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Efeito do programa de prevenção da obesidade nos valores do IMC e percentagem de alunos na zona saudável da bateria de testes associada à saúde do fitnessgram no Agrupamento de Escolas Viseu Sul (ano letivo 2014/2015)

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E

SECUNDÁRIO

Efeito do Programa de Prevenção da Obesidade nos valores do

IMC e percentagem de alunos na zona saudável da bateria de testes

associada à saúde do Fitnessgram no Agrupamento de Escolas Viseu Sul

(ano letivo 2014/2015)

Mário Barreira Simões

Orientador:

Professora Doutora Maria da Luz Rodrigues Gomes Lopes

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Efeito do Programa de Prevenção da Obesidade nos valores do

IMC e percentagem de alunos na zona saudável da bateria de testes

associada à saúde do Fitnessgram no Agrupamento de Escolas Viseu Sul

(ano letivo 2014/2015)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Mário Barreira Simões

Orientador:

Professora Doutora Maria da Luz Rodrigues Gomes Lopes

Composição do Júri

Professora Doutora Maria Dolores Alves Ferreira Monteiro Professora Doutora Sandra Celina Fernandes Fonseca Professora Doutora Maria da Luz Rodrigues Gomes Lopes

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Dissertação apresentada à UTAD, como requisito para a conclusão do 2º Ciclo de Estudos e obtenção do grau de Mestre no curso: Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, sob a orientação da Professora Doutora Maria da Luz Rodrigues Gomes Lopes.

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Quando nos propomos à realização de um trabalho desta dimensão muitas são as inquietações que se levantam. As exigências da vida familiar e profissional, aliadas ao envolvimento que assiduamente mantenho em atividades comunitárias, não raras vezes, colocam dificuldades que só poderiam ser ultrapassadas com a felicidade de partilhar esta caminhada com um círculo familiar e de amigos extraordinários.

À direção do Agrupamento de Escolas Viseu Sul, um reconhecido agradecimento, na pessoa do seu diretor Engº João Caiado, por permitirem a realização deste estudo e pela disponibilização dos documentos para caracterização do Agrupamento;

À Professora Doutora Maria da Luz Rodrigues Gomes Lopes, pela disponibilidade, amizade e apoio demonstrados desde o primeiro momento. A competência, exigência e objetividade colocadas em toda a sua ação, são marcas ímpares que muito contribuíram para a realização deste trabalho;

À Liliana, a minha sobrinha doutoranda e ao Filipe, pela enorme capacidade de trabalho e noites mal dormidas, sem os quais não era possível ultrapassar a “batalha” da estatística; À minha cunhadita, Daniela, por emprestar uma ínfima parte da sua sabedoria que foi também importante na realização deste trabalho;

A todos os meus colegas de Educação Física no Agrupamento de Escolas Viseu Sul pela colaboração com a disponibilização dos dados recolhidos para este estudo;

Um agradecimento muito especial à minha família. A minha mulher Ana Margarida que é a nossa verdadeira “pedra angular” e que durante esta etapa foi também tudo o resto, e aos meus dois queridos filhos, Henrique e Mariana, que desde a sua existência são a principal razão do meu viver;

Muitas são as pessoas, que guardo no coração, a quem recorremos e que sempre demonstraram o apoio inequívoco e altruísta que também simboliza a verdadeira amizade. A todos, o meu bem – haja!

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contexto, Portugal surge como um dos países da Europa em que o excesso de peso e a obesidade apresentam valores já considerados epidémicos.

Cientes deste problema que está a tomar dimensões gigantescas, o Agrupamento de Escolas Viseu Sul, particularmente o Departamento de Educação Física, encetou um projeto ambicioso que faz a deteção precoce de crianças em risco e o respetivo enquadramento num projeto denominado Projeto Sempre em Forma (PPO).

Este estudo pretende fazer a apresentação desta experiência, o acompanhamento de todas as metodologias e procedimentos, avaliar os resultados da sua intervenção no ano letivo 2014/2015 e, humildemente, fazer propostas para o seu eventual aperfeiçoamento futuro. A amostra do estudo é constituída por 837 alunos, 435 do género masculino e 402 do género feminino, do 5º ao 9º ano de escolaridade do Agrupamento de Escolas Viseu Sul, com idades compreendidas entre os 10 e os 17 anos.

A avaliação da Composição Corporal foi efetuada através do cálculo do IMC pelas medidas somáticas do peso e da estatura e definido o excesso de peso e obesidade pelos pontos de corte segundo os critérios do International Obesity Task Force. A avaliação da Aptidão Física (ApF) foi efetuada através da bateria de testes do “Prudential Fitnessgram”.

Foi feita a descrição estatística das variáveis através das medidas média e desvio padrão em folha de cálculo do Microsoft Office Excel. Foi também utilizado o programa IBM SPSS

Statistics 21 para efetuar o teste t para amostras emparelhadas de forma a comparar os valores

de IMC inicial e final, em cada um dos grupos (com e sem PPO). Os principais resultados obtidos dão-nos conta que:

 A prevalência de excesso de peso é de 15,47% e a obesidade de 7,73%, perfazendo o valor de excesso de peso e obesidade de 23,2% na amostra total.

 Os alunos que frequentam o reforço curricular (PPO), não apresentam variação estatisticamente significativa no valor global do IMC, nos dois momentos de avaliação (23,09±4,14 vs 23,10±4,22; p=0,929);

 Os alunos que não frequentam o reforço curricular (PPO), não apresentam variação estatisticamente significativa no valor global do IMC, nos dois momentos de avaliação (19,32±3,28 vs 19,40±3,12; p=0,459);

 Os grupos que frequentam o PPO, de uma forma global, apresentam uma maior evolução no número de alunos que atingem o intervalo da ZSAF em todos os testes, comparativamente com o grupo de alunos que não frequenta o PPO. O teste em que se

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onde se observam resultados menos favoráveis- os rapazes sem frequência do PPO registam uma diminuição de 1,19% na ZSAF.

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Nowadays, obesity is considered one of public health’s most serious problems. In this context, Portugal is one of the European countries in which the overweight and obesity values are already considered epidemic.

Acknowledging this reality, that is becoming a huge problem, the Agrupamento de Escolas Viseu Sul, particularly the Department of Physical Education, initiated an ambitious project which prematurely detects children at risk and integrates them in the project called “Projeto Sempre em Forma” (PPO).

This study presents this experience, the methodologies and procedures used, the evaluation of the results of this intervention in the year 2014/2015 and make some suggestions for its possible improvement in the future.

The study’s sample is composed by 837 students, in which 435 are male and 402 are female. These students attend the Agrupamento de Escolas Viseu Sul from the 5th to the 9th grade and their ages are between 10 and 17 years old.

The evaluation of their body composition was made through the calculation of BMI (body mass index) from the somatic measure of weight and height; and the overweight and obesity was defined by the cut-off points following the criteria of International Obesity Task Force. The evaluation of their physical ability was made using the “Prudential Fitnessgram” tests. The statistical description of the variables was done through the basic average and standard deviation calculation with the Microsoft Office Excel software. The IBM SPSS Statistics 21 was used to calculate the t-test for the paired samples in order to compare the initial and final results of BMI from each group (with and without PPO).

The main results of this study are:

 The prevalence of overweight is 15,47% and obesity is 7,78%, both summed up represent a value of 23,2% in the total sample;

 The students who attended the extra-curricular programme PPO, do not show statistically significant variation between the global value of BMI in the two moments of evaluation (23,09±4,14 vs 23,10±4,22; p=0,929);

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of evaluation (19,32±3,28 vs 19,40±3,12; p=0,459);

 Overall the groups which attend the PPO show a better evolution in the number of students that reach the ZSAF range in all the tests, in comparison to the group of students not attending the PPO. The test where a better performance is observed is the Push-up with both boys and girls attending the PPO achieving an increase of 20,11% e 21,3% respectively within ZSAF. The tests Back-Saver Sit and Reach are those where least favourable results are observed- the boys without PPO frequency presented a decrease of 1.19% in the ZSAF.

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AAHPERD – American Alliance for Health, Physical Education and Recreation and Dance AF – Atividade Física

ApF – Aptidão Física

– Média

DP – Desvio Padrão

IMC – Indice de Massa Corporal n – Número

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONAFD – Observatório Nacional da Atividade Física e Desporto

PPO – Programa de Prevenção da Obesidade, presentemente com a designação de "Espaço

Sempre em Forma"

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xi 1. INTRODUÇÃO 1.1 Enquadramento ... 1 1.2 Objetivo do estudo ... 3 1.3 Caracterização do Agrupamento ... 3 2. OBESIDADE 2.1 Definição e identificação de obesidade ... 7

2.2 Etiologia da obesidade ... 9

2.2.1 Fatores biológicos ... 9

2.2.2 Alimentação e hábitos alimentares ... 10

2.2.3 Diminuição da atividade física ... 10

2.2.4 Fatores demográficos ... 11

2.2.5 Fatores Sociais e Culturais ... 11

2.2.6 Fatores comportamentais e psicológicos ... 11

3. IDENTIFICAÇÃO DE EXCESSO DE PESO E OBESIDADE 3.1 Avaliação da composição corporal ... 13

3.2 Prevalência de excesso de peso e obesidade na população portuguesa ... 16

3.3 Prevalência de excesso de peso e obesidade em jovens ... 18

3.4 Prevalência de excesso de peso e obesidade em jovens portugueses ... 19

4. ATIVIDADE FÍSICA, APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE 4.1 Definição de Atividade Física ... 25

4.2 Importância da Atividade Física na saúde ... 25

4.3 Definição de Aptidão Física ... 28

4.4 Componentes da Aptidão Física ... 31

4.5 Avaliação da Aptidão Física ... 33

4.6 Aptidão Física associada à saúde nos jovens Portugueses ... 39

5. MATERIAL E MÉTODOS 5.1 Caracterização da Amostra ... 43

5.2 Desenho do estudo ... 44

5.3 Pressupostos... 44

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5.6.1 Avaliação da Composição Corporal e da Aptidão Física ... 46

5.7 Análise Estatística de Dados... 47

6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 6.1. Valores de peso, altura e IMC em função do ano de escolaridade e género. ... 49

6.2 Prevalência de excesso de peso e obesidade por género e ano de escolaridade. ... 50

6.3 Valores de peso, altura e IMC por género, com e sem frequência do PPO ... 54

6.4 Testes de aptidão física em ambos os grupos ... 57

7. CONCLUSÕES ... 69

BIBLIOGRAFIA ... 73

ANEXOS ... 83

ANEXO I - Protocolo de realização dos testes do Fitnessgram ... 83

ANEXO II – Tabelas de conversão dos testes do Fitnessgram ... 86

ANEXO III – Ficha de registo de presenças. ... 94

ANEXO IV – Plano de sessão de treino. ... 95

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Tabela 1- Classificação do peso de adultos de acordo com o IMC ... 13

Tabela 2 - Pontos de corte internacionalmente aceites para avaliar o sobrepeso e a obesidade em crianças e adolescentes, tendo em conta o sexo e a idade. Os valores são definidos em função do IMC 25 e 30 Kg/m2 aos 18 anos de idade ... 15

Tabela 3 - Resumo de alguns estudos efetuados sobre a prevalência de pré-obesidade e obesidade na população Portuguesa ... 16

Tabela 4 - Estudos realizados em Portugal sobre prevalência de excesso de peso e obesidade em jovens ... 20

Tabela 5 - Prevalência de excesso de peso e de obesidade no distrito de Viseu ... 21

Tabela 6 - Evolução do conceito de ApF ao longo dos tempos ... 30

Tabela 7 - Componentes da ApF ... 31

Tabela 8 - Componentes e fatores da ApF relacionada com a saúde. ... 32

Tabela 9 - Estrutura reduzida da macro dimensão da ApF ... 33

Tabela 10 - Itens da bateria Prudential Fitnessgram associada à saúde e referenciada a critérios e respetivas componentes da ApF ... 35

Tabela 11 - Bateria de testes Fitnessgram ... 36

Tabela 12 - Valores Fitnessgram para a zona saudável de Aptidão Física - Rapazes ... 37

Tabela 13 - Valores Fitnessgram para a zona saudável de Aptidão Física - Raparigas ... 38

Tabela 14 - Características descritivas da aptidão física dos jovens, por região e sexo ... 40

Tabela 15 - Estratificação da amostra por ano de escolaridade, género - Amostra Total (n=837) ... 43

Tabela 16 - Valores de peso, estatura e IMC iniciais e finais, para ambos os géneros, por ano de escolaridade, no grupo sem frequência do PPO (Média±Desv. Padrão). ... 55

Tabela 17 - Valores de peso, estatura e IMC iniciais e finais, para ambos os géneros, por ano de escolaridade, no grupo com frequência do PPO (Média±Desv. Padrão) ... 56

Tabela 18 - Comparação entre valores de IMC da avaliação inicial e final dentro de cada um dos grupos (com e sem PPO), com recurso ao teste t de Student para amostras emparelhadas ... 57

Tabela 19 - Percentagem de alunos na zona saudável da ApF no teste de Extensão de Braço ... 58

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Tabela 23 - Valores obtidos por género, ano de escolaridade e grupos com e sem frequência PPO no Teste de Extensão do Tronco inicial e final e respetiva percentagem de alunos na zona saudável da ApF ... 66

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Figura 1 - Pontos de corte IOTF para avaliar o sobre peso e obesidade em crianças e

adolescentes (Cole et al., 2000). ... 14

Figura 2 - Prevalência de excesso de peso e obesidade na população Portuguesa nos períodos (1995 - 1998) e (2003 - 2005) (Carmo et al. – Obesity reviews, 2008). ... 17

Figura 3 - Prevalência de excesso de peso e obesidade em jovens até 11 anos na Europa (World Health Organization, 2007). ... 18

Figura 4 - Percentagem nacional do excesso de peso e de obesidade, por idade, nos jovens (ONAFD, 2011). ... 22

Figura 5 - Percentagem de jovens do género masculino (10-18 anos), para cada um dos testes da bateria Fitnessgram, que cumprem os critérios normativos relacionados com a saúde (ONAFD, 2011). ... 41

Figura 6 - Percentagem de jovens do género feminino (10-18 anos), para cada um dos testes da bateria Fitnessgram, que cumprem os critérios normativos relacionados com a saúde (ONAFD, 2011). ... 42

Figura 7 - Valores da estatura, peso e IMC por género e ano de escolaridade. ... 49

Figura 8 - Prevalência de excesso de peso e obesidade por género e na amostra total. ... 50

Figura 9 - Prevalência de excesso de peso e obesidade por ano de escolaridade... 51

Figura 10 - Prevalência de excesso de peso e obesidade por ano de escolaridade em ambos os géneros. ... 52

Figura 11 – Valores de peso, estatura e IMC totais e por género, nos grupos com e sem frequência do PPO - no primeiro e segundo momentos de avaliação. ... 54

Figura 12 - Valores obtidos por género, ano de escolaridade e grupos com e sem frequência PPO no Teste de Extensão de Braços - inicial e final. ... 57

Figura 13 - Valores obtidos por género, ano de escolaridade e grupos com e sem frequência PPO no Teste de Abdominais - inicial e final. ... 59

Figura 14 - Valores obtidos por género, ano de escolaridade e grupos com e sem frequência PPO no Teste de Flexibilidade inicial e final. ... 61

Figura 15 - Valores obtidos por género, ano de escolaridade e grupos com e sem frequência PPO no Teste Vaivém - inicial e final. ... 64

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que, neste século, a obesidade tem uma prevalência igual ou superior à da desnutrição e das doenças infeciosas. Por tal facto, caso não se tomem medidas drásticas para prevenir e tratar a obesidade, mais de 50% da população mundial será obesa em 2025.

Segundo a Carta Europeia de Luta Contra a Obesidade (2006) a prevalência da obesidade infantil aumentou dez vezes desde 1970. Neste momento uma em cada cinco crianças na região europeia da OMS sofre de excesso de peso e destes, um terço podem já ser considerados obesos o correspondente a 155 milhões de crianças em idade escolar em todo o mundo.

As consequências desta doença são muito diversas, provocando, no imediato, danos na autoestima e consequentemente no desenvolvimento intelectual e cognitivo. A prazo, associada a outras doenças, implicará um decréscimo significativo na qualidade de vida (Veugelers & Fitzgerald, 2005).

Por outro lado, Manios et al. (2007) reforçam a importância de uma intervenção precoce nesta problemática, salientando que uma grande percentagem (69%) das crianças com percentil de IMC superior a 95 continuará a ser obesa na vida adulta. Ainda neste âmbito, tendo em conta o reconhecimento da existência de necessidades específicas em diferentes etapas da vida que influenciam diretamente, de modo positivo ou negativo, as etapas seguintes da vida, a adoção de hábitos de vida saudáveis é fundamental para se promover a saúde a longo prazo (WHO, 2009)

Durante a adolescência, a obesidade, a insuficiência de exercício físico e os consumos nocivos, como o tabaco e o álcool, contribuem de forma acentuada para o risco acumulado de doenças não transmissíveis na idade adulta. (WHO, 2010)

Concluímos que resultarão benefícios para o crescimento e saúde infantil a adoção de hábitos alimentares saudáveis aliados ao aumento da atividade física. Reconhecidamente, muitas

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patologias da idade adulta têm origem nestas idades. Deste modo, as estratégias de prevenção devem ser encaradas não só como promotoras de saúde no imediato, mas essencialmente como um investimento para a saúde e qualidade de vida futura, traduzindo-se, no longo prazo, numa diminuição dos custos da saúde para o país que a obesidade representa a longo prazo, devido à elevada morbilidade e mortalidade que lhe estão associadas (Rito, 2003).

O Departamento de Educação Física do Agrupamento de Escolas Viseu Sul, ciente desta importantíssima problemática, encetou no ano letivo 2004/2005 um projeto denominado “Controlo e Prevenção da Obesidade - PPO”. Este projeto foi de imediato acarinhado por toda a comunidade educativa e em particular pelo órgão de gestão do Agrupamento, tendo disponibilizado duas horas da componente não letiva e uma dotação orçamental para aquisição de algum equipamento que permitisse o seu funcionamento.

A dinâmica entretanto criada despoletou um conjunto de sinergias que permitiu a envolvência de toda a comunidade educativa, a aquisição de um vasto leque de equipamento de fitness, a atribuição de oito horas semanais distribuídas pelos professores do departamento, permitindo a realização de um trabalho específico nesta área.

Hoje em dia, e devido à conotação negativa que o termo "obesidade" suscitava nos alunos, e que de alguma forma criava resistência na sua frequência, este projeto passou a denominar-se de "Projeto Sempre em Forma" que é assumido pelo Agrupamento como um reforço curricular. Contudo, sempre que nos referirmos a este projeto utilizaremos a sigla PPO (Programa de Prevenção da Obesidade).

Assim, no início de cada ano letivo, após diagnóstico dos alunos com excesso de peso e obesidade, é solicitada, juntamente com a fundamentação da proposta, a autorização ao encarregado de educação, para o seu educando passar a frequentar o reforço curricular PPO. Após a receção da respetiva autorização, o aluno é integrado no programa e devidamente enquadrado por um professor de Educação Física nas sessões disponíveis que funcionam em quatro dias da semana, entre as 17 e as 18.30 horas.

Salientamos que um elevado número de alunos não frequenta este reforço curricular ou frequenta apenas um dia por semana, devido aos condicionalismos da não autorização dos respetivos encarregados de educação e da sobrecarga dos seus horários.

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As sessões iniciam-se sempre com a avaliação e registo em ficha própria do peso do aluno e prescrição do tipo de exercício, sinalizando alguns parâmetros/componentes da carga (i.e.: duração, volume e/ou intensidade).

1.2 Objetivo do estudo

Pretendemos apresentar o Projeto Sempre em Forma (PPO) dinamizado pelo Departamento de Educação Física do Agrupamento de Escola Viseu Sul, fazendo a caracterização da população escolar através das medidas somáticas (peso, altura e IMC), identificando os alunos com excesso de peso e obesidade e constatar se o PPO tem um efeito positivo na evolução dos valores do IMC, da performance e percentagem de alunos na zona saudável da Aptidão Física, nos testes da bateria do Finessgram.

1.3 Caracterização do Agrupamento

Decorrente do conteúdo plasmado no seu projeto educativo, o Agrupamento de Escolas Viseu Sul foi criado a 4 de julho de 2012, tem sede na Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Infante D. Henrique, situada em Repeses, no concelho de Viseu. É composto, além da escola sede, pela EB 2,3 D. Luís Loureiro, por 11 Jardins de Infância e 12 Escolas do 1º ciclo.

A área de influência do Agrupamento abrange as freguesias de Fail, Repeses, Ranhados, S. Salvador, São João de Lourosa, Silgueiros e Vila Chã de Sá. A sua população escolar é composta por alunos oriundos de novas zonas urbanas da cidade de Viseu e de algumas aldeias periféricas da zona de Viseu e de Silgueiros. A população escolar apresenta alguns problemas económicos, sociais, culturais e afetivos, englobando alunos vindos de países estrangeiros e outros de etnia cigana.

Em termos de constituição da população discente, o Agrupamento é constituído por 280 crianças na educação pré-escolar; 834 alunos no 1º ciclo, 452 no 2º ciclo e 522 no 3º ciclo. O quadro docente do Agrupamento distribui-se pelos diversos níveis e ciclos de ensino da

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seguinte forma, sendo 21 docentes do Pré-escolar; 73 do 1º ciclo, 42 professores do 2º ciclo e 73 do 3º ciclo.

Em termos sócio-económico-cultural, nos 2º e 3º ciclos, existe uma grande heterogeneidade dos alunos, o que gera desigualdade nas atitudes face à educação, a projetos de vida e à acessibilidade a bens culturais.

Como constrangimentos assinalamos a existência de turmas grandes, com muitos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e com grande diversidade de perfis; pouco envolvimento de alguns Encarregados de Educação no processo de ensino/aprendizagem dos seus educandos; deficiente aquisição de competências que deveriam constar do perfil do aluno à entrada para o 2º e 3º ciclos; ausência de hábitos e métodos de estudo; aumento gradual de problemas de comportamento e relacionamento entre os alunos (bullying) e entre estes e os adultos; e existência de um elevado número de alunos com grandes dificuldades de aprendizagem sem estatuto de aluno com NEE, dificultam a aplicação de “mecanismos” de resposta.

Por outro lado, os profissionais de ensino têm vindo a constatar que existe uma percentagem significativa de alunos, cerca de 10% (média de 2 alunos por turma) que se apresentam desmotivados, sem interesse pela escola e pela aprendizagem, assumindo com predominância um comportamento perturbador dentro e fora da sala de aula. Motivar estes alunos para a aprendizagem escolar e para a aquisição de uma atitude positiva não é tarefa fácil, quando os mesmos são provenientes de meios socioeconómicos e culturais desfavorecidos e com um ambiente familiar afastado da cultura de escola que, desvalorizam a escola, as competências transmitidas e não encontram razões para aprender, nem veem perspetivas futuras para essa aprendizagem.

A família e a qualidade das relações que se estabelecem entre os membros do casal e destes com os filhos, são determinantes para o desenvolvimento harmonioso da criança e/ou jovem, com consequências diretas na valorização da escola e na promoção do sucesso educativo. Um ambiente familiar estável e positivo, onde os pais e as crianças/jovens encontram o seu próprio espaço, onde existe compreensão, reconhecimento, responsabilidade e valorização, é essencial ao bem-estar da criança/jovem e, certamente, contribui para a melhoria dos resultados escolares.

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Enunciados no projeto educativo do Agrupamento, os principais problemas sentidos na comunidade educativa prendem-se essencialmente com os seguintes fatores:

 A grande heterogeneidade que caracteriza as diferentes localidades onde se situam os estabelecimentos de ensino. Se Ranhados, Repeses e Jugueiros são bairros periféricos com características predominantemente urbanas, as restantes localidades são zonas mais rurais e com particularidades sociais e culturais. Paradinha, sendo uma zona urbana periférica com um bairro socialmente problemático, assume características muito especiais por concentrar uma grande comunidade de etnia cigana.

 Baixas expetativas das famílias em relação à escola, nomeadamente em Paradinha, Teivas e Oliveira de Barreiros;

 Analfabetismo nalgumas famílias;

 Turmas com um elevado número de alunos com NEE ou dificuldades de aprendizagem;

 Problemas comportamentais (dentro e fora da sala de aula), como agressividade e falta de regras;

 Problemas relacionados com droga, alcoolismo e prostituição, evidenciados por parte de alguns familiares de alunos e/ou da comunidade onde residem; casos de clara disfunção familiar; emigração sazonal que causa a privação de acompanhamento;  Famílias de estrato social e económico muito baixam;

 Lacunas na operacionalização da diferenciação pedagógica;

 Alguma sobrevalorização dos manuais escolares, face a outros recursos pedagógicos.  Uma grande parte das famílias, dos alunos que apresentam dificuldades graves no

processo educativo a nível da desmotivação e do desinteresse pela escola e com problemas comportamentais, evidenciam dificuldades em desenvolver tarefas parentais positivas e orientadoras para o acompanhamento do percurso escolar dos seus educandos, com implicações positivas no aproveitamento escolar.

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 Algumas famílias possuem conceções desadequadas sobre a importância do exercício parental positivo na relação dos seus educandos com a escola;

 A escola não possui recursos humanos especializados, indispensáveis para o desenvolvimento de competências parentais positivas que promovam atitudes positivas face à aprendizagem e face à escola.

No Projeto Educativo o Agrupamento assume-se como uma entidade promotora da educação para a saúde. Neste sentido, e em articulação com as famílias, pretende continuar a dinamizar ações que visem sensibilizar a comunidade educativa para temáticas como a alimentação e a atividade física.

- Promoção e apetrechamento do Espaço “Sempre em forma” (ginásio de fitness) – Espaço destinado à manutenção e desenvolvimento da condição física;

- Criação de uma equipa responsável pelas atividades de promoção e educação para a saúde; - Dar continuidade às parcerias com instituições de saúde, como é o caso do Centro de Saúde III, que permitem aos nossos alunos usufruírem de informação técnica e especializada no domínio da saúde.

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2. OBESIDADE

2.1 Definição e identificação de obesidade

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a obesidade como uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde. A sua prevalência é tão elevada que a considerou como a epidemia global do seculo XXI. Refere também que os fatores que determinam este desequilíbrio são complexos e incluem fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. Os fatores genéticos determinam a suscetibilidade dos indivíduos para o excesso de peso e para a obesidade quando expostos a determinados fatores ambientais (OMS, 2004).

Sendo uma doença crónica e decorrente de vários fatores, no essencial pode-se definir como um distúrbio metabólico que consiste num balanço energético positivo entre o consumo e o gasto de energia, levando à acumulação de gordura corporal (Koplan et al., 1999). Pela complexidade, dimensão e abrangência, esta doença é considerada como um dos principais problemas de saúde no mundo inteiro (ACSS, I.P., 2012)

Tal como referido anteriormente, considerada uma doença crónica, a obesidade é um importante fator de risco para a prevalência e agravamento de outras doenças. Torna-se então fundamental detetar e controlar o mais precocemente possível os sinais do seu aparecimento, tornando-se esse processo fundamental para a melhoria da qualidade de vida e, numa fase mais adiantada, prevenir a mortalidade precoce e a melhoria das doenças crónicas associadas, com destaque para a diabetes do tipo 2, as doenças cardiovasculares e o cancro.

Alguns estudos efetuados confirmaram que os problemas de obesidade e de arteriosclerose se iniciam na infância (Cole et al., 2000; Guerra, 2002). Esta informação é muito importante e evidencia a necessidade de uma prática regular de Atividade Física (AF), sugerindo que quando iniciada em idades jovens pode reduzir o risco cardiovascular na idade adulta (Webber et al., 1996; Shephard, 1997; Leonard, 2001).

Outros estudos comprovaram que a obesidade em crianças ou adolescentes constitui um fator de risco de obesidade na idade adulta (Andersen, 2003; Whitaker et al., 1997). Os valores do IMC na infância e adolescência são um barómetro dos valores de IMC na idade adulta, pois

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40% a 50% das crianças com excesso de peso tornam-se adultos obesos (Dietz, 1998; Freedman et al., 1997). Outro estudo realizado com crianças e adolescentes dos dois aos dezassete anos veio também comprovar que as crianças e adolescentes com obesidade têm um risco duas vezes e meia superior de se tornarem adultos obesos, quando comparadas com crianças e adolescentes de peso normal (Freedman et al., 2002).

Na Circular Normativa da Direção Geral da Saúde (DGS) nº3/DGCG, de 17/03/2005, é feito o alerta para a gravidade desta patologia. Logo após o tabagismo, a obesidade é considerada a segunda causa de morte passível de prevenção.

A relevância desta problemática é consubstanciada no documento “Referenciais de Competências e de Formação para o domínio da Obesidade – Formação contínua” elaborado pela Administração Central do Sistema de Saúde, Instituto Público (ACSS.I.P.), em Julho de 2012, nomeadamente na área da prevenção, a unidade de competência identificada prende-se com a adoção de comportamentos alimentares saudáveis e a prática de atividade física para indivíduos, grupos e comunidade.

Neste contexto, o estudo de Carvalho (2006, citado por Pereira e Carvalho, 2006) em que selecionou 131 rapazes e 133 raparigas entre os 10 e os 15 anos de quatro diferentes escolas e regiões Portuguesas, afirma que as crianças têm a saúde em risco com base nos resultados da atividade física, aptidão física e composição corporal obtidos. Os resultados do estudo mostram que a maior parte das crianças não atinge os valores mínimos da zona saudável da ApF na bateria do Fitnessgram, cerca de um quarto tem excesso de peso e 7% são obesas. As autoras referem também que as crianças que regularmente participam em AF moderadas a intensas, apresentam melhores indicadores de ApF relacionada com a saúde. Sugerem, deste modo, que a escola e os professores de Educação Física são atores privilegiados para desenvolverem uma boa condição física associada à saúde no percurso escolar dos jovens.

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9

2.2 Etiologia da obesidade

Os fatores que influenciam a prevalência da obesidade são muito diversos. O grau de instrução dos pais, as atividades desenvolvidas, o grau de urbanização do local de residência e a genética são alguns que o Ministério da Saúde (PNCO, 2005) aponta como preponderantes para a ocorrência desta doença. Em suma, sendo muito complexos, podem caracterizar-se como genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais.

As causas associadas a esta doença poderão estar relacionadas com as alterações alimentares ocorridas neste século com a introdução de uma alimentação mais ocidentalizada, que aliada a uma diminuição drástica da atividade física tem como consequência o aumento de obesidade infantil em todo o mundo (Damasceno, 2009).

De igual forma, Sardinha et al. (ONAFD,2011) defendem que os principais fatores de risco estão relacionados com a dieta e com a atividade física. Ambos influenciam, em conjunto ou de forma independente, a saúde. Contudo, apesar dos efeitos interativos, particularmente em relação à obesidade, a prática de atividade física propicia benefícios adicionais na saúde física e mental que são independentes da nutrição e da dieta.

Entre os principais fatores referidos na literatura que estão na origem da obesidade podem ser destacados os fatores biológicos, alimentação e hábitos alimentares, diminuição da atividade física, fatores sócio culturais e os fatores comportamentais e psicológicos.

2.2.1 Fatores biológicos

Os fatores biológicos podem ser genéticos, metabólicos, hormonais e neuronais. Nos últimos anos têm surgido estudos que sugerem a relação entre o desenvolvimento da obesidade e a existência de genes específicos, embora os seus mecanismos ainda não sejam completamente conhecidos (Harbron, 2011; Romão & Roth, 2008). A reforçar esta associação, encontramos estudos de hereditariedade que apresentam valores de risco de desenvolvimento de obesidade, até oito vezes superiores em casos de história familiar com IMC ≥ 45 (Loos & Bouchard, 2003).

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10

Apesar da contribuição dos fatores genéticos para a obesidade, o seu desenvolvimento é determinado maioritariamente por fatores ambientais (Harbron, 2011).

2.2.2 Alimentação e hábitos alimentares

Encontra-se descrito que os hábitos alimentares e o desenvolvimento da obesidade estão fortemente relacionados (Howell, Schenck & Crow, 2009; Marín-Guerrero et al., 2008). A mudança de estilos de vida tem contribuído decisivamente para um aumento de consumo de alimentos pré cozinhados, onde o conteúdo nutricional não é determinado pelo consumidor (WHO, 2000), podendo ser esta uma das razões para o aumento da obesidade verificado nas últimas décadas (Cordás, 2005). Os estilos de vida contemporâneos deixam cada vez menos tempo para a confeção das refeições e levam à procura de refeições mais baratas fora de casa, relevando para segundo plano as verdadeiras necessidades nutricionais do nosso organismo (Lobstein et al., 2003). Por outro lado, os jovens, atraídos pelo apelo comercial das grandes cadeias de fast food, fazem hoje refeições desequilibradas, com excesso de sal, gordura e calorias (BMA, 2005).

2.2.3 Diminuição da atividade física

Decorrentes de uma melhoria das condições de vida, resultante do surgimento de novas tecnologias (como por exemplo equipamentos que implicam menor gasto energético), desenvolveram-se hábitos de vida mais sedentários, sabendo-se que esta diminuição da atividade física acarretou consequências na saúde das populações (Mendonça & Anjos, 2004; Nunes et al., 2006; WHO, 2000).

Tem vinda a ser descrita uma forte associação entre a quantidade excessiva de horas de visualização televisiva, um elevado IMC e menor atividade física (Swinburn & Shelly, 2008). Por outro lado, a excessiva exposição televisiva pode provocar nos indivíduos uma apetência para a aquisição e consumo de produtos com mais forte divulgação mediática como por exemplo fast-food (WHO 2000).

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2.2.4 Fatores demográficos

No desenvolvimento da obesidade interferem, igualmente, fatores demográficos como o estatuto socioeconómico e a escolaridade. Assim, tem sido demonstrado que indivíduos com um menor estatuto socioeconómico têm um maior risco de serem obesos (Amaral, O. et al., 2007).

A OMS refere que indivíduos com níveis de escolaridade superiores estão mais sensibilizados para adotar hábitos alimentares saudáveis (WHO, 2000). A relação entre viver com condições habitacionais degradadas e a probabilidade de ser obeso foi demonstrada de uma forma clara no estudo de Black & Macinko (2008).

2.2.5 Fatores Sociais e Culturais

A estes fatores pertencem práticas sociais e religiosas, influência da comunidade, estatuto atribuído a certos estilos de vida e publicidade a determinados alimentos promovendo a sua escolha (WHO, 2000).

Para além de culturalmente haver campanhas muito agressivas de venda de produtos altamente calóricos, acresce o facto de nos dias de hoje as mulheres terem um papel diferente na sociedade, visto que, com a sua inserção no mercado de trabalho, alguns hábitos alimentares foram alterados, levando à criação de um mercado de alimentos de preparação rápida. Estas circunstâncias têm contribuído para o aumento da obesidade observado (WHO, 2000).

2.2.6 Fatores comportamentais e psicológicos

Relativamente a estes fatores, estudos demonstram a existência de uma associação entre obesidade e estados depressivos (POST, 2003), outros estudos evidenciam também uma associação direta entre problemas psicológicos e o aumento do consumo de alimentos como

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mecanismo de compensação (Barbosa, 2004). Segundo a British Medical Association, as raparigas são mais afetadas pelas consequências psicológicas da obesidade (BMA, 2005).

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3. IDENTIFICAÇÃO DE EXCESSO DE PESO E OBESIDADE

3.1 Avaliação da composição corporal

Lobstein e Frelut (2003) preconizam a monitorização das populações através de estudos sobre as tendências da obesidade e do excesso de peso por forma a um eficaz combate a esta epidemia.

No mesmo sentido, Cole et al. (2000) e WHO (1995) defendem que os jovens devem ser rigorosamente monitorizados como forma de prevenir o risco de desenvolvimento de doenças crónicas na idade adulta.

Na Tabela 1 apresentamos os valores de referência propostos por (WHO,2000) para as classificações do IMC.

Tabela 1

Classificação do peso de adultos de acordo com o IMC

Classificação IMC Risco de comorbilidades

Peso baixo <18,50 Baixo (mas o risco de outros problemas clínicos aumenta)

Peso normal 18,50-24,99 Médio Excesso de peso ≥25,00

Pré-obesidade 25,00-29,99 Aumentado Obesidade Grau I 30,00-34,99 Moderado Obesidade Grau II 35,00-39,99 Grave Obesidade Grau III ≥40,00 Muito Grave

Nota: Adaptado de WHO,2000 Obesity: preventing and managing the global epidemic. Geneva:Word Health

Organization.

Conforme se observa, a classificação proposta para adultos baliza 18,5 kg/m2 abaixo do qual é considerado baixo peso; 18,5-24,9 kg/m2 é o intervalo de peso normal; 25,0-29,9Kg/m2 pode-se considerar em pré-obesidade; 30,0-34,9Kg/m2 atinge obesidade grau I; 35,0-39,9Kg/m2 classifica como obesidade grau II e ≥40,0Kg/m2 a obesidade grau III. Estes valores do IMC

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são usados para definir o excesso de peso e obesidade nos estudos epidemiológicos com adultos.

Nas crianças e adolescentes, com as velocidades de crescimento que registam, em ambos os sexos e a enorme variabilidade inter e intraindividual, tal não é possível (Cole et al., 2000; OMS, 2004). Deste modo, são definidos os pontos de corte com base nos percentis do IMC, propostos num seminário organizado pela International Obesity Task Force que são menos arbitrários e internacionalmente mais aceites do que as anteriores alternativas (Cole et al., 2000).

Os pontos de corte definidos pela International Obesity Task Force foram obtidos através do cruzamento de dados de seis amostras representativas a nível nacional sobre o IMC em crianças do Brasil, Hong Kong, Holanda, Grã-Bretanha, Singapura e Estados Unidas da América (Cole et al., 2000). Foram analisadas mais de 10000 crianças e jovens em cada estudo e usados padrões de controlo de qualidade. As conclusões apontam para a curva apresentada na Figura 1 em que os valores de corte que cruzam os 25 e 30 Kg/m2 para a idade e sexo significam que a criança ou jovem estão em excesso de peso ou obesidade.

Figura 1 - Pontos de corte IOTF para avaliar o sobre peso e obesidade em crianças e adolescentes (Cole et

al., 2000).

A Tabela 2 apresenta os dados resultantes do mesmo estudo com os valores numéricos dos respetivos pontos de corte.

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Tabela 2

Pontos de corte internacionalmente aceites para avaliar o sobrepeso e a obesidade em crianças e adolescentes, tendo em conta o sexo e a idade. Os valores são definidos em função do IMC 25 e 30 Kg/m2 aos 18 anos de idade

Idade (anos)

IMC 25Kg/m2 IMC 30Kg/m2

Masculino Feminino Masculino Feminino

2 18,4 18,0 20,1 20,1 2,5 18,1 17,8 19,8 19,5 3 17,9 17,6 19,6 19,4 3,5 17,7 17,4 19,4 19,2 4 17,6 17,3 19,3 19,1 4,5 17,5 17,2 19,3 19,1 5 17,4 17,1 19,3 19,2 5,5 17,5 17,2 19,5 19,3 6 17,6 17,3 19,8 19,7 6,5 17,7 17,5 20,2 20,1 7 17,9 17,8 20,6 20,5 7,5 18,2 18,0 21,1 21,0 8 18,4 18,3 21,6 21,6 8,5 18,8 18,7 22,2 22,2 9 19,1 19,1 22,8 22,8 9,5 19,5 19,5 23,4 23,5 10 19,8 19,9 24,0 24,1 10,5 20,2 20,3 24,6 24,8 11 20,6 20,7 25,1 25,4 11,5 20,9 21,2 25,6 26,1 12 21,2 21,7 26,0 26,7 12,5 21,6 22,1 26,4 27,2 13 21,9 22,6 26,8 27,8 13,5 22,3 23,0 27,2 28,2 14 22,6 23,3 27,6 28,6 14,5 23,0 23,7 28,0 28,9 15 23,3 23,9 28,3 29,1 15,5 23,6 24,2 28,6 29,3 16 23,9 24,4 28,9 29,4 16,5 24,2 24,5 29,1 29,6 17 24,5 24,7 29,4 29,7 17,5 24,7 24,8 29,7 29,8 18 25 25 30 30

Nota: Cole et al., 2000. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide:

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3.2 Prevalência de excesso de peso e obesidade na população portuguesa

O excesso de peso e a obesidade na população portuguesa adulta tem uma prevalência média de cerca de 34% e 12% respetivamente, realçando-se a grande percentagem de homens em relação às mulheres (PNCO, 2005).

Um dado muito pertinente que se referencia no Plano Nacional de Combate à Obesidade (PNCO) (DGS, 2005), é o facto de os portugueses mais escolarizados apresentarem cerca de metade da prevalência da pré-obesidade e um quarto da prevalência da obesidade, quando comparados com os de baixa escolaridade. Constata-se também que a prevalência de obesidade é mais elevada nas classes sociais mais desfavorecidas. Relativamente à sua prevalência noutras raças e etnias, nomeadamente em mulheres de Cabo Verde a residir em Portugal, os valores situam-se nos 43% para a pré-obesidade e 26,5% na obesidade. (PNCO, 2005)

Tabela 3

Resumo de alguns estudos efetuados sobre a prevalência de pré-obesidade e obesidade na população Portuguesa.

Numa breve análise à Tabela 3, podemos constatar que os valores de excesso de peso e obesidade são muito preocupantes na população portuguesa. Constata-se que os valores de pré-obesidade são sempre superiores nos homens. Contudo, quando falamos de obesidade, excetuando o estudo ONSA e de uma forma residual, os valores de prevalência nas mulheres é superior. Salienta-se ainda que esta problemática tem tido uma evidente tendência de agravamento, afetando já mais de 50% dos homens e 46,5% das mulheres.

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Figura 2 - Prevalência de excesso de peso e obesidade na população Portuguesa nos períodos (1995 - 1998) e (2003 - 2005) (Carmo et al. – Obesity reviews, 2008).

Este estudo de Carmo et al. (2007) vem confirmar os estudos anteriores que sinalizam o agravamento deste problema, apresentando valores de excesso de peso a progredirem de 35,2% no primeiro estudo para 39,4% no estudo posterior. Constata-se também que os valores são superiores no género masculino. Os autores concluem que, quando comparado com outros países europeus, Portugal tem uma prevalência similar à Espanha, mas superior a países como a Holanda, França e Suécia. Também nas crianças, com exceção da Inglaterra, a prevalência de excesso de peso e obesidade é superior nos países do sul da europa. Salientam também que este estudo segue a tendência verificada no estudo de Padez et al. (2004) com crianças entre os 7 e os 9 anos de idade, no qual são referenciados valores aproximados aos adultos jovens desta amostra.

Em 2011, no Livro Verde da Atividade Física, é referido que a prevalência de excesso de peso ronda os 38% e a obesidade os 14% (ONAFD, 2011).

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3.3 Prevalência de excesso de peso e obesidade em jovens

Dados da Carta Europeia de Luta Contra a Obesidade1 (OMS, 2006), salientam que a prevalência da obesidade infantil aumentou dez vezes desde 1970.

De acordo com os dados recolhidos (WHO, 2007), Portugal encontra-se numa das posições mais desfavoráveis do cenário europeu, apresentando taxas altas de excesso de peso e obesidade. É um dos países do espaço da Europa em que é maior a prevalência da obesidade infantil, já que cerca de 30% das crianças apresentam excesso de peso e mais de 10% são obesas. (OMS, 2006)

Figura 3 - Prevalência de excesso de peso e obesidade em jovens até 11 anos na Europa (World Health

Organization, 2007).

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Decorre da Conferência Ministerial da OMS Europeia acerca da Luta Contra a Obesidade, que decorreu em Istambul, Turquia, de 15 a 17 de Novembro de 2006 e que foi subscrita pelos Estados-Membros europeus da Organização Mundial da Saúde, entre os quais Portugal. (www.plataformacontraaobesidade.dgs.pt)

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Tal como referido anteriormente, uma análise à Figura 3 permite-nos constatar que Portugal se encontra numa situação muito grave no cenário europeu. Constata-se também que os países do sul da europa são aqueles onde esta incidência apresenta contornos mais graves: Espanha apresenta valores de 30,2% nos rapazes e 32,4% nas raparigas; Portugal com 29,4% nos rapazes e 33,7% nas raparigas e Itália com 24,8% nos rapazes e 29,5% nas raparigas.

Dados recolhidos num estudo de Janssen e colaboradores (2005) que avaliou a prevalência do excesso de peso e obesidade de jovens em idade escolar (10 -16 anos) em 34 países, entre os quais se encontrava Portugal, no período 2001 – 2002, em 77% dos países analisados pelo menos 10% dos jovens tinham excesso de peso e em 20% dos países analisados pelo menos 3% dos jovens sofriam de obesidade (Janssen e al., 2005).

3.4 Prevalência de excesso de peso e obesidade em jovens portugueses

Apresentamos de seguida alguns estudos que consideramos mais relevantes efetuados em Portugal sobre o excesso de peso e obesidade de crianças e jovens entre os 6 e os 22 anos citados no estudo desenvolvido por Figueiredo et al. (2014).

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Tabela 4

Estudos realizados em Portugal sobre prevalência de excesso de peso e obesidade em jovens.

Nota: Figueiredo et al. (2014) - Prevalências de sobrepeso e obesidade em adolescentes portugueses. Uma

revisão da informação dos últimos 10 anos. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

O estudo realizado no distrito de Viseu (Amaral et al., 2007), onde se insere a amostra do nosso estudo foi alvo de uma análise mais pormenorizada. Os autores constataram, de acordo com a Tabela 4, que no total da amostra a prevalência de excesso de peso é de 13,7%, a

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prevalência de obesidade é de 3,4% e a prevalência de excesso de peso e obesidade é de 17,1%. Foi também verificado que o sexo masculino apresenta uma prevalência superior de excesso de peso (16,0% vs. 11,6% p < 0,01) e de obesidade (4,2% vs. 2,8% p < 0,01). A proporção de adolescentes com excesso de peso e obesidade no sétimo ano é de 25,3%, de 17,9% no 8.º ano, de 18,8% no 9.º ano, de 13,4% no 10.º ano, de 13,8% no 11.º ano e de 10,7% no 12.º ano.

Analisando a distribuição das prevalências por concelhos do distrito de Viseu (Tabela 5) verificaram que o excesso de peso varia entre 10,2% no concelho de Mortágua e 19,2% no concelho de Resende. Por outro lado, a prevalência de obesidade varia entre 1,4% no concelho do Sátão e 6,4% no concelho de Lamego. O concelho que apresentou a maior prevalência de excesso de peso e obesidade foi Lamego com 22,8%, e o concelho que apresentou a prevalência mais baixa foi Nelas com 13,1%. Os concelhos situados a norte do distrito de Viseu apresentam prevalências superiores de excesso de peso e obesidade (19,1%

vs. 15,7%, OR = 1,3; IC95% 1,1-1,4).

Tabela 5

Prevalência de excesso de peso e de obesidade no distrito de Viseu

Nota: Amaral, O. et al., 2007. Prevalência de obesidade em adolescentes do distrito de Viseu. Revista

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Outro estudo que inclui a área geográfica da nossa amostra é o efetuado por Sardinha et al. (ONAFD, 2011), numa amostra representativa dos jovens Portugueses, fez um levantamento dos níveis de aptidão física e de composição corporal, assim como o cálculo do IMC, em colaboração com cinco Universidades, que culminou com a elaboração do Livro Verde da Atividade Física. Os dados foram recolhidos entre 2007 e 2009 e avaliados 22048 jovens com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos distribuídos pelas diferentes regiões do país. Os resultados desse estudo estão representados na Figura 4.

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Da análise deste estudo podemos salientar que aproximadamente um quarto dos jovens portugueses (22,6%) apresenta excesso de peso ou obesidade. Os rapazes têm níveis de excesso de peso ou obesidade (23,5%) superiores às raparigas (21,6%). Os valores em ambos os sexos decrescem com a idade, dados que se encontram em conformidade com o estudo de Amaral (2007).

A OMS (2002) identificou oito principais fatores de risco para a morbilidade e mortalidade, de entre os quais se incluem a obesidade e a inatividade física (ONAFD, 2011). Tal como referido anteriormente, existindo uma estreita relação entre inatividade física e obesidade, fazemos de seguida uma abordagem sucinta desta problemática definindo, relacionando e operacionalizando os conceitos fundamentais.

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4. ATIVIDADE FÍSICA, APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

4.1 Definição de Atividade Física

Consiste na realização de qualquer tipo de movimento produzido pelos músculos esqueléticos cujo resultado implique dispêndio energético para além do metabolismo de repouso (Caspersen et al., 1985; Kohl e al., 2000; Welk, 2002; Malina et al., 2004).

No Livro Verde da Atividade Física (ONAFD, 2011), atividade física é definida como compreendendo qualquer movimento corporal produzido pela contração muscular que resulte num gasto energético acima do nível de repouso.

A atividade física tem sido entendida como um comportamento que pode influenciar a aptidão física (Maia et al., 2001). Todavia, é igualmente percebida, atualmente, como um comportamento determinante da saúde e da capacidade funcional (health‑enhancing physical

activity – HEPA [2]).

Segundo o Observatório Nacional da Atividade Física (ONAFD) (2011), as crianças e adolescentes, dos 6 aos 17 anos, devem acumular diariamente (prática intermitente com breves períodos de pausa ou recuperação) 60 minutos (1 hora) de atividade física de intensidade pelo menos moderada, dos quais 20 a 30 minutos devem ser de atividade vigorosa, como correr, subir e descer, saltar, complementada com jogos, atividades ou exercícios que solicitem o sistema músculo-esquelético para melhoria da força muscular, da flexibilidade e da resistência óssea ao nível do tronco, e dos membros superiores e inferiores, 2 a 3 vezes por semana.

4.2 Importância da Atividade Física na saúde

A saúde pública é uma preocupação central dos estudiosos da qualidade de vida e dos responsáveis políticos que tutelam esta área. A diminuição da atividade física, decorrente das alterações de hábitos de vida provocados pela utilização massiva da tecnologia, trouxe consigo algumas consequências nefastas nos níveis de saúde das populações. Esta alteração

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substancial de paradigma trouxe consigo mudanças profundas na abordagem desta temática. Se antes destas alterações as principais preocupações de saúde pública se prendiam com as doenças infectocontagiosas, particularmente nos países industrializados, hoje o foco central das preocupações é objetivamente as doenças cronico degenerativas, nomeadamente doenças do coração, diabetes e o cancro.

Na literatura encontramos estudos internacionais (Sallis e Owen, 1999; Pate et al., 1995) que destacam a relação entre a AF e a saúde e a sua relação preventiva num conjunto variado de morbilidades. Com o aparecimento do movimento do desporto para todos, integrado em políticas de saúde para todas as idades, o exercício físico torna-se cada vez mais relevante sobretudo a partir da década de setenta (Bento, 2004).

Vários estudos epidemiológicos têm mostrado uma associação entre a diminuição da atividade física e o aumento da obesidade, bem como das doenças cardiovasculares, da diabetes mellitus e de alguns tipos de cancro (Koplan et al., 1999; Hernandez et al., 1999; Steinbeck, 2001).

Segundo a OMS (2002) o conceito de saúde é definido como um bem estar corporal, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. De entre a larga variedade de fatores (genética, envolvimento físico e social), o comportamento é aquele que tem maior impacto na saúde e bem estar de cada indivíduo.

É consensualmente reconhecido que um estilo de vida saudável com evidentes benefícios para toda a vida implica manter uma AF regular e adequada a cada indivíduo (Bouchard et al., 1994; Paffenbarger e Lee, 1996; Sallis e Owen, 1999; Simons-Morton et al., 1990). Este comportamento gera uma ação preventiva em patologias degenerativas do sistema osteoarticular, prevenindo doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão, osteoporose, desordens emocionais (depressão, ansiedade) e alguns tipos de cancro (Blair, 1993).

No Livro Verde da Aptidão Física (ONAFD,2011) é realçada a importância da atividade física regular na melhoria da saúde e da longevidade, bem como evidenciada a necessidade de um dispêndio energético semanal de pelo menos 1000 kcal.

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Na Circular Normativa 23/2007 da Direção Geral de Saúde (DGS) são identificadas as pessoas com excesso de peso ou obesidade e com um estilo de vida sedentário, como sendo possuidores de um risco acrescido de desenvolvimento de diabetes. Uma das estratégias de intervenção aponta explicitamente para o controlo do excesso de peso e o incremento da atividade física como fatores essenciais para o controlo desta doença.

No Plano Nacional de Saúde (PNS) 2011-2016 (DGS, 2010) chama-se a particular importância para o percurso individual de saúde não ser constante. Esta é uma resultante da interação de fatores de ordem genética com os percursos individuais, desde a gestação até à morte, em diferentes ambientes e contextos.

A promoção da saúde ao longo do ciclo da vida põe em evidência a necessidade de uma intervenção tão precoce quanto possível. Durante a adolescência, a obesidade e a insuficiência de exercício físico contribuem de uma forma acentuada para o risco de desenvolver uma doença não transmissível (DGS, 2013).

Nas últimas décadas, Portugal tem melhorado substancialmente em vários dos principais indicadores de saúde na infância, no entanto, a obesidade infantil diretamente relacionada com o sedentarismo e hábitos alimentares desequilibrados, tem vindo a registar um aumento da prevalência nos últimos anos (DGS, 2013).

Segundo o Núcleo de Exercício e Saúde - NES (2002, p.5) “a Escola deve constituir-se como um contexto privilegiado de intervenção comunitária, onde a Educação Física desempenha a importante e estratégica função de prevenir a cada mais prevalente taxa de sedentarismo”. A alteração do estilo de vida dos adultos, decorrente dos fatores anteriormente apontados, com a adoção de hábitos sedentários está a ser transmitida às crianças e adolescentes, provocando nestas o mesmo tipo de comportamentos (Crespo et al., 2000; Sallis e Owen, 1999; e WHO, 2004).

A importância da adoção de hábitos e comportamentos de saúde na infância e adolescência é demonstrada por Maia e col. (1998) comprovando que estas fases se caracterizam por momentos ótimos para obtenção dos mesmos. Um estilo de vida ativo desde a infância à idade adulta pode proporcionar melhor saúde e longevidade (Fletcher, 1997).

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No contexto globalizado da industrialização, trazendo consigo um crescente sedentarismo e desenvolvimento de doenças hipocinéticas, com consequências que ainda não se conseguem aferir em toda a sua dimensão, está a ter elevados custos sociais, levando ao reconhecimento da importância da AF (Macera e Pratt, 2000).

Segundo Sobral (1991), a educação para a saúde é multidisciplinar, mas à disciplina de Educação Física e aos professores está reservado um papel fundamental. A criação de hábitos positivos depende sobremaneira de uma educação desportiva corretamente orientada.

As metas curriculares da disciplina de Educação Física enunciam como uma das suas finalidades motivar e encorajar os alunos a compreenderem, participarem e a manterem uma atividade física regular necessária para a obtenção de um bom nível de aptidão física e saúde.

4.3 Definição de Aptidão Física

Decorrente das preocupações dos investigadores, de acordo com as suas áreas de interesse, surge uma divergência relativamente à definição deste conceito (Malina, 1992). Pate (1988) considera fundamental construir-se um consenso em torno deste conceito. Para isso, estabelece parâmetros para a sua definição: enquadrar as capacidades funcionais necessárias para as atividades do dia a dia; abranger a definição de atividade física necessária para um bom estado de saúde; ter uma linguagem clara e de fácil operacionalização. Estes pressupostos levam o autor a propor aquela definição sob dois eixos fundamentais: A capacidade de realizar atividades do quotidiano com vigor e evidenciar características e capacidades que estão diretamente relacionadas com baixo risco de desenvolvimento de doenças hipocinéticas em idades precoces (provocadas pela inatividade física) (Pate, 1988). É também definida como um conjunto multifacetado de atributos que os indivíduos apresentam e/ou atingem e que se relacionam com a capacidade de realizar trabalho mecânico de modo eficiente (Caspersen et al., 1985; Biddle et al., 1998).

A AAHPERD (1988), define a ApF relacionada com a saúde, como um estado de bem estar que permite realizar as atividades diárias com vigor, reduzir o risco de patologias associadas à

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inatividade e possuírem/adquirirem uma base de aptidão que permita a participação num conjunto variado de atividades físicas.

Para a OMS (2002), a ApF é a capacidade de realizar trabalho muscular de forma satisfatória, voltando a uma diretriz eminentemente fisiológica.

Por outro lado, Pate (1988), define AptF relacionada com a saúde como um estado caracterizado pela capacidade de executar as tarefas diárias com vigor e capacidades que estão associadas a um baixo risco de desenvolvimento de doenças hipocinéticas.

Reconhecendo que o conceito de AptF possui várias definições válidas ela tem sido abordada de dois modos (Maia, 1997). O primeiro direciona-se para uma vertente relacionada com a saúde e hábitos de vida ativos das pessoas e com a performance desportivo-motora, resultando duas orientações enquadradas por preocupações que direcionam a ApF para duas áreas diferentes: ApF associada à saúde e a ApF associada à performance desportivo-motora (Maia et al. 2006).O segundo procura formalizar ideias anteriores a partir de um conjunto de relações lógicas e consistentes entre a definição operacional e a sua avaliação concreta a partir de procedimentos variados dos quais salientamos, por exemplo, a análise fatorial (Marsh, 1993).

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Tabela 6

Evolução do conceito de ApF ao longo dos tempos

Nota: Adaptado por Conceição, 2007. Relação da Actividade Física e Aptidão Física. Universidade do Porto; de Freitas et al., 1997, Aptidão Física da população escolar da Região Autónoma da Madeira; ACSM, 1995, Guidelines for Exercise Testing and Prescription; Rikli and Jones, 1998 (The reability and validity of a 6-minutes walk test as a measure of physical endurance in older adults); 1999 (Development and validation of a functional fitness test for community-residing older adults) and 2001 (Senior Fitness Test Manual).

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4.4 Componentes da Aptidão Física

Sumariamente, e de acordo com vários autores, as componentes de aptidão física que se encontram diretamente relacionadas com a promoção da saúde são, a resistência cardiorrespiratória, força/resistência muscular, flexibilidade e composição corporal (Malina et al., 2004b; Guedes & Guedes, 2006).

A velocidade, a potência, a agilidade, a coordenação motora e o equilíbrio, são as componentes relacionadas com o desempenho motor que, decorrendo da prática e do desenvolvimento desportivo, influenciam diretamente a qualidade do movimento. (Carvalho, 2006; Guedes & Guedes, 2006).

Tabela 7

Componentes da ApF

ApF Saúde Rendimento

Componentes Endurance Cárdio-respiratória Resistência muscular Força muscular Composição corporal Flexibilidade Agilidade Equilíbrio Coordenação Velocidade Velocidade de reação Potência muscular

Nota: Componentes segundo Casperson et al. (1985), Physical activity, exercise and physical fitness: Definitions

and distinctions for health-related research. Public health reports; Corbin (1991) A multidimensional hierarchal model of physical fitness: a basis for integration and collaboration; e Ratliffe e Ratliffe (1994) Tracking children Fitness – Becoming a master teacher. Human Kinetics.

Posteriormente, entendida como um conceito evolutivo, a ApF passou a englobar as aptidões física e morfológica, muscular, motora, cardiorrespiratória e metabólica (Bouchard e Shepard, 1994), tal como, se pode observar na Tabela 8.

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Tabela 8

Componentes e fatores da ApF relacionada com a saúde.

Componentes Fatores

Morfológica

Índice ponderal Composição corporal

Distribuição da gordura subcutânea Gordura visceral abdominal Densidade óssea Flexibilidade Muscular Potência Força Resistência Motora Agilidade Coordenação Equilibrio Velocidade de movimento Cárdiorespiratória Pressão arterial Função pulmonar Função Cardiaca

Potência aeróbia máxima

Capacidade de exercícios sub-máximos

Metabólica

Características da oxidação de substratos Metabolismo lipídico e lipoproteico Sensibilidade à insulina

Tolerância à glucose

Nota: Adaptado de Bouchard et al., 1994 Physical Activity Fitness and Health: Overview of the Consensus

Symposium. In: Toward Active Living-Proceeding And Consensus Statment. Human Kinetics Publishers.

Sendo esta uma macroestrutura que apresenta as componentes e fatores da ApF de uma forma muito alargada, Maia (1997) sugere a proposta por Skinner e Oja (1992) que apresenta os fatores essenciais de uma forma mais sintetizada como se pode constatar na Tabela 9.

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Tabela 9

Estrutura reduzida da macro dimensão da ApF.

Componentes Fatores Morfológica Composição corporal Robustez óssea Musculo esquelética Flexibilidade

Força e resistência musculares

Motora Controlo postural

Cárdio respiratória

Potência aeróbia máxima

Capacidade cárdio respiratória submáxima

Metabólica Metabolismo dos hidratos de carbono

Nota: Maia, 1997, A aptidão física numa perspectiva epidemiológica. Faculdade de Ciências do Desporto e da

Educação Física. Porto.

4.5 Avaliação da Aptidão Física

Maia (1995) refere que se não respeitarmos a expressão multifacetada da ApF na sua operacionalização, fundamentada na necessidade de a definir como um construto multidimensional, este não será compreendido de forma clara.

Deste modo, a medição de cada componente será efetuada através de um teste ou mais. As conclusões daí resultantes, decorrentes dos resultados, estão intrinsecamente associadas à qualidade desses mesmos testes, ou seja, estão dependentes da validade e fiabilidade dos mesmos (Maia, 1995). Por isso, a sua seleção deve ser realizada em função dos destinatários, das condições humanas e materiais, do estado de saúde e estatuto socioeconómico dos sujeitos e, finalmente, do que se pretende com a pesquisa. (Heyward, 1991).

Como consequência da evolução do conceito de aptidão física (ApF) ligado à saúde, as baterias de testes passaram de uma perspetiva centrada no rendimento e performance atlética, para as preocupações eminentemente relacionadas com a saúde, pelo que ao longo do tempo foram sendo suprimidos os testes relacionados com habilidades motoras.

Imagem

Figura 1 - Pontos de corte IOTF para avaliar o sobre peso e obesidade em crianças e adolescentes (Cole et  al., 2000)
Figura 2 - Prevalência de excesso de peso e obesidade na população Portuguesa nos períodos (1995 - 1998)  e (2003 - 2005) (Carmo et al
Figura  3  -  Prevalência  de  excesso  de  peso  e  obesidade  em  jovens  até  11  anos  na  Europa  (World  Health  Organization, 2007)
Figura 4 - Percentagem nacional do excesso de peso e de obesidade, por idade, nos jovens (ONAFD, 2011)
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Referências

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