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Características clínicas de consumidores e não consumidores de substâncias psicoativas

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Características Clínicas de Consumidores e Não Consumidores de Substâncias Psicoativas

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Ana Raquel Silva Ribeiro

Orientador: Prof. Doutor Ricardo Barroso

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Características Clínicas de Consumidores e Não Consumidores de Substâncias Psicoativas

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Ana Raquel Silva Ribeiro Professor Doutor Ricardo Barroso

Composição do Júri:

Professora Doutora Ana Paula Vale (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) Professor Doutor Francisco Barros (Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro)

Professor Doutor Ricardo Barroso (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)

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Agradecimentos

Ao findar este percurso tão importante da minha vida queria expressar o meu agradecimento a todos aqueles que tiveram presentes e me apoiaram nesta caminhada e que, direta ou indiretamente, tornaram possível a realização desta etapa.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu supervisor de mestrado, Professor Doutor Ricardo Barroso, pelo apoio e disponibilidade que sempre me dispensou.

Ao Centro de Respostas Integradas do Porto Central, por ter autorizado uma parte da recolha da amostra.

A todos os utentes, sem os quais a concretização desta dissertação não seria possível, estou grata pela aceitação e cooperação nas tarefas propostas.

Aos meus amigos, por toda amizade, apoio incondicional e encorajamento nas escolhas que fiz.

Por último e não menos importante, os meus queridos pais e irmão, pelo apoio e Amor incondicional, por me proporcionarem a continuidade dos meus estudos, pela enorme dedicação e sacrifício ao longo destes anos.

A todos o meu mais sincero e o profundo, Obrigada!

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Índice

Lista de tabelas ...x

Lista de Siglas e Acrónimos ... xi

Introdução ... xii

I PARTE Características clínicas de consumidores e não consumidores de substâncias psicoativas: estudo comparativo - Revisão teórica I PARTE- Artigo Teórico ...1

Resumo ...5

Abstract...6

Características clínicas de consumidores e não consumidores de substâncias psicoativas: Revisão Teórica ...7

Definição de consumos de substâncias ... 8

Princípios Teóricos das características clínicas ... 8

Sintomas psicopatológicos ... 11

Procura de sensações ... 12

Agressividade ... 14

Traços calosos ... 16

Abordagens Clínicas dos consumos ... 18

Conclusão ...20

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II PARTE

Características clínicas de consumidores e não consumidores de substâncias psicoativas: estudo comparativo

II PARTE Artigo Empírico ...33

Resumo ...36

Abstract...37

Características clínicas de consumidores e não consumidores de substâncias psicoativas: estudo comparativo ...38

Método ...41

Participantes ... 42

Instrumentos ...45

BSI -“Brief Symptoms Inventory” (BSI; Derogatis, 1993, adaptado por Canavarro, 1995) ... 45

ICU- “Inventory of Callous-Unemotional Traits” (ICU; Essau, Sasagawa, & Frick, 2006, adaptado por Pechorro, 2013) ... 46

BSSS- Sensation Seeking Scale (BSSS; Zuckerman, 1994, tradução e adaptação por Pechorro & Barroso, 2013) ... 46

BPAQ-SF - Short-Form Buss-Perry Aggression Questionnaire (BPAQ-SF; Buss & Perry, 1992, tradução e adaptação de Pechorro & Barroso, 2013) ... 47

NEO - Five Factor Inventory (NEO-FFI; Lima & Simões, 2000) ... 47

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Resultados...49

Discussão ...53

Conclusão ...56

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Lista de tabelas

Tabela 1 Caracterização da Amostra do grupo dos consumidores de substâncias.

Tabela 2 Caracterização da Amostra do grupo dos não consumidores de substâncias. Tabela 3 Médias e desvio-padrão das dimensões dos instrumentos utilizados no

grupo dos consumidores de substâncias.

Tabela 4 Médias e desvio-padrão das dimensões dos instrumentos utilizados no grupo de não consumidores de substâncias.

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Lista de Siglas e Acrónimos

BPAQ-SF Short-Form Buss-Perry Aggression Questionnaire

BSI Brief Symptoms Inventory

BSSS Sensation Seeking Scale

GC Grupo dos Consumidores

GNC Grupo dos Não Consumidores

IBM SPSS Statistical Package for the Social Sciences ICU Inventory of Callous-Unemotional Traits” NEO-FFI Five Factor Inventory

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Introdução

Desde a antiguidade que o consumo de substâncias está presente na sociedade, mas só no final dos anos 90 é que ganhou uma maior visibilidade e interesse científico. Nessa mesma década de 90, em Portugal foram criadas estruturas com componentes de prevenção, tratamento e de fiscalização do tráfico ilícito. O interesse científico por esta problemática, direcionou a importância do estudo de características clínicas na presença/ausência do consumo de substâncias psicoativas. As investigações já realizadas apontam para elevados índices de agressividade, depressão, ansiedade, procura de emoções e aventuras. Tornou-se fundamental estudar todas estas particularidades em adultos consumidores e não consumidores, de modo a comparar estes dois grupos, colaborando futuramente para um possível ajustamento nas intervenções e programas preventivos já existentes.

A presente dissertação de mestrado é composta por duas partes: primeira parte dedicada a uma revisão de literatura, sobre a problemática e princípios teóricos indissociáveis das características clínicas de consumidores e não consumidores de substâncias psicoativas, contribuindo para uma melhor compreensão. A segunda parte retrata um estudo empírico que teve com objetivo avaliar as caraterísticas associadas às escalas em estudo em sujeitos consumidores e não consumidores de substâncias (e.g. heroína, cocaína, haxixe e álcool). Por fim, são apresentados os resultados obtidos seguindo-se as respetivas conclusões e reflexões, assim como, as contribuições e as limitações encontradas na concretização deste estudo.

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I PARTE

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Características Clínicas de consumidores e Não Consumidores de Substâncias Psicoativas: Revisão teórica

Ana Ribeiro

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Nota do autor

Ana Ribeiro, Departamento de Educação e

Psicologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Correspondência acerca deste artigo deve ser endereçada para Ana Ribeiro Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e

Psicologia, Quinta de Prados, Edifício Complexo Pedagógico - Apartado 1013, 5000

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Resumo

A revisão de literatura aqui apresentada tem como objetivo aprofundar os dados teóricos em relação às características clínicas de consumidores de substâncias psicoativas. Em concreto, procurou-se averiguar um conjunto de variáveis (e.g., personalidade, agressividade, procura de sensações, sintomas psicopatológicos e traços calosos) que, de algum modo, tivessem relação com o consumo de substâncias psicoativas. Foi abordada uma breve descrição sobre a origem e todo o percurso do conceito de substâncias, verificando-se quais as posições políticas e a legislativas face a esta temática em Portugal. Foram também alvo de análise os principais problemas levantados às teorias e a descrição das primeiras investigações concretizadas e outros da atualidade envolvendo características clínicas e consumos e, consequentemente, a apresentação dos seus resultados.

Palavras-chave: consumo de substâncias, agressividade, procura de sensações, sintomas psicopatológicos, personalidade, traços calosos.

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Abstract

The literature review presented here aims to deepen the theoretical data regarding the clinical characteristics of consumers of psychoactive substances. Specifically, it was established a set of variables (e.g, personality, aggressiveness, sensation seeking, psychopathological symptoms and callous traits) that, somehow, had relationship with the consumption of psychoactive substances. A brief description of the origin and all the way the concept of substances, verifying what policy positions and legislative address this issue in Portugal was addressed. It was also subject to analysis the main problems raised theories and the description of the first realized investigations and other current involving clinical and consumption and hence the presentation of its results.

Keywords: dependence drugs, aggression, sensation seeking, psychopathological symptoms, personality, callous unemotional traits.

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Características clínicas de consumidores e não consumidores de substâncias psicoativas: Revisão Teórica

Para Agra (2011) a origem dos consumos em Portugal está dividida em diversos períodos. O primeiro período recua à época dos descobrimentos, século XV, onde o contexto nacional possuía uma riqueza de especiarias e de drogas ricas. Após a descoberta dos princípios ativos das substâncias e os seus efeitos por vários estudiosos, a postura face às drogas era de grande curiosidade (Agra, 2011; Poiares, 1996, 1999). Já o segundo período inicia-se com a passagem do século XVIII para o século XIX. Este período ficou assinalado pela instalação de portugueses no Brasil onde o comércio de escravos e drogas enriqueceu a burguesia colonial (Agra, 2011). Com o fim da escravatura e o surgimento da independência do Brasil, a burguesia colonial regressa a Portugal, aumentando exponencialmente a população citadina, alguns acabando por viver na rua. Alguns anos após a chegada do Séc. XX, instalava-se em Portugal a ditadura e o estímulo ao consumo de álcool era feito por entidades públicas. Com o fim da ditadura, alguns habitantes das antigas colónias regressam a Portugal, e com elas, o uso de drogas (Agra et al., 1996). Progressivamente o consumo dirige-se desde o elevado status social, como os estudantes universitários, para as camadas sociais mais baixas. Criam-se, então, os primeiros mercados de droga, em Lisboa e no Porto, que alimentam um público essencialmente jovem (Agra, 2011; Quintas, 2011). No combate aos consumos, são então criadas as primeiras estruturas com uma componente preventiva, acompanhada por um tratamento médico e social, e outra com uma atuação na área da repressão e fiscalização do tráfico ilícito de drogas. (SICAD, 2015). No final do Séc. XX toda a Europa é assombrada pela heroína, cujos efeitos negativos foram mais evidentes em portadores de VIH+ (Vírus da Imunodeficiência Humana). É já nos anos 90 que pelo Decreto-Lei n.º 7/97, de 8 de

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março, que se efetua um alargamento da rede de serviços públicos para o tratamento e reinserção de toxicodependentes na sociedade, por forma a garantir o acesso a cuidados de prevenção, tratamento e profissionalização de todos os cidadãos afetados pela toxicodependência (SICAD, 2015).

Definição de consumos de substâncias

O Manual de Diagnóstico Estatístico de Perturbações Mentais (APA, 2014) classifica as Perturbações relacionadas as com as Substâncias de acordo com a dependência que provoca, em concreto em função de um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos. Alguns autores apontam “uso” como o consumo de uma determinada substância, independentemente da frequência ou da quantidade consumida (Silva, Silva & Medina, 2012). Outro conceito associado é o “abuso”, tratando-se de um consumo persistente e com consequências adversas recorrentes e significativas, mas que não preenchem os requisitos de dependência (Laranjeira & Surjan, 2001). E, esta última é o estado criado pelo uso contínuo de determinada substância que provoca alterações dos reflexos inatos ou adquiridos (Silva, Silva & Medina, 2012). Além das consequências individuais, há também as sociais (e.g. situações económicas, laborais, jurídicas).

Princípios Teóricos das Características Clínicas

Uma das teorias encontradas é que as substâncias consumidas têm a função de reforçar positivamente os indivíduos, ou seja, o reforço é capaz de manter respostas positivas (e.g. euforia, relaxamento) de modo a competir com necessidades primárias (e.g. comer, beber). Após o uso de substâncias, rapidamente surgem reforços negativos (e.g. síndrome de abstinência, sentimentos negativos consequentes de conflitos interpessoais e craving) assumindo assim, por vezes, a autoadministração de substâncias (Catania, 1999).

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O neurotransmissor responsável por esta autoadministração é a dopamina que estabelece e regulamenta as sinapses que compõem o circuito e a chegada de estímulos agradáveis, ao libertarem dopamina nos recetores pré-sinápticos, intensificando o sentimento de prazer. Clinicamente, a repetida autoadministração exige uma necessidade de aumento do consumo para conseguir o mesmo efeito (Iglesias & Tomás, 2010).

É possível diferenciar dois grandes grupos de consumidores: os que consomem no âmbito recreativo e os consumidores dependentes (Fernandes, 1998; Calafat & Stocco, 2000; Carvalho, 2007). Como refere Calado (2006, p. 22), “não basta saber que determinada população consome certas substâncias, deve procurar entender-se as motivações, os propósitos, os riscos, as tendências que enquadram e explicam esses consumos”. Ao estudar o processo de atribuição de significado do consumo de substâncias psicoativas, é prioritário perceber a dimensão social em que este está envolvido. Como tal, considera-se que, para além das questões em torno do uso da substância, é importante analisar as características do consumidor, tais como a sua personalidade, necessidade de procura de sensações, presença de agressividade e traços calosos.

Personalidade

Para Allport (1960, p. 130) “não existe uma construção continuada da personalidade, ou seja, o comportamento infantil é orientado pelas necessidades e os reflexos biológicos primitivos, enquanto o funcionamento adulto é mais psicológico”. Para o mesmo autor, os traços de personalidade ocorrem anteriormente a qualquer pensamento, pois perante estímulos as suas reações são específicas. Estes traços podem

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ser analisados através do seu comportamento temporal e do tipo de respostas a diversos estímulos que permitirão traçar um padrão comportamental.

McCrae e Costa (1992) apresentaram uma investigação sobre personalidade através do modelo dos cinco fatores (Neuroticismo, Extroversão, Abertura à experiência, Amabilidade, Conscienciosidade) que permitem observar padrões comportamentais, emocionais e cognitivos. Vários investigadores seguiram esta linha de estudo e houve a necessidade de objetivar a prova, tendo-se recorrido a uma entrevista estruturada com 120 itens procurando avaliar os traços de personalidade (Trull et al. 1998) contribuindo para a construção do instrumento NEO-PI-R e para as suas versões reduzidas. Nesta problemática dos consumos associam-se dois perfis de personalidade: o neuroticismo (e.g. envolve traços de depressão, baixa autoestima, locus de controlo externo, ansiedade) e antissocial (e.g. ausência de adesão às regras, hostilidade, violação de normas sociais e historial de delinquência) (Janeiro & Metelo, 2004). Algumas investigações concretizadas sobre a personalidade em consumidores de substâncias relacionam condutas antissociais e elevados valores em sintomas depressivos (Geraldes, 2005). Angel, Richard e Valleur (2002) afirmam que, a personalidade antissocial está inteiramente relacionada com o consumo de substâncias pois estas podem promover comportamentos antissociais.

Algumas das críticas apontadas ao Modelo dos Cinco Fatores, Briggs (1992) refere a falta de especificidade na definição dos cinco fatores devido ao seu empirismo e segundo McCrae e Costa (1996, p.5) “não oferece um modelo completo da personalidade”.

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Sintomas psicopatológicos

Relativamente a aspetos psicopatológicos, os estudos têm insistido na presença de ansiedade, depressão e sintomas físicos. A ansiedade, assim como o medo, representam um mecanismo de alerta tornando-o indispensável para a sobrevivência humana, promovendo estratégias para enfrentar o perigo onde este se antecipa (Barlow, 2002). É considerada patológica quando ostenta uma extrema intensidade e duração, acompanhada por uma resposta desproporcional ao estímulo que a provocou ou ausência do mesmo (Hetem, 2004; CPA, 2006), desenvolvendo uma perceção exagerada do perigo e uma incapacidade de enfrentar a situação. Para além do sintoma ansiedade é importante avaliar componentes como a medicação, consumo de álcool e/ou drogas e cafeína (CPA, 2006). Existem vários tipos de perturbações de ansiedade: perturbação de ansiedade generalizada, perturbação obsessivo-compulsiva; perturbação de pânico, fobia social, perturbação de stresse pós-traumático e outras fobias. A perturbação de ansiedade generalizada é a mais comum (Lima et al., 2004; Munaretti & Terra, 2007; Lenze et al., 2009; Montgomery, 2010; Torpy, 2011). O termo “ansiedade” também pode ser aplicado em Perturbações Depressivas descrevendo sintomas como tensão, inquietação, medo de que algo terrível possa acontecer e sensação de perda de controlo de si próprio (APA, 2013). O sentimento de tristeza pode ser consequente de uma perda ou de um acontecimento mais marcante, evoluindo para uma perturbação quando se torna permanente. Este condiciona o funcionamento individual como o social, sendo acompanhado por sintomas físicos (e.g., alterações do sono, do apetite, problemas psicomotores, anedonia e perda da líbido) e psíquicos/cognitivos (e.g., perceções distorcidas e pensamentos negativos) evidenciando o isolamento social como manifestação de depressão, que por sua vez, direciona para estratégias de isolamento e experiências afetivas (Callegari, 2000).

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Tal como a ansiedade, a depressão ostenta várias tipologias: perturbação depressiva major (presença de sintomas depressivos durante, pelo menos, duas semanas até meses e/ou anos); perturbação distímica (exige sintomas depressivos durante dois anos nos adultos); perturbação depressiva com características melancólicas (perda do prazer em quase todas as atividades e ausência de reatividade aos estímulos agradáveis); por fim, a perturbação depressiva com características atípicas (presença de reatividade do humor a estímulos agradáveis). A perturbação distímica surge muitas vezes associada a perturbações da personalidade dependente, histriónica, borderline e narcísica (Matos et al., 1996).

Procura de sensações

Quanto à procura de sensações, Zuckerman (1971) apresentou uma tendência dos sujeitos para vivenciarem experiências emocionalmente intensas, mesmo incorrendo riscos. Estas experiências são caraterizadas pela novidade e variedade, quebrando a rotina das suas vidas. O autor define como dimensões: a procura de emoções e aventura, procura de experiências, desinibição e suscetibilidade ao aborrecimento, baseando-se num modelo que integra fatores genéticos, biológicos, psicofisiológicos e sociais (Zuckerman, 1983, 1990, 1994). Analisando cada uma destas sub-escalas, a procura de emoções e aventura exprime o desejo de participar em desportos ou outras atividades físicas de risco, que providenciam fortes sensações de velocidade ou de desafio da gravidade, tais como paraquedas ou mergulho, atraindo os indivíduos a uma recompensa sensorial proporcionada. A procura de experiências refere-se à busca de experiências novas através da mente e dos sentidos, tais como atividades ligadas à música, arte, viagens ou através da ligação a atividades sociais não conformistas ou a grupos conotados como marginais. A desinibição associa-se a atividades sociais como festas, consumo de bebidas alcoólicas

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e diversidade de parceiros sexuais, ignorando as suas consequências. Por fim, a suscetibilidade ao aborrecimento representa a intolerância a experiências repetitivas como, um trabalho monótono e pessoas aborrecidas (Eysenck, Eysenck & Zuckerman, 1978; Romero, Luengo & Sobral, 2001).

Zuckerman (1994), com base em dimensões psicanalíticas já estabelecidas, dividiu os instintos em dois grupos: instintos de vida (e.g. tem objetivo de reduzir a tensão das necessidades básicas tal, com a fome e a sede) e instintos de morte (e.g. uma persistente tensão/redução entre o desejo consciente ou inconsciente de morte. No entendimento da personalidade, a procura de sensações é um nível ótimo de estimulação (e.g. intensidade do estímulo) e de excitação (e.g. estado geral antes da reação do estímulo). Estes dois relacionam-se com: fatores constitucionais (poder da reação e de estabilidade do SNC), idade (desenvolve-se na infância atingindo o seu máximo na adolescência diminuindo com a maturidade), experiências aprendidas (experiências de estimulação de forma a atingir o equilíbrio), níveis de estimulação (aumento de estimulação provocando uma maior procura ou fuga de sensações), exigência das tarefas (alteram-se perante as exigências do momento) e, por fim, ciclos diurnos (durante o dia necessita de menos estimulação do que durante a noite). Para Eysenck e Zuckerman (1978), a extroversão estaria relacionada com a procura de sensações, uma vez que este traço poderia ser explicado através de fatores bioquímicos, que demarcam a forma como o cérebro reage à estimulação do ambiente, associados à idade, género e perturbações psicológicas. Eysenck (1957, 1967 cit in Melo, 2009) sustenta que os extrovertidos, por necessitarem de elevados níveis de estimulação não proporcionada usualmente por rotinas ambientais, tendem a requerer maior procura de sensações, aumentando a probabilidade dos consumos (Omar & Uribe, 1998). Arnett (1994) apontou limites na perspetiva de

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Zuckerman (1993), tanto na conceção como na sua instrumentalização propondo um modelo alternativo, defendendo que a procura de sensações varia em intensidade e novidade, não apenas em termos de complexidade das experiências como concebia Zuckerman.

Agressividade

A agressividade, de acordo com Hall, Lindzey e Campbell (2000, p. 230), é definida “como aquilo que dá ordem ou coerência a todos os comportamentos apresentados pelo indivíduo, ou seja, consiste nos esforços de ajustamentos variados e, portanto, típicos do indivíduo”. A agressividade é exibida em três estágios: estágio 1 (pré-integração) onde o sujeito que não se preocupa com os outros, e é considerada uma fase de satisfação de necessidades do indivíduo; no estágio 2 (integração) o individuo é assombrado pelo sentimento de culpa e/ou ato agressivo, numa ambivalência entre amor e ódio; no estágio 3 (relações interpessoais) são descritas como situações triangulares e conflituosas, conscientes e/ou inconscientes, motivando a competição (Keppe, 2005). Samulski (2002) apresenta dois tipos de agressão: agressão hostil (e.g., tem como objetivos causar danos físicos ou psicológicos) e agressão instrumental (e.g., atingir um objetivo não agressivo).

A nível comportamental, a agressão, assume diversas formas de manifestação, sendo influenciável por variáveis, tanto biológicas como sociais ou pessoais (Leme, 2004). Várias teorias aludem à compreensão do comportamento agressivo, entre elas a Teoria da Aprendizagem Social (Bandura, 1973); Modelo da Frustração-Agressão (Dollard, Doob, Miller, Mower & Sears, 1939 cit in Berkowitz, 1998); Teoria Cognitiva Neo-Associativista (Berkowitz, 1993) e Modelo Geral da Agressão (Anderson &

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Bushman, 2002). A Teoria da Aprendizagem Social explícita que os indivíduos tendem a comportar-se de maneira semelhante, quer por aprendizagem ou observação sendo esta condicionada por um comportamento condicionado (recompensa ou punição), isto é, por reforços sociais (e.g. ascensão e reconhecimento social, liderança de um grupo, gratificações materiais). Portanto, o comportamento é percebido como uma resposta apreendida pelo sujeito, fruto de estímulos, como por exemplo: as crianças, através da observação de comportamentos agressivos, tendem a adquirir essas mesmas condutas, sentindo-se recompensadas pelo comportamento agressivo (Bandura, 1973; Bandura & Iñesta, 1975 cit in Gomide). O Modelo da Frustração-Agressão evidencia que o indivíduo, perante os obstáculos, tende a sentir-se frustrado, agindo agressivamente na obtenção do seu objetivo (Berkowitz, 1993; Miller & Lynam, 2006). Dollard et. al (1939) apresentaram uma relação direta e causal entre a frustração (estímulo) e comportamento agressivo (resposta).

Já a Teoria Cognitiva Neo-Associativista de Berkowitz (1993) aponta que as experiências desagradáveis geram sentimentos negativos que desencadeiam comportamentos agressivos. O Modelo Geral da Agressão proposto por Anderson e Bushman (2002) propõe a compreensão da agressividade segundo estruturas, como esquemas percetivos originários da repetição de experiências vivenciadas. Para outros autores, os comportamentos agressivos poderão ser motivadores em eventos futuros, compreendendo características individuais e o contexto inserido. Em suma, os comportamentos agressivos têm como base processos de aprendizagem, como o perfil de personalidade, aliados a fatores externos que influenciam a cognição, emoções e os estímulos (Anderson & Bushman, 2002; Fisher, Kubitzki, Guter & Frey, 2007).

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Segundo Chavez, O’Brien e Pillon (2005) o consumo de substâncias aliado à agressividade produz consequências tanto a nível pessoal, familiar e comunitário. A assunção de condutas violentas e o uso de substâncias estão interligadas à existência de um ambiente aversivo através de agressão familiar e por ausência de supervisão parental (Chermack & Giancola, 1997).

Algumas críticas direcionadas ao Modelo Frustração-Agressão têm como base uma relação causa-efeito, pois nem todos os comportamentos agressivos são uma consequência da frustração (Kristensen et. al, 2003).

Traços calosos

Segundo Pechorro (2011, p. 15) “os traços psicopáticos podem ser definidos como os traços/sintomas e comportamentos individuais, que se manifestam de forma mais ou menos intensa e estável, e que constituem a síndrome da psicopatia” e “traços psicopáticos atualmente refere-se a um padrão manipulador, enganador, insensível e sem remorsos que tem sido demonstrado ser importante para compreender o comportamento antissocial”. Lynam (1996) incidiu sobre as dimensões impulsividade e irresponsabilidade como mediação da conduta dos indivíduos, quer por delinquência quer por índices antissociais. Em estudos com adultos, a dimensão não emocionalidade e despreocupação emocional obteve maior pontuação em traços psicopáticos, comparativamente a outros indivíduos antissociais (Cooke & Michie, 1997). Os jovens com traços psicopáticos tendem a demonstrar défices emocionais (e.g. excitação perante o medo e angústia) direcionando a comportamentos de exibição e procura de novidades com reduzido nível de angústia.

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Blair et al. (2005) e Viding (2004) sugeriram que esses défices emocionais e cognitivos implicariam a ativação do funcionamento da amígdala através de ações de aprendizagem envolvendo situações de punição, contrariamente em adultos com traços psicopáticos ocorre uma reduzida ativação da amígdala durante uma tarefa que envolva uma memória afetiva. Gonçalves (1999) verificou que o baixo teor de serotonina encontrado em algumas investigações com psicopatas direciona para o baixo teor do neurotransmissor que poderá estar na base de algumas características típicas dos psicopatas, como a incapacidade para controlar os impulsos e de antecipar as consequências negativas do comportamento. Fowles e Kochanska (2000) estudaram o desenvolvimento de crianças observando temperamentos com ausência de medo e com baixas pontuações do desenvolvimento da consciência, isto é, crianças com a ausência de medo tendem a gostar de vivências de transgressão. Em suma, é difícil para uma criança desenvolver níveis adequados de sentimentos de culpa, empatia e outras dimensões de consciência. A presença de traços psicopáticos parece ser mais fortemente associada a uma trajetória desde o início na Infância (Silverthorn et al., 2001) persistindo até à adolescência onde se verificam índices antissociais. Estes, acrescem o risco de dependência, mas também como resultado de estilos de vida dos usuários de substâncias ilícitas. Os jovens com comportamentos transgressores das normas sociais caracterizam-se por aprecaracterizam-sentar uma personalidade que dá prioridade a valores que vão contra as normas sociais (Formiga & Gouveia, 2005).

Frick e White (2008) apontam para a falha de vários estudos que não separaram características afetivas e interpessoais de dimensões relacionadas com comportamentos antissociais (e.g., impulsividade, narcisismo, problemas de conduta). Devido a falta de clareza e itens limitados que permitam avaliar esses traços, surgiram limitações

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psicométricas, como a baixa consistência interna em muitas investigações, onde o público-alvo eram os adolescentes (Poythress et al., 2006).

Abordagens Clínicas dos consumos

Segundo Modelo Psiquiátrico, o consumo de substâncias é visto como uma perturbação mental, uma desordem psíquica e interpretada como um dado clínico. Este modelo reconhece que a perturbação não provém de um efeito químico/tóxico da droga sobre o tecido celular ou metabolismo em geral, mas sim do comportamento em relação às substâncias. Este, procura de igual modo, avaliar a intensidade da dependência do sujeito em relação à substância que utiliza, bem como as suas possibilidades de “cura”. (Agra & Fernandes, 1993).

O Modelo seguinte, denominado como Psicodinâmico, relaciona a dependência com o consumo de substâncias específicas que orientam para descontrolos que produzem desequilíbrios bioquímicos dos sistemas cerebrais, de modo a organizar as suas perceções em função da presença ou ausência da substância. Os consumidores têm uma perceção insatisfatória das suas vidas, e através dos consumos atingem uma homeostasia entre eles próprios e o seu meio ambiente (Morel, Hervé & Fontaine, 1998).

Por último, o Modelo Cognitivo-Comportamental foi desenvolvido tendo como dois princípios a seguir: cognição e comportamento influenciados por um determinado evento. Este modelo auxilia a observação de experiências da vida e desconstrução de esquemas, crenças nucleares básicas e crenças condicionais, de modo a melhorar e manter a motivação para a rutura dos consumos e, ainda, na resolução de problemas, análise de pensamentos, sentimentos e comportamentos, e equilíbrio no estilo de vida. Morel, Hervé & Fontaine (1998) afirma que os consumidores têm fatores específicos, tal como,

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sensibilidade exacerbada ao desprazer, incapacidade para controlar o seu comportamento, impulsividade, procura de sensações, suscetibilidade ao aborrecimento e a uma fraca tolerância à frustração. Estes fatores determinam a necessidade do consumo, produzindo, muitas das vezes, ansiedade excessiva, humor disfórico, depressão ou agressividade.

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Conclusão

Por tornar-se difícil a junção de todos os conceitos numa única teoria explicativa dos consumos, são associados diversos fatores e para uma melhor compreensão é necessário ter em conta vários modelos explicativos. A população alvo dos vários estudos incide em adolescentes, jovens e adultos, pois várias características como a agressividade, personalidade e traços calosos estão presentes desde a infância. Neste sentido, estudos recentes como Zoio (2014) constituído por 44 adultos com idades compreendidas entre os 18 e 45, subdivididos em dois grupos: toxicodependentes e não toxicodependentes. Os resultados apontam um nível de agressividade ligeiramente superior no grupo dos toxicodependentes, comparativamente ao grupo dos não toxicodependentes. A correlação entre a “Agressividade” e a “Toxicodependência” foi negativa e moderada. Outro estudo concretizado por Cirilo (2015) sobre a procura de sensações, constituído por 64 indivíduos, centrou-se em dois grupos: sujeitos com comportamentos aditivos em tratamento e sujeitos sem comportamentos aditivos. Os resultados, a nível de personalidade, direcionam para diferenças estatisticamente significativas nas dimensões neuroticismo e extroversão em sujeitos com comportamentos aditivos. Ao nível dos traços calosos, a investigação levada a cabo por Alimoradi (2011), constituída por 530 indivíduos está também subdividida em dois grupos. Os resultados da pesquisa sugerem que consumidores tendem a ser mais agressivos do que os não consumidores. Foi ainda demonstrado, que a fobia, hostilidade, agressividade, ansiedade e depressão tendem a ser superiores nos consumidores, existindo assim uma correlação positiva entre a agressão e drogas. O autor, na investigação, evidenciou que nos consumidores os problemas mais comuns incluem sentimentos de ansiedade, desespero e solidão.

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Em relação à problemática da adição é importante reter que cada indivíduo procura diferentes substâncias psicoativas para obtenção do efeito desejado. Todas as teorias explicitadas, aliadas aos estudos concretizados, permitem um maior conhecimento científico e, consequentemente, uma intervenção mais eficaz.

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Referências bibliográficas

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II PARTE

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Características Clínicas de consumidores e Não Consumidores de Substâncias Psicoativas

Ana Ribeiro

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Nota do autor

Ana Ribeiro, Departamento de Educação e

Psicologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Correspondência acerca deste artigo deve ser endereçada para Ana Ribeiro Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e

Psicologia, Quinta de Prados, Edifício Complexo Pedagógico - Apartado 1013, 5000

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Resumo

A presente investigação teve como principal objetivo avaliar as características de personalidade, sintomas psicopatológicos, traços calosos, procura de sensações e agressividade em indivíduos consumidores e não consumidores de substâncias. Foi constituída uma amostra total de 174 indivíduos que, posteriormente, foi alvo de divisão para elaboração de um estudo comparativo entre consumidores e não consumidores de substâncias. A idade do grupo dos consumidores estava compreendida entre os 22 e 63 anos (M= 42.5, DP= 8.5) com 52.7% de população inativa e com consumos frequentes de tabaco (9.9%) e de tabaco e haxixe (14.3%). O grupo dos não consumidores apresentou idades compreendidas entre os 18 e 63 anos (M=30.5; DP=10.3) com 34.9% de população inativa. Quando comparados, o grupo dos consumidores revelou diferenças significativas relativamente à personalidade na dimensão extroversão (2 (1) =7.2; p< 0.05) e agressão [agressão física (2 (1)=30.6; p<0.05) e hostilidade (2 (1)=6.3; p<0.05)]. As maiorias dos consumidores de substâncias, comparativamente com os não consumidores, revelaram elevados índices de ansiedade, depressão e maiores níveis de agressão (física, hostilidade e raiva). Estes resultados são discutidos à luz dos processos de avaliação e intervenção clínica com consumidores de substâncias.

Palavras-chave: consumo de drogas, agressividade, busca de sensações, sintomas psicopatológicos, personalidade, traços calosos.

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Abstract

The major goal of the present investigation was to evaluate the personality characteristics, psychopathological symptoms, callous traits, the sensation seeking, and aggressiveness on consumers and non-consumers of substances. It was constituted a sample of 174 individuals which was object of a posterior division in order to make a comparison study: group of consumers and group of non-consumers of substances. The consumers group age is between 22 and 63 years (M = 42.54, SD = 8.57) with 52.7% of inactive population with frequent consumptions the tobacco (9,9%) and tobacco and cannabis (14.3%). The group of non-consumers present ages between 18 and 63 years (M = 30.59, SD = 10.36) with 34.9% of inactive population. When compared, the consumer group revealed significant differences regarding the personality dimension extraversion (2 (1) = 7.2; p <0.05) and aggression [physical aggression (2 (1) = 30.6; p <0.05) and hostility (2 (1) = 6.3, p <0.05)]. Most consumers of substances compared to non-consumers, have revealed high levels of anxiety, depression and aggression higher levels (physically, anger and hostility). These results are discussed in light of the evaluation procedures and clinical intervention with consumer substances.

Keywords: dependence drugs, aggression, sensation seeking, psychopathological symptoms, personality, callous unemotional traits.

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Características clínicas de consumidores e não consumidores de substâncias psicoativas: estudo comparativo

Desde a antiguidade que o consumo de substâncias está presente na Humanidade na medida em que integraram vários rituais culturais e religiosos, bem como em relações humanas, progredindo ao longo do tempo e adaptando-se a novas realidades. Na Grécia Clássica recorriam ao ópio para tratar os doentes e o vinho estava associado a rituais judaicos e cristãos (Escohotado, 1989; Gauderer, 1998 cit in Roehrs; Lenardt e. Maftum, 2008). Em Portugal, o consumo de substâncias ainda continua a ser utilizado com fins terapêuticos (e.g. anfetaminas, barbitúricos, benzodiazepinas e morfina), religiosos, recreativos e culturais. Segundo Richard e Senon (2005) o termo “droga” a partir do fim do Séc. XIX, devido ao consumo lascivo, foi progressivamente estigmatizado, adquirindo assim uma conotação negativa devido à promoção do comportamento de dependência. Atualmente engloba um elevado número de substâncias com diversos efeitos sobre a perceção, o pensamento, o estado de ânimo ou as emoções, com diferente capacidade para produzir dependência e com significados diferentes para aqueles que as consomem (SICAD, 2015). Este consumo é ainda uma perturbação mental crónica, inteiramente ligado a distúrbios graves de motivação e à falta de comportamentos dominantes, resultando assim na deterioração da personalidade. Esta desordem atormenta milhões de pessoas, que muitas vezes, focando diversos custos tanto económicos como sociais.

Nos domínios social e cultural associados a dependências de substâncias verifica-se a existência: de crenças da sociedade sobre o consumo destas e a perceção do risco das mesmas são de igual modo, um grande risco associado ao uso, abuso e dependência. O isolamento social, embora seja insuficiente para explicar o consumo, pode potenciar o mesmo e no processo de aculturação a dependência surge muitas vezes

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como uma estratégia de combate face às dificuldades, e por fim a facilidade de acesso às substâncias atualmente, é propenso ao aumento do consumo (Iglesias, 2010). Além dos domínios anteriormente descritos, Iglesias (2010) aponta como domínios individuais (e.g., a curiosidade ou a necessidade de pertença a um grupo), do meio (e.g, influência da cultura, dos rituais ou grupos de pares) e da substância (e.g, hierarquia de substâncias que causam dependência, física ou psicológica). Em suma, Dias (2007) analisou pormenorizadamente o triângulo: substância – sujeito – meio, observando a substância, o sujeito, a família, os grupos de pares, a escola, os meios de comunicação de massas e a religião. Ao nível individual, várias investigações indicam que a curiosidade aparenta ser um forte fator explicativo, através da experimentação do consumo de substâncias. A procura de sensações, a busca de estados limite, viver num ambiente hostil, experiências traumatizantes são possíveis causas explicativas dos consumos, em que estes ajudar no alívio de problemas (Rybakowski, Ziolkowski, Zadadzka & Brzezinki,1988). A nível familiar, o adolescente poderá sentir a necessidade de mostrar autonomia e independência, principalmente em relação ao sistema parental ou em relação aos cuidadores/tutores, inicialmente como comportamentos de afronta, procurando estados limite ou de afirmação pessoal (Reinaldo, Goecking, Almeida & Goulart, 2010). Já a nível da influência do meio, encontramos a escola, o emprego, o grupo de amigos, como A nível familiar, o adolescente poderá sentir a necessidade de mostrar autonomia e independência, principalmente em relação ao sistema parental ou em relação aos cuidadores/tutores, inicialmente como comportamentos de afronta, procurando estados limite ou de afirmação pessoal (Reinaldo, Goecking, Almeida & Goulart, 2010). Já a nível da influência do meio, encontramos a escola, o emprego, o grupo de amigos, como fatores propensos que direcionam ao consumo de substâncias psicoativas (Iglesias, 2010). Com o aparecimento do grupo de pares, as saídas à noite e o mau desempenho escolar poderão

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ser desencadeados comportamentos de imitação e transmissão, dentro do grupo, envolvendo comportamentos aditivos e dependentes (Domingues, et al. 2014).

Uma investigação concretizada por Baptista (2011) composta no total por 90 indivíduos de ambos os sexos, 37 aditos e 53 não aditos, com idades compreendidas entre os 19 e os 62 anos, evidenciou que os indivíduos não aditos apresentam uma maior complexidade emocional tendo em conta que conseguem experienciar uma maior variedade e diferenciação de emoções. As drogas indicaram ainda que funcionam, muitas vezes, como substitutos da regulação emocional, isto é, face à incapacidade de regulação de sentimentos, indivíduos com dependência transferem esse poder para a substância num processo de humanização dos efeitos provocados pela mesma. Levelle, Hammersley e Forsyth (1991) concretizaram um estudo comparativo entre três grupos: toxicodependentes em tratamento, jovens residentes numa comunidade sem-abrigo, e estudantes. Este estudo teve como objetivo descriminar fatores de personalidade que dependem de variáveis como a institucionalização, as características sociodemográficas, do consumo de drogas ou do seu tratamento. A conclusão obtida foi que os toxicodependentes em tratamento apresentaram maior tendência para procurar estímulos ou experiências de excitação, maior ansiedade e perspicácia em relação à forma de estar num contexto urbano. O consumo de drogas associa ainda dois perfis distintos de personalidade. O primeiro, neuroticismo, envolve depressão, baixa autoestima, locus de controlo externo, ansiedade, tal como, outras variáveis que contribuem para o sentimento de infelicidade e de desvalorização. O segundo, perfil antissocial inclui características como ausência de adesão às regras e instituições convencionais, passagem ao ato, hostilidade, violação dos direitos dos outros e história de delinquência.

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Os estudos apresentados anteriormente procuraram refletir sobre características clínicas de indivíduos aditos. É importante analisar as particularidades desta população, dada a sua relevância para a prática clínica. Este estudo tem assim como objetivo avaliar características de personalidade, sintomas psicopatológicos, traços calosos, busca de sensações e agressividade em indivíduos consumidores e não consumidores de substâncias. Surgem assim, com base nos objetivos do estudo, algumas questões principais de investigação, sendo elas: terão os consumidores de substâncias maiores níveis de ansiedade e depressão relativamente aos não consumidores? A existir, que tipo de agressão será mais exercido por parte dos consumidores? Terá o grupo dos consumidores maiores níveis na busca de experiencias e na busca de emoções e aventura comparativamente ao grupo normativo? Os sujeitos consumidores serão marcados pela não emocionalidade e despreocupação emocional?

Método

Este estudo categoriza-se como um estudo comparativo, descritivo e correlacional. Comparativo, uma vez que visa comparar variáveis dependentes em duas amostras diferentes, particularmente indivíduos consumidores de substâncias (GC) e indivíduos não consumidores de substâncias (GNC). Será ainda concretizado o emparelhamento das dimensões das escalas utilizadas entre a amostra de consumidores e a amostra normativa, com a finalidade de perceber o que têm em comum e em que diferem. É ainda uma investigação descritiva e correlacional, porque visa descrever como se comportam as variáveis da amostra e correlacional, visto que procura estabelecer uma relação entre as variáveis independentes e as variáveis dependentes.

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A recolha de dados, temporalmente, foi concretizada num único momento, tornando o presente estudo transversal. A atual investigação tem com objetivo principal avaliar as características associadas às escalas em estudo em sujeitos consumidores e não consumidores de substâncias.

As variáveis independentes do estudo passam primordialmente pelo consumo de substâncias. Como variáveis dependentes considera-se as dimensões das escalas estudadas personalidade (neuroticismo, extroversão, abertura à experiência, amabilidade e conscienciosidade), sintomas psicopatológicos (ansiedade, depressão, sintomas somáticos), os traços calosos (calosidade, não emocionalidade, despreocupação emocional), a busca de sensações (busca de experiências, suscetibilidade ao aborrecimento, busca de emoção e aventura e desinibição), por fim a agressividade (agressão física, agressão verbal, raiva e hostilidade).

Participantes

Os participantes da investigação centram-se em jovens e adultos de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 18 e os 63 anos. No total neste estudo participaram 174 indivíduos subdivididos em dois grupos: consumidores (GC) e não consumidores (GNC).

O grupo de consumidores é constituído por 91 indivíduos residentes no Distrito do Porto e a amostra foi recolhida na Equipa de Tratamento de Gaia, integrada no Centro de Respostas Integradas do Porto Central. A participação foi voluntária, igualmente como o grupo dos não consumidores, contudo a recolha usada, em alguns casos foi presencialmente (GC) e via online, (GNC).

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Através da tabela 1 é possível observar que o GC é maioritariamente constituído por indivíduos do sexo masculino. As idades estão compreendidas entre os 22 e 63 anos (M= 42.5, DP= 8.5). Relativamente à profissão a maior percentagem situa-se na população inativa (reformados, desempregados e estudantes) com 52.7%, seguindo-se a categoria Madeiras, mobiliário e cortiça com 11%, por fim encontramos as categorias Agro- alimentar, Comércio e Marketing, Construção civil e urbanismo, com 6.6%. Quanto às habilitações académicas 34.1% tem o 1º Ciclo, 33%, o 2º Ciclo, 3º Ciclo e Secundário com 16.5%. A idade dos consumos varia entre 9 e 40 anos (M= 17; DP=4.4) tendo como substâncias principais atuais o tabaco (25.3%), haxixe e tabaco – policonsumo- (14.3%), nenhuma, como o café, psicofármacos, (11%) e álcool e tabaco (9.9%) sendo 60.4% dos consumos frequentes, 14.3% nunca e 7.7% mensalmente. Por fim, o programa do tipo de tratamento mais utilizado é o de agonistas opiáceos (Metadona e Buprenorfina) com 82.4%.

Tabela 1: Caracterização da Amostra do grupo dos consumidores de substâncias

N % Género Masculino Feminino 87 4 (95.6) (4.4) Situação Profissional População inativa 48 (52.7) Madeiras, mobiliário e cortiça 10 (11)

Agro- alimentar Comércio e Marketing Construção civil e Urbanismo Metalúrgica e metalomecânica 6 6 5 (6.6) (6.6) (5.5)

Distrito onde vive

Porto 91 (100) Habilitações Académicas 1.º Ciclo 31 (34.1) 2.º Ciclo 30 (33) 3.º Ciclo 15 (16.5) Ensino Secundário 15 (16.5)

Substâncias principais atuais

Tabaco 23 (25.3)

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Nenhuma(café, psicofármacos)

10 (11)

Álcool e tabaco 9 (9.9)

Frequência dos consumos

Diariamente 55 (60.4)

Duas vezes por semana 5 (5.5)

Semanalmente 6 (6.6) Quinzenalmente 1 (1.1) Mensalmente 7 (7.7) Raramente 4 (4,4) Nunca 13 (14.3) Tipo de tratamento Agonistas opiáceos 75 (82.4) Outro 15 (16.5) Nenhum 1 (1.1)

Após a análise da tabela 2 verifica-se que o GNC é constituído por 83 indivíduos residentes nos principais Distritos de Viseu (32.5%), Vila Real (22.9%) e Lisboa (18.1%). As idades estão compreendidas entre os 18 e 63 anos (M=30.6;DP=10.4); quanto ao género encontramos uma maior homogeneidade 39 indivíduos do sexo masculino, e 44 no feminino. Quanto à profissão a maior percentagem encontra-se na população inativa (34.9%), seguindo-se Saúde e serviços à comunidade e serviços às empresas (atividades financeiras, de consultadoria, de secretariado,…) com 24.1%. Relativamente às habilitações académicas a maior percentagem situa-se Licenciatura (42.2%), seguindo-se Secundário (34.9%) e 3º Ciclo com 10.8%. A amostra foi selecionada de modo a que todos os inquiridos cumprissem com os requisitos dos objetivos em estudo, pretendendo assim uma participação de 174 sujeitos.

Tabela 2: Caracterização da Amostra do grupo de não consumidores de substâncias

N % Género Masculino Feminino 40 43 (48.2) (51.8) Situação Profissional População inativa 29 (34.9) Madeiras, mobiliário e cortiça 1 (1.2)

(56)

Agro- alimentar, Comércio e Marketing

Serviços às empresas Serviços pessoais

Saúde e serviços prestados à comunidade 1 20 7 20 (1.2) (24.1) (8.4) (24.1)

Distrito onde vive

Viseu 27 (32.5) Vila Real 19 (22.9) Lisboa 15 (18.1) Évora 6 (7.2) Setúbal 4 (4.8) Braga 3 (3.6) Porto 2 (2.4) Santarém 2 (2.4) Habilitações Académicas 2.º Ciclo 3 (3.6) 3.º Ciclo 9 (10.8) Ensino Secundário 29 (34.9) Licenciatura 35 (42.2) Mestrado 7 (8.4) Instrumentos

Foi utilizado um questionário sociodemográfico que permitiu recolher informação relativamente à: idade, ao género, habilitações académicas, estado civil, profissão, consumo de substâncias, substância principal atual (e.g., álcool, tabaco, haxixe, cocaína, heroína, e/ou combinadas), idade de início dos consumos, frequência dos consumos, tipo de tratamento, situação judicial. Estes itens permitiram determinar as variáveis, dependentes e independentes, e caracterizar a amostra.

BSI -“Brief Symptoms Inventory” (BSI; Derogatis, 1993, adaptado por Canavarro, 1995)

O Inventário de Sintomas Psicopatológicos é um inventário de auto-resposta, versão reduzida, constituído por 18 itens. Neste questionário o indivíduo tem que classificar o grau em que cada problema o afetou durante a última semana, numa escala tipo likert (1-Nunca, 2-raramente, 3- Algumas vezes, 4- frequentemente, 5- sempre). Este inventário avalia sintomas psicopatológicos ao nível de três dimensões básicas:

(57)

depressão, ansiedade e somáticos e três índices globais: o Índice Geral de Sintomas (IGS = pontuação total/nº total de respostas), o Total de Sintomas Positivos (TSP = itens cotados > 0) e o Índice de Sintomas Positivos (ISP = soma de todos os itens/itens cotados > 0). Os alfas de Cronbach encontrados da presente investigação variam entre α = 0.89, no grupo GC e α =0.94 no GNC.

ICU- “Inventory of Callous-Unemotional Traits” (ICU; Essau, Sasagawa, & Frick, 2006, adaptado por Pechorro, 2013)

O Inventário de Traços Calosos/Não-emocionais é uma medida multidimensional de autorresposta constituída por 24 itens destinada em avaliar traços calosos/não-emocionais (i.e., frieza/insensibilidade emocional) em jovens. Cada item é cotado numa escala do tipo Likert de 3 pontos, de “Totalmente falso” (0); “Por vezes falso” (1); “Por vezes verdade” (2) e “Totalmente verdade” (3). Através de análise fatorial confirmatória é possível identificar três dimensões independentes, nomeadamente Calosidade/Frieza, Não emocionalidade e Despreocupação emocional. Pontuações mais elevadas indicam maior presença dos traços em questão. Na presente investigação foi utilizada a versão portuguesa do ICU (Pechorro, Ray, Barroso, Maroco, & Gonçalves., in press). Os alfas de Cronbach encontrados da presente investigação centraram-se em torno de α =0.85.

BSSS- “Sensation Seeking Scale” (BSSS; Zuckerman, 1994, tradução e adaptação por Pechorro & Barroso, 2013)

O questionário BSSS constituída por 16 itens de autorresposta que visa avaliar a procura de sensações de cada indivíduo. Cada item é cotado através de uma escala tipo Likert de 5 pontos, de “Discordo Totalmente” (0); “ Discordo” (1); “ Não concordo nem discordo” (2); “Concordo” (3); “Concordo Totalmente” (4). Após a análise das respostas

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Tabela 1: Caracterização da Amostra do grupo dos consumidores de substâncias
Tabela 2: Caracterização da Amostra do grupo de não consumidores de substâncias
Tabela 3- Médias e desvio-padrão das dimensões dos instrumentos utilizados no grupo  de consumidores de substâncias
Tabela 4- Médias e desvio- padrão das dimensões dos instrumentos utilizados no grupo  de não consumidores de substâncias
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Referências

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