CENTRO
SÓCIO
ECONÔMICO
DEPARTAMENTO
DE
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
SISTEMA
DE
CIÊNCIA
E
TECNOLOGIA:
UM
ESTUDO PARA
SANTA
CATARINA
GREGORY
STEFANIO
DO
NASCIMENTO
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA CATARINA
CURSO DE
GRADUAÇAO
EM
CIENCIAS
ECONOMICAS
SISTEMA
DE
CIÊNCIA
E
TECNOLOGIA:
Um
Estudo para Santa Catarina
Monografia
submetida ao departamento de CiênciasEconômicas
para a obtenção de carga horária na disciplinaCNM
5420
-Monografia
r
Por: Gregory Stefanio
do Nascimento
Orientador: Prof.
Renato
Campos
Área
de pesquisa: Ciência e TecnologiaPalavras
-
chaves:l - Sistema de inovação
2 - Política Científica e Tecnológica
3
-
Capacidade tecnológicaeParadigma
TecnológicoCURSO
DE
GRADUAÇAO
EM
ECONOMICAS
A
Banca Examinadora
resolveu atribuir anota...8.Q.
ao alunoGREGORY
STEFANIO
DO
NASCIIVIENTO
na
disciplinaCNM
5420
-
Monografia,
pela apresentação deste trabalho.Banca
Examinadora: I l l ` ,/."¬ . .Mk
U/
Prof.Renato
R.V
Presid teProf. Silvio
A
.F. (Iario -'`
_; \
Membro
Prof. Luiz Carlos de Carvalho Júnior
Membro
SUMÁRIO
RESUMO
... .. ivCAPITULO
1PROBLEMA
OBJETIVO
E
METODOLOGIA
DA
PEsQUIsA
11.1. Paradigmas Tecnológicos e Capacidade de
Absorção
... ..1.2.
O
papel das instituições ... _.1.3.
O
conceito de Sistema Nacionalde
Inovação ... _.1.4. Sistema Local de Inovação ... ..
1.5. Objetivos
do
Trabalho ... ..1.5.10bjetivo Geral ... ..
1.5.2 Objetivos Específicos ... _.
1.6 Metodologia ... ..
O'\O'\O'\O\U1L›Jl\J›-*
CAPÍTULO
IIPOLÍTICA
CIENTÍFICA
TECNOLÓGICA;
Concepções
eInsúmmenros
s2.1.
As
Políticas Científicas e Tecnológicas nos anos de 60,70
e80
... .. 82.1.1. Aspectos
da
relação entre a Política Cientifica Tecnológica eO
desenvolvimento 14econômico
2.1.2.
O
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia ... .. 162.2.
A
mudança
na concepção de Política de Ciência e Tecnologiana
década de noventa.... 172.3.
As
Políticas de estímulo à tecnologia nos anos noventa ... ._ 192.3.1.
O
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologiana
década de noventa ... ..22
2.4.
A
relaçãoda
Política de Ciência e Tecnologiacom
asdemais
políticas econômicas .... .. 23~
CAPÍTULO
HI
DIFICULDADES
ePOSSIBILIDADES
PARA
A
CONSOLIDAÇAO
26
DE
UM
SISTEMA
ESTADUAL
DE
CIENCIA
E
TECNOLOGIA
3.1.
O
papeldo
Estadono
desenvolvimentoeconômico
... ..27
3.2. Estrutura produtiva catarinense nas décadas de 70,
80
e90
... ._30
3.2.1
Os
Pólos Industriais ... ._32
3.3.
O
Sistema Estadual de Planejamento: Instituições e Políticas ... ..36
3.3.1. Estrutura Institucional ... ..
36
3.4. Política Industrial e de Ciência e Tecnologia ... ..
39
CAPÍTULO
Iv
46
~
CONCLUSAO
... ..4ó
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ._48
Um
sistema institucionalbem
estruturado e consolidado è muito importante parao
desenvolvimentoda
capacitação tecnológicado
pais,com
o
intuito depromover
a diminuição da distância tecnológica existente entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos.Nesse
contexto, a implementação deuma
eficaz
Política Cientifica e Tecnológica toma-sefimdamental
para a criação de condições necessáriasao
surgimento deum
estruturado sistema de inovação, articuladocom
outras iniciativasde
estímulos tanto a nível nacionalquanto a nível estadual.
Assim
sendo, è fundamentalque
as instituições publicas estejam associadas aosetor privada na questão de
promoverem
juntos o incentivo às políticasde
estímulo acapacitação tecnológica e
também
de
apoiaro
desenvolvimento da ciência eda
tecnologia, tantono
âmbito nacional quantono
âmbito estadual.O
Estado nesse processodesempenha
o papel de articular a criaçãode
um
ambiente propício à ciência e a tecnologia, incentivando através de políticas a cooperação entre as universidades e as empresas,com
o
objetivo de desenvolver a busca denovas
tecnologias e
também
o
desenvolvimento cientifico e tecnológico nacional e regional.No
Estado de Santa Catarina é primordial a existência deum
estruturado sistemade planejamento, especialmente voltado para a ciência e tecnologia.
O
sistemade
planejamento procura articular as demais políticas estaduais à política de ciência e tecnologia,visando a
promoção do
desenvolvimento cientifico e tecnológico regional, utilizando defonna
sistemática a redede
universidades e a redede
Centros de Tecnologia Temáticos,no
incremento dos arranjos locais e dos sistemas locais de inovação.l
CAPÍTULO
I -PROBLEMA,
OBJETIVO
E
METODOLOGIA
DA
PESQUISA
Neste trabalho procura-se identificar os elementos
que apontem
para a existênciaou
não deum
sistema institucionalque
estimule o desenvolvimento da capacitação tecnológicano
Estado de Santa Catarina. Para a identificação desses elementos é necessário antescompreender o
papeldado
as instituiçõescomo
articuladoras de políticas de estímulo a ciência e a tecnologia, visando minimizar as incertezas inerentes a essas atividades.O
trabalhotem
por objetivotambém
apresentaruma
compreensão
dos papéis dasPolíticas Científicas e Tecnológicas. Isto será realizado através da apresentação das
mudanças
na concepção e na experiência da Política Científica e Tecnológica
no
Brasil, as suas relaçõescom
asdemais
políticasmacroeconômicas
e das característicasdo
Sistema Nacionalde
Ciência e Tecnologia.
Do
mesmo
modo,
procura-setambém
caracterizar osmecanismos que
possibilitariam aos países atrasados
um
melhor
aproveitamento das oportunidadestecnológicas.
1.1-
Paradigmas
tecnológicos ecapacidade de absorção
Um
novo
paradigma tecnológico desloca a fronteira tecnológica.A
sua base desustentação é o estabelecimento de inovações radicais na esfera produtiva, caracterizado
também
poruma
enorme
carga de incertezas quanto aos possíveis resultados.Um
paradigma
tecnológico é
um
padrão de solução de problemas técnico -econômicos
selecionados,com
baseem
princípios derivados das ciências naturais. (Cunha,1995).O
estabelecimento deum
novo
paradigma,pode
favorecer a criação de conjuntos de oportunidades tecnológicas aos países atrasados.O
surgimento dos conjuntos deoportunidades e o seu coerente aproveitamento é
o que
caracterizariao
avanço tecnológicodo
país, ao longo das trajetórias tecnológicas estabelecidas.
Abrem-se
então janelas deoportunidades aos países atrasados, possibilitando a eles
o melhor
aproveitamentodo avanço
tecnológico, ampliando
o
processo de evoluçãoeconômica
e tecnológica,podendo
diminuir aextensão
do
hiato tecnológico entre os países.A
configuração
da distância entre os países lideres e os países atrasados são decorrentes das assimetrias existentes,dado
a desigual capacidade de inovar.À
medida que o
capitalismo vai avançando, há a ocorrência
do
aumento
da diferença entre os paísesdesenvolvidos e subdesenvolvidos, cuja capacidade de absorção de tecnologia estaria relacionada tanto à distância da fronteira tecnológica, quanto as velocidades diferentes desse
movimento
em
relação aos países líderes.'
O
processoda
capacitação tecnológica abre a possibilidade de se reduzir adefasagem
econômica
e tecnológica entre os países, partindodo
fato deque
as tecnologias geradas nos paises situados na fronteira tecnológica sedesenvolvam
também
nos paises atrasados.A
capacidade produtiva,compreendida
como
a capacidade de implementar oscomponentes
deum
dado
sistema de produção, difereda
capacidade tecnológica, pois essa abarca os recursos necessários para gerar e gerenciar amudança
técnica. Assim, ao criarem-senovos
conhecimentos, são criadostambém
novas habilidades parao
desenvolvimentotecnológico,
onde
deum
lado setem o
uso e a operação de tecnologias e de outro a questãode
se criar e
modificar
e atémesmo
mudar
a tecnologia.O
conceito de capacidade de absorção implica então na distância da fronteira tecnológica, nas metamorfoses impostas à capacidade de absorção pelonovo
paradigmatecnológico na dinâmica da capacidade produtiva
do
país.1.2.-
O
papeldas
instituiçõesA
importância das instituições edo
seu papel na configuração deum
novo
paradigma tecnológico e
no
processo de inovação decorredo
fato deque
as instituiçõespodem
daruma
contribuição importanteno
sentido de definir a modalidade e a intensidade dasinterações entre as firrnas
que concorrem no mercado
ecom
os agentes envolvidoscom
ageração e difirsão de inovações. (Cunha,1995).
Todo
o
objetivoda
arquitetura institucional é alcançarum
oportuno equilíbrio entreo
aspecto público e privado da tecnologia, a partirdo
incentivo e subsídios à inovação eda criação
de mecanismos que
possibilitem a sua difusão.Assim, para a construção de
uma
estrutura institucional, minimizadora dasincertezas nos países atrasados é importante favorecer
o
desenvolvimento deuma
comunidade
3
mudanças no
âmbito mundial.A
comunidade
cientificatambém
poderá servir,como
uma
espécie de radar para detectar oportunidades presentes e futuras para o setor produtivo nacional,
no
qual deve procurar manter laços estreitoscom
o
setor produtivodo
país,aproveitando as oportunidades,
fimdamentalmente
a partir da ampliação dos gastosem P&D.
Um
outro papelque
cabe as instituições é a de apoiaro
processo de endogeneização da inovação tecnológica, criandoum
ambiente para as empresas desenvolverem a capacidade de inovar.Ê
importanteque
hajatambém
a construção deum
ambiente seletivo adequado, paraque
asfirmas
inovadoraspossam
ampliar o seu pesono
conjuntoda
dinâmicaeconômica
de
um
país,que no
caso deum
país periférico, tratam-se defirmas
com
capacidade paraabsorção.
(Mota
e Albuquerque, 1997).1.3.-
O
Conceito
de
SistemaNacional
de
Inovação.Para entender
melhor o
Sistema Nacional de Inovação, (SNI) é preciso, antesde
mais nada,compreender
as diferentes abordagens a seu respeito.Sendo que
uma
primeiraabordagem
foi elaborada porFreemam, que
centrou sua discussão sobre a interação entreo
sistema produtivo e o processo de inovação e aplica
uma
combinação
de teoriada
organizaçãoindustrial e de teoria da inovação para desenvolvê-la. ( Mello, 1996).
Uma
segundaabordagem
foi formulada por Nelson, centrada principalmente sobre a produção e apropriaçãodo
conhecimento eda
inovação, mais interessada nas relações entreo sistema legal e o sistema econômico, visando encontrar
uma
solução para o dilema entre a apropriação privadaou
públicado
conhecimento eda
inovação. (Mello, 1996).Já Lundvall, baseou-se nas interações entre produtores e usuários,
que
seestabelecem durante
o
processo de inovação.flVIello,1996).Segundo
Cunha
(1995),o
Sistema Nacional de Inovação éo
resultado deuma
rede de instituições dos setores públicos e privados, cujas atividades e interaçõespromovem
a geração, importação, modificação e difusão de novas tecnologias.O
Sistema Nacionalde
Inovação é portantoum
conjunto de relações, nãosomente
vistas
no
âmbito institucional,mas
também
a partirde
um
sistema de interação entre empresas,cultura nacional e atitudes diante das mudanças, as estruturas de mercado, as estruturas de
financiamento, e as políticas públicas de
C&T.
São
eles:O
SNI,pode
ser classificadoem
dois tipos, de acordocom
Patel e Pavitt (1994). Míopes 1 aqueles que tratam os investimentos nas atividadestecnológicas como qualquer outro investimento. Eles são realizados
em
resposta a
uma
demandabem
definida do mercado e incluemuma
taxade desconto,
em
função do risco e do tempo de maturação doinvestimento. Exemplos desses sistemas seriam os dos
EUA,
daInglaterra e do Brasil.
Dinâmicos: aqueles que reconhecem que,
em
adição aos resultadostangiveis na forma de produtos, processos e lucros, as atividades
tecnológicas também acarretam importantes subprodutos intangíveis,
na forma de processos de aprendizado - tecnológicos, organizacionais e mercadológicos - irreversíveis e cumulativos, que capacitam as
empresas e os países a realizarem investimentos subsequentes e,
algtunas vezes, criarem novas demandas de mercado. Exemplos de
sistemas dinâmicos seriam a Alemanha e o Japão e,
em
termos deNICs, Coréia e Formosa. (Mello, 1996)
Existem
também
três categoriasque
ajudam
a classificar e entender melhoro
SNT,e o papel que
exercem
dentro deum
país.São
eles:a primeira categoria envolve sistemas de inovação que capacitam o
país a se manter na liderança do processo internacional. Compreende
os sistemas de inovação dos principais paises capitalistas
desenvolvidos. São sistemas maduros,
com
a capacidade de manteropais na fronteira tecnológica. Isso seria identificável pela capacidade
de geração tecnológica e de participação na liderança da produção
cientifica mundial. Exemplos de paises temos:
EUA,
Japão eAlemanha e depois, França, Inglaterra e Itália.
A
Segunda categoria abrange os países cujo objetivo central de seussistemas de inovação é a difusão de inovações. São paises que tem
elevado dinamismo tecnológico, dinamismo que não é derivado da sua
capacidade de geração tecnológica, mas de urna elevada capacidade de
difusão, relacionada a urna forte atividade tecnológica interna que os
capacita a criativarnente absorver avanços gerados nos centros mais
avançados. Exemplos de paises, temos: Suécia e Dinamarca, além de
Holanda e a Suiça; e os países asiáticos de desenvolvimento recente
como Coréia do Sul e Taiwan.
A
terceira categoria, os países que participam tem sistemas deinovação que não se completaram: são paises que construíram sistemas
de
C&T
que não se transformaramem
SNI. Os casos do Brasil e daArgentina. Outros países como México e India também se enquadram
5
1.4-
Sistema
Localde Inovação
Na
atualidade,0
debateeconômico
abordao
papel da tecnologia no processoevolutivo e
econômico
do
país, considerando-acomo
um
fatorendógeno
ao ambiente econômico, e os processos de geração de conhecimento e de inovação, são interativos e localizados, significando portanto,que
o papeldo
ambiente eda
interação entre os diferentes agentes, são vistoscomo
elementos importantes para a capacidade de inovar.A
literatura que trata sobre a importânciado
papeldo
local enquanto elementoativo
no
processo de criação e difusão de inovação, ressaltaque
a interação entre tecnologia e contexto local possui papel fundamental na geração das inovações, pormeio
demecanismos
específicos de aprendizado formados porum
quadro institucional local específico.(Lastres,1998)
Os
sistemas locais de inovaçõespossuem
um
dinamismo
tecnológico eum
potencial de desenvolvimento, pertinente a inúmeros tipos de arranjos,que
segundo Lastres (1998),tem
a cooperaçãocomo
característica fundamental, principalmenteem
atividadescomo:
serviços tecnológicos, gerenciais e comerciais; oferta de infra-estrutura;promoção
defeiras comerciais e outros negócios envolvendo
o
marketing nacional e intemacional,estendendo-se
também
a financiamentos.A
criação de sistemas de inovações, distintamente caracterizados, são derivados deum
desenvolvimento institucional e das diferentes trajetórias tecnológicas nacionais.O
Sistema Local de Inovação ofereceuma
melhor possibilidade paracompreender
o processo de inovação na diversidadeque
se considera existir entre os diferentes países e regiões, tendoem
vista seus processos históricos específicos e seus desenhos políticos institucionais particulares. (Lastres, 1998).Este referencial teórico
pode
ser entendidocomo
instrumento de análise paracompreender
as condições locais (sub-regionais, regionais e estaduais),que
possibilitem a criação de sinergias parao
desenvolvimento de capacidade tecnológica.No
entanto,no
âmbitodeste trabalho,
não
se pretende analisar todas as relaçõesque
estão explicitadas nanoção de
sistemas locais,
mas
procura-se apenas observarno
âmbito de Santa Catarina os seguintes aspectos: características de estrutura produtiva;o
papel das instituições de apoio ao desenvolvimento tecnológico; e as políticas de estímulo à ciência e tecnologia.1.5- Objetivos
do
Trabalho
1.5.1- Objetivo
Geral
- Identificar os elementos
que
indiquem a existênciaou
não deum
sistemainstitucional para estimular o desenvolvimento de capacitação tecnológica
no
âmbitodo
Estado de Santa Catarina.1.5.2- Objetivos específicos
- Entender as políticas de ciência e tecnologia
no
Brasil, suas concepções e relaçõescom
as características históricasdo
desenvolvimentoeconômico
brasileiro.-
Compreender o
papel das políticas de estímulo à Ciência e Tecnologiaem
apoiar epossibilitar a consolidação de
uma
estrutura estadual de Ciência e Tecnologia ede
um
Sistema Local de Inovaçãoem
Santa Catarina.1.6-
Metodologia
A
metodologia utilizada neste estudo fundamenta-se nanoção
de Sistemas Nacionais de Inovação,que
procura captar as condiçõesdo
contexto local para a absorção egeração de inovações. Enfatizando-se a parte dos
componentes
deste sistema relativo àsinstituições, às políticas e a estrutura
econômica
no
qual estão inseridas.Para a concretização
do
primeiro objetivo específico foi realizadauma
revisão bibliográfica apresentandoo
desenvolvimentoda
Política Científica e Tecnológicano
Brasil,no
períodocompreendido
entre as décadasde
sessenta a noventa.Os
resultados estão contidosno
segundo capítulo deste trabalho,que
tratada
Política Científica e Tecnológica: concepçõese instrumentos; das relações
da
Política Científica e Tecnológicacom
as demais políticaseconômicas
etambém
das característicasdo
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia,no
âmbitodo
Brasil.7
Para a realização
do
segundo objetivo específico,além
deuma
revisão bibliográfica sobre as características da estrutura produtiva, procurou-setambém,
atravésda
pesquisa documental, identificar as características atuais de
um
Sistema Estadual de Ciência eTecnologia e as principais políticas
que
podem
afetar a capacidade de inovação.Os
resultados são apresentadosno
terceiro capítulo que, apósuma
breve apresentaçãodo
papel dos Estados na implementação de Políticas Industriais e de Ciência e Tecnologia, apresentam a estrutura produtiva de Santa Catarinada
década de setenta à década de noventa;o
Sistema Estadual de Planejamento e a Política Industrial e de Ciência e Tecnologia. Para alcançar osegundo
objetivo específico, foi apresentado
o
papel das políticas de estímulos à Ciência e Tecnologia,visando apoiar a consolidação de
uma
estrutura estadual de Ciência e Tecnologia e deum
Sistema Local de Inovação.l
CAPÍTULO
11 -POLÍTICA CIENTIFICA
TECNOLÓGICA:
Concepções e InstrumentosNo
Brasil,o
sistema deC&T
teve seu grande impulso na décadade
setenta, apartir
da
introdução dos programas nacionais de desenvolvimento econômico, principalmentecom
o IIPND,
que
buscava articular a Política Científica e Tecnológica às necessidades danova
faseeconômica
pela qual atravessava a economia, abrangendoum
ambiciosoprograma
de substituição de importação de insumos básicos e bens de capital.Nas
décadas de sessenta e setenta, as Políticas Cientifica e Tecnológicaeram
articuladas pelo
Govemo,
que assumiao
papel de executor direto e de financiador dos gastosem
P&D.
Entretanto, atualmente as Politica Científica e Tecnológica são direcionadas
no
sentido de construir e apoiar setores
do
processo de inovação,além
de fomentar a difusãoda
inovação desses setores para0
restodo
sistema.As
estratégias de desenvolvimentotecnológico
buscam
reestruturar os setores tecnologicamente atrasados esem
capacidade de competiçãoem
nivel internacional. (Cunha,1995)Nos
anos oitenta e noventa, aeconomia
mundial experimentoumudanças
significativas na sua reestruturação tecnológica e na questão
da
intemacionalização dos mercados. Paralelamente a essas mudanças,o
sistema deC&T
também
se modificou.Com
afalta de recursos decorrente da crise fiscal presente
no
pais e a estagnação daeconomia
nacional,
o
sistema deC&T
não conseguiu ajustar-se rapidamente à revolução cientifica e tecnológicaque
se processava a nível mundial.Neste capítulo procura-se apresentar as
mudanças na
concepção e experiência daspolíticas científicas e tecnológicas
no
Brasil, as suas relaçõescom
as demais politicaseconômicas
e as característicasdo
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia.r ó
2.1. -
As
Politicas Científicas e Tecnológicas nasdécadas
de
60,70
e 80.A
formulação deuma
política científica e tecnológica para os anos sessentasomente
verificou-se nos anos finais daquela década.Em
1964, oBanco
Nacional deDesenvolvimento Econômico,
instituiuo
Fundo
deDesenvolvimento
Técnico-
Cientifico-9
graduação, propiciando
um
desenvolvimento inicial nas áreas de engenharia, fisica, química eagronomia, e posteriormente nas áreas de matemática e geologia.
O
FUNTEC
durante anos foio
responsável pelofinanciamento
de diversos institutos e centros de pesquisas.Com
surgimentoem
1968do
PED
(Programa Estratégico de Desenvolvimento),foi iniciado
uma
reflexão a respeitoda
questãodo
desenvolvimento tecnológico, que estavacada vez mais enfatizado
no
debate econômico.As
estratégias adotadas peloPED
previam a adoção demedidas
e de instrumentosque
apoiassem as atividades científicas e tecnológicas, direcionando tais medidas parauma
redução da dependênciado
Brasilem
relação ao exterior,promovendo
uma
rápida e importante autonomia tecnológica,aumentando
também
o nívelde
emprego.No
ano de 1969,em
substituição aoFUNTEC,
foi criadoum
órgão diretamente ligado a presidênciada
República,denominado
deFundo
Nacional parao Desenvolvimento
da Ciência e Tecnologia(FNDCT).
Tal acontecimento veio a partirda
projeção que a pesquisa técnico-
científica estavaassumindo no
conjunto das políticas govemamentais.Na
elaboraçãodo
PED,
a concepção de Política Científica e Tecnológica, aparecia associada auma
visão particular da estratégia de crescimento industrial via substituição de importação e contemplava na indução deuma
última etapa desse processo, após produzir internamente bens e serviços, tratando de produzir tecnologia. (Guimarães, 1993).A
aceleração e a auto-
sustentaçãodo
processo de crescimento econômico, desenvolvido segundoo
PED,
poderia ser feito mediante a realizaçãodo aumento da
independência tecnológica
com
o objetivo de garantir ademanda
de tecnologia requerida pelo sistema produtivo atravésdo
aporte deknow
-
how
extemo, favorecendo assim o aparecimento deum
mercado
de massa, sustentado a partirdo
desenvolvimento de tecnologiamais ajustada à dotação de fatores de produção
do
país, assegurandouma
maior absorção demão-de-obra.
Na
década de setenta,com
amudança
de enfoque das políticas governamentaisdecorrida
do
cenário de turbulência intemacional,como
o choque do
petróleo, deu-se prioridade aoaprimoramento
da própria infi'a-estrutura de apoio a industrialização nacional,envolvendo inúmeros setores da economia, dentre eles,
o
energético e de transportes, aeducação, a
modemização
laboratorial,além
de se iniciar a diversificaçãodo
parqueda
mesmo
tempo, transformandoo
CNPq em
Conselho
Nacional deDesenvolvimento
Científico e Tecnológico, desligando-oda
presidência da República.Nesse
período foi elaboradoo
IPBDCT
(Programa Brasileiro de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico),
que
vigorou de 1973 a 1974, cujos objetivos foram:assimilação e adaptação pela empresa nacional; melhoria no conteúdo
tecnológico das empresas voltadas para a exportação; e implementação e
consolidação de
um
sistema de propriedade industrial e de transferência detecnologia. Tal programa também evidencia a preocupação
com
os programassetoriais, principalmente na área de microeletrônica e informática.
(Cunha, 1995)
A
elaboração denovos
programas namesma
linhaque
o
primeiroPBDCT,
chamados
de II e IIIPBDCT,
tiveramcomo
objetivo principal, reforçar a capacidadetecnológica da
empresa
nacional, visando a consolidação e a viabilização deuma
Política Científica e Tecnológica voltada parauma
maior autonomia tecnológicado
país.(Sobral, 1994)
O
IIPBDCT
tinha o discurso direcionado para o setor de bens de capital efirmas
de engenharia.
A
idéia centraldo
IIIPBDCT
era a de concluir a estruturaçãodo
SNDCT,
direcionando a
montagem
deuma
estrutura básica deC&T,
a partir da articulação e das interações entre as partes componentes, deforma
a tomá-lo capaz de sustentar ofluxo
de
ações e informações.O
IPND
(Plano Nacional de Desenvolvimento), divulgadoem
1971 pelo entãopresidente Médici, tratou na sua formulação inicial, a questão tecnológica
como
um
mecanismo
parao
fortalecimentodo
poder de competição da indústria nacional, propiciandocondições suficientes de concorrência, através
da
redução de custos e pela qualidadedo
produto final,em
comparação
com
o similar estrangeiro, fortalecendo então, aempresa
privada nacional, equiparando as suas condições de operações,
em
face daempresa
estrangeira.
Com
relação aoH
PND,
formuladono
finalde
1974 pelo governo Geisel, esteplano buscou articular a Política Científica e Tecnológica às necessidades
que
anova
faseda
economia
nacional estava passando, que era a de substituição de importação deinsumos
básicos e bens de capital, conferindo a este
programa
um
maior impulso ao desenvolvimentoll
A
Política Científica e Tecnológicada
década de setenta, tinha por objetivo abusca de
uma
autonomia tecnológica. Porém,não
conseguiu obtero
respaldo necessárioque
assegurasse a concretização
da
autonomia tecnológica defendidana
sua politica, que pretendia reduzir a dependência tecnológicaem
relação ao exterior.O
apoio recebido pela PolíticaCientífica e Tecnológica se restringiu basicamente à burocracia estatal,
que
a formulou e a implementou, e àcomunidade
acadêmica.O
fato mais positivo ocorrido na década de setentaem
relação à Política Científicae Tecnológica, foi a evolução e
o
aumento do
nível edo
número
de pesquisa e de profissionais ligados a área de pesquisa,promovendo
o desenvolvimentodo
ensino de pós-
graduação, fortalecendo a produção acadêmica, consolidando as instituições de pesquisas de alto~nível.Nos
anos oitenta a elaboraçãodo
IIIPND,
no
govemo
de João Figueiredo,não
conferia a
mesma
ênfase à Politica Científica e Tecnológicaque
os planos anteriores.A
Politica Cientifica e Tecnológica dos anos oitenta foi perdendo as caracteristicas anteriores,como
por exemplo, a busca pelaautonomia
tecnológica,em
decorrênciada
crisefiscal
que
se abateu sobre o Estado, diminuindo os recursos para amanutenção
dos avançosalcançados na área acadêmica, resultando
numa
relação conflituosa entre os acadêmicos eo
govemo.
Tais obstáculosfizeram
com
que
o projeto deC&T,
elaborado para a década deoitenta não refletisse as idéias abrangentes sobre
o
desenvolvimento tecnológicodo
paíscomo
nos anos setenta,
mas
enfatizavauma
proposta de natureza setorial.A
mudança
de enfoque, de abrangente para setorial,tem
como
exemplo
a Política de Informática,implementada
na segundametade da
década. Ela caracterizava aempresa
estrangeiracomo:
sendo a grande responsável pelo insucesso do país
em
alcançar maior grau de autonomia tecnológica.De
um
lado porque, por ser estrangeira sua presença no parque produtivo não significa por si só maior capacitação tecnológica dopaís,
mesmo
quandoem
associaçãocom
o capital local.De
outro, porque porscu maior dinamismo c compctitividadc, sua presença ameaça a empresa
nacional durante o longo prazo de maturação requerido para que esta
desenvolva capacitação tecnológica própria. (Guimarães, 1993).
A
Lei de Informática implicavanuma
reserva demercado
para micro computadores, proibições de contratos de transferência de tecnologia enuma
políticade
nacionalizaçãodo
controle acionário.A
Política de Informática aparece nametade da
décadade
oitenta,como
uma
política de caráter restrito, recorrendo a procedimentos e instrumentosdo
processo de substituição de importação etambém
como uma
versãonova
da PolíticaCientífica e Tecnológica dos anos setenta
em
sua ênfase naautonomia
tecnológica.(Guimarães, 1993).
Os
obstáculos surgidosem
relação a Política Científica e Tecnológica na décadade oitenta,
que além da
crise fiscaldo
Estado,também
estiveram relacionado á estagnaçãoeconômica no
qual se encontravao
país naquelemomento.
A
crise que se instalana
década deoitenta, fez
com
que
os recursos alocados para o desenvolvimento científico e tecnológico semantivessem
escassosou
quase nulos, cuja conseqüência imediata foi a degradaçãodo
ensino universitário, dos laboratórios de pesquisas,que
passaram por inúmeros problemas,como
afalta de material e
manutenção
dos equipamentos.Uma
outra conseqüência foi adesvalorização dos salários
do
pessoal técnico, forçando-os amudarem
de
profissão e/ouperderem o
interesse pela pesquisa.Na
metade
da década de oitenta, devido a recessãoeconômica
brasileiraque
afetou a capacidade técnicado
país, o atrasodo
sistema deC&T
só fez aumentar ademanda
por importação de tecnologia, agravando ainda mais a distânciacom
os demais países.Com
a crise da década de oitenta, a redução nos gastos públicos na área deC&T
foi inevitável,
o
que resultounuma
inibição tanto para a consolidaçãodo
sistema científico e tecnológico,como
para o uso de seus serviços pela indústria local.Assim, a evolução alcançada na década de setenta deu lugar na década de oitenta,
a inúmeras tensões entre
o
govemo
e acomunidade
científica.A
saída encontrada para amenizar os resultados advindos da falta de recursos, epoder assim dar continuidade ao desenvolvimento científico e tecnológico, aconteceu
no
âmbito institucional, através da criaçãodo
MCT
(Ministério da Ciência e Tecnologia), surgindonum
momento
bastante diferente daqueleque
caracterizou a etapa anterior.Segundo
Moralli (1996), aimplementação
das novas diretrizesdo
MCT
enfrentada desafios de distintas ordens,que
incluem desde a emergência deum
novo
paradigma tecno-econômico baseado na gestão de informação intensiva,no
nível mundial, até a redemocratização política gradativa-
cujas regrasimpõem
um
rápido (ecomplexo)
aprendizado
no
âmbito intemo.Outros
mecanismos
de sustentação da atividade tecnológicatambém
foram
13
(PADCT)
em
1984,o que
representouuma
primeira experiência ao associar a açãogovemamental
na área deC&T
com
o mercado, especialmenteno
que diz respeito anovos
materiais, biotecnologia, quimica tina, mecânica de precisão e informática.
A
outra iniciativafoi o
Programa
de RecursosHumanos
para as Áreas Estratégicas(RHAE),
em
1988,unindo
a pesquisa de ponta à necessidade de aperfeiçoamento de pessoal técnico, tanto nos órgãosestatais quanto nas empresas privadas.
Outros obstáculos passaram a afetar a
ordem
e o prosseguimento dosprogramas
institucionais lançados,
impedindo
a sua evolução eo
seudesempenho, o que
resultouno não
alcance dos seus objetivos. Dentre os obstáculos incluem-se: a ausência de sistemas
de
acompanhamento
e avaliaçãoem
geral e,em
particular,no
CNPq;
e destaquetambém
àfragilidade de
uma
estrutura institucional dispersa enão
interativa de gestão,acompanhada
deuma
excessiva burocratização dosmecanismos
específicos de articulação entre as instâncias político -institucionais e operacionais dos programas.(Moralli,1996).As
duas iniciativas, oRHAE
e oPADCT,
tiveram na década de oitenta e noventa, importância parao
desenvolvimentoda
Ciência e Tecnologia, tantono
âmbito nacional,como
também
para o incremento de iniciativas para as pesquisas a nível estadual, construindouma
grande rede de informações tecnológicas.
O
que
resultou para a década de noventa,um
aumento no
número
de
pesquisas nas áreas atribuídas aos programas,como
a biotecnologia, aquímica fina.
O
objetivo geraldo
PADCT
foi ampliar, melhorar e consolidar a competênciatécnica nacional
em
universidades, centros de pesquisas e empresas atravésdo
financiamento de projetos integrados.Em
relação aoRHAE,
o seu objetivo geral foi de atender às empresas privadas nas áreasdo
desenvolvimento tecnológico, visando a melhoria da qualidade edo
sistema produtivo nacional. (Sobral,l994).
A
introdução de instrumentoscomo
o
Programa
deDesenvolvimento
TecnologiaIndustrial
(PDTI)
edo
PADCT,
fizeramcom
que através deles fossem canalizados recursos para as áreas consideradas prioritárias pelas agências govemamentais, distribuindo-se entre projetos escolhidos a partir deum
processo seletivo.O
PDTI
foi criado a partirda nova
política industrial, constituída pelo decreto lei n.2433,2434
e2435
de 19/05/88, que tratava, respectivamente, dos objetivos e instrumentoscontroles prévios nas exportações das mercadorias. Este instrumento mobilizou pela primeira vez, incentivos fiscais
em
apoio ao desenvolvimento tecnológico etambém
estabeleceu estímulos, e não apenas controle ao processo de transferência de tecnologia,bem como
reduções de
IOF
para atividades que visassem oaumento da
capacidade empresarialno
sentido
da
gestão tecnológica, estabelecendo vínculoscom
instituições de pesquisa e empresasprivadas.
2.1.1 - Aspectos
da
relação entre a Política Científica e Tecnológica ede desenvolvimento
econômico
O
projeto de substituição de tecnologia enfatizado nos anos setenta foimenos
eficaz
do
que o processo anterior, centradona
substituição de importação de produtosindustriais. Tal fato procedeu-se dessa
forma
porqueo
projeto de autonomia tecnológicanão
mobilizou o apoio necessário de todos os segmentos industriais e a Política Científica e
Tecnológica não conseguiu articular-se aos demais
componentes
da Politica Econômica.A
base de sustentação da Política Científica e Tecnológica na década de setenta,eram
alguns setores ligados às atividades de pesquisa e desenvolvimento nos ministérios militares e,em
menor
grau, à Secretaria de Tecnologia Industrial,bem como
acomunidade
acadêmica.O
PED
procurava associar:a proposta de autonomia tecnológica
com
a necessidade de gerar emprego,como instrumento para a criação de
um
mercado de massa capaz de garantirum
crescimento auto - sustentável. Já a política econômica não tinha amesma
preocupação do PED, que
em
processo inverso, destacava a geração de emprego a partir deuma
expansão inicial da demanda que resultavaexatamente da dinâmica do consumo das classes de renda mais alta.
(Guimarães,l993).
No
periodo de 1974/79, háuma
atenuação da contrariedade entre a PolíticaCientífica e Tecnológica e a Política Econômica.
As
duas políticasalmejavam
buscar a diminuição e a redução da dependência externa.A
política industrialdo
período passava aenfatizar medidas de incentivos ao processo de investimentos
no
país, voltados para viabilizaruma
nova
fase de substituição de importação,promovendo
a realização deuma
nova
configuração
definitivado
perfil industrialque
se desejava parao
Brasil.15
No
período seguinte, devido ao esgotamentodo
projeto de substituiçãode
importação, criou-se
uma
paralisia nos segmentosda
PolíticaEconômica,
diretamente relacionadoscom
o processo de substituição de importações,como
a política industrial,tecnológica e de comércio exterior.
O
que aconteceu éque
foidado
uma
ênfase maior às políticasmacroeconômicas
de estabilização, relacionadas à crise
extema
e fiscal e à aceleraçãodo
processo inflacionário, e diante disso,houve
uma
dificuldadeem
elaborar propostasque
representassem realmenteum
desdobramento do
esgotamentodo
processo de substituição de importação. Isto porque taldesdobramento
envolveria necessariamente orompimento do
próprio eixodo
modelo
implantado atéo
momento
etambém
uma
revisão radical de instrumentos e diretrizesda
política
econômica
quehaviam
vigorado por várias décadas.O
padrão de desenvolvimentoeconômico
brasileiro até ametade
da década deoitenta, teve
como
característica a de reforçar a tendência de uso de tecnologia importada,exceto
em
alguns setores, nos quais prevaleceuuma
lógica de política econôrnicade
longoprazo, levando a
uma
política industrial e tecnológica mais independente.O
que difere dos países desenvolvidos, que incentivaram inúmeras alianças entre os aparatos estatais e as empresas, visando a expansãoda
capacidade de inovação, principalmente nos setoresconsiderados estratégicos.
A
partir dametade da
década de oitenta,mesmo
havendo
algumas articulaçõesentre a política industrial, tecnológica e
de
comércio exterior, apenas algunspoucos
resultadosforam
alcançados, consideradoscomo
iniciativas tímidasque não
signiñcaramuma
inflexão maiorem
relação a políticaque
prevaleceu ao longo das décadas anteriores.O
ponto importanteda
década éque
na falta deuma
proposta abrangentede
política
econômica
e deC&T,
surgiuuma
proposta setorial, restrita, voltada para0
2.1.2
-
O
Sistema
Nacionalde
Ciência e Tecnologia(SNCT)
O
apoio à pesquisa e extensão até a década de setenta resultou na criação deum
sistema bastante diversificado de apoio a pesquisa,
permanecendo
de certomodo
até os dias dehoje.
Foram
criados nesse periodo:-
Novos
órgãos de apoio financeiro,como
o
FUNTEC
do
BNDE,
oFEEP,
transformadoem
seguida naFINEP
eo
FNDCT,
que
sesomaram
aoCNPq
e a
CAPES.
-
Novos
centros de pesquisa:a) públicos
como,
por exemplo, aEmbrapa,
o Centro de tecnologia Mineral,o
Centro Tecnológico Aeronáutico,o Fundação
de TecnologiaIndustrial,
o
INPE
(então IEA),na
esfera federal, eo
Instituto de Tecnologiaem
Alimentos
em
São
Paulo,o
Centro de Pesquisa eDesenvolvimento
na Bahia,o
Centro Tecnológicoem
Minas
Gerais.b)
De
empresas estatais,como
o Centro de Pesquisas eDesenvolvimento/Telebrás e o Centro de Pesquisa
de
EnergiaElétrica/Eletrobrás,
além
do
fortalecimento de Centro de Pesquisa eDesenvolvimento/Petrobrás.
c) Privados,
como
o
Centro Tecnológico de Couros, Calçados eAfins
no
RioGrande do
Sul eo
Companhia
de Desenvolvimento
Tecnológicoem
São
Paulo.d) Universitários,
como
o Coordenação
deProgramas
de Pós-Graduação
em
Engenharia,no Rio
de Janeiro e aFundação
para oDesenvolvimento
Tecnológicoda
Engenhariaem
São
Paulo.-
Novos
órgãos de articulação e definição de política tecnológica,como
a Secretaria de Tecnologia Industrial/Ministério da Industria e Comércio;novos
órgãos de controle, regulação da transferênciade
tecnologia e indução,como
o INPI
eo
Inmetro.
Em
1979,quando
surgiu a grande criseeconômica
mundial,o
SNCT
apresentava graves problemas deordem
estrutural.O
primeiro deles era a não integraçãocom
o setor17
produtivo, e a contínua dependência dos recursos públicos.
O
segundoproblema
era a faltade
propostas de Política Científica e Tecnológica
que
estivessem articuladascom
a políticaeconômica
em
curso naquelemomento.
E
o
terceiroproblema
é que, devido a crise, os paísesdesenvolvidos aceleraram o progresso técnico a nível mundial,
não
sendoacompanhados
pelos paísesem
desenvolvimento. Assim, nos anos oitenta, o Sistema Nacional de Ciência eTecnologia entra
em
crise, devido as suas próprias limitações.A
crise fiscaldo
Estado e a crisedo
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, desarticulam inúmeros programas e subsistemasque
pela falta de recursos e verbastradicionalmente alocadas aos programas de
C&T,
principalmenteno
período de 1979 a 1985, observa-seum
Sistema Nacionalde
Ciência e Tecnologia desestruturado institucionalmente.Entretanto,
em
1985,com
a criaçãodo
Ministérioda
Ciência e Tecnologia(MCT),
os recursos voltaram a aumentar, ultrapassando montantes históricos,porém
agora os recursos seriam destinados a bolsas de estudos, viaCNPq
e aoPADCT
e os recursos para a pesquisapermaneceriam
em
níveis mínimos.O
Sistema Nacionalde
Ciência e Tecnologiapermaneceu
durante toda a década deoitenta, deteriorado, agravado pela falta de recursos
do
sistema público para a pesquisana
áreade
C&T.
A
busca por novoscaminhos
não alcançaramum
maior êxito, deixando marcasque
adentraram a década de noventa.
No
entanto, apesar de não haverum
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologiaconsistente, algumas
mudanças foram
introduzidas a partirdo
PADCT,
o qualpropunha
uma
melhor
articulação das áreas de pesquisascom
o desenvolvimento deuma
estrutura laboratorial etambém
para a formação de recursoshumanos,
aomesmo
tempo propondo
uma
maior integração dos grupos de pesquisas
com
as empresas, enfatizando a tecnologia aplicadaà ciência básica e de apoio tecnológico.
2.2.
A
mudança
na concepção
das políticasde
ciência e tecnologiana
década de
noventa.N' écada
de
noventa,com
a abertura ao comércio intemacional, este passou a exigir das empresas maior esforço competitivo.A
nova
idéiaque
passa a tomar contado
A 1 z I
debate
economico no
inicioda
decada de noventa,no que
diz respeito aC&T,
visavauma
informação, qualidade, metrologia, normalização,
mecanismos
de difusão, absorção e extensãotecnológica, propriedade intelectual e treinamento.
A
questão central da década de noventa foio
envolvimento das empresascom
a tecnologia,buscando
a qualidade, a produtividade, à racionalização dos processos eo
interessepor inovações, fi'ente a
nova
dinâmica dos processos de concorrência.O
padrão decondução
da Política Cientifica e Tecnológica na década de noventa a nível mundial,tem
sidoencaminhada
porum
processo descentralizador de suas ações,com
características específicas paraum
ramo
da atividade tecnológica considerada vital para a economia,como
porexemplo
a informática, isto aconteceu a partir damudança
que
aeconomia
mundial veio sofrendocom
o acelerado progresso técnico, e da importância da rede de interações entre os produtores -
usuários e produtores
-
fomecedores.Segundo Guimarães
(1993), o progresso técnico se caracteriza:Não apenas pela alta taxa de inovação e pelo encurtamento do ciclo de vida dos novos produtos, mas também pela possibilidade de ampla e rápida difusão
das novas tecnologias
em
todo o sistema produtivo. Outra característicaimportante dessa nova etapa de progresso técnico é seu impacto do ponto de
vista da redução da demanda de trabalhadores não - qualificados e semi -
qualificados,
bem
como da redefinição do perfil da mão - de - obraqualificada requerida.
Mas
também devido a introdução e crescente difusãodo novo paradigma organizacional e a crescente internacionalização das
indústrias e mercado.
As
novas tecnologias e as recentes tendências à flexibilização nos processos deprodução abrem
àseconomias
vantagens competitivas,em
nichoscom
alto conteúdo tecnológicol Para tanto, criaram-se arranjos institucionais atravésda
formulação de parceriascom
universidades, institutos de pesquisa e empresasdo
setor produtivo, orientando e incentivando a cooperação entre as empresas.Atualmente, os instrumentos utilizados pelos países desenvolvidos relacionados a
política de competitividade estão fundamentadas
no
tripé: descentralização das políticas,cooperação entre os diversos agentes e mobilização coordenada das diversas instâncias responsáveis, e
podem
ser resumidasem
quatro categorias: poder decompra do
setor público; intervenção direta para a reestruturação de setores, sob leisou
regulamentos temporários; requisitosde
desempenho
para o investimento de risco estrangeiro; subvenções, incentivos e auxílios fiscais - financeiros, diretos e indiretos.(Cassiolato,1996).19
A
Politica Científica e Tecnológica dos anos noventa se defrontoucom
ainflexao
na orientação das políticas industriais e de comércio exteriordo
país. Essa inflexão envolveu aredefinição dos objetivos e diretrizes centrais dessa política e,
em
decorrência, dosinstrumentos e
mecanismos
utilizados, caracterizandouma
rupturacom
a experiência passada de substituição de importação e apontando parauma
nova
estratégia de crescimento econômico. (Guimarães, 1993).Na
década de noventa, anova
politica industrial iniciouum
movimento
visando desmontaro
sistema de proteção e incentivos construídos ao longo das décadas anteriores.Contudo, envolveu
também
uma
revisão na política de informática implicando na alteração imediata de algumas das práticas e restrições vigentes,o que
significouno compromisso
firme quanto à extinção efetiva
do mecanismo
de reserva demercado no
prazo previsto,com
a suspensão das proibições às importações ecom
a admissão da presença deempresas
estrangeiras
no
setor.A
nova
Política Industrial e deComércio
Exterior introduzidaem
1990
vai deslocar seu eixo central, que antes era a da expansãoda
capacidade produtiva para a questãoda
competitividade,dando
também
uma
ênfase maior para as formas de atuaçãodo
govemo
naregulação da atividade econômica, procurando utilizar de
forma
mais eficaz as forçasdo
mercado no que
se refere ao incentivo para amodemização
tecnológica de toda a cadeia produtiva, edo
aperfeiçoamento das novas formas de organização da produção e da gestãodo
trabalho.
2.3
As
políticasde
estímulo à tecnologia nosanos
noventa.As
diretrizesda
politica industrial e de comércio exterior (PICE),foram
anunciadas a partir da década de noventa,
definindo
também
quais seriam as metas setoriais(Programa de Competitividade Industrial
-
PCI, fevereiro/ 1991),que
segundoSuzigam
(1992), tiveram:
As políticas instrumentais organizadas de
modo
a, porum
lado, acirrar acompetição interna, e por outro, estimular a competitividade por meio do
apoio - financiamento, incentivos fiscais e recursos orçamentários - à
capacitação tecnológica (Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica -
PACT, setembro/ 1990), à melhoria da qualidade e aumento da produtividade
(Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade - PBQP, novembro/ 1990)
estrutural, setorial e empresarial (PCI). As políticas estruturantes estavam
contidas nas próprias diretrizes e nos dois programas principais (
PACT
ePCI), estabelecendo metas de gastos
em
ciência e tecnologia, reforma dapolítica educacional
com
ênfase no ensino básico, programação deinvestimentos públicos
em
infra-Oestrutura, desregulação dos serviçosportuários.
Segundo
a Política de Competitividade Industrial, a competitividade estrutural estadeterminada pelo fiincionamento das estruturas de suporte da economia, das condições gerais
do
ambientemacroeconômico,
da funcionalidadedo
aparato regulatório edo
custo dos fatoresextemos
às empresas.Depende
essencialmente das políticasdo
poder públicoem
todos osníveis.
A
competitividade setorial, segundo o Política de Competitividade Industrial (PCI)são determinadas pelas vantagens comparativas naturais, adquiridas e potenciais, e pelo
dinamismo
dos diferentes setoresda
economia. Representandoum
critério básico para orientaro
processoda
modemização
e especialização daeconomia
brasileira dependenteda
açãocombinada
das políticas de desenvolvimento e estratégias das empresas.Em
relação a competitividade empresarial, esta passa a ser determinada pela capacitação gerencial e tecnológica das empresas e pela adequação de suaconfiguração
acionária,
em
termos de escala e grau de verticalização.Depende
essencialmenteda
direção das empresas,cabendo
ao poder público políticas gerais de desenvolvimento.Para tal
programa
de competitividade setomar
eficazem
suas ações, ogoverno
propunha
algumas
medidasem
quatro áreas distintas: (a) investimento privado, que engloba aconcessão de beneficios fiscais e creditícios,
que
devem
ser apreciados pelo Congresso (IPI) e outros concedidos pelas agências oficiais de crédito; (b) nas exportações, quetambém
propõem
incentivos fiscais a serem definidos, e outros incentivos creditícios, estabelecidosapós a aprovação
do
Congresso,como
ochamado
Proex,que
atua atravésdo financiamento
direto para serviços e via desconto de títulos relativos à exportação de bens; (c) na educação
cujas condições educacionais
no
Brasil atual são calamitosas; e por último (d) na tecnologia, constituindouma
das prioridades daPICE,
tendo dois outros programas oPACT
e oPBQP.
O
objetivo centraldo
PACT
foi o de elevar os gastos nacionaisem
C&T,
direcionando tais gastos para atividades tecnológicas industriais, aomesmo
tempo,aumentando
a participaçãodo
setor privadono
seu funcionamento. Isto seria feito21
formação
de recursoshumanos,
e difusão demétodos
de gestão tecnológica, e amodemização
da infra-estrutura tecnológica, e
também
visando a sua capacitação tecnológica.O
programa
também
previa incentivos fiscais e créditos de agências federais de desenvolvimento(BNDES
e Finep ), concedidos para atividades feitas pelas empresasou
porelas contratadas a terceiros,
recomendando
o usodo
poder decompra do
Estadocomo
instrumento de indução de atividades tecnológicas pelas empresas privadas, muitoembora
as restrições orçamentárias destas empresas eo programa
de privatização limitemo
alcance dessa medida.De
acordocom
Erber ( 1992) oPACT
, constata-se que:a capacidade de inovar das empresas brasileiras não tem acompanhado o dinamismo
com
que se deu o processo de industrialização. Pouca importânciase atribuiu no Brasil à assimilação efetiva de tecnologia importadas, aí
entendida a capacidade não apenas de se reproduzir produtos e processos
industriais mas também de introduzir modificações relevantes. Mais ainda,
com
a exceção de alguns segmentos específicos, pouco esforço tem sido feitopara a geração endógena de tecnologia.
O
Programa
Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP
), caracteriza-se porum
esforço de mobilização e articulaçãodo
govemo
com
a sociedade,em
tomo
das questões relacionadascom
o incremento da qualidade dos bens e serviços produzidosno
país edo
aumento
da produtividadeem
todoo
ambiente econômico. (Erber, 1992 ).Atualmente a adoção de
algumas medidas
para incentivar a competição industrial,seriam aquelas
em
que ogovemo
postulauma
interferênciamínima
do
Estadona
vida econômica, visando deixar as forçasdo mercado
atuarem livremente, cujos os resultadosde
tais atitudes são a extinção de órgãos
que
faziam o controle de entrada defirmas ou
produtosno
mercado, etambém
a extinção de instrumentos de barreiras à saída de firrnas.O
programa
de privatização das empresas estatais brasileiras surgiucomo
sendoo
pontomáximo
do
processo de retiradado
Estadoda
economia, deixando a livre concorrência atuar deforma
mais abertano
mercado.Conforme
diretrizesda PICE,
oprograma de
privatização visava
também
uma
diminuiçãodo
déficit público, repousandono
fato deque
asempresas privatizadas serão necessariamente
melhor
administradasdo que
sob a gestão estatale
que
os oligopólios mistosou
privados seriam mais eficientes,o que
traduziria esta eficiência2.3.1
-
Sistema Nacional
de
Ciência e Tecnologiana década de 90
A
década de noventa, parao
Brasil,começava
com
inúmeras transformaçõesde
ordem
politica e econômica.Nesse
contexto, a situaçãodo
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia já se encontrava desde a década de oitenta deteriorado, tendo a sua situação aindamais agravada pela falta de recursos, visando a
promoção da
ciência e da tecnologia.Durante todo o processo de desenvolvimento
econômico do
Brasil, as empresasestatais
foram
asque
apresentaramuma
preocupação maiorcom
os investimentos para ageração e absorção de tecnologia,
em
relação as empresas privadas.As
empresas privadasdetinham
um
papel secundário nesse processo, apesar deo
govemo
estabelecermecanismos
que
estimulassemo
seu envolvimentono
esforço tecnológico:como
instrumentos fiscais;financeiros; de apoio direto e de regulação.
O
Sistema Nacionalde
Ciência e Tecnologia foi concebidocomo
sendoum
amplo
e
bem
diversificado sistema público deC&T.
Porém
continua muito distanteda
esfera produtiva edo
mundo
das empresas privadas. Contudo,o
Sistema Nacionalde
Ciência eTecnologia
não
deve ser deixado de lado, pois é consideradocomo
um
importante instrumentoinstitucional
no
âmbitoda
esfera produtiva nacional,onde
desempenha
um
papel de condutordo
sistema tecnológico brasileiro.Mas
para isso acontecer será necessário a criação demecanismos que
reforcem e preservemo
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia,como
sendo
uma
extensa base de recursos materiais ehumanos, que
estariamem
permanente
evolução para manter o passocom
os mais avançados centros de pesquisado'mundo.
Tendo
também
como
objetivo aumentar ovolume
dos recursos para a área deC&T
ampliando as relaçõescom
os sistemas privados.Com
relação aos sistemas privados, neles seriam realizadosum
tipo de pressão para perceberem a importância da questão tecnológica,como
um
fator decompetitividade das empresas. Assim, elas incorporariam
em
suas atividades práticasque
levariam a