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Interrelação entre os níveis de intensidade da atividade física durante a semana e fim-de-semana com a aptidão física e adiposidade

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Academic year: 2021

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INTERRELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE INTENSIDADE DA

ATIVIDADE FÍSICA DURANTE A SEMANA E FIM-DE-SEMANA

COM A APTIDÃO FÍSICA E ADIPOSIDADE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINO BÁSICO E SECUNDÁRIO

EMERSON SAMUEL JESUS CARTAXO

ORIENTADOR – Prof. Doutor Manuel João Coelho e Silva

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EMERSON SAMUEL JESUS CARTAXO

INTERRELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE INTENSIDADE DA ATIVIDADE

FÍSICA DURANTE A SEMANA E FIM-DE-SEMANA COM A APTIDÃO

FÍSICA E ADIPOSIDADE

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 2016

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Emerson Cartaxo ii

Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), no DEP – ECHS, como parte integrante do processo de avaliação para grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob orientação do Prof. Doutor Manuel João Coelho e Silva.

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Emerson Cartaxo iii

Agradecimentos

Na conclusão da presente dissertação de mestrado não posso deixar de agradecer a quem colaborou, de alguma maneira, direta ou indiretamente, para a realização deste trabalho, pois só com esse contributo, este trabalho se tornou realidade. Deste modo, não poderia deixar de expressar os meus sinceros e profundos agradecimentos, nomeadamente:

Ao Professor Doutor Manuel João Coelho e Silva pela orientação e confiança em mim depositada neste estudo. Foi o responsável pela conceção inicial do projeto, esboço e estrutura deste estudo, promovendo diversas reuniões que serviram para transmissão de conhecimentos, informações, explicações e referências bibliográficas essenciais nas várias etapas do processo de construção da dissertação.

A todos os alunos participantes que demonstraram sempre empenho, pois sem eles, este trabalho não era realizável.

À direção, docentes, principalmente de Educação Física, não docentes e encarregados de educação do Colégio Nossa Senhora da Assunção, por toda a colaboração, compreensão, disponibilidade e apoio na aplicação dos testes e recolha dos dados necessários ao estudo.

Aos meus pais que sempre me apoiaram e a eles lhes devo a minha formação académica. À minha irmã que sempre se mostrou disponível com inúmeros incentivos.

À minha companheira, pela paciência carinho e encorajamentos na realização deste estudo.

Aos meus amigos, que sempre se mostraram disponíveis para algo que fosse necessário.

Ao meu amigo colega de curso, Rui Nunes, pela rigorosa leitura e correção da tese.

Em memória do meu irmão, que sempre esteve presente, de alguma forma, nos meus momentos de desilusão e desistência e só com a força dele, consegui superar as adversidades e concluir o meu mestrado.

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Emerson Cartaxo iv

Índice Geral

Agradecimentos ... iii

Índice de Figuras ... vi

Índice de Tabelas ... vii

Lista de Abreviaturas ... viii

Resumo ... x

Abstract... xi

1. Introdução ... 1

1.1. Enquadramento ... 1

1.2. Apresentação do Problema ... Erro! Marcador não definido. 1.3. Objetivos do Trabalho ... 5 1.3.1. Objetivo Geral ... 5 1.3.2. Objetivo Específico ... 6 1.3.3. Pertinência de Estudo ... 6 2. Revisão da Literatura ... 7 2.1. Aptidão Física ... 7

2.1.1. Aptidão Física Associada À Saúde ... 8

2.1.2. Aptidão Física Associada À Performance ... 9

2.1.3. Bateria de Testes e Projetos ... 10

2.1.4. Testes de Aptidão Cardiorrespiratória ... 11

2.2. Atividade Física ... 12

2.2.1. Questionários ... 14

2.2.2. Diários... 14

2.2.3. Acelerómetros ... 14

2.3. Acelerometria ... 15

2.3.1. Conversão em Níveis de Intensidade ... 16

2.3.2. Problemas Metodológicos ... 17

2.4. Gradiente Rural Urbano ... 20

2.5. Estatuto Socioeconómico ... 21 2.6. Tendência Secular ... 22 3. Metodologia ... 24 3.1. Caraterização da Amostra ... 24 3.2. Procedimentos ... 24 3.2.1. Variáveis ... 25 3.2.1.1. Antropometria ... 25 3.2.1.2. Aptidão Física ... 27

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Emerson Cartaxo v 3.2.1.3. Atividade Física ... 28 3.2.1.4. Instrumentos Utilizados ... 30 3.3. Desenho Experimental ... 30 3.4. Tratamento Estatístico... 32 4. Análise de Resultados ... 33

4.1. Distribuição da Amostra por Sexo e Idade ... 33

4.2. Estatísticas Descritivas e Comparativas das Variáveis da Antropometria ... 34

4.2.1. Estatísticas Descritivas... 34

4.2.2. Estatísticas Comparativas ... 35

4.3. Estatísticas Descritivas e Comparativas das Variáveis da Aptidão Física ... 35

4.3.1. Estatísticas Descritivas... 35

4.3.2. Estatísticas Comparativas ... 36

4.4. Estatísticas Descritivas e Comparativas das Variáveis da Atividade Física ... 36

4.4.1. Estatísticas Descritivas... 36 4.4.2. Estatísticas Comparativas ... 38 5. Discussão ... 39 6. Conclusões ... 46 7. Bibliografia ... 48 8. Anexos ... 60

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Emerson Cartaxo vi

Índice de Figuras

Figura 2.1 – Estrutura e componentes da aptidão física ... ...7 Figura 2.2 – Componentes da aptidão física associada à saúde ... ……..8 Figura 3.1 – Fases do trabalho em estudo ... ……. 31 Figura 4.1 – Jovens classificados em relação à adiposidade (normoponderais e sobrepesados e obesos), determinados através dos valores de corte do IMC (Cole et al., 2000), para o sexo o sexo masculino... ……. 34 Figura 4.2 – Jovens classificados em relação à adiposidade (normoponderais e sobrepesados e obesos), determinados através dos valores de corte do IMC (Cole et al., 2000), para o sexo feminino…... ……. 34 Figura 4.3 – Jovens classificados em relação à aptidão física (aptos e inaptos), determinados através dos valores de corte do PACER, (fitnessgram, 2002) para o sexo masculino ... ……. 36 Figura 4.4 – Jovens classificados em relação à aptidão física (aptos e inaptos), determinados através dos valores de corte do PACER, (fitnessgram, 2002) para o sexo feminino ... ……. 36 Figura 5.1 –Variação pelos dias da semana dos dias considerados inválidos (<600 minutos de tempo de registo), inativos (<60minutos de atividade física moderada e vigorosa) e ativos (>60 minutos de atividade física moderada e vigorosa), para o sexo masculino ... ……. 41 Figura 5.2 –Variação pelos dias da semana dos dias considerados inválidos (<600 minutos de tempo de registo), inativos (<60minutos de atividade física moderada e vigorosa) e ativos (>60 minutos de atividade física moderada e vigorosa), para o sexo feminino ... ……. 41 Figura 5.3 – Média dos minutos no total dos dias de semana de atividade física moderada e vigorosa para alunos normoponderais e sobrepesado e obesos, para o sexo masculino ... ……. 43 Figura 5.4 – Média dos minutos no total dos dias de semana de atividade física moderada e vigorosa para alunos normoponderais e sobrepesado e obesos, para o sexo feminino ... ……. 43 Figura 5.5 – Média dos minutos no total dos dias de semana de atividade física moderada e vigorosa para alunos aptos e inaptos, para o sexo masculino ... ……. 44 Figura 5.6 – Média dos minutos no total dos dias de semana de atividade física moderada e vigorosa para alunos aptos e inaptos, para o sexo feminino ... ……. 44 Figura 5.7 – Média dos minutos no total dos dias de fim-de-semana de atividade física moderada e vigorosa para alunos normoponderais e sobrepesado e obesos, para o sexo masculino ... ……. 44 Figura 5.8 – Média dos minutos no total dos dias de fim-de-semana de atividade física moderada e vigorosa para alunos normoponderais e sobrepesado e obesos, para o sexo feminino. ... 45 Figura 5.9 – Média dos minutos no total dos dias de fim-de-semana de atividade física moderada e vigorosa para alunos aptos e inaptos, para o sexo masculino. ... 45 Figura 5.10 – Média dos minutos no total dos dias de fim-de-semana de atividade física moderada e vigorosa para alunos aptos e inaptos, para o sexo feminino ... 45

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Emerson Cartaxo vii

Índice de Tabelas

Tabela 3.1 – Caraterização da amostra ... 24 Tabela 3.2 – Valores internacionais de corte do IMC para classificar o sobrepeso e a obesidade em crianças com idades entre os 2 e> 18 (Cole et al., 2000) ... 26 Tabela 3.3 – Valores Fitnessgram da prova PACER para Zona Saudável da Aptidão Física (Fitnessgram, 2002) ... 27 Tabela 3.4 – Níveis de intensidade de atividade física (Freedson et al., 1998) ... 29 Tabela 3.5 – Valores de corte propostos para avaliar crianças e jovens (Freedson et al., 2001/Trost, 2002) ... 29 Tabela 4.1 – Frequência e percentagem da amostra por sexo e idade. ... 33 Tabela 4.2 – Estatística descritiva para a totalidade da amostra (n=112) relativamente às variáveis antropométricas. ... 34 Tabela 4.3 – Estatística descritiva e comparativa para o sexo masculino (n=43) e feminino (n=69) nas variáveis antropométricas. ... 35 Tabela 4.4 – Estatística descritiva para o total da amostra (n=112) relativamente à aptidão física. ... 35 Tabela 4.5 – Estatística descritiva e comparativa para o sexo masculino (n=43) e feminino (n=69) na variável da aptidão física. ... 36 Tabela 4.6 – Estatística descritiva para o total da amostra (n=112) nas variáveis da atividade física. ... 37 Tabela 4.7 – Estatística descritiva e comparativa para o sexo masculino (n=43) e feminino (n=69) nas variáveis da atividade física. ... 38

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Lista de Abreviaturas

AAHPERD - American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance cm – Centímetros

FITNESSGRAM – The Cooper Institute for Aerobics Research

g – Gramas

IMC – Índice de Massa Corporal kg – Quilogramas

m - Metros

MET – Equivalente Metabólico min – Minutos

ml – Mililitros mm - Milímetros n – Número de amostra O2 - Oxigénio

PACER - Progressive Aerobic Cardiovascular Endurance Resistance

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro VO2máx – Consumo de oxigénio máximo

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Resumo

Prevalece um aumento da inatividade física entre crianças e adolescentes (OMS, 2012). Com o presente estudo pretende-se examinar o nível de interassociação, que se estabelece entre domínios da avaliação em Educação Física como sejam a corpulência, a adiposidade e a aptidão cardiorrespiratória, com os níveis de intensidade de atividade física, no seu conjunto e desagregada entre os dias da semana e os dias de fim-de-semana.

A amostra foi eleita por 69 jovens do sexo feminino e 43 do sexo masculino, totalizando 112 alunos. As suas idades estão compreendidas entre os 13 e os 16 anos de idade e frequentavam o 8º, 9º e 10º ano de escolaridade. Para avaliar a atividade física, foi utilizado o acelerómetro uniaxial ActiGraph (GT1M model), para avaliação da adiposidade foi calculado o IMC (Cole et al, 2000) e para avaliação da aptidão física, foi utilizada a prova de aptidão cardiorrespiratória, o PACER (Fitnessgram, 2002).

Após análise de resultados podemos concluir que: 1) os valores mais altos despendidos em atividades de intensidade moderada e vigorosa foram observados durante a semana e os mais baixos durante o fim-de-semana, em contraste dos comportamentos sedentários e dias inválidos, que aumentam durante este último período; 2) no sexo feminino predomina uma equivalência relativa entre as participantes ativas e inativas durante os dias de semana; 3) a caraterização da intensidade das atividades físicas realizadas durante a semana indica que os jovens do sexo masculino são mais ativos pois atingem uma média de intensidade moderada e vigorosa superior ao sexo feminino; 4) durante o fim-de-semana não existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois sexos. No entanto, os sujeitos normoponderais do sexo masculino estão envolvidos em mais atividade física moderada e vigorosa em relação aos jovens masculinos sobrepesados/obesos. No sexo feminino, são as jovens sobrepesadas/obesas que realizam mais atividade física moderada e vigorosa em relação às jovens femininas normoponderais.

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Abstract

It has been reported a decrease in physical activity among children and adolescents (WHO, 2012). The focus of this study will be set on the level of interassociation established between the evaluation domains in PE such as physical built, adiposity and cardiorespiratory fitness, and the levels of physical activity as a whole and split between weekdays and weekends.

The chosen sample was constituted by 112 students, being 69 female and 43 male. The age range was between 13 and 16 years old and they attended years 8, 9 and 10. The actigraph uniaxial accelerometer was used to assess their physical activity (GT1M model), their adiposity was assessed based on their BMI (Cole et al, 2000) and their physical fitness was assessed based on a cardiorespiratory fitness test, PACER (Fitnessgram, 2002).

After an analysis of the results one might conclude: 1) it was during the week that the highest values were reached in activities of moderate and vigorous intensity and the lowest during the weekend, in opposition to sedentary behaviour and invalid days, which increase in the latter; 2) among female participants there is a relative equivalence between those who are active and inactive during the weekend; 3) when describing the intensity of physical activity during the week it becomes apparent that the male participants are more active because they reach a higher average of moderate and vigorous activity than the female participants; 4) during the weekend there are no statistically relevant differences between the two sexes. Nevertheless, normal weight male subjects are involved in more moderate or vigorous physical activity than overweight/obese ones. Among the female subjects, the overweight/obese adolescents practice more moderate and vigorous physical activity when compared to normal weight ones.

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1.

Introdução

1.1.

Enquadramento

Este trabalho enquadra-se no âmbito do estudo da aptidão física, saúde e atividade física em populações pediátricas, em meio urbano com contexto escolar e estatuto socioeconómico favorável.

1.2.

Apresentação do Problema

O aumento da idade na segunda década de vida é usualmente associado a uma diminuição da atividade física (Luke e col., 1997). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, prevalece um aumento da inatividade física entre crianças e adolescentes (OMS, 2012). Dois terços das crianças e jovens não revelam níveis de atividade física que se vejam benéficos para a saúde (OMS, 2003). A inatividade física é considerada a quarta principal causa de morte a nível mundial, falecendo anualmente, devido a esta causa, 1.9 milhões de pessoas (OMS, 2010).

As crianças e os adolescentes não criam ou não encontram oportunidades suficientes para atingirem um nível apropriado de atividade física na sua vida quotidiana, nas atividades escolares ou na participação voluntária em atividades desportivas durante os seus tempos livres (Piéron, 1998). As crianças despendem grande parte do tempo livre em atividades sedentárias, assistindo a programas de televisão, a brincar com jogos eletrónicos e a ouvir música (Ross e col., 1987). As crianças e jovens não parecem estar a desenvolver padrões de atividade física e aptidão física que lhes permitam manter um estado saudável em adultos. Esta atividade física e aptidão têm-se deteriorado significativamente ao longo dos últimos 10 a 20 anos (Malina, 1995).

Existe uma tendência de diminuição de atividade física e aptidão física em todas as idades e ambos os sexos, porém, apesar de já se terem construído muitas evidências, existem ainda dúvidas por esclarecer no que respeita às questões relacionadas com a atividade física, aptidão física e saúde em geral durante a infância e adolescência (Caspersen e col., 1998). As razões apontadas para explicar este declínio da atividade física e participação desportiva passam pelas exigências sociais, como a pressão com os desempenhos académicos, a transição para o mercado de trabalho ou simplesmente o aparecimento de outras orientações (Malina e Bouchard, 1991; Sallis, 2000; Coelho e Silva e col., 2003).

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A revolução industrial foi o facto mais acentuado para que o homem moderno adotasse um estilo de vida sedentário. A mecanização também tem diminuído a energia humana requerida, inclusive no trabalho na lavoura (Montoye e col., 1996). Este progresso social, que tem como pilar o avanço tecnológico, implicou novas formas de atividade laboral, diminuindo a atividade motora e refletindo-se num aumento de hábitos sedentários (Montoye, 1999).

O sedentarismo está interligado com as doenças cardiovasculares, que são neste momento a principal causa de morte do mundo (OMS, 2011). A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida, se atuarmos no estilo de vida das pessoas e tivermos em conta alguns fatores de risco tais como o tabagismo, a dieta não saudável, a obesidade, o sedentarismo, a hipertensão arterial, a diabetes e a componente lipídica (OMS, 2013). Fatores de risco associados a doenças coronárias, hipertensão e osteoporose, têm início na infância e estão relacionados com estilos de vida sedentários (Reilly e col., 2003).

A obesidade é o acumular de gordura corporal, uma decorrência da somatória dos fatores genéticos e ambientais, (ADA, 2002). Excesso de massa gorda, em relação a massa corporal, carateriza a obesidade, que está relacionada com doenças tais como: elevados níveis de colesterol sanguíneo, hipertensão, osteoartrite, diabetes, acidente vascular cerebral, vários tipos de cancro, doenças coronárias, além dos problemas psicológicos e sociais (Bouchard e col., 1991). É uma condição complexa de dimensões sociais, biológicas e psicossociais consideráveis, podendo eventualmente, afetar qualquer pessoa de qualquer idade ou grupo socioeconómico, em qualquer parte do mundo (IOFT, 2002).

Num quadro generalizado de aumento da obesidade na população adulta e no risco inerente de crianças obesas e não obesas se tornarem adultos obesos, importa realizar uma avaliação precoce da obesidade (Sardinha e col., 2000). Esta deve ser periódica independentemente do contexto, idade, género ou etnia já que as razões estéticas e os desempenhos atléticos não são compatíveis com a saúde, sendo importante evitar desvios relativamente a uma composição corporal saudável (Sardinha, 1997). A avaliação da composição corporal em populações pediátricas permite identificar grupos de intervenção, para prevenção da doença coronária, estimulando os sujeitos para um estilo de vida mais ativo, e ainda prescrevendo programas dietéticos equilibrados (Sardinha e col., 2000).

O Índice de Massa Corporal (IMC) é largamente utilizado na literatura como um indicador de obesidade (Jebb e Moore, 1999). O IMC tem sido mundialmente utilizado para medir obesidade em adultos e também o suporte para o utilizar em crianças e adolescentes está a aumentar progressivamente (Cole e col., 2000) visto correlacionar-se com a gordura

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corporal e fatores de risco para a saúde em crianças e adolescentes (Must e Strauss, 1999). A Organização Mundial de Saúde também recomenda a utilização do IMC, como um indicador do desenvolvimento físico. Este índice é baseado no produto entre a divisão da massa corporal com a altura (OMS, 1985).

Aptidão Física tem sido definida como (…)

“(…) a capacidade de realizar as atividades físicas, sendo dependente de características inatas e/ou adquiridas por um indivíduo”

(Caspersen e col., 1985). É a capacidade para realizar de forma satisfatória determinada tarefa muscular ou motora. Pressupõe a obtenção de um estado de adaptação e uma tolerância à fadiga que permita a realização de determinada tarefa – teste sem perda significativa de eficiência muscular (OMS, 1985). Pode ser associada à saúde ou à performance desportiva (Caspersen e col., 1985).

A saúde é definida como a ausência de doenças, um adequado bem-estar físico, mental e social, manutenção de um estilo de vida saudável do indivíduo, para além de ser capaz de identificar e realizar as suas aspirações, de satisfazer as suas necessidades e de mudar ou adaptar-se ao meio ambiente (OMS,1999). Assume duas visões distintas, a positiva e a negativa, onde a primeira entende a “capacidade de desfrutar a vida e assumir desafios” e a última associa-se “com a morbilidade e, no extremo, com a mortalidade” (Bouchard e col., 1994).

A aptidão física associada à saúde conceptualiza-se pela capacidade de desenvolver as atividades do quotidiano/diárias com vigor e também pela realização de atividades associadas a um baixo risco de desenvolvimento de doenças hipocinéticas (Pate, 1988). Hipocinesia está relacionada com várias doenças crónico-degenerativas, como: acidente vascular cerebral, câncer, obesidade, osteoporose, cardiovascular, diabetes e hipertensão (Pate, 1988; ACSM, 1996; Montoye e col., 1996). Os componentes da aptidão física englobam diferentes dimensões, podendo voltar-se para a saúde e abrangendo um maior número de pessoas, valorizando as variáveis fisiológicas como potência aeróbica máxima, força, flexibilidade e composição corporal (Shephard e Balady, 1999). O Fitnessgram é um programa de educação e avaliação da aptidão física associada à saúde, cuja avaliação funciona como elemento motivador para a atividade física, de forma regular, ou ainda como instrumento cognitivo para informar as crianças e jovens acerca das implicações que a aptidão física e a atividade física têm para a saúde (Fitnessgram, 2002).

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O Desporto é definido como todas as formas de atividades físicas que, através de uma participação organizada ou não, têm por objetivo a expressão ou o melhoramento da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de resultados na competição a todos os níveis (COM, 2007).

A aptidão física associada à performance desportiva está relacionada com a capacidade de realização ótima de trabalho muscular, com contributos excelentes ao nível do desempenho das tarefas do quotidiano, na prática desportiva e na maximização da performance atlética (Shephard, 1995).

Atividade física é definida como (…)

“(…) qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em dispêndio energético acima do estado de repouso “

(Caspersen e col., 1985). O conceito abrange todas as atividades realizadas nas deslocações, nas tarefas diárias, no trabalho, na escola e nas atividades lúdicas (Pate, 1995). Já o exercício físico é uma subcategoria da atividade física que é planeada, estruturada, na qual são efetuados movimentos corporais (Caspersen e col., 1985).

Para o Centers for Desease Control and Prevention a atividade física pode melhorar o desempenho académico dos alunos, nomeadamente no aumento dos conhecimentos académicos, na melhoria das classificações, do comportamento, da concentração e da atenção em sala de aula (CDC, 2010). A pesquisa sobre o comportamento do cérebro indica que o desenvolvimento cognitivo, ocorre conjuntamente com o desenvolvimento motor (CDC, 2010). O exercício físico pode afetar a fisiologia do cérebro, aumentando: crescimento capilar cerebral; fluxo de sangue; oxigenação; a produção de neurotoxinas; crescimento de células nervosas no hipocampo; níveis de neurotransmissores; desenvolvimento de conexões nervosas; densidade da rede neural e volume de tecido cerebral. Acrescenta que estas alterações fisiológicas parecem estar associadas a melhoria na atenção, no processamento da informação, armazenamento e recuperação, na capacidade de superação e afetividade (CDC, 2010).

Mais de 30 técnicas diferentes têm sido utilizadas para estimar a atividade física e o gasto energético, mas é necessário levar em consideração fatores importantes ao escolher o instrumento que será utilizado num estudo (Freedson e Melanson, 1996). O uso de acelerómetros tem sido sugerido, por serem sensores de movimento sensíveis à variação na

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aceleração do corpo num ou em três eixos e, por isso, capazes de medir direta e objetivamente a frequência, intensidade e duração dos movimentos referentes à atividade física (Montoye e col., 1996).

Na Educação Física, os aspetos que diferenciam os alunos dos vários estratos sociais, como as competências linguísticas, modelos de vida e o ambiente cultural e familiar, não exercem uma influência determinante nos seus processos de pensamento, nem são decisivos na construção das suas aprendizagens (Pereira, 2012). Carateriza-se esta atualmente por fazer parte dos programas educativos de praticamente todos os países do mundo e apresenta-se como uma área fundamental para a educação integral de um indivíduo. Tem tido uma afirmação progressiva ao longo dos tempos, fruto da sua importância pedagógica e da relevante função que desempenha no processo educativo, mas também pelo facto de lhe ser reconhecida um papel significativo em todas as culturas (Bento, 2005). Pode oferecer o seu contributo importante no que concerne à aquisição de um estilo de vida saudável, em que a atividade física e as práticas desportivas sejam incorporadas num estilo de vida saudável e se valorize a sua relação com a saúde (Costa, 1997).

1.3.

Objetivos do Trabalho

1.3.1. Objetivo Geral

O objeto da Educação Física, unidade curricular de todos os níveis de ensino (1º ciclo, 2º ciclo, 3º ciclo, secundário), compreende metas que se traduzem em conteúdos que ora consideram os elementos técnico-táticos das principais modalidades desportivas como o futebol, basquetebol, andebol, voleibol, patinagem, ginástica, atletismo, ora integram aspetos de educação moral correlatos do espírito desportivo e “fair-play”, ou ainda o desenvolvimento do conhecimento e competências relacionadas com o corpo. Como qualquer unidade curricular, a Educação Física é alvo de uma organização de conteúdos, objetivos, metas e tem à sua disposição instrumentos de avaliação diagnóstica, formativa e sumativa. Ora, uma das questões que concorrerá para a aferição da importância curricular da Educação Física prende-se com o valor preditivo da sua classificação, para um estilo de vida concordante com as recomendações emitidas pelas organizações de saúde e que apontam para a adoção de um mínimo diário de porção moderada e vigorosa.

Com o presente estudo pretende-se examinar o nível de interassociação, que se estabelece entre domínios da avaliação em Educação Física como sejam a corpulência, a

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adiposidade e a aptidão cardiorrespiratória, com os níveis de intensidade de atividade física, no seu conjunto e desagregada entre os dias da semana e os dias de fim-de-semana.

1.3.2. Objetivo Específico

Neste estudo, com base na acelerometria, pretendemos alcançar os seguintes objetivos específicos:

1. Determinar o tempo diário dispendido em comportamentos sedentários e atividade física;

2. Caracterizar a variação da atividade física de intensidade ligeira moderada e vigorosa;

3. Verificar o percentual da variação da atividade física ligeira moderada e vigorosa relativamente ao tempo associado da atividade física.

1.3.3. Pertinência do estudo

A revolução industrial e a globalização provocarm alterações nos hábitos alimentares e estilo de vida da população mundial. A urbanização originou um declínio da atividade física do ser humano, o que originou que se desenvolvessem comportamentos sedentários, que causaram grandes danos no setor da Saúde, porque com os comportamentos sedentários, advêm as doenças cardiovasculares, entre elas a obesidade que aumentou nas últimas décadas para números alarmantes, para a população pediátrica.

O controlo da aptidão física e adioposidade, com os dados do IMC e PACER respetivamente, são os métodos de terreno utilizados pelos profissionais de Educação Física para realizarem o rastreio atempado de determinados fatores de risco, já que permite uma análise do progresso da corpulência da criança. Interrelacioná-los com os níveis de intensidade da atividade física, possibilita ter uma visão mais específica desse mesmo controle da criança.

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2.

Revisão da Literatura

2.1 – Aptidão Física

A Aptidão Física é a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor e em estado de alerta, sem fadiga e com energia suficiente para desfrutar de atividades de lazer e responder às emergências. Um estado de bem-estar psicológico, associado a um baixo risco de desenvolvimento prematuro de doenças e à capacidade para realizar uma variedade de atividades físicas com energia (President’s Council on Physical Fitness and Sport, 2008). Duma forma geral e mais consensual, a aptidão física é definida como a capacidade de realizar tarefas diárias sem acumulação excessiva de fadiga e com um considerável dispêndio energético em atividades de lazer e stress físico em situações de necessidade (American Academy of Physical Education, 1979). A aptidão física traduz-se num conjunto de atributos que podem ser associados com a saúde (capacidades cardiorrespiratórias, resistência e força musculares, flexibilidade e composição corporal) ou simplesmente com o domínio de técnicas de prestação motora (equilíbrio, agilidade, velocidade e coordenação) (Caspersen e col., 1985). A figura 2.1 apresenta a estrutura e componentes da aptidão física (Caspersen e col., 1985).

Figura 2.1 – Estrutura e componentes da aptidão física

Fonte: Caspersen et al.,1985

A aptidão física pode ser 1) estática, pois torna-se possível manter ótimos níveis de aptidão física durante longos períodos da vida ou 2) dinâmica, porque dentro do mesmo indivíduo a aptidão vai sofrendo alterações que decorrem do processo normal de crescimento. Esta variabilidade intra e inter sujeitos, é fortemente influenciada pelo estilo de vida, envolvimento físico social, atributos pessoais e hereditariedade (Malina, 1995).

APTIDÃO FÍSICA SAÚDE  Aptidão Cardiorrespiratória  Força Muscular  Resistência Muscular  Flexibilidade  Composição Corporal PERFORMANCE  Agilidade  Equilíbrio  Coordenação  Velocidade  Potência  Tempo de reação

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O American College of Sports Medicine considera que o conceito de aptidão física é multidimensional e deve ser definido como um conjunto de atributos que os indivíduos possuem ou adquirem, que estão relacionados com a habilidade de realizar atividades. Focou-se nos aspetos genéticos do ser humano e definiu-a como um conjunto de características mensuráveis determinadas pelos hábitos de realizar exercício físico e aspetos genéticos (ACSM, 2013).

2.1.1 – Aptidão Física Associada à Saúde

A Aptidão física associada à saúde é definida como a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor e, demonstrar traços e características que estão associados com um baixo risco do desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas (Pate, 1988). Surge ligada à prevenção da doença, pela redução de fatores de risco, pela adoção de um estilo de vida ativo, e pela melhoria da qualidade de vida e bem-estar, influenciadas pelos níveis de atividade físicas atuais (AAHPERD, 1980, 1988; Shephard, 1995).

O conceito que a abrange, é o de que um melhor índice em cada um dos seus componentes está associado com um menor risco para o desenvolvimento de doenças e/ou incapacidades funcionais e implica a participação de componentes voltados às dimensões funcional-motora, morfológicas, fisiológicas e comportamentais (ACSM, 1996). A figura 2.2 apresenta a aptidão física associada à saúde decomposta em 5 componentes mensuráveis (ACSM, 2013).

Figura 2.2 – Componentes da aptidão física associada à saúde

Fonte: ACSM, 2013

A dimensão morfológica é caracterizada pela composição corporal e distribuição da gordura corporal. A dimensão funcional-motora caracteriza-se principalmente pela função cardiorrespiratória e função músculo-esquelético. A dimensão fisiológica está ligada aos

APTIDÃO FÍSICA ASSOCIADA À SAÚDE

COMPORTAMENTAL MORFOLÓGICO FUNCIONAL MOTOR FISIOLÓGICO

 Stress 1-Composição Corporal  IMC 2-Aptidão Cardiorrespiratória  Função Aeróbia 3-Força Muscular 4-Resistência Muscular 5-Flexibilidade  Função músculo-esquelético  Níveis pressão sanguínea  Oxidação substratos  Níveis colesterol  Tolerância glicose

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níveis de pressão sanguínea, oxidação de substratos, níveis de colesterol e tolerância a glicose. A dimensão comportamental tem a ver com o stress. (Guedes, 1995).

A composição corporal refere-se à percentagem da quantidade relativa de diferentes tipos de tecido corporal (osso, gordura, músculo), que estão relacionados com a saúde. O mais comum é a percentagem de massa gorda corporal e um dos métodos mais simples, descrito por Lohman (1986), é o cálculo do IMC (ACSM, 2013).

A aptidão aeróbia refere-se à capacidade de os sistemas circulatório e respiratório suprirem as necessidades de oxigénio no decorrer do exercício físico de intensidade moderada a vigorosa, durante longos períodos de tempo (ACSM, 2013). A capacidade cardiorrespiratória tem sido, entre as componentes da aptidão física, aquela que está mais relacionada com a saúde, devido à relação com a prevenção de doenças cardíacas (Corbin, 1987).

A força muscular está relacionada com a capacidade de realizar atividades que requeiram um grande nível de intensidade muscular, enquanto os níveis de resistência muscular são determinados pela capacidade de um grupo muscular de realizar repetidas contrações por um período de tempo suficiente para causar fadiga muscular. A flexibilidade relaciona-se com a saúde, tendo em conta a amplitude do movimento disponível numa articulação, sem causar desconforto ou dor (ACSM, 2013).

2.1.2 - Aptidão Física Associada à Performance

A Aptidão física associada à performance desportiva refere-se à aptidão física para o desempenho das atividades desportivas, que engloba os componentes necessários para uma performance máxima no trabalho físico ou desportos onde se agregam a agilidade, velocidade, equilíbrio postural e coordenação motora, para além das capacidades da aptidão física relacionada com a saúde (Guedes, 2007).

Esta dimensão possui uma significativa interferência do fator genético, já que não está diretamente relacionada com a melhoria dos níveis de saúde, no entanto parte-se do princípio que os indivíduos que possuam estas capacidades desenvolvidas estarão mais propensos a envolverem-se em programas de atividade física e por essa razão menos passíveis de desenvolverem doenças hipocinéticas (President’s Council on Physical Fitness

and Sport, 2008).

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2.1.3 - Bateria de Testes e Projetos

O crescente interesse pelo conceito de aptidão física quer esteja associado à saúde quer esteja associado à performance desportiva, resultou por um lado na elaboração de programas de desenvolvimento da aptidão física e por outro na construção e aperfeiçoamento de baterias de testes para a sua avaliação (Ferreira, 1997). Estas baterias de testes, têm sido utilizadas com o propósito de promover a aptidão entre as crianças e encorajar um estilo de vida ativo – facetas vitais dos programas de Educação Física e da saúde pública (Pate e Shepard, 1989).

a) AAHPERD

A primeira bateria AAHPER Fitness Test incluía itens de avaliação das habilidades consideradas importantes para os objetivos da educação física, integrando as seguintes provas: força do membro superior, força de flexão do tronco, força explosiva, agilidade,

endurance cardiorrespiratório e coordenação. Em 1980, a AAHPERD publicou a primeira

bateria de avaliação da aptidão física ligada à saúde (AAHPERD, 1980).

A validação da bateria de testes da AAHPERD ocorre de três formas: 1) de conteúdo, onde a validade do conteúdo indica se o teste motor mede o parâmetro da aptidão funcional que se pretende medir; 2) de critério, onde a validade de critério significa o grau com que o teste se associa com outra medida já avaliada; e 3) discriminante, onde a validade discriminante irá distinguir o nível de aptidão funcional entre os indivíduos praticantes de atividades físicas e os sedentários, mostrando que a bateria de testes possui boa validação, sendo assim recomendada para sua utilização (Zago e Gobbi, 2003).

b) EUROFIT

A Eurofit é a versão final da bateria de testes europeia que surgiu em 1988 e precisa ser alargada, no sentido de servir como um instrumento educacional útil (Kemper e Mechelen, 1996). Esta bateria está mais virada para a performance desportiva e tem como objetivo motivar as crianças e os adultos a praticarem com regularidade e prazer, atividades físicas desportivas (Eurofit, 1988).

As componentes da aptidão física associada à saúde desta bateria de testes eram: 1) resistência cardiorrespiratória; 2) força; 3) resistência muscular; 4) medidas antropométricas; 5) agilidade. O conceito teve uma evolução no sentido de incluir as componentes morfológica, muscular, motora, cardiovascular e metabólica, acompanhando a simultânea evolução do conceito de saúde que deixou de se restringir à ausência de doença, para

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abarcar a condição humana nas dimensões física, psicológica e social (Bouchard e Shephard, 1994).

c) FITNESSGRAM

O programa Fitnessgram, propõe dois objetivos. Um a curto prazo, que consiste em proporcionar aos alunos a participação em atividades físicas agradáveis que aumentem a aptidão física e a aprendizagem de conceitos relacionados com o tema. O segundo, a longo prazo, traduz o objetivo de “ensinar aos alunos as competências que necessitam para serem ativos ao longo da vida” (Sardinha, 2002).

O Ministério da Educação, a Faculdade de Motricidade Humana e o Cooper Institute através de um protocolo incluíram o Fitnessgram em Portugal em 2001 (Fitnessgram, 2007). 2.1.4 - Testes de Aptidão Cardiorrespiratória

A aptidão cardiorrespiratória é a capacidade de realizar atividades físicas com carácter dinâmico, que envolvem uma grande massa muscular com intensidade moderada a vigorosa por prolongados períodos de tempo e esta depende das seguintes relações fisiológico-metabólicas: cardiovascular, respiratório e muscular (ACSM,2000). Os baixos níveis de VO2máx estão associados com a síndrome metabólica (intolerância à glicose, obesidade abdominal, diabetes tipo II, hipertensão arterial, hiperlipidimia, resistência à insulina) (Bertoli e col., 2003). A melhor resistência cardiorrespiratória reduz o risco de doenças cardiovasculares, mantém o nível aceitável da composição corporal, diminui o risco de desenvolver hipertensão arterial, diabetes e colesterol (Matsudo e col., 2002).

Para testar a componente de aptidão aeróbia, são propostos os testes “Corrida da Milha”, “PACER” e “Marcha”. Dos testes apresentados, o professor ou investigador deve selecionar um. Realça-se que, o teste da “Marcha” está indicado para os alunos mais velhos, a partir do ensino secundário e o teste da “Milha” está indicado para todas as idades a partir dos 10 anos de idade. O teste PACER parece constituir o melhor preditor indireto do VO2max, atendendo às condições de realização: o espaço fechado, o protocolo com incremento de velocidade (padrão de carga), o número de avaliados simultaneamente e o fator motivacional (Ruiz e col., 2008).

a) Corrida da Milha

É um teste que avalia a resistência cardiorrespiratória e deve ser administrado no exterior. No entanto a dificuldade centra-se na motivação dos sujeitos para realizarem o teste no seu esforço máximo. Para avaliar a resistência aeróbia através deste teste é levado

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em consideração o tempo que o avaliado levou para percorrer a distância de 1600 m. Este tempo está inversamente relacionado ao VO2máx.

É o teste que tem tido maior aceitação para avaliar a resistência cardiorrespiratória, fazendo parte de baterias de aptidão física associada à saúde conhecidas como a Prudential

FITNESSGRAM, President’s National, President’s Presidential (AAHPERD, 1988).

b) PACER

É um teste progressivo que avalia a resistência cardiorrespiratória e foi desenvolvido para estimar o VO2máx (Léger e Lambert, 1982).

Consiste em percorrer a máxima distância possível num sentido e no oposto, numa distância de 20 metros, com uma velocidade crescente em períodos consecutivos de um minuto. É um teste em que os sujeitos estão mais motivados e pode ser realizado num espaço interior. A desvantagem está no tempo despendido pelos sujeitos para a sua realização. O PACER é recomendado para todos os escalões etários.

2.2 – Atividade Física

Duma forma mais consensual e abrangente, a atividade física é entendida como a execução de qualquer tipo de movimento corporal produzido pela musculatura esquelética, que resulte num dispêndio energético superior aos valores de repouso. Neste conceito englobam-se todos os diferentes contextos que a atividade física pode assumir, entre eles a atividade física de lazer, exercício, desporto, meio de deslocação, trabalho ocupacional e tarefas diárias, como as domésticas, jardinagem e outras atividades (Caspersen e col., 1985; Pate, 1995).

A atividade física apresenta-se como um fenómeno complexo em que uma gama diferente de comportamentos pode teoricamente ser classificada (Sallis e Owen, 1999). A quantidade de energia utilizada para a realização de determinado movimento parece ser o critério concludente para definir o indicador da atividade física (Hensley e col., 1993). Pode ser expressa em quantidade de trabalho (watts), equivalentes metabólicos (MET´s), tempo de atividade (minutos, horas); unidades de movimento (contagens), ou qualquer outra pontuação que seja convencionada (Coelho e Silva e col., 2003). O MET é definido como sendo o valor correspondente à energia dispendida por um indivíduo em repouso – metabolismo basal (Corbin e Pangrazi, 1996). O MET tem sido largamente utilizado pelos fisiologistas do exercício como forma de expressar o dispêndio energético em função do peso corporal do sujeito (Montoye e col., 1996).

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A atividade física é ótima e necessária para o crescimento e, embora não influencie no crescimento em estatura, ajuda a regular a composição corporal (Malina e Bouchard, 2002). A atividade física regular tem um impacto benéfico sobre o autoconceito de cada indivíduo, pois além dos benefícios estritamente corporais, a atividade física provoca uma perceção do corpo mais positiva do ponto de vista estético e de saúde (Tamayo e col., 2001). A relação causa-efeito entre atividade física e saúde, torna-se pertinente considerar, que a atividade física leva à adoção de outros comportamentos de saúde positivos (Mota e Sallis, 2002). Inclui um bem-estar psicológico e um potencial desenvolvimento de atitudes positivas e hábitos, assim como, a base para um estilo de vida ativo na idade adulta” (Malina, 1997). A prática regular de atividade física pode auxiliar a desenvolver os tecidos osteomusculares, o sistema cardiovascular e o sistema neuromuscular e também ajuda a manter o peso corporal em níveis adequados, auxiliando na prevenção e reabilitação de doenças como obesidade, diabetes, colesterol, hipertensão e doenças cardíacas (OMS, 2008).

A atividade física é definida segundo quatro dimensões: 1) a frequência, que expressa o número de sessões por dia ou por semana; 2) a intensidade, que se refere à taxa de energia dispendida em função da massa corporal; 3) a duração, o tempo passado em atividade física num instante ou, cumulativamente ao longo do dia; e 4) o tipo de atividade, que é um indicador qualitativo (Bouchard e Shephard, 1994).

Podemos distinguir dois grandes grupos de métodos de avaliação da atividade física: métodos laboratoriais (calorimetria direta, calorimetria indireta) e métodos de terreno (diários, questionários e entrevistas, água duplamente traçada, aptidão cardiorrespiratória, observações comportamentais, sensores de movimento, monitores de frequência cardíaca). O primeiro grupo integra métodos com maior exatidão, mas mais dispendiosos e requerendo equipamentos altamente sofisticados. São de difícil aplicação a amostras de grande dimensão. No segundo grupo, estão os métodos de terreno que são mais simples, porém menos exatos (Montoye e col., 1996). A escolha dos instrumentos para avaliação da atividade física dependerá dos objetivos da pesquisa, das idades dos sujeitos e dos custos e tempo para a realização do estudo (Montoye e col., 1996). Podem ser classificados em dois grandes grupos: 1) os que utilizam as informações dadas pelos sujeitos (questionários, entrevistas e diários) e 2) os que utilizam marcadores fisiológicos ou sensores de movimento para a mensuração direta de atividades em determinado período de tempo (Ainsworth e col., 1994).

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2.2.1 - Questionários

O questionário consiste no registo dum formulário próprio de resposta a um conjunto de questões (abertas ou fechadas), previamente validadas, pouco dispendioso, fácil de aplicar e por isso capaz de abranger amostras numerosas (Montoye e col., 1996). São muito utilizados para estudos epidemiológicos pela facilidade de recolha de dados e pela fiabilidade recolhida em vários estudos (Baecke e col., 1982). Um dos mais frequentemente validado e aplicado em estudos recentes é o Internacional Physical Activity Questionnaire (Craig e col., 2003).

Os proxy-report são questionários que podem ser preenchidos pelos pais, professores ou outros adultos. São utilizados em estudos com crianças com idade inferior a 10 anos (Harro e Riddoch, 2000). A validade deste instrumento é limitada, pois a atividade das crianças é de difícil registo, especialmente nos casos de atividade fora de casa (Rodrigues, 2005).

2.2.2 – Diários

O diário de avaliação da atividade física consiste no registo, por parte do participante, de todas as atividades realizadas durante um período de tempo, proposto por Bouchard e col., (1983). É um método pouco dispendioso, fácil de aplicar e por isso mesmo capaz de abranger amostras numerosas (Montoye e col., 1996). Requer por parte da pessoa uma grande cooperação e julgamento adequados acerca do tipo, frequência, intensidade e duração das suas atividades. A recolha e o registo de informação não exigem a presença de um observador, sendo realizados pelo próprio sujeito (Bratteby e col., 1997). A utilização deste método em simultâneo com outro mais objetivo pode ajudar a fornecer dados mais completos e pormenorizados acerca das tarefas motoras habituais do participante (Ekelund e col., 1999).

2.2.3 – Acelerómetros

Acelerómetros são mecanismos portáteis que são sensíveis à aceleração do corpo e transformam esta informação em unidades de gasto energético (Hensley e col., 1993). São um indicador objetivo da atividade física e da inatividade física que pode ser aplicado em amostras numerosas, capaz de recolher informação precisa ao longo de vários dias, bem tolerado e não é invasivo. Contudo, é relativamente dispendioso e é pouco confortável em situação desportiva (Puyau, 2004; Welk, 2002).

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A utilização de sensores do movimento permite uma medida objetiva com um menor erro de estimativa da atividade física (Trost e col., 2002). Embora o uso de aparelhos eletrónicos e mecânicos possa influenciar inicialmente o comportamento medido, a maioria dos sujeitos tende a ignorá-lo depois de um período inicial de adaptação (Rodrigues, 2005).

2.3 - Acelerometria

Considerando o padrão de atividade física das crianças que tende a ser espontânea, esporádica e realizada em intervalos temporais de curta duração (Treuth e col., 2004), os acelerómetros parecem constituir uma opção viável, para avaliar a atividade física das crianças em estudos de terreno (Melanson e Freedson, 1995). Tem-se tornado o método preferencial na avaliação da atividade física, na medida que os avanços tecnológicos têm permitido uma melhoria substancial na sua capacidade de memória, ou seja, na capacidade de reter e recolher informação durante períodos de tempo cada vez mais extensos (Puyau e col., 2002; 2004). O facto de se privilegiar a utilização da acelerometria justifica-se ainda pela boa aceitabilidade, uma vez que se tem notado que os acelerómetros são bem tolerados pelos seus utilizadores (Reily e col., 2003).

O acelerómetro é um aparelho portátil de pequenas dimensões, leve e não invasivo, capaz de detetar as acelerações produzidas pelo corpo humano (Chen e Bassett, 2005; Warren e col., 2010). Dependendo do modelo do instrumento, a aceleração pode ser medida em um (uniaxial), dois (biaxial), ou três (triaxial) planos do movimento (Chen e Bassett, 2005; Rowlands, 2007). O acelerómetro uniaxial mede a aceleração corporal apenas no eixo vertical, enquanto o triaxial detecta a aceleração em 3 eixos (Antero - posterior, médio - lateral e vertical) (Freedson e Miller, 2000). Tendo em conta que a movimentação do corpo é pluridirecional, propõem-se a medição nos três eixos como método mais apropriado para a avaliação da atividade física e do dispêndio energético, referindo que os acelerómetros triaxiais apresentam uma maior validade na estimação destas variáveis, comparativamente com os acelerómetros uniaxiais (Chen e Bassett, 2005).

Os dados recolhidos pelo acelerómetro são expressos em counts (Welk, 2002). Estes dados são, por sua vez, somados durante um intervalo conhecido como epoch e gravado para a memória interna do acelerómetro. Depois de gravado a magnitude de acelerações durante um epoch em counts de atividade o integrador numérico é reiniciado e o processo é repetido (Cliff e col., 2009).

As principais vantagens dos acelerómetros é que podem ser utilizados tanto em laboratório como em campo, não são invasivos, fornecem indicadores da intensidade, da

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frequência e da duração da atividade, fornecem informações minuto a minuto, e permitem longos períodos de gravação (Welk, 2002). Tem sido sugerido, uma vez que são capazes de medir direta e objetivamente a frequência, intensidade e duração dos movimentos referentes à atividade física realizada (Freedson e Miller, 2000; Montoye e col., 1996). Para além disso, este método permite ainda estimar o dispêndio energético resultante da atividade física realizada, uma vez que a aceleração é diretamente proporcional à força muscular realizada refletindo, assim, diretamente os custos energéticos que lhe estão associados (Montoye, 1999; Chen e Basset., 2005). Os acelerómetros também possuem a capacidade de medir a inatividade física, o que é de extrema importância considerando que grande parte da atividade diária é preenchida por atividades sedentárias e que a inatividade física é considerada um fator de risco de várias doenças crónico-degenerativas (Melanson e Freedson, 1995).

2.3.1 – Conversão em Níveis de Intensidade

Uma das variáveis da atividade física é a intensidade, que pode ser medida em termos absolutos e/ou relativos (Warren e col., 2010). A intensidade absoluta refere-se à taxa de dispêndio energético necessária para desempenhar uma atividade, não considerando a capacidade fisiológica da pessoa. Pode ser medida em equivalentes metabólicos (METs), quilocalorias, joules, mililitros de oxigénio consumido, ou em algumas atividades, através da velocidade. Em termos práticos, é usual classificar a intensidade absoluta como: leve (<3.00 MET), moderada (3.00 – 5.99 MET), vigorosa (6.00 – 8.99 MET) e muito vigorosa (> 8.99 MET) (Freedson e col., 1998). Entenda-se por MET o valor referente à energia metabólica despendida pela pessoa no estado de repouso, correspondendo para a maioria da população, a um consumo de O2 de aproximadamente 3.5 ml/kg/min (Freedson e col., 1998). Esse valor representa uma referência para a classificação da intensidade das atividades, sendo os valores de dispêndio energético expressos em múltiplos de METs (Ainsworth e col., 2000).

A intensidade relativa remete à facilidade, ou dificuldade, com que uma atividade é executada, sendo proporcional à capacidade máxima da pessoa. Esta intensidade pode ser descrita através da percentagem de capacidade aeróbia, percentagem da frequência cardíaca máxima, ou outras medidas similares. Pode ser igualmente descrita através da perceção que a pessoa tem relativamente à dificuldade da atividade: muito fácil, fácil, moderada, difícil, muito difícil e máxima (Butte e col., 2012).

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2.3.2 - Problemas Metodológicos

Não é muito relevante se o monitor é colocado no lado direito ou esquerdo do avaliado, mas a necessidade de estabelecer um protocolo estandardizado sugere que apenas um dos lados seja consistentemente utilizado. O lado direito parece ser mais conveniente devido à maioria das pessoas serem destras (Ward e col., 2005). Quanto à colocação do acelerómetro no pulso ou no tornozelo, esta deve ser preferencialmente evitada (Trost e col., 2005).

a) Desvantagens

Os acelerómetros também apresentam algumas desvantagens, nomeadamente o facto de não serem capazes de medir todas as atividades de igual modo (Matthew, 2005). Igualmente não são sensíveis a mudanças de inclinação no plano de deslocamento ou a atividades que envolvam cargas adicionais, subestimando o seu custo energético (Matthew, 2005). A maioria destes instrumentos não é à prova de água, impossibilitando a medição de atividades decorrentes no meio aquático (Warren e col., 2010). Encontram-se igualmente limitados pela sua zona de colocação (ao nível das cristas ilíacas), tornando-os incapazes de registar movimentos executados na parte superior do tronco, particularmente nos membros superiores (Matthew, 2005).

O facto dos diferentes modelos de acelerómetros apresentarem os seus algoritmos específicos, leva a que o processo de conversão das acelerações em impulsos não seja executado da mesma forma. Assim, torna-se complicado proceder a uma comparação direta dos resultados obtidos por parte dos diferentes modelos. De modo a ultrapassar esta limitação, uma das recomendações passa por transformar os impulsos em unidades de aceleração (m/s²), permitindo desta forma a comparação entre os modelos (Matthew, 2005). A determinação da intensidade da atividade registada não é consensual e constitui um dos maiores desafios associados à utilização destes aparelhos (Puyau e col., 2002; Cliff e col., 2009).

b) Valores de Corte

O uso dos acelerómetros implica a difícil tarefa de decidir os valores de corte para definir a atividade física moderada e vigorosa apropriada à população em estudo (Reilly e col., 2008). A utilização de valores de corte para análise dos dados de acelerometria tem sido alvo de grande discussão, devido à existência de uma variabilidade significativa de valores, que definem os níveis de intensidade moderada e vigorosa, influenciando o cumprimento das

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recomendações para a prática de atividade física. Essa variabilidade pode afetar a comparação entre estudos e classificar incorretamente as pessoas como ativas ou inativas (Matthew, 2005). De facto, não existe consenso sobre os valores de corte que devem ser representativos da intensidade sedentária, leve, moderada e vigorosa, tanto em crianças como em adultos (Matthew, 2005).

Os pontos de corte definidos para adultos têm sido e continuam a ser frequentemente usados na avaliação dos padrões de atividade física de crianças e jovens (Guerra e col., 2003), o que se torna problemático, uma vez que pode levar a resultados e conclusões erradas, dado as características da atividade física das crianças serem bastante diferentes dos adultos (Puyau e col., 2004). Os pontos de corte específicos para cada idade são mais sensíveis e captam com maior precisão o nível de atividade em crianças e jovens (Freedson e col., 2001). Contudo, só recentemente é que se evidenciaram esforços na definição de pontos de corte específicos para as crianças e adolescentes (Freedson e col., 2001; Puyau e col., 2002; Treuth e col., 2004).

De modo a efetivar as avaliações e recomendações para a prática de atividade física foram desenvolvidos valores de corte com o objetivo de fracionar a intensidade em várias categorias (Welk, 2002). Estes valores foram calculados através da introdução do dispêndio energético pretendido em equações de regressão, baseadas na relação entre o gasto energético e os impulsos obtidos pelo acelerómetro (Jago e col., 2007). Estas equações de regressão/pontos de corte foram calculadas para as atividades sedentárias, ligeiras, moderadas e vigorosas, tendo em consideração a idade, o sexo, o peso e a altura (Puyau e col., 2004).

c) Epochs

O intervalo de registo é de grande importância na interpretação dos dados do acelerómetro quando usado em crianças, uma vez que houve diferenças significativas para o tempo gasto em atividades de intensidade muito elevada e elevada ao utilizar diferentes intervalos de registo (Nilsson e col., 2002). Um retrato mais detalhado dos padrões de intensidade da atividade física será atingido utilizando um tempo de registo mais curto em relação ao tempo de registo de 60 segundos, que é mais frequentemente utilizado (Nilsson e col., 2002). A utilização dos acelerómetros programados para coletar dados minuto-a-minuto é uma ferramenta valiosa para a avaliação dos padrões de atividade e para destacar os períodos de inatividade (Cooper e col., 2000).

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Estudos mais recentes que utilizaram acelerómetros para estimar a intensidade da atividade física ou o dispêndio energético optaram pela aplicação de valores de corte baseados em epochs com a mesma duração (Trost e col., 2005). Esta duração pode ser problemática em crianças, não detetando alguns períodos curtos de intensidade moderada e vigorosa tipicamente exibidos por esta população (Trost, 2001). Deste modo, a utilização de

epochs de menor duração, possibilita a obtenção de informações mais pormenorizadas

sobre a intensidade e duração da atividade física realizada pelas crianças em condições do estilo de vida (Nilsson e col., 2002; Trost e col., 2005). A natureza esporádica e intermitente da atividade física das crianças tem conduzido os investigadores a recomendarem o uso de

epochs curtos de 15 segundos ou menores (Rowlands, 2007; Ward e col., 2005). Alguns

investigadores mencionam a pertinência de utilizar períodos ou epochs mais pequenos, de forma a aumentar o poder da sensibilidade dos dados, sobretudo, em estudos que envolvam crianças mais pequenas (Treuth e col., 2004; Ward e col., 2005). Utilização de períodos de registo mais pequenos é pertinente, por existirem evidências que apontam no sentido das estimativas do tempo gasto em atividades vigorosas estarem inversamente relacionadas com a duração dos períodos de registo maiores (Trost e col., 2005).

d) Duração

Outra das dúvidas levantadas tem a ver com o período de tempo que uma pessoa necessite de utilizar o acelerómetro durante um dia para que este seja considerado válido (se deve corresponder ao período em que a pessoa se encontra acordada, ou se devem ser definidas horas específicas de registo como 10, 12, 18 ou 24h) (Corder e col., 2007). Usualmente, 10 horas (600 min) de utilização tem sido o período estabelecido por diversos autores para que um dia seja considerado válido (Andersen e col., 2006) embora outros tenham optado por durações inferiores, como 8h/dia (Cleland e col., 2008), ou inclusive períodos de diferentes casos em que a avaliação seja efetuada em dias de semana ou fim-de-semana (Rowlands, 2007).

Estudos indicam que 7 dias de monitorização fornecem estimativas confiáveis de atividade física habitual em crianças e adolescentes, e relata importantes diferenças nas atividades de fim-de-semana e semana, bem como as diferenças em atividades padrões dentro de um determinado dia (Trost e col., 2000). Outro estudo revela que 4 ou mais dias de monitorização são necessárias para atingir uma fiabilidade satisfatória (Janz e col., 1995). O período de monitorização de 7 dias, com 10 horas por dia, produziu a maior fiabilidade (80%) na mensuração da atividade física em crianças, sendo que o número de dias foi considerado mais importante para a fiabilidade do que o número de horas. Curtos

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ciclos de monitorização podem fornecer um nível adequado de fiabilidade neste grupo etário (Penpraze e col., 2006).

2.4 - Gradiente Rural Urbano

Um fator revelante na relação rural-urbano, é a variação socioeconómica no crescimento e a maturação que pode também ser influenciada pela área de residência, as quais têm sido vistas com muita frequência entre os contextos urbano/rural (Malina e Bouchard, 1991). As pessoas dos meios urbanos têm mais escolhas em relação à prática de atividade física, bem como maior informação sobre o desporto, para além de uma maior oportunidade de utilizar e aceder aos espaços e equipamentos desportivos (Yang e col., 2000). Locais com estruturas apropriadas para a prática de atividade física, como passeios, parques, estruturas comunitárias de apoio como ginásios, podem tornar mais simples e mais fácil a participação das pessoas (Mota e Sallis, 2002).

Nos EUA e Europa Ocidental, crianças residentes nas áreas rurais geralmente eram mais altas e mais pesadas que as da área urbana, no século passado. (Malina e Bouchard, 1991). No presente, as diferenças nas condições de vida nas áreas rurais e urbanas são menores nos EUA, Canadá e Europa Ocidental. Contudo, em países como Polónia, Roménia e Grécia estas diferenças existem, sendo os urbanos mais altos e pesados (Malina e Bouchard, 1991). Crianças da Guatemala que migraram para os EUA apresentaram-se mais altas, mais pesadas e com maior massa gorda e maior massa muscular do que as crianças que vivem na Guatemala. Porém, os imigrantes são mais baixos do que as crianças americanas da mesma faixa etária (Bogin e Loucky, 1997). Comprovou-se que o crescimento e maturidade de crianças latino-americanas, em condições socioeconómicas melhores, sugerem a possibilidade de diferenças populacionais (genéticas) no potencial de crescimento e tempo de maturação. (Malina, 1990). É possível observar que os jovens residentes na área rural apresentam valores de estatura inferiores aos residentes na área urbana (INAN, 1990). Estas diferenças são atribuídas à economia, educação, nutrição e recursos relacionados à saúde. Isto porque geralmente estes recursos estão concentrados nos meios urbanos. (Malina e Bouchard, 1991).

Outro estudo permite-nos concluir que os rapazes do meio urbano e rural exibiram uma estrutura significativamente diferente na expressão da sua aptidão física ao longo das idades testadas (Rodrigues e col., 2005). Comprovou-se que os rapazes vivendo em meios diferenciados segundo o grau de urbanização exibiram padrões de aptidão física significativamente distintos, sendo estas diferenças independentes da morfologia (altura e peso) exibida. Os rapazes que vivenciaram uma realidade menos urbanizada demonstraram

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melhores qualidades de força superior, velocidade e de resistência aeróbia, enquanto os rapazes do meio urbano superiorizaram-se nas prestações de agilidade e força inferior. (Rodrigues e col., 2005). Resultados semelhantes haviam sido encontrados em adolescentes do distrito de Coimbra (Coelho-e-Silva e col., 2003).

Outro estudo comprovou que adolescentes, residentes no meio rural apresentam uma aptidão física associada à saúde melhor que os respetivos pares urbanos, bem como uma maior simetria dos rurais do que de urbanos atendem aos critérios de referência sugeridos para uma recomendada (AAHPERD, 1988) aptidão física em relação à saúde (Glaner, 2002). Os rapazes rurais em relação aos rapazes urbanos, satisfazendo os critérios de referência adequadas à saúde, têm percentagens mais elevadas na aptidão cardiorrespiratória (88,81% vs 43,68%), na força/resistência da parte inferior e superior do tronco e braços (28,32% vs 22,53%) e na gordura corporal (69,23% vs 53,09% estão dentro dos limites), porém na flexibilidade (60,47%) os valores são relativamente semelhantes entre os rapazes dos dois quadrantes (Glaner, 2002). Face aos resultados obtidos, nota-se que há uma simetria maior de rapazes urbanos exposta ao risco do desenvolvimento de doenças crónico-degenerativas associadas à baixa aptidão física relacionada à saúde do que de rurais (Glaner, 2002).

2.5 - Estatuto Socioeconómico

Vários estudos demonstram que 1) as desigualdades sociais na saúde têm persistido, ou mesmo aumentado, ao longo da redução geral da mortalidade e da transição epidemiológica; e 2) a associação inversa entre o estatuto socioeconómico e a mortalidade ou morbilidade é geral e extraordinariamente consistente entre nações (Feinstein, 1993; Fein, 1995).

Examinar as desigualdades socioeconómicas na saúde e bem‑estar é apenas o primeiro passo na compreensão do estado de saúde das classes mais desfavorecidas e o antropólogo deverá sentir‑se compelido a confrontar a dinâmica social que jaz subjacente à classificação socioeconómica (Smith e Thomas, 1998). As evidências apontam que existe um gradiente socioeconómico na saúde, que se estende desde as classes mais baixas, passando pelas intermédias e acabando nas classes privilegiadas, e não apenas um limiar social que separa saúde e doença (Adler e Ostrove, 1999). Os riscos de mortalidade detetados em indivíduos que habitam bairros de baixa condição socioeconómica são, consideravelmente, mais elevados do que os detetados em indivíduos que habitam zonas de condição mais elevada, mesmo controlando para medidas individuais de estatuto

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Figura 2.1 – Estrutura e componentes da aptidão física
Figura 2.2 – Componentes da aptidão física associada à saúde
Tabela 3.1 – Caraterização da amostra
Tabela 3.2 - Valores internacionais de corte do IMC para classificar o sobrepeso e a obesidade  em crianças com idades entre os 2 e &gt; 18
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Referências

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