• Nenhum resultado encontrado

Modelo de produção de mudas de espécies arbóreas da Caatinga

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Modelo de produção de mudas de espécies arbóreas da Caatinga"

Copied!
24
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

MODELO DE PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DA CAATINGA

Ariadne Farias Santiago

(2)

ARIADNE FARIAS SANTIAGO

MODELO DE PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DA CAATINGA

Monografia apresentada como pré-requisito para a conclusão do curso de graduação em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientador: Prof. Dr. Guilherme Gerhardt Mazzochini

Natal, RN

(3)
(4)

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais. À minha mãe, Áurea, por toda a dedicação a mim e pelo cuidado diário. Ao meu pai, Samuel, por ter me incentivado aos estudos desde o início da vida e não ter me deixado desistir até hoje, mesmo de longe.

Ao Paulo, à Kate, ao Adler e à Edjane por terem possibilitado a realização deste trabalho e por todo o apoio enquanto estive na Bahia.

Aos meus parceiros de trabalho e amigos, Flavinha, Bel e Niltinho, por toda a alegria em serviço, tudo que me foi ensinado e pelos momentos em que me salvaram.

Ao meu orientador, Guiga, que mesmo em meio a um semestre lotado e cheio de contratempos, me acolheu, orientou e incentivou.

Aos amigos que o curso de ecologia me trouxe, Luan, Roney, Matilde, Eryhudson e, em especial, à Mery. Obrigada por tudo que resolveu por mim em Natal enquanto estive na Bahia e principalmente por ter permitido que eu fosse tua amiga desde o início. Ter uma cientista incrível com um coração enorme como você ao meu lado, me apoiando e acreditando na minha capacidade, foi essencial para que eu continuasse.

Na ausência de qualquer um que foi citado aqui, a realização deste trabalho não seria possível. Do fundo do coração, meus sinceros agradecimentos a todos.

(5)

SUMÁRIO

1. RESUMO ... 6

2. ABSTRACT ... 7

3. INTRODUÇÃO ... 8

4. MATERIAL E MÉTODOS ... 10

4.1. Produção dos tipos de substratos ... 10

4.2. Processo produtivo de mudas... 10

4.3. Delineamento experimental ... 12

4.4. Desempenho das mudas ... 14

4.5. Análises estatísticas ... 14

5. RESULTADOS ... 15

6. DISCUSSÃO ... 19

6.1. Efeito dos tratamentos ... 19

6.2. Avaliação do desempenho das mudas por espécies ... 20

7. CONCLUSÃO ... 21

(6)

6 1. RESUMO

A produção de mudas em viveiro possui diversas dificuldades que causam uma elevada mortalidade durante as fases iniciais de produção. Tendo em vista a otimização da produtividade em viveiros que visam a restauração da Caatinga, este trabalho tem como objetivo definir a melhor composição de substrato para a produção de mudas nativas deste domínio fitofisionômico. O experimento foi conduzido no Viveiro de Mudas São Bento, Ourolândia, BA. Plântulas de nove espécies nativas da Caatinga se desenvolveram em sete diferentes composições de substratos, que incluíram uso de esterco ovino e resíduo de Agave sisalana. As plântulas foram analisadas quanto à altura, número de folhas e sobrevivência durante três meses. Os resultados mostraram que as espécies apresentam respostas distintas aos substratos; os substratos compostos por mais componentes são melhores para as espécies analisadas neste estudo; resíduo de

Agave sisalana deve ser administrado em baixas proporções; e a presença de esterco

ovino não influencia o desempenho geral das mudas das espécies analisadas neste trabalho.

Palavras-chave: Restauração da Caatinga. Produção em viveiro. Substratos. Esterco ovino.

(7)

7 2. ABSTRACT

The production of seedlings in nursery has several difficulties that cause a high mortality during the initial stages of production. In order to optimize productivity in nurseries that aim to restore the Caatinga, the purpose of this work is to define the best substrate composition for the production of native seedlings of this phytophysiognomic domain. The experiment was developed at São Bento Seedlings Nursery, Ourolândia, BA. Seedlings of nine native Caatinga species have grown in seven different substrate compositions, which included the use of sheep manure and Agave sisalana residue. Seedlings were analyzed for height, number of leaves and survival for three months. The results showed that the species present different responses to the substrates; the substrates composed of more components are better for the species analyzed in this study; Agave sisalana residue should be administered in low proportions; and the presence of sheep manure does not influence the overall performance of the seedlings of the species analyzed in this study.

(8)

8 3. INTRODUÇÃO

O contínuo desmatamento das florestas para diversos fins aumenta a demanda para manter grandes áreas conservadas para a manutenção dos serviços essenciais providos pelos ecossistemas, como a vazão dos corpos d’água. No entanto, em ecossistemas altamente degradados, com a capacidade de regeneração lenta e taxas de desmatamento mais altas que a regeneração natural, medidas ativas de restauração são necessárias para a manutenção desses serviços. O domínio fitofisionômico Caatinga ocorre em clima semiárido onde vive 63% da população rural do Brasil que depende dos serviços providos por esse ecossistema (MMA, 2005). Porém, devido à forte pressão de atividades antrópicas, a Caatinga possui uma capacidade de regeneração reduzida (Alves et al., 2009; Marinho et al. 2016) e 45% de sua área degradada (INPE, 2015). Apesar dos esforços conservacionistas para reduzir o desmatamento na Caatinga, a taxa de desmatamento anual é de 0,33% (MMA, 2008), evidenciando a necessidade de restauração ativa da vegetação a fim de preservar sua biodiversidade e manter os processos ecossistêmicos.

Em ambientes semiáridos é aconselhável plantar mudas para acelerar o processo de regeneração (Vanderlei & Moura, 2017). Porém, nesses ambientes, a taxa de mortalidade após o plantio é extremamente alta, tornando essa estratégia muito cara devido à necessidade contínua de replantio dos indivíduos mortos. Uma maneira de garantir maior sobrevivência após o plantio é a produção de mudas mais vigorosas, com maior capacidade de resistir às pressões ambientais (Cruz et al., 2016). No entanto, antes mesmo do plantio, viveiros de mudas enfrentam diversas dificuldades no processo produtivo, como a baixa disponibilidade de sementes e alta taxa de mortalidade pré-plantio devido ao ataque de predadores ou plântulas pouco vigorosas, que elevam o custo de produção. Uma alternativa de aperfeiçoar a produção em viveiros melhorando a qualidade das mudas é a utilização de um bom substrato, que acelere o crescimento das plântulas e garanta menor mortalidade durante o processo de produção.

Para ter um bom substrato é necessário avaliar características como quantidade de nutrientes disponíveis, ausência de patógenos e boa textura para garantir um bom crescimento das mudas, além da acessibilidade, disponibilidade, facilidade de transporte

(9)

9 na região, que reduzem o custo de produção (Silva et al., 2001). Uma alternativa barata para a obtenção dos nutrientes e textura necessários no substrato, além da diminuição dos custos no processo produtivo, é a utilização de materiais residuais originados de outros tipos de atividades produtivas (Trazzi et al., 2013). A cidade de Ourolândia, Bahia, produz em larga escala fibra de Sisal das folhas da espécie Agave sisalana, tendo parte das folhas como resíduo neste processo. Esse resíduo orgânico tem uma boa capacidade de retenção de água, além de promover a aeração do substrato. A criação de ovinos é também uma atividade muito praticada por boa parte da população local, fazendo que o esterco ovino seja disponível em quantidades favoráveis e de fácil acesso. Ambos os resíduos possuem baixo ou nenhum custo na região, pois são descartados pelos produtores, sem uma aplicação alternativa.

Diferentes espécies de plantas podem ter respostas desiguais ao mesmo substrato porque diferentes espécies possuem requerimentos de nutrientes e água distintos (Cañadas et al., 2015; Gervasio et al., 2016; Silva et al., 1997). Assim, na busca pelo melhor substrato, são necessários testes de combinações entre tipos de substratos e diferentes espécies para desvendar o melhor substrato para cada espécie, e assim otimizar a produção de mudas em viveiros. Um bom substrato deve ter uma taxa de sobrevivência maior, reduzindo a razão custo/benefício em relação à obtenção de sementes, espaço e irrigação. Além disso, um bom substrato também deve promover um maior crescimento das mudas, aumentando assim, a probabilidade de estabelecimento após o plantio no campo (Cañadas et al., 2015).

Utilizando resíduos provenientes da produção de sisal e criação de ovinos, nosso principal objetivo neste estudo é definir a melhor composição de substrato para a produção em viveiro de plantas arbóreas da Caatinga. Dentro do objetivo, destacam-se as seguintes hipóteses: 1) substratos compostos por uma maior quantidade de componentes serão capazes de promover melhor desempenho das plantas; 2) substratos com esterco promoverão maior crescimento das mudas de diferentes espécies no viveiro e; 3) as espécies apresentarão desempenhos distintos em relação aos diferentes substratos.

(10)

10 4. MATERIAL E MÉTODOS

Realizamos o experimento para testar a influência de sete tipos de substratos no desempenho de nove espécies arbóreas. Os tipos de substratos foram derivados da combinação de cinco tipos de materiais (ver 4.1; Tabela 1). As espécies selecionadas para o experimento são popularmente conhecidas como Aroeira, Chifre de carneiro, Imburana de cambão, Mulungu, Jurema branca, Roxinho, Calumbi, Pajeú e Juazeiro (Tabela 2).

4.1. Produção dos tipos de substratos

Para produzir os diferentes tipos de substratos combinamos duas classes de substrato: os básicos e adicionais. Todos os tipos de substrato receberam frações de barro vermelho e areia nativa do local do estudo, que foram determinadas como básicas. As frações consideradas adicionais foram: esterco ovino, resíduo de sisal e terra vegetal. Todas as combinações de substratos básicos (presentes em todos os tipos) e adicionais resultaram em sete tipos de substratos (tratamentos) diferentes (Tabela 1). As frações dos materiais variam entre os tipos de substratos porque, dependendo da combinação de materiais, houve a necessidade de aumentar ou reduzir a quantidade de materiais que retém mais água, para manter a textura do substrato com capacidade de retenção de água em níveis propícios para a produção das mudas.

Tabela 1: Composição dos substratos (tratamentos).

Controle S1 S2 S3 S4 S5 Mistura Barro vermelho 15% 17,5% 25% 15% 20% 20% 17% Solo nativo 85% 17,5% 25% 25% 20% 20% 8% Resíduo de sisal - 65% - - - 20% 8% Esterco ovino - - 50% - 20% 40% 17% Terra vegetal - - - 60% 40% - 50%

(11)

11 O processo de produção das mudas utilizadas neste experimento foi realizado no Viveiro de Mudas São Bento, no município de Ourolândia, Bahia. As sementes foram coletadas nas cidades de Ourolândia, Várzea Nova, Morro do Chapéu e Jacobina, Bahia. Após a coleta, as sementes passaram pelo processo de beneficiamento, retirando os resíduos (e.g. flores, frutos e galhos) até atingir o nível de pureza desejado. Após este procedimento, as sementes foram armazenadas em embalagens plásticas distribuídas uniformemente em bandejas dentro de um refrigerador horizontal sob uma temperatura entre 0,5°C e 1,8°C. Os lotes de sementes usados foram compostos por pelo menos cinco matrizes diferentes, para garantir maior diversidade genética.

Tabela 2: Lista das famílias e respectivas espécies arbóreas utilizadas no experimento.

Família / Nome científico Nome popular

Anacardiaceae

Myracroduon urundeuva Allemão Aroeira

Bignoniaceae

Godmania dardanoi (J. C. Gomes) A. H. Gentry Chifre de carneiro Burseraceae

Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet Imburana de cambão Fabaceae

Erythrina velutina Willd. Mulungu

Mimosa ophtalmocentra Mart. ex Benth. Jurema branca

Peltogyne pauciflora Benth. Roxinho

Senegalia piauhiensis (Benth.) Seigler & Ebinger Calumbi Polygonaceae

Ruprechtia apetala Weed Pajeú

Rhamaceae

(12)

12 As sementes germinaram em areia lavada, utilizada em construções civis. Esta areia possui poucos nutrientes disponíveis, propiciando uma condição padronizada sob a qual todas as espécies foram submetidas inicialmente. Além disso, este substrato facilita a repicagem das plântulas. Esta fase ocorreu na Casa de Germinação do viveiro (Figura 1-a), coberta com sombrite de 50% de sombreamento. Técnicas de superação de dormência foram aplicadas de acordo com a necessidade de cada espécie. Por exemplo, as sementes de Roxinho e a Imburana sofreram escarificação mecânica, já o Mulungu e o Juazeiro, além da escarificação, ficaram embebidas em água por 24h.

Depois de germinadas, as plântulas mais vigorosas de cada espécie foram repicadas para os diferentes tipos de substratos tratamento em tubetes de polipropileno de 63mm x 250mm e 350cm3 de volume, com o cuidado necessário para que não houvesse quebra ou danos à raiz durante os processos. Esta fase de desenvolvimento inicial ocorreu na Casa de Sombra (Figura 1-b), a qual é coberta por sombrite de 82% de sombreamento. Após um período de 12 dias, quando já estabelecidas, as plântulas passaram para o estágio de crescimento (Figura 1-c), ficando cobertas por sombrite de 50% de sombreamento.

Após um estágio inicial de crescimento que durou um período de 30 dias, as mudas foram transportadas para a área de Pleno Sol (Figura 1-d), onde não há cobertura para a fase de aclimatação. O vento e a luminosidade solar são mais próximos às condições de plantio. Em todas as fases as plântulas foram irrigadas quatro vezes ao dia.

4.3. Delineamento experimental

O desenho experimental foi do tipo fatorial em blocos, com todas as combinações de espécies e tipos de substratos dentro de quatro blocos. Todas as combinações foram replicadas quatro vezes em cada bloco, totalizando 112 mudas por espécie e 971 mudas plantadas no total. Particularmente, foram plantadas 75 mudas do Pajeú (dois blocos e meio) por indisponibilidade de plântulas na fase final. A posição das mudas com os diferentes tipos de substratos foi inteiramente aleatorizada dentro dos quatro blocos (Figura 2).

(13)

13 Figura 1: Planta baixa do

viveiro, ilustrando as casas de vegetação e a disposição das bancadas onde as mudas ficaram alocadas nas diferentes etapas do experimento. a) Casa de germinação. b) Casa de sombra. c) Casa de crescimento. d) Pleno sol. À direita, mapa de localização da cidade de Ourolândia.

(14)

14 Figura 2: Delineamento experimental representado pelo mapa de um bloco. Na legenda, as espécies e tratamentos utilizados.

4.4. Desempenho das mudas

Para avaliar o desenvolvimento das mudas medimos crescimento da parte aérea e a mortalidade. Para a parte aérea, foi feita a medida da altura inicial e o número de folhas. O acompanhamento destas foi feito uma vez por mês, durante três meses consecutivos. A medida de altura foi feita a partir da base do caule das plântulas, na altura do solo, indo até a gema apical. A mortalidade foi inferida quando a planta inteira se encontrava seca, sem evidências de tecidos vivos no caule.

4.5. Análises estatísticas

Para testar o efeito dos diferentes substratos no desempenho geral das mudas, independente da identidade das espécies, ajustamos modelos de efeitos mistos, sendo as variáveis de desempenho das mudas (crescimento em altura, número de folhas e sobrevivência) consideradas variáveis resposta, os tipos de substratos (tratamento) variáveis de efeito fixo e os blocos e espécies como variáveis randômicas. Para testar se a resposta das espécies varia dependendo do tipo de substrato, realizamos um modelo de

(15)

15 efeito misto com as mesmas variáveis respostas, porém com o tratamento, as espécies e a interação entre espécies e tratamentos foram incluídas no modelo como variáveis fixas, enquanto somente o bloco foi considerado um efeito randômico. Como queríamos testar se o desempenho das diferentes espécies depende do tipo de substrato, testamos especificamente a significância da interação entre espécies e o tratamento. Para os modelos com crescimento em altura como variável resposta foi assumida distribuição normal dos resíduos, distribuição de Poisson para o número de folhas e distribuição binomial para a sobrevivência. A significância dos efeitos fixos foi acessada com o teste de razão de verossimilhança. Todas as análises foram conduzidas utilizando o pacote lme4 no software R 3.2.4.

5. RESULTADOS

Considerando o padrão geral de todas as espécies, a sobrevivência das mudas não foi diferente entre os tipos de substratos (χ2 = 4,28; g.l. = 6; p = 0,64), sendo a sobrevivência média em torno de 60% no experimento inteiro. Apesar da sobrevivência similar entre os tratamentos, houve diferenças no crescimento e número de folhas das mudas entre tipos de substratos. O crescimento em altura das mudas após três meses foi diferente entre os tratamentos (χ2 = 23,9; g.l. = 6; p < 0,001), sendo o substrato com todos os materiais (Mistura) o tratamento com maior crescimento e o tratamento S1 o menor (Figura 3). O número de folhas das mudas também foi diferente entre os tratamentos (χ2 = 12,74; g.l. = 6; p = 0,047), sendo os substratos S1 e S5 com as menores médias (7,2 + 2 [média + d.p.] e 7,1 + 2, respectivamente), enquanto as maiores médias foram encontradas nos tratamentos S4 e mistura (9,2 + 2 e 8,8 + 2, respectivamente).

(16)

16 Figura 3: Influência dos tratamentos na sobrevivência (a), número de folhas (b) e altura (c) das mudas independente da identidade das espécies.

(17)

17 Quando consideradas como um fator fixo nos modelos para entender como as diferentes espécies respondem aos tipos de substrato, a interação entre espécies e o tratamento foi altamente significativa para a sobrevivência, indicando que a mortalidade das espécies depende do tipo de substrato (χ2 = 74,9; g.l. = 48; p = 0,017). Porém, as respostas das espécies em relação aos substratos foram extremamente idiossincráticas, com o melhor substrato para a sobrevivência variando consideravelmente dependendo das espécies (Figura 4-a). Com relação à sobrevivência das espécies, independente dos tratamentos, é possível observar três grupos de espécies com um padrão de sobrevivência distinto. Um grupo de espécies composto por Roxinho, Mulungu, Imburana e Calumbi apresentou sobrevivência acima de 60% em qualquer substrato. Um segundo grupo, composto por Aroeira, Pajeú, Jurema e Juazeiro apresentou taxas de sobrevivência variando entre 10% e 50%. As respostas deste grupo foram mais variáveis entre os diferentes substratos. O Chifre de Carneiro não sobreviveu em nenhum dos substratos usados para a produção de mudas.

As espécies apresentaram crescimento significativamente diferente com relação aos tratamentos quando avaliadas como fatores fixos. As plantas mais altas e com maior número de folhas finais das espécies variou dependendo do tipo de substrato (altura: χ2 = 135,2; g.l. = 35; p < 0,001; n° de folhas: χ2 = 249,7; g.l. = 35; p < 0,001). O grupo de espécies com taxas altas de sobrevivência apresentou respostas fracas aos tratamentos, apesar da diferença significativa entre entres estes. Entretanto, as espécies com baixas taxas de sobrevivência, apresentaram respostas mais fortes aos tratamentos em ambos parâmetros usados para avaliar o desenvolvimento da parte aérea, apresentando taxas de crescimento em altura e número de folhas geralmente mais altas que as demais espécies (Figura 4-b e 4-c).

(18)

18 Figura 4: Influência dos tratamentos na sobrevivência (a), número de folhas (b) e altura (c) das mudas de acordo com a espécie.

(19)

19 6. DISCUSSÃO

Nas primeiras fases de produção, o substrato utilizado para as mudas crescerem pode ter uma grande influência no desempenho das mudas. A hipótese que substratos com maior quantidade de componentes promovem um melhor desempenho das mudas foi corroborada quando o desempenho das mudas foi analisado considerando as espécies como um fator randômico. Os tratamentos Mistura completa e S4 promoveram melhor desempenho geral e apresentam mais componentes em sua composição. A hipótese que substratos com presença de esterco promoveriam maior crescimento de mudas não foi corroborada, pois o esterco não teve influência sobre a maior parte das espécies utilizadas neste estudo, diferindo do padrão encontrado na literatura (ver 6.1). A hipótese que as diferentes espécies respondem de forma distinta aos diferentes tratamentos foi corroborada, porém, o padrão foi extremamente idiossincrático.

6.1. Efeito dos tratamentos

Em outros estudos foi encontrado que a adubação com esterco auxilia no crescimento de diversas espécies por conter mais nutrientes e matéria orgânica (Lima et al., 2015). Porém, nesse estudo não foi encontrado um efeito positivo pronunciado nas espécies crescendo nos substrato contendo esterco. Uma possível explicação para a falta de efeito do uso de esterco encontrado no presente estudo é a capacidade de adaptação à ausência de matéria orgânica no solo das espécies utilizadas neste experimento (Pimentel & Guerra, 2011).

O substrato composto por 65% de resíduo de sisal (S1) promoveu o pior desempenho em comparação com os outros tratamentos em ambos os parâmetros de avaliação da parte aérea das mudas, bem como o substrato composto por 20% do mesmo componente (S5) para o número de folhas. O resíduo de sisal em altas concentrações interfere negativamente sobre o desenvolvimento da parte aérea das mudas provavelmente por não conter muitos nutrientes, não atendendo às necessidades das plantas. Porém, quando utilizado em proporções abaixo de 10%, não causou déficit no desenvolvimento das mudas.

(20)

20 Os tratamentos com maior quantidade de componentes em sua composição apresentaram as melhores respostas de desempenho total das mudas, com exceção do S5. O S5 (20% barro vermelho, 20% solo nativo, 20% resíduo de sisal e 40% esterco ovino), devido à porcentagem de resíduo de sisal em sua composição não pode seguir esta regra. Em contrapartida, os tratamentos S4 (20% barro vermelho, 20% solo nativo, 20% esterco ovino e 40% Terra vegetal) e Mistura completa (17% barro vermelho, 8% solo nativo, 8% resíduo de sisal, 17% esterco ovino e 50% Terra vegetal) proporcionaram as melhores respostas no desempenho total da parte aérea das mudas. Neste último, o resíduo de sisal mostrou-se um componente favorável à aeração, permeabilidade de água e textura dos substratos.

Apesar do resultado significativo de diferenças no crescimento das mudas geral nos tratamentos, essas diferenças foram muito pequenas, e houve uma grande variação de respostas entre as espécies (Figura 3, ver 6.2). A pequena diferença nos resultados obtidos com os diversos tratamentos abre amplas possibilidades de combinações entre os insumos sem prejudicar o desempenho total das mudas. Ao optar pelo uso de um único substrato para todas as espécies produzidas no viveiro, os produtores têm maior liberdade em substituir ou dispensar o uso de algum dos componentes, seja por limitações financeiras ou logísticas.

6.2. Avaliação do desempenho das mudas por espécies

Com o intuito de diminuir os esforços em produzir cada espécie em um tipo de substrato, é recomendável o uso de um substrato em comum para as espécies que apresentaram uma menor variação de desenvolvimento entre os tratamentos e taxa de sobrevivência acima de 60%. Esta alternativa facilita a produção em larga escala sem prejudicar estas espécies em desenvolvimento.

Buscando diminuir taxas de mortalidade no processo produtivo, é recomendado que a produção das espécies Pajeú, Juazeiro, Jurema branca e Aroeira seja feita nos substratos que proporcionaram o melhor desempenho das mesmas (S4; Mistura; Controle e S2, respectivamente). Desta forma, as mudas que sobreviverem terão melhor

(21)

21 qualidade e maior probabilidade de estabelecimento. Porém, é necessário investigar a causa da baixa taxa de sobrevivência destas mesmas espécies através de novos estudos.

A espécie Chifre de carneiro requer uma investigação aprofundada a respeito da causa da sua mortalidade. É possível que esta espécie não sobreviva ao tipo de processo produtivo utilizado no viveiro, especificamente ao longo período entre a germinação e a repicagem. Diferindo da técnica utilizada na Restinga (Zamith & Scarano 2004), na qual a repicagem é feita ao surgir o primeiro par de folhas, recomendamos que a repicagem seja feita ao surgirem os cotilédones, enquanto a raiz cresceu pouco em comprimento. Recomendamos outras pesquisas que avaliem a influência deste processo na taxa de mortalidade, considerando a exclusão da repicagem para a referida espécie.

As plantas utilizadas no experimento apresentaram altas taxas de mortalidade. Entretanto, a mortalidade aqui não é atribuída ao substrato. Sendo assim, sugerimos o aperfeiçoamento da técnica de repicagem e até mesmo que esta técnica seja evitada para as espécies com taxa de sobrevivência abaixo de 60%.

7. CONCLUSÃO

Os substratos com maior quantidade de componentes afetam positivamente o desenvolvimento das espécies apresentadas neste trabalho, contanto que sejam compostos pelas proporções corretas. O uso de resíduo de sisal deve apresentar proporção abaixo de 10%. Já o uso de esterco não proporcionou diferença significativa no crescimento geral das espécies, apenas para o crescimento em altura da Aroeira. Portanto, a utilização deste componente não é crucial para promover o crescimento inicial das mudas. Por fim, as espécies respondem de forma diferente aos substratos e é recomendado o uso dos substratos mais favoráveis às espécies com altas taxas de mortalidade. O uso de diferentes materiais para compor o substrato das mudas pode reduzir os custos de produção de mudas por se tratar de resíduos provenientes de outras atividades, e que não teriam outra aplicação. Apesar de significativa, a diferença no desempenho geral das mudas foi pequena, indicando que o uso desse tipo de resíduo pode variar de acordo com suas disponibilidades, reduzindo assim o custo de produção das mudas.

(22)

22

8. REFERÊNCIAS

ALVES, J. J. A.; ARAÚJO, M. A. de; NASCIMENTO, S. S. do. 2009. Degradação da caatinga: uma investigação ecogeográfica. Revista Caatinga, v.22, n.3, p.126-135.

CAÑADAS E.M.; BALLESTEROS, M.; FORONDA, A.; NAVARRO, F. B.; JIMENEZ, M.N.; LORITE, J. 2015. Enhancing seedling production of native species to restore gypsum habitats. Journal of Environmental Management, 163, p.109-114

CRUZ, F. R da S.; ANDRADE, L. A. de; FEITOSA, R. C. 2016. Produção de mudas de umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda Câmara) em diferentes substratos e tamanho de recipientes. Ciência Florestal, Santa Maria, v.26, n.1, p.69-80.

GERVASIO, C. R.; SILVA, A. C. S. da; SARMENTO, M. B.; NETTO, C. G.; PINHEIRO, L. M. C.; OLIVEIRA, C. J. de. 2016. Substratos na produção de mudas de espécies nativas do Sul do Brasil. Magistra, v.28, n.2, p.268-272.

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – INPE. 2015. Disponível em: http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=3895. Acesso em 11/11/2017 às 19h27min.

LIMA, K. D. R. de; CHAER, G. M.; ROWS, J. R. C.; MENDONÇA, V.; RESENDE, A. S. de. 2015. Seleção de espécies arbóreas para revegetação de áreas degradadas por mineração de piçarra na Caatinga. Revista Caatinga, Mossoró, v.28, n.1, p.203–213.

MARINHO, F. P.; MAZZOCHINI, G. G.; MANHÃES, A. P.; WEISSER, W. W.; GANADE, G. M. S. 2016. Effects of past and present land use on vegetation cover and regeneration in a tropical dryland forest. Journal of Arid Environments, 132, p.26-33.

(23)

23 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA. 2005. Semi-aridez, desertificação e alterações climáticas. p. 03-42. In: MMA. Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca - PAN-Brasil, Brasília.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA. 2008. Disponível em: http://www.meioambiente.gov.br/informma/item/6128-deforestation-in-the-caatinga-has-destroyed-half-of-its-original-vegetation. Acesso em 11/11/2017 às 14h32min.

PIMENTEL, J. V. F. & GUERRA, H. O. C. 2011. Irrigação, matéria orgânica e cobertura morta na produção de mudas de cumaru (Amburana cearensis). Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.15, n.9, p.896–902.

SILVA, I. R. da; NETO, A. E. F.; CURI, N; VALE, F. R. do. 1997. Crescimento inicial de quatorze espécies florestais nativas em resposta à adubação potássica. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.32, n.2, p.205-212.

SILVA, R. P. da; PEIXOTO, J.R.; JUNQUEIRA, N. T. V. 2001. Influência de diversos substratos no desenvolvimento de mudas de maracujazeiro azedo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa DEG). Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v.23, n.2, p.377-381.

TRAZZI, P. A.; CALDEIRA, M. V. W.; PASSOS, R. R.; GONÇALVES, E. de O. G. 2013. Substratos de origem orgânica para produção de mudas de teca (Tectona grandis Linn. F.). Ciência Florestal, Santa Maria, v.23, n.3, p.401-409.

VANDERLEI, R. S. & MOURA, F. de B. P. 2017. Desafios para a restauração de terras secas. p.39-64. In: MOURA, F. de B. P. & SILVA, J. V. Restauração na Caatinga, Maceió, Edufal.

(24)

24 ZAMITH, L. R. & SCARANO, F. R. 2004. Produção de mudas de espécies das Restingas do município do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Acta bot. bras, v.18, n.1, p.161-176.

Referências

Documentos relacionados

Se não tiver a certeza de que tipo de fonte de alimentação 6 pt-BR | Instruções de segurança Access Modular Controller... Precauções

Pode ir ao micro-ondas, freezer e à lava-louças Não libera gosto nem cheiro nos alimentos Perfeita para organizar os mantimentos Tampa hermética: evita vazamentos.. NOVIDADE NA

Emprego de nanopartículas fluorescentes para o melhoramento da detectabilidade de um sensor point-of-care – Resultados e Discussão Apesar do imunosensor ser bastante sensível e

Porém, a presença de um item errático, e de efeito teto para os indivíduos com início do arco doloroso acima de 120° de elevação do braço somados ao funcionamento diferencial de

Trabalhos iniciais mostraram que os fungos que apresentaram maior crescimento em meio contendo tanino como única fonte de carbono são promissores na produção da

[r]

Inicialmente, após diversos processos de interação e discussão, a ação se concentrou na elaboração de um vídeo, contendo os conceitos básicos de M&amp;V

CORRÊA MAIA, ADRIANO; APARECIDA DE OLIVEIRA FERREIRA, DARLENE GESTÃO DO TERRITÓRIO: Multifuncionalidade e turismo como estratégias para o..