Envelhecimento, está à frente de quase todos os segmentos que tentam e querem desesperadamente entender o novo contingente da população.

Estávamos entrando em uma nova fase e era preciso ampliar as nossas “vozes”, mostrar à sociedade a razão da nossa atuação, o nosso foco, a nossa missão, que é “disseminar, aplicar e transferir conhecimento qualificado sobre o

envelhecimento e a longevidade humana”, procurando ser referência como

agente de transformação e renovação das práticas que estimulam e sustentam um envelhecer com futuro.

Foi então que, aproveitando o momento no qual o centro comercial de diferentes tipos de empresas se concentra nas mídias sociais, consolidando a divulgação na rede como oportunidade concreta de negócio e fortalecimento da marca, criamos, em junho de 2011, uma página do Portal no Facebook: (www.facebook.com/portaldoenvelhecimento) e passamos a desenvolver a produção de conteúdo textual e visual, investindo no relacionamento e obtendo importantes métricas para a análise do impacto da nossa abordagem e atuação sobre envelhecimento nos diversos públicos.

Logo em seguida, em dezembro de 2011, o Portal ganhou o incentivo do Google Grants - um programa que permite às organizações sem fins lucrativos se consolidar por meio de publicidade online.

A partir de então adentrei em outro mundo, completamente novo, que é a publicidade na internet. O incentivo possibilitou que o Portal desse destaque a iniciativas ligadas ao envelhecimento, articulando matérias, reportagens e entrevistas com anúncios online. O Google Grants possibilitou um maior valor agregado ao desenvolvimento de conteúdo do Portal, no qual sempre apostei, como o produto mais promissor do site, tanto comercialmente, pensando na sua sustentabilidade, quanto no fato de estar em perfeita sintonia com a missão da ONG.

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Desafios

A comunicação é um instrumento que melhora o processo de gerenciamento e um processo que gera conhecimento, modifica estruturas e comportamentos, determinante para o desenvolvimento das relações interpessoais, contribuindo para o desenvolvimento de negociações dos produtos e das avaliações de desempenho. É o fio condutor imprescindível do desempenho das empresas. Ter essa consciência em uma empresa centrada nos negócios e estruturada para gerar lucros é fundamental, mas ter essa consciência em uma ONG é questão de sobrevivência.

Acredito que o maior desafio da comunicação do OLHE, além de gerar consciência interna sobre as necessidades de uma comunicação eficiente, integrada à captação de recursos, é produzir e divulgar informações qualificadas sobre a longevidade humana, aproveitando que os programas do OLHE já atuam para tornar empresas, instituições, governos, escolas e público preparados para absorver a enorme demanda gerada pelo envelhecimento populacional, conscientes que é processo irreversível, de conquista da humanidade, e que deve ser vivenciado da melhor forma possível.

Convite à Velhice

Para mim que estou me iniciando nos meandros da Gerontologia e oscilo entre a Especialização em Geronto e a Pós em Jornalismo Editorial, não no sentido de prioridade, mas por uma questão de oportunidades reais no momento -, fica uma certeza apenas: estudar a velhice não para evita-la, mas para compreendê-la. Para isso é preciso um mergulho nos nossos medos e anseios, sem máscaras, sem subterfúgios, sabendo que o Envelhecimento é o futuro de todos nós, não escaparemos dele, a não ser que a morte ocorra precocemente. Quero preparar-me a fim de que o medo de envelhecer seja superado pela beleza das novas descobertas e sentidos da vida. Quero recebe-lo de braços abertos, tal qual eu fazia quando criança e ficava encantada com as rugas, os cabelos brancos e o poder que emanava dos olhos de quem é, por merecimento, detentor dos segredos da caixa de Pandora.

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Dados coletados

Portal do Envelhecimento (www.portaldoenvelhecimento.org.br)

Desde 2005 - (dados obtidos até 27 de junho de 2013)

Público Alvo: Formadores de opinião, profissionais ou educadores

que atuam no envelhecimento. Mais recentemente tem

aumentando também o acesso entre os idosos. Acessos: 2 mil acessos diários

Desde 2005 - 1.033.011 pessoas acessaram esse site

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Fanpage

(www.facebook.com/portaldoenvelhecimento)

Desde junho de 2011 – possui 2.529 fãs (dados obtidos até 27 de

junho de 2013)

Composto na maioria por profissionais da área e estudantes,

aumentando também nos últimos meses, o acesso entre os idosos.

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Abrangência (maio a junho de 2013):

Predominância do público feminino em todas as faixas etárias

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Post com maior efeito viral (replicado da fanpage do jornal o estadão)

Marcamos presença ainda no LinkedIn e Youtube

LinkedIn - desde fevereiro de 2011 – formado por 119 integrantes.

Composto na maioria por profissionais da área, interessados em trocar experiências sobre a longevidade.

Link: http://www.linkedin.com/groups?home=&gid=3770181&trk=anet_ug_hm Youtube - desde junho de 2012 – o OLHE coloca à disposição vídeos sobre a temática do envelhecimento/vídeo institucional/vídeo sobre o curso de cuidadores etc.

Link: (vídeo institucional):

http://www.youtube.com/watch?v=3YcciwvLqn0&feature=youtu.be.

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Alessandra Anselmi - Relações Públicas (Metodista); Marketing e Vendas (Anhembi Morumbi). Integra a equipe do OLHE desde outubro de 2010. Atualmente é Coordenadora de Marketing e Comunicação e Redes Sociais. Atua também com locução e fotografia. Email: alessandra.anselmi@uol.com.br

Referências

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