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Efeitos negativos da prática de alta competição em idade pediátrica

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Academic year: 2021

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Dissertação – Artigo de Revisão Bibliográfica

Mestrado Integrado em Medicina

EFEITOS NEGATIVOS DA PRÁTICA DESPORTIVA DE ALTA

COMPETIÇÃO EM IDADE PEDIÁTRICA

Luís Filipe Ferreira Vidal Gonçalves

Orientadora: Susana Paula da Silva Ferreira Pinto

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EFEITOS NEGATIVOS DA PRÁTICA DESPORTIVA DE ALTA

COMPETIÇÃO EM IDADE PEDIÁTRICA

Luís Filipe Ferreira Vidal Gonçalves

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Dissertação de candidatura ao grau de mestre em Medicina, submetida ao

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto

Orientadora: Susana Paula da Silva Ferreira Pinto

2

1 Aluno do Mestrado Integrado em Medicina. Número mecanográfico: 201004885.

2 Médica especialista em Pediatria. Assistente Hospitalar Graduada de Pediatria no Centro Materno-Infantil do Norte/Centro Hospitalar do Porto

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Agradecimentos

Embora a Dissertação de Mestrado se assuma como um trabalho individual, a sua realização nunca seria possível sem o importante contributo de outras pessoas, a quem dedico este espaço.

Desta forma, agradeço a quem, direta ou indiretamente, contribuiu para a concretização desta dissertação.

À Doutora Susana Pinto, pela disponibilidade prestada na orientação deste trabalho, pelas revisões críticas, conselhos e sugestões, e sobretudo pelo estímulo e confiança depositados.

Aos meus amigos e fisioterapeutas, Carlos Alberto e Rui Silva, por serem incansáveis e por se prestarem a apoiar-me desde o início com os seus conhecimentos e recursos.

À Rita, pelas palavras certas na altura certa, pelo carinho e apoio, pela paciência inesgotável, e por sempre me transmitir a força e a confiança necessárias nos os momentos mais difíceis.

À minha família, pelo apoio e compreensão incondicional e pelo encorajamento constante para a conclusão deste trabalho.

Por fim, aos meus amigos, pela entreajuda, pela paciência, e pela amizade que tanto prezo.

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Índice

I. Lista de Abreviaturas ... 5 II. Resumo ... 6 III. Abstract ... 7 IV. Introdução ... 8 V. Discussão ... 10

1. Implicações da atividade física no crescimento, maturação e desenvolvimento ... 10

2. Especialização desportiva precoce... 13

3. Consequências físicas... 15

4. Consequências psicossociais ... 24

5. Rendimento escolar ... 27

VI. Conclusão ... 29

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I. Lista de Abreviaturas

AFH Amenorreia Funcional Hipotalâmica

DMO Densidade Mineral Óssea

EDP Especialização Desportiva Precoce

FSH Hormona Folículoestimulante

GH Hormona do Crescimento (do inglês Growth Hormone)

GnRH Hormona Libertadora de Gonadotrofinas

IC Idade Cronológica

IGF-1 Insuline-like Growth Factor 1

IMC Índice de Massa Corporal

LH Hormona Luteínica

PVC Pico de Velocidade de Crescimento

SOT Síndrome de overtraining

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II. Resumo

Introdução: O incentivo à iniciação da prática desportiva surge cada vez mais como uma importante estratégia de promoção de saúde e combate do sedentarismo que marcam a sociedade atual. Adicionalmente, um mundo desportivo manifestamente mais popular, rentável e competitivo, contribuiu para o marcado progresso do desporto organizado infantil nas últimas duas décadas. O benefício do exercício físico para o desenvolvimento biopsicossocial das crianças é inegável. No entanto, em muitos casos, esta prática transforma-se numa atividade precoce, excessiva e desproporcional para a faixa etária, orientando os atletas para a alta competição e para o desenvolvimento máximo das suas capacidades. Sob o lema olímpico de Henri Didon “Citius, Altius, Fortius” - “Mais Rápido, Mais Alto, Mais Forte”, estes atletas são sujeitos a uma série de condições inerentes a esta atividade e que compreendem, por exemplo, rigorosas opções nutricionais, sobrecargas horárias ou stress competitivo, nem sempre benéficas para o seu desenvolvimento.

Objetivo: Revisão e abordagem das implicações negativas de uma prática desportiva de alto rendimento em idade pediátrica, na sua componente física e psicossocial, e no desempenho escolar.

Metodologia: Esta revisão baseia-se na pesquisa de artigos científicos publicados na base de dados “PubMed” e em revistas da especialidade, e na seleção e análise detalhada dos mesmos.

Discussão: Considerando as implicações do desporto de alta competição, o deficiente aporte nutricional, a sobrecarga física e horária, associadas a uma atmosfera de stress e pressão constantes constituem os principais fatores que predispõem as crianças e adolescentes aos seus efeitos negativos. Os principais problemas desta atividade compreendem lesões a nível físico – alterações hormonais e lesões de sobrecarga –, alterações a nível psicossocial (burnout e isolamento social). No que respeita ao rendimento escolar, embora com as dificuldades inerentes à conciliação das atividades desportiva e académica, os atletas não demonstram piores resultados que os demais colegas, muito pela boa cooperação interinstitucional.

Conclusão: As crianças e adolescentes não são adultos em miniatura, mas sim seres em plena evolução. O comprometimento deste desenvolvimento harmonioso pode condicionar danos irreversíveis na normal constituição física e função motora, perda de independência e autonomia, assim como comportamentos antissociais. Contudo as implicações da alta competição tendem a não comprometer a performance académica.

Palavras-chave: Desenvolvimento pediátrico; Alta competição; Especialização desportiva precoce; Alterações hormonais; Lesões de sobrecarga; Burnout; Rendimento escolar.

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III. Abstract

Introduction: Encouraging the initiation of sport appears increasingly as an important health promotion strategy and combat the sedentary lifestyle that mark the current society. In addition, a sports world clearly more popular, profitable and competitive, contributed to the marked progress of child organized sport in the last two decades. The benefit of exercise for the biopsychosocial development of children is undeniable. However, in many cases, this practice becomes an early, excessive and disproportionate activity for the age group, guiding athletes to high competition and the maximum development of their capabilities. Under the Olympic motto of Henri Didon "Citius, Altius, Fortius" - "Faster, Higher, Stronger", these athletes are subject to a number of conditions attached to this activity and include, for example, stringent nutritional options, time overloads or competitive stress, not always beneficial for their development.

Purpose: Review and approach of the negative implications of an high performance sport practice in children, in their physical and psycho-social component, and school performance.

Methods: This review is based on the research of scientific articles published in the database "PubMed" and in speciality magazines, and its detailed selection and analysis.

Discussion: Considering the implications of the high-level sport, poor nutritional intake, physical and time overload associated with an atmosphere of constant stress and pressure are the main factors that predispose children and adolescents to its negative effects. The main problems of this activity are physical injury - hormonal changes and overuse injuries - psychosocial changes (burnout and social isolation). Regarding school performance, although with the difficulties inherent in reconciling sports and academic activities, athletes do not show worse results than other colleagues, much due to a good interinstitutional cooperation..

Conclusion: Children and adolescents are not mini adults, but beings evolving. The commitment of this harmonious development can condition irreversible damage to the normal physical constitution and motor function, loss of independence and autonomy, as well as antisocial behavior. However the implications of high competition tend to not compromise academic performance.

Keywords: Pediatric development; High competition; Early sport specialization; Hormonal changes; Overuse injuries; Burnout; School performance.

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IV. Introdução

A atividade física e desportiva é parte integrante do quotidiano da sociedade atual como evento social, cultural e económico. A mudança de século acentuou a sua importância, que se traduziu num crescimento exponencial no número de participantes, sobretudo ao nível das faixas etárias mais baixas, obrigando também a um desenvolvimento no desporto organizado. (1) (2) Tomando como exemplo o caso particular de Portugal, de 2003 a 2014, o número de praticantes desportivos federados aumentou de 376.465 para 546.348. Se nos focarmos apenas nos participantes até ao escalão “júnior” (correspondendo, aproximadamente, aos 18 anos de idade), o aumento foi de 185.302 para 321.204.(3)

A prática desportiva contribui de forma inquestionável para um melhor desenvolvimento das crianças e adolescentes, pelo que deve ser promovida e incentivada. O fenómeno de aumento de praticantes é consequência desta mesma contribuição, que passa sobretudo pelo combate à obesidade e sedentarismo, pelo desenvolvimento músculo-esquelético saudável, pela construção da personalidade, autoconfiança e interação social, prevenção de comportamentos de risco (álcool, tabaco, drogas…) e outros mais que confluem num benefício da atmosfera biopsicossocial. (4) (5) (6)

No entanto, é também evidente a influência de uma era em que a competição e o êxito desportivo são valorizados e recompensados financeira e socialmente. Não só as crianças e adolescentes, inspirados na imagem dos seus ídolos, mas também pais e treinadores assumem a atividade física como meio para alcançar esse mesmo sucesso. (7) (8) (9)Assim, o desporto jovem tem evoluído de uma atividade livre e recreativa para um meio altamente estruturado, especificamente focado no desenvolvimento das capacidades e habilidades dos seus praticantes. (9)

Alcançar o nível de alta competição exige esforço e sacrifício por parte de quem o ambiciona. Algumas teorias procuram explicar os fatores necessários para atingir esta categoria. Um ensaio realizado por Ericsson et al (1993) (10), que ficou conhecido como a “Regra das 10000 horas”, estabeleceu que um nível elevado de perícia em determinada atividade pode ser atingido se esta for praticada desde tenra idade (antes dos 5-7 anos) num volume de 10000 horas ao longo de, pelo menos, uma década. Este estudo foi desenvolvido entre músicos ou matemáticos, e não propriamente em atletas. (10) (11)Ainda assim, esta teoria alimenta a ideia de ser necessária uma prática incessante e restrita a um desporto ou atividade, conduzindo muitas vezes à chamada Especialização Desportiva Precoce (EDP).

A EDP pode ser identificada em situações onde se estabelece a prática de uma modalidade desportiva específica, abdicando de uma experiência física variada, nos estadios

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precoces de desenvolvimento motor das crianças. É um tipo de atividade que muitas vezes resulta em casos de treino desajustado, quer por volume excessivo, quer por modelo inadequado, desrespeitando as etapas de evolução da própria modalidade. (12)

Os praticantes em idade pediátrica tornam-se mais suscetíveis aos efeitos negativos desta especialização, principalmente por se encontrarem em desenvolvimento e maturação física, psicológica e social. A exigência física e nutricional, aliada à execução de movimentos repetitivos e característicos de uma só modalidade, constitui um agente passível de provocar no praticante alterações hormonais (no âmbito da sua maturação), lesões de sobrecarga e síndromes músculo-esqueléticos como Doença de Osgood-Schlatter, Doença de Sever ou Doença de Sinding-Larsen-Johansson. (13) (14) (15) (16)

Um maior isolamento social, com sobrecarga horária e reduzidos níveis de descanso, assim como o stress associado à competição, são simultaneamente fatores predisponentes a problemas no âmbito psicossocial do crescimento do atleta, podendo inclusivamente atingir o estado de burnout. (16) (17)

Há ainda a considerar o facto de estes jovens atletas a quem nos referimos serem também estudantes. Desta forma, o rendimento escolar poderá estar em causa, tendo em conta não só a carga horária excessiva e o stress, mas também o estabelecimento de prioridades. Isto é, o foco no objetivo e na ambição de ser cada vez melhor no desporto pode desviar a atenção das questões académicas.(18)

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V. Discussão

1. Implicações da atividade física no crescimento, maturação e desenvolvimento

Crescimento, maturação e desenvolvimento são três conceitos habitualmente utilizados como sinónimos, mas que, embora relacionados, apresentam definições distintas. O crescimento é uma atividade de domínio biológico que envolve alterações físicas mensuráveis do tamanho corporal, ou de partes do mesmo, e da sua composição. A maturação, mais dificilmente definida, relaciona-se com o processo de atingimento do grau de maturidade, afetando todos os tecidos, órgãos, enzimas, funções e composição química. O desenvolvimento representa uma noção mais abrangente, caracteristicamente englobando dois importantes conceitos: desenvolvimento biológico e desenvolvimento comportamental. Os três interagem entre si, e é desta interação que resulta a evolução do autoconceito, da autoestima e do conhecimento das capacidades próprias das crianças e adolescentes. (19) (20)

No panorama desportivo, a procura de talentos é muitas vezes orientada pelas características dos atletas, tendo em conta a modalidade em questão e o potencial do atleta. As capacidades físicas e motoras acompanham geralmente o crescimento e a maturação. Tendo em consideração a enorme variabilidade da escala de desenvolvimento, quando o mesmo ocorre precocemente, geralmente constitui uma vantagem e promove uma maior tendência à seleção desses jovens para determinada atividade. Portanto, permanecem dúvidas sobre a influência da atividade física no crescimento e maturação, colocando-se a questão de as características de desenvolvimento observadas nos desportistas se deverem à ação da prática em si ou à variabilidade de um processo observada num grupo selecionado. (21) (22) (23) (24) (25)

1.1. Componente Física

Na tentativa de estabelecer uma relação sobre a influência da atividade física no crescimento e maturação, o uso da idade cronológica como marcador, apesar de frequente, revela-se pouco eficaz dada a grande variabilidade com que se apresentam indivíduos com a mesma idade. Assim, é mais fiável o recurso a quatro outros parâmetros: Estatura, Pico de Velocidade de Crescimento (PVC), Maturação Esquelética e Maturação Sexual. (26)

Os trabalhos realizados no âmbito desta temática, embora escassos, refletem uma necessidade de distinção entre os diferentes tipos de atividade física. Isto é, o estudo da influência da atividade física sobre o desenvolvimento biológico de crianças e adolescentes compreende o desporto recreativo ou moderadamente praticado e o desporto de elite ou de alta competição.

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O exercício físico quando praticado de forma adequada ao escalão etário dos indivíduos, não interfere com o crescimento estrutural e somático, sendo que ligeiras diferenças existentes entre grupos de atletas e não-atletas são justificáveis pela normal variabilidade deste tipo de crescimento, como já supracitado. Também no PVC não é significativa a influência do exercício, com a ressalva de que este parâmetro tem sido determinado com mais dificuldade. A insuficiência de dados não permite a confirmação, mas parece haver uma tendência para que o PVC ocorra em idades ligeiramente mais tardias em praticantes de modalidades como a ginástica ou o ballet, não havendo, no entanto, diferenças na estatura final atingida.(23) (26) (27) (28)

No que diz respeito à maturação esquelética e sexual, os estudos revelam que, à semelhança dos parâmetros anteriormente descritos, também aqui não há influência significativa da prática de exercício físico regular e moderado.(23) (26) (28)

Embora não sejam utilizados como marcadores de crescimento e maturação, a massa óssea e a constituição corporal são dois parâmetros onde é notada a influência da atividade física regular. Em comparação com os indivíduos sedentários, os jovens atletas apresentam um aumento da massa mineral óssea, assim como uma redução da massa gorda, com consequente aumento da magra.(26)(29)(30)

As diferenças são evidentes quando nos debruçamos sobre o desporto de alta competição. Uma maior intensidade e carga física inerentes a este tipo de atividade estão associadas a alterações dos marcadores de crescimento e maturação referidos anteriormente, destacando-se a menor estatura e PVC. Esta situação é resultante de transtornos hormonais e metabólicos que serão posteriormente aprofundados neste trabalho e que acarretam consequências também para a massa óssea e idade da menarca (no caso das jovens atletas femininas). Este efeito poderá estar acentuado em modalidades em que o peso é importante para a técnica/estética (como a ginástica ou o ballet) ou para a definição de classes (desportos de combate), aliando alta intensidade física e restrições alimentares potencialmente nocivas para o normal crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes.(26) (27) (31)(32) (33)

1.2. Componente Psicossocial

No processo dinâmico de desenvolvimento de crianças e jovens desportistas, em conjunto com a componente física, o processo de evolução comportamental tem uma elevada importância.

A prática de uma atividade desportiva dá aos jovens a possibilidade de desenvolverem capacidades comportamentais e cognitivas ou life skills, no âmbito pessoal e interpessoal. Há uma forte influência não só na criação da própria personalidade, como também na forma como é encarada a relação social e os problemas e objetivos de vida. Competências como a

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autoestima e o autocontrolo, a capacidade de liderança, o companheirismo e o respeito, entre outras, contribuem para a evicção de comportamentos de risco (drogas, crime, etc.), bem como a perspetivas futuras mais positivas em termos socioeconómicos, educacionais e de saúde mental.(34)(35)(36)(37)

Apesar destas vantagens, quando entramos no campo do desporto de elite ou de alta competição, as capacidades psicossociais positivas em questão são ameaçadas, predispondo ao aparecimento de sérias consequências para os atletas, que serão abordadas neste trabalho. (35) (36)

Outros fatores têm implicações no desenvolvimento físico e comportamental dos jovens atletas. Fatores genéticos, ambientais e socioeconómicos podem também contribuir para a variabilidade de resultados e influenciar as conclusões correspondentes à influência da atividade física. (19)

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2. Especialização desportiva precoce

Como discutido anteriormente, a influência da atividade física no crescimento e maturação de crianças e adolescentes depende do tipo de envolvimento das mesmas. Isto é, há uma importante diferença entre a contribuição do desporto moderado e recreativo e o desporto de elite ou de alta competição. O segundo, principal foco deste trabalho, visa o alcance de objetivos superiores em termos desportivos e para tal os atletas estão sujeitos também a um maior nível de exigência. Neste tipo de atividade ocorre um fenómeno denominado Especialização Desportiva Precoce (EDP), sendo essencial perceber o que é, o que o promove e perpetua e as suas implicações.

A definição de EDP engloba quatro itens específicos:  Idade precoce de iniciação desportiva;

 Envolvimento em apenas uma modalidade;

 Idade precoce de iniciação do treino focado e de alta intensidade;  Início precoce no desporto de competição.(38)

A EDP consiste, portanto, na prática intensiva e exclusiva de um desporto específico, em idade jovem.(39)

Algumas teorias defendem que o segredo para atingir a excelência numa atividade passa por um elevado número de horas de contacto com a mesma, pela sua prática intensa e precoce. No entanto, estes estudos foram validados para outro tipo de atividades como a música ou a matemática, mantendo-se a discussão sobre a sua aplicabilidade à atividade física. Outros trabalhos evidenciam o facto de uma especialização mais tardia poder ser benéfica para o sucesso desportivo e, da mesma maneira, para a saúde dos atletas.(1) (10)(40)(41)(42)

Com o crescimento exponencial do desporto organizado surgem também mais atletas de elite e, por conseguinte, um aumento dos casos de EDP. As causas que justificam este fenómeno são multifatoriais.

O sucesso desportivo é cada vez mais valorizado no quadro mundial e aqueles que o atingem são de sobremaneira compensados financeiramente e pelo reconhecimento social.

A díade de interação pais-atletas e treinadores-atletas é também determinante para este fenómeno. Em ambos os casos há uma forte influência quer para a iniciação desportiva, quer para a especialização precoce, sendo que os treinadores parecem ter um papel mais preponderante para a intensificação do treino numa só modalidade.(8)(9)Estas situações advêm da procura de investimento em jovens que poderão trazer no futuro uma oportunidade de

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sucesso e compensação financeira, assim como das situações em que pais e treinadores veem refletidos nos jovens atletas os seus próprios objetivos incumpridos.(2) (7) (43)

A alta competição exige muito tempo, esforço e dedicação. Os atletas cumprem, desde muito cedo, esquemas e modelos rígidos de trabalho, comportamento e nutrição, muitas vezes discordantes com a sua motivação.(44)

A tentativa de atingir um nível de excelência no desporto através da EDP muitas vezes descura aspetos indispensáveis ao bem-estar das crianças e adolescentes, colocando-os, assim, numa posição mais vulnerável aos efeitos negativos da atividade de elite.

Atualmente persiste a discussão na procura de se estabelecerem modelos ideais de treino adequado às diferentes modalidades e aos atletas. À luz das teorias que defendem que uma melhor performance advém do maior tempo de contacto possível com a prática, são evidentes os casos de sobrecarga horária. Além disto, os treinos de força são comuns na busca do desenvolvimento máximo das capacidades físico-motoras, constituindo uma preocupação e um risco para os praticantes em idade pediátrica.(45)(46)

Na presença da referida sobrecarga horária, existe naturalmente menos tempo de descanso, lazer, vida social e familiar. Pela mesma razão são inerentes condições de stress e pressão competitiva. Estas premissas estão implicadas no surgimento de consequências sobretudo psicológicas, que serão abordadas posteriormente.(38)(47)

Outra condição geralmente associada com a EDP relaciona-se com plano nutricional. Embora a maior parte das vezes sejam propostos regimes saudáveis e adequados às exigências físicas, em muitas modalidades que implicam o controlo do peso (como ginástica ou desportos de combate) podem ser negligenciadas necessidades nutricionais com comprometimento do normal desenvolvimento dos atletas.(32)(48)

A Especialização Desportiva Precoce merece a atenção de todos os profissionais que lidam com crianças e adolescentes, no sentido de procurar um equilíbrio entre o que é aceitável e benéfico para o desenvolvimento desportivo minimizando os efeitos negativos para o atleta, a nível físico e psicossocial.(39)

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3. Consequências físicas

Cerca de um terço das lesões verificadas em jovens ocorrem no contexto da prática desportiva, sendo mais comum o seu aparecimento em adolescentes em comparação com as crianças, tendo em conta a fase de desenvolvimento pubertário em que se encontram.(49)(50)

Abordando especificamente as consequências físicas negativas da prática desportiva de elite, destacam-se dois principais problemas: as alterações hormonais e as lesões de sobrecarga.

3.1. Alterações hormonais

Os atletas de alta competição em idade pediátrica, sobretudo na fase pubertária, experimentam períodos importantes de crescimento e maturação óssea e sexual, sendo que a ativação fisiológica e complexa interação entre os eixos Hormona do Crescimento (GH) –

Insuline-like Growth Factor 1 (GH/IGF-1), Hipotálamo - Hipófise - Adrenal (HHA) e também

Hipotálamo Hipofisário Gonadal desempenha um papel fundamental nesta adaptação.(26)(51) (52)

3.1.1. Hormona do Crescimento e estatura

A hormona do crescimento e o seu eixo interagem ativamente com a prática de exercício físico. Como já analisado anteriormente, a atividade física estimula a sua produção e, por conseguinte, os seus efeitos no crescimento e maturação dos indivíduos.(53)

No entanto, para níveis de intensidade como os observados no desporto de alta competição, são discutidas alterações na GH, no peptídeo IGF-1, no normal funcionamento do eixo e as devidas consequências na estatura dos atletas. Os ensaios realizados reforçam ainda mais esta discussão, tendo em conta os diferentes resultados apresentados, para os valores de IGF-1 em comparação com não atletas ou atletas de atividades menos intensas.(51)(54)(55) (56)

A ginástica de alta competição é o paradigma da discussão sobre a estatura. É extremamente comum observarem-se ginastas, sobretudo do sexo feminino, com estaturas mais baixas. Este parâmetro é dependente não só da ação da GH e IGF-1, como também apresenta influência genéticas e de outras hormonas relacionadas também com a maturação e crescimento pubertário. Estudos prévios sobre os níveis de IGF-1 nestas atletas apontam para valores mais reduzidos.(33)(51)(55)(56)Pelo contrário, outros autores defendem que a alta intensidade da modalidade não tem influência sobre a estatura final geneticamente definida, apenas afetando a massa corporal.(52)(57)(58)

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A explicação mais admitida para a relação entre o eixo GH/IGF-1 e a prática desportiva de alta intensidade passa pela influência do aporte energético. A síntese destas hormonas depende de um bom suporte nutricional e energético, que muitas vezes é negligenciado no desporto de elite e em particular em modalidades como a ginástica, o ballet ou a patinagem. A restrição calórica em sinergismo com o overtraining contribuem para um menor efeito das hormonas no crescimento estatural dos atletas.(51)(59)

3.1.2. Tríade da Atleta Feminina

A desregulação da síntese e efeitos das hormonas constitui um problema sobretudo destacado para jovens atletas de alta competição do sexo feminino, acentuado pela crescente participação das mesmas no mundo desportivo.(60) (61)

A Tríade da Atleta Feminina (TAF) foi inicialmente definida como uma síndrome clínica caracterizada por três parâmetros concomitantes e intimamente interligados: problemas alimentares, amenorreia e osteoporose.(62)Em 2007, uma atualização do conceito definiu a TAF como um espectro de alterações na disponibilidade energética, função menstrual e densidade mineral óssea, sem que os três critérios tenham que estar presentes simultaneamente.(63)

Em termos epidemiológicos, antes de 2007, os números constatados demonstravam uma baixa percentagem de atletas (na ordem dos 1 a 4%) que apresentavam os três critérios que compõem a tríade. Com a atualização da definição, e considerando que deixou de ser necessária a presença simultânea dos três, a percentagem de atletas do sexo feminino que apresentam dois dos critérios é estimada entre 5 e 27%. Este valor é ainda superior quando consideramos a presença de um ou mais critérios, tendo sido verificado em cerca de 78%. Existe uma grande variabilidade de valores e alguma dificuldade na sua determinação, na medida em que, com exceção da densidade mineral óssea, a avaliação das atletas é feita através de questionários, com o risco inerente de subjetividade.(64)(65)(66)

A especialização desportiva precoce, carga e comportamento inadequados nos treinos ou problemas referentes à alimentação, características inerentes à prática desportiva de alta competição, constituem exemplos de fatores de risco para o surgimento da TAF recentemente reconhecidos.(67)

As consequências a longo prazo desta condição passam sobretudo por maior propensão para problemas de fertilidade, lesões como fraturas, disfunção endotelial e do metabolismo lipídico, depressão e ansiedade, assim como maior risco de mortalidade.(66)(68)

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Relativamente às disfunções hormonais presentes nesta síndrome, importa perceber de que forma o exercício de alta intensidade influencia os três parâmetros e como estes se relacionam entre si.

3.1.2.1. Disponibilidade Energética

Contrariando o conceito original deste critério da tríade, atualmente não é necessário que exista exatamente um distúrbio alimentar, mas sim um desequilíbrio no aporte energético. Por outras palavras, um balanço energético negativo pode ser resultado não só de problemas como a anorexia ou a bulimia, mas também de um gasto de calorias superior à quantidade ingerida. Um Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 17,5 kg/m2 com uma história detalhada do plano nutricional e desportivo ajudam a perceber uma baixa disponibilidade energética, desadequada para uma prática desportiva de alta competição.(63)(67)

Esta condição predispõe ao aparecimento dos outros problemas, inclusivamente aqueles envolvidos nesta Tríade da Atleta Feminina.

3.1.2.2. Função Menstrual

As irregularidades da função menstrual/reprodutiva em resposta ao exercício de alta intensidade variam na sua apresentação, num espectro que compreende a amenorreia (primária ou secundária), oligomenorreia e anovulação, sendo a primeira a mais comummente discutida. (69)

A Amenorreia Funcional Hipotalâmica (AFH) é o tipo de amenorreia com maior relação com o desporto de alta competição e, consequentemente, com a TAF.A AFH caracteriza-se pela ausência de menstruação como resultado de uma supressão do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, sem que tenha sido identificada alguma anomalia orgânica ou anatómica.Os efeitos negativos decorrem de irregularidades na pulsatilidade da secreção da Hormona Libertadora de Gonadotrofinas (GnRH), estimuladora da síntese da Hormona Luteínica (LH) e da Hormona Folículoestimulante (FSH).(51)(66)(69)(70)

Como resultado, a função normal destas hormonas é perturbada, manifestando-se através de alterações nos níveis de estrogénios e progesterona, com consequentes distúrbios do ciclo menstrual acima mencionados, mas também com preocupantes riscos para a densidade mineral óssea, que discutiremos posteriormente.(69)(70)(71)

As causas que originam as irregularidades hormonais referidas e a AFH são multifatoriais. No entanto, é importante ressalvar que a grande maioria se relacionam com as características do desporto de alta competição. Isto é, distúrbios do aporte energético/estado nutricional, stress,

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sobrecarga de exercício, entre outras alterações hormonais.(71) O balanço energético negativo parece ser mesmo uma das explicações mais fiáveis, sendo a FHA uma forma de defesa do organismo. Na prática, o sistema reprodutivo é “desligado”, dando-se prioridade a outros sistemas numa situação de baixa disponibilidade de energia.(72)

3.1.2.3. Densidade Mineral óssea

A atualização da definição da TAF veio substituir a osteoporose pela diminuição da densidade mineral óssea (DMO), englobando assim os problemas de osteopenia e osteoporose. (73)

O pico de massa óssea ocorre geralmente entre os 11 e os 14 anos de idade, sendo a menarca um sinal indicativo de ocorrência do mesmo.(66)(70) É assim percetível que problemas hormonais nesta fase contribuam para maiores alterações na densidade mineral óssea.(51) Estudos mostram que quanto mais tardia a idade da menarca, maior a associação com a diminuição da DMO.(64)(74)

Este efeito justifica que as disfunções menstruais sejam a maior contribuição para a baixa DMO presente na tríade. (75) Tanto a oligomenorreia como a amenorreia predispõem o surgimento de estados hipoestrogénicos, semelhante aos estados de pré-puberdade. Os estrogénios são protetores da reabsorção óssea e contribuem para o saudável crescimento ósseo, logo, a diminuição da sua produção constitui um fator de risco para os efeitos negativos da diminuição da DMO.(51)(66)(69)

Outras causas influenciam este critério para além da disfunção menstrual. Mais uma vez, dos efeitos característicos do desporto de alta competição, o défice de aporte energético e problemas nutricionais têm influência. Neste caso, é de relevância superior o papel da vitamina D e do cálcio, atendendo à sua função na construção e manutenção da saúde óssea.(67)

As consequências a longo prazo resultantes dos baixos níveis de densidade mineral óssea passam evidentemente pelo desenvolvimento de osteoporose e sobretudo fraturas, sendo mais comum o surgimento de fraturas de stress.(51) (76)

3.1.3. Outras hormonas

Além dos efeitos negativos já referidos, outras hormonas surgem neste contexto, embora subsista a investigação sobre os seus papéis. Dois dos casos são a testosterona e o cortisol, que demonstram ter implicações na regulação neuromuscular e músculo-esquelética (com ênfase no equilíbrio anabólico/catabólico), com particular preponderância no treino de alta intensidade, principalmente em jovens atletas masculinos. Embora se reconheça que neste tipo

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de atividade ocorre uma modificação do basal funcionamento destas hormonas endógenas, permanecem por clarificar as consequências a longo prazo dessa mesma desregulação.(77)(78)

3.2. Lesões de sobrecarga

As lesões desportivas podem resultar de dois tipos de mecanismo: macro e microtraumatismo. Se o primeiro é característico de lesões agudas como entorses, contusões, ou estiramentos, o segundo, por seu lado, está na base do desenvolvimento de lesões de sobrecarga, também denominadas lesões por esforços repetidos.(79) São então definidas como lesões crónicas que resultam de microtraumatismos aplicados de forma constante nos tecidos (tendões, músculos, ossos, cartilagens) no contexto da prática repetitiva e extenuante de gestos técnicos específicos das modalidades. Não há um momento identificável de lesão, mas sim um desenvolvimento gradual da mesma, perpetuado por períodos de recuperação inadequados e/ou uma execução incorreta dos movimentos.(79)(80)(81)

A incidência destas lesões é crescente, acompanhando o já referido aumento da participação em idades mais precoces dos atletas no desporto de alta competição. A sobrecarga é responsável por cerca de 50% das lesões desportivas verificadas em crianças e adolescentes. (81)(82)

A lista de fatores de risco para o desenvolvimento destas lesões inclui aqueles que são extrínsecos ou intrínsecos do indivíduo praticante de atividade física de alta intensidade.(79)

Os fatores extrínsecos e modificáveis, prendem-se sobretudo com as características da modalidade em questão e dos programas de treino.

A prática de gestos técnicos repetitivos, por vezes de forma desadequada, num volume e intensidade elevados, associados a um tempo de repouso desadequado, são características inerentes à especialização desportiva e com um papel importante no surgimento de lesões de sobrecarga.(83)(84)(85) Por serem lesões crónicas, são muitas vezes negligenciadas. Não produzem um impacto imediato, traduzem-se por dores muitas vezes suportáveis, que fazem com que os atletas prossigam com os movimentos, contribuindo para o agravamento da deterioração.(86)

Os equipamentos inapropriados e ambientes desfavoráveis podem também ser considerados fatores de risco para lesões de sobrecarga.(79)(84)(85)(87)

Os fatores intrínsecos dizem respeito sobretudo às características biológicas individuais. Em idade pediátrica, como já discutido, os atletas encontram-se mais suscetíveis às lesões, especialmente na prática de exercício físico de alta intensidade. Especialmente naqueles que se encontram no pico de crescimento, as suas cartilagens, ossos, músculos e tendões são mais

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vulneráveis às alterações provocadas pelo stress constantemente aplicado. A placa de crescimento ou placa epifisária, responsável pelo crescimento longitudinal dos ossos, e as apófises, locais de inserção tendinosa, são áreas particularmente frágeis.(79)(80) (88)(89)

Para além da idade e estadio de desenvolvimento, também o género feminino parece acarretar mais risco de desenvolvimento destas lesões, sobretudo pelo surgimento de disfunções menstruais e diminuição da massa mineral óssea, como já discutido acerca da tríade da atleta feminina.(85)(90)

Outros fatores de risco intrínsecos e não modificáveis passam por desequilíbrios posturais ou de alinhamento, laxidão ligamentar, instabilidade articular, pouca flexibilidade ou mesmo lesões prévias.(91)(92)

Os jovens atletas podem ser afetados por vários tipos de lesão de sobrecarga e em diferentes regiões anatómicas. Apofisites, fraturas de stress ou tendinopatias são alguns dos exemplos que afetam particularmente tornozelos, joelhos, cotovelos e punho, embora a anca e a coluna vertebral sejam também áreas muito afetadas.(79)(93)

Na ausência de diagnóstico ou de cuidados adequados às lesões em causa, as consequências podem ser críticas. Podem resultar em alterações anatómicas e estruturais das articulações, artrite, dor persistente, fraturas graves ou paragem parcial ou total do processo de crescimento, além de todo o condicionamento da produtividade desportiva.(79)(94)(95)

3.2.1. Apofisites

Por força da sua imaturidade esquelética, em comparação com os adultos, os atletas jovens podem apresentar lesões nas placas de crescimento (fises), epífises e apófises. Esta última, em particular, constitui um tipo de lesão de sobrecarga característico dos desportistas de elite que se encontram em fase de desenvolvimento musculosquelético.(80)(93)(96)

As apófises são locais de inserção dos tendões/músculos no osso em crescimento e que, nos jovens atletas, formam um centro de ossificação secundária, constituído por fibrocartilagem. O desfasamento entre o desenvolvimento do sistema esquelético e de sistema músculotendinoso, associado à relativa fragilidade destas inserções e ao constante impacto de forças de tração, fazem das apófises um local comum de lesão.(15)(79)(80)(96)(97)

Estes microtraumatismos são passíveis de provocar inflamação e irritação das mesmas, originando as apofisites, que posteriormente poderão resultar em fraturas ósseas por avulsão. As apofisites, em geral, são condições autolimitadas e que resolvem com a fusão do centro de

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ossificação. Por isso, o tratamento é habitualmente conservador, com exceção dos casos mais graves, em que pode ser necessário o recurso a cirurgia.(93)(96)(98)(99)

Os exemplos mais comummente observados deste tipo de lesões são a Doença de Osgood-Schlatter, a Doença de Sinding-Larsen-Johansson e Doença de Sever.

3.2.1.1. Doença de Osgood-Schlatter

A Doença de Osgood-Schlatter é a lesão de sobrecarga mais comum entre os jovens atletas.(99) Consiste numa apofisite do tubérculo tibial resultante de forças de tração provocadas pelas contrações repetitivas do músculo quadríceps.(93)(97)

Habitualmente surge entre os 11 e os 15 anos de idade, sendo mais comum entre os praticantes masculinos de atividades desportivas que envolvem corrida, saltos, rápidas mudanças de direção ou remates.(97)(100) Em 30% dos casos é bilateral.(100)Clinicamente manifesta-se por dor no joelho afetado, que pode ser intermitente ou constante, associada a edema da tuberosidade.(97)(100)

O tratamento conservador, que inclui repouso e o possível uso de anti-inflamatórios não esteroides é geralmente suficiente para a sua resolução. A cirurgia é reservada para os casos refratários e graves.(85)(99)(100)

3.2.1.2. Doença de Sinding-Larsen-Johansson

Também conhecido como Apofisite Inferior da Rótula, trata-se de uma patologia que se desenvolve num processo semelhante ao da Doença de Osgood-Schlatter, embora menos frequente. É resultado de forças excessivas exercidas pelo tendão rotuliano sobre a zona inferior da própria rótula.(100)(101)

Jovens atletas entre os 10 e os 14 anos são principalmente afetados, sobretudo quando envolvidos em desportos que impliquem cargas resultantes do movimento extensor da perna.Os sintomas são também a dor e o edema local, com elevado prejuízo funcional.(93)(97)(101)

Habitualmente é uma condição autolimitada, com o método de tratamento semelhante à patologia anteriormente abordada.(97) (101)

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22 3.2.1.3. Doença de Sever

A Doença de Sever ou Apofisite do Calcâneo é a segunda lesão de sobrecarga mais comum e a principal causa de dor no calcanhar de jovens atletas de alta competição. Origina-se a partir de microtraumatismos na inserção do tendão da Aquiles.(15)(97)(102)

É mais comum em rapazes entre os 9 e os 12 anos, especialmente praticantes de modalidades com frequente contração dos músculos gastrocnémio e solear, e envolve ambos os calcâneos em cerca de 60% das situações.(93)(102)A apresentação típica é de dor e edema locais, com comprometimento da marcha.(103)(104)

Pausa desportiva, reabilitação e uso de anti-inflamatórios são habitualmente suficientes para a resolução desta condição.(80)(99)(103)

3.2.2. Fraturas de stress

As fraturas de stress representam uma fração importante das lesões de sobrecarga entre os jovens atletas de elite. O sexo feminino é especialmente afetado, muito pelos efeitos hormonais abordados anteriormente e que predispõem as atletas a estes danos. Apesar do vasto leque de regiões anatómicas afetadas, a maior parte das fraturas de stress surgem nos membros inferiores, particularmente na tíbia, tarsos e metatarsos.(105)(106)

A remodelação óssea surge em resposta à carga constante e repetitiva exercida. No entanto, um desequilíbrio entre a reabsorção e a formação óssea propicia o aparecimento de microfraturas que culminam em fraturas de stress.(97)(106)(107)

Clinicamente manifestam-se por dor agravada pela atividade física e que pode persistir durante o repouso, dor à palpação e edema. Alguns testes podem ser realizados para obter o diagnóstico, mas a imagiologia tem um papel fundamental no mesmo.(105)(106)(107)

O diagnóstico precoce é importante para o sucesso do tratamento. Habitualmente este é feito de modo conservador com repouso e analgesia, sendo o regresso à atividade feito de uma forma progressiva. Há especial atenção na adolescência devido ao sistema esquelético ainda imaturo, o que pode resultar em alterações estruturais e progressão para fraturas completas.(97) (105)(107) Nos casos refratários ao tratamento conservador deve procurar-se uma abordagem cirúrgica.(106)

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23 3.2.3. Outras lesões

As fises e epífises, da forma semelhante às apófises, são também áreas propensas a lesões de sobrecarga, como são exemplo as denominadas Little Leaguer’s Shoulder (Epifisite umeral proximal) e Gymnast’s Wrist (Epifisite radial distal).(108)

Tendinopatias surgem como lesões de sobrecarga mais frequentemente em adultos do que em crianças e adolescentes, devido à maior fragilidade da apófise em relação ao tendão, como já discutido previamente. (93) Tendinites e tendinoses podem surgir, sendo as mais comuns o Jumper’s Knee (Tendinite Rotuliana), Tendinite do Aquiles e Tendinite da Coifa dos Rotadores.(79) (93)

A espondilólise define-se como um defeito ósseo no istmo vertebral (pars interarticularis), uni ou bilateral. É causa comum de queixas de dor lombar em crianças e adolescentes atletas, apresentando-se como um tipo particular de fratura de stress, comum em atividades que envolvem hiperextensão ou rotação da coluna lombar (ginástica, natação, dança, etc.). Este problema torna mais provável o deslizamento anterior dos corpos vertebrais sobre os segmentos mais caudais (espondilolistesis), perpetuando a dor e suscitando outras consequências como a degenerescência discal, radiculopatias, alterações posturais e motoras.(109)(110)

Os escalões etários jovens são, sem dúvida, os mais afetados pelas lesões ao nível físico. A imaturidade do seu sistema esquelético, aliada às implicações já discutidas da prática desportiva de alta competição, promove o aparecimento de danos que não se encontram ou surgem em muito menos número nos adultos. (49)

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4. Consequências psicossociais

Como já discutido anteriormente, embora o desporto contribua para o saudável desenvolvimento dos atletas, a atividade de alta intensidade e as suas implicações colocam as crianças e adolescentes numa posição vulnerável ao surgimento de problemas não só físicos, mas também do foro psicológico e social. Ser um atleta de alto rendimento obriga a um intenso desgaste físico, mas a capacidade mental é igualmente necessária para suportar as suas exigências.

A sobrecarga horária implica não só uma maior exposição a possíveis lesões físicas, como também retira às crianças e adolescentes tempo livre, com necessidade de estes abdicarem de atividades próprias de lazer e relacionamento social. Da mesma forma, alta intensidade de treinos e competições provoca desgastes físico e mental que necessitam de recuperação e nutrição adequadas, por vezes negligenciadas.(38)(40)(79)(111)(112)

As expectativas de bons resultados e a pressão social da família, treinadores e clube coloca os atletas sob elevado stress, com total foco nos objetivos competitivos, perdendo-se assim o sentido recreativo do desporto, com o risco de diminuir a motivação de quem o pratica. Além disto, a alta competição cria ilusões e sonhos nos próprios praticantes, muitas vezes obrigando-os a lidar com o insucesso.(38)(79)

Estes fatores desgastantes são motivadores do surgimento de problemas como

overtraining, burnout, assim como de isolamento social e comprometimento de um saudável

desenvolvimento de personalidade e identidade que se poderão refletir na vida adulta.(38)(111) (112)(113)

4.1. Overtraining e Burnout

A síndrome de overtraining (SOT) e o burnout fazem parte de um espetro de problemas resultantes do efeito deletério das pressões do desporto de alta competição.

O SOT advém de um desequilíbrio entre o desgaste suportado e a capacidade de recuperação, com depressão da performance desportiva associada, ou não, a sinais e sintomas fisiológicos e psicológicos, cuja recuperação pode durar meses.(113)(114)Embora exista uma grande relação com a sobrecarga física e horária, esta condição não é o único fator desencadeante, reforçando a ideia de que se trata de uma etiologia multifatorial e a importância da avaliação de outras condições passíveis de fomentar a acumulação de stress e desgaste. (114)(115)

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O burnout surge como o uma situação de resposta ao stress crónico. Define-se como uma síndrome psicológica caracterizada pela exaustão emocional e física dos atletas, desvalorização desportiva e sensação de não-realização.(116)(117)(118)Há uma perda de motivação para a prática de uma atividade outrora entusiasmante, e uma sensação de pressão e perda de controlo emocional, resultantes de uma incapacidade de resposta, principalmente, às exigências mentais do desporto de alta competição.(113)Algumas características pessoais são fatores que contribuem para a maior incidência desta condição, entre elas a ansiedade e baixa autoestima, o perfecionismo ou a necessidade de agradar a outros.(87)(119)

Ambas as situações apresentam sinais e sintomas comuns, sendo a ansiedade, fadiga, depressão, perda de apetite ou perturbações do sono, alguns dos exemplos.(87)

Para alguns autores, o overtraining é considerado precursor do burnout.(87)(113) No entanto, outras abordagens defendem que podem consideradas situações paralelas, com o SOT mais relacionado com desequilíbrio stress/recuperação no seu componente físico, e o burnout com a componente psicológica/emocional.(113)(120)

4.2. Desenvolvimento Social

O exercício físico em geral permite o convívio entre atletas e promove o saudável desenvolvimento da personalidade e valores dos mesmos.

No entanto, o envolvimento cada vez mais precoce na especialização desportiva e na alta competição acarreta consequências naquilo que é o desenvolvimento da interação social das crianças e adolescentes.(121)

A EDP e a ausência de experiência de diversificação das atividades físicas contribuem, não apenas para a perda de oportunidades e aquisição de competências noutras área, como também para um maior risco de perda de motivação para a prática contínua da mesma modalidade.(38)(40)

As exigências da alta competição são muitas vezes um entrave à gestão do tempo que deve ser dedicado à atividade desportiva e a momentos livres, de lazer, diversão e interação com os pares da mesma faixa etária e com a família. A sobrecarga horária e o foco na competição conduzem muitas vezes a um isolamento social que se repercute no desenvolvimento comportamental, havendo inclusivamente uma tendência para comportamentos antissociais.(38) (40)(111)

Outro dos aspetos importantes é a influência do comportamento dos treinadores e do ambiente que criam em torno dos atletas. A positividade desta influência prende-se com aquilo que é a orientação para a motivação dos atletas e o desenvolvimento de capacidades como a

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liderança, cooperação e resolução de problemas, importantes para o comportamento desportivo e social. (36) (122) No entanto, os problemas surgem quando é criada uma atmosfera egocêntrica, em que a atitude das crianças e adolescentes tenda a ser focada apenas em vencer os outros e na demonstração de superioridade. Para além de aumentar o stress e ansiedade, retira o fator motivação/diversão e aumenta a tendência para comportamentos conflituosos.(36) (111)

As influências negativas do desporto de alta competição sobre o desenvolvimento comportamental e social dos jovens atletas têm impacto na vida futura. A falta de autonomia e independência, os comportamentos antissociais e conflituosos, as atitudes de presunção ou a incapacidade para lidar com o insucesso são algumas das importantes consequências descritas. (36)(111)(113)

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5. Rendimento escolar

O desporto assume uma importância cultural cada vez maior e é por isso visto como um modo de vida futura por muitas crianças e jovens. São inúmeras as situações em que se percebe esta tendência, principalmente quando lhes é perguntado “o que querem ser quando forem grandes”. No entanto, só uma minoria consegue atingir estes objetivos e, mesmo para estes, trata-se de uma profissão efémera. Assim, acentua-se a discussão sobre a necessidade de existência de uma formação académica de base, que garanta aos atletas um meio de sustentabilidade na vida pós-desporto.

Atualmente, permanece o preconceito de que os desportistas são indivíduos com pouca formação, conhecido como dumb jocks ou, em português, “atletas patetas”, mas não significa que se coadune com a realidade.(123)

Os atletas de alta competição são sujeitos a condições específicas que se revelam um entrave à sua formação académica. Isto é, embora a aprendizagem dependa das características pessoais de cada aluno, a atividade de alto rendimento implica uma vida dupla que nem sempre se compatibiliza com a gestão das atividades escolares.(124) É muita a dedicação a treinos e competições com vista a atingir a excelência, retirando espaço para outras atividades, e muitas vezes deixando suspensa a própria vida académica.(124)(125)

Uma das principais dificuldades na conciliação da vida desportiva e académica prende-se com a questão do tempo. Além da questão da sobrecarga horária dos treinos já referida neste trabalho, as aulas, as viagens, porventura trabalhos de casa e estudo, fazem as 24 horas de um dia curtas para estes atletas.(124)(125)A fadiga e o stress acumulam-se, muitas vezes por não existir tempo suficiente para recuperação, lazer e convívio. A pressão a que estão sujeitos, quer pelos resultados desportivos, quer pelos escolares, podem gerar ansiedade com potencial para afetar o rendimento escolar.(124)(126)(127)

O foco apenas no desporto e desvalorização dos estudos ou falta de motivação para os mesmos, as lesões e dores que muitas vezes afetam os atletas, assim como a falta de cooperação entre escolas e instituições desportivas são outros fatores que influenciam a harmonização entre alta competição e rendimento escolar.(128)(129)

No entanto, os estudos existentes não comprovam que exista uma influência negativa no desporto de alta competição no rendimento escolar. Em geral, atletas de alta competição não apresentam resultados pior do que os seus colegas não desportistas.(123)(124)(130)(131)(132) A cooperação entre as instituições, com flexibilidade horária ou com marcação de exames fora das datas de competição podem contribuir para estes resultados.(124)(133) Por outro lado, a integração do desporto competitivo nos serviços escolares/universitários, como na antiga União

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Soviética ou nos Estados Unidos, poderá ser uma solução para ajudar a conciliar vida desportiva e académica.(133)

As competências adquiridas pelos jovens com a sua experiência desportiva, como a capacidade de gerir o tempo ou tomar decisões, aliadas ao apoio familiar e de treinadores, permitem uma melhor gestão das dificuldades que a alta competição imprime na tentativa de participação ativa na vida académica.(125)(126)

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VI. Conclusão

O exercício físico e a atividade desportiva contribuem de forma fundamental para um saudável crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. A fronteira entre os benefícios e os efeitos prejudiciais do desporto é determinada pela prática de atividade física de alta competição e pela especialização desportiva precoce. A procura desmedida de sucesso, numa sociedade que cada vez mais valoriza os feitos desportivos, leva a um aumento preocupante deste tipo de prática em idades precoces.

Os atletas em idade pediátrica são particularmente suscetíveis às consequências do exercício desmedido e desadequado ao seu desenvolvimento. As características do exercício de alta intensidade, por si só, constituem fatores de risco para problemas ao nível físico e psicossocial.

O desadequado aporte energético desempenha um papel fundamental na etiologia das anomalias da função do eixo da hormona do crescimento e tem especial importância na interação com a função menstrual e densidade mineral óssea na atleta feminina. Nos atletas em pleno desenvolvimento ósseo e muscular, a prática excessiva e repetitiva de movimentos específicos, em associação com outros fatores extrínsecos e intrínsecos, está na base do surgimento de lesões de sobrecarga. As fraturas de stress e as doenças musculoesqueléticas com alta incidência nesta faixa etária podem levar a alterações irreversíveis da normal constituição motora.

O desporto promove a saudável interação social e a aquisição de valores e capacidades importantes para o desenvolvimento psicossocial das crianças e adolescentes. No entanto, a sobrecarga horária, o stress, a pressão e a ansiedade gerados em torno dos atletas, facilitam a exaustão psicológica e o isolamento social. Além de contribuir para o abandono da prática desportiva, há uma maior tendência para o surgimento de jovens atletas em estado de burnout, com menos autonomia e independência, associados a atitudes e comportamentos antissociais.

No que diz respeito ao rendimento escolar, apesar das dificuldades inerentes à conciliação da atividade desportiva de elite com a vida académica, estes estudantes-atletas não demonstram piores resultado em relação aos demais colegas, muito devido ao contributo das boas medidas de cooperação interinstitucional.

Embora a preocupação e a atenção ao tema por parte dos investigadores sejam crescentes, os estudos existentes são ainda escassos, fazendo com que os efeitos negativos do desporto de alta competição em idade pediátrica permaneçam um tema não consensual. Soares (2013) defende que, excetuando casos obviamente irresponsáveis, não existe evidência científica destas consequências. Acrescenta ainda que, pela sua experiência profissional, os

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atletas com quem convive não deixam de ser alegres, sociáveis e bons alunos, embora tenham uma carga horária considerável. (134)

A investigação deve seguir no sentido do desenvolvimento de medidas de prevenção, como o acompanhamento médico e psicológico, e do reconhecimento completo dos fatores que contribuem para estes efeitos negativos, sabendo-se que existirá sempre a influência da variabilidade genética e ambiental.

Indiscutível é que as crianças e os adolescentes não podem ser vistos simplesmente como adultos em miniatura, havendo necessidade de adaptar e gerir multidisciplinarmente a sua integração em modelos de competição.

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