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ADICIONAL DE INSALUBRIDADE: BASE DE CÁLCULO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

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Marlete Maria da Cruz Corrêa da Silva1

Resumo

A base de cálculo do adicional de insalubridade no Direito do trabalho brasileiro é sobre o salário mínimo nacional, salvo se o empregado percebe salário profissional da categoria a que pertence. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, Inciso IV, não revogou o artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho- CLT, pois a utilização do salário mínimo é apenas como parâmetro.

Palavras-chave: adicional de insalubridade, base de cálculo, salário mínimo.

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Advogada militante, professora do Ceulji/Ulbra-titular das cadeiras Direito do Trabalho e Estágio do Trabalho, Presidente da OAB de Ji-Paraná-RO.

Introdução

Antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, não havia discussão acerca da base de cálculo do adicional de insalubridade, que quando devido nos graus máximos, médio e mínimo, incidia sobre o salário mínimo.

Hoje os profissionais da área do Direito do Trabalho passaram a travar discussões e criaram divergências sobre a base de cálculo.

Para alguns, o Inciso VI do artigo 7º. da Constituição Federal de 1988, veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim, inclusive para efeito de cálculo do adicional de insalubridade.

Para outros, o dispositivo constitucional não revogou o artigo 192 da CLT, e mesmo após o advento da Carta Magna, a base de cálculo do adicional de insalubridade é devido sobre o alário mínimo, salvo se o empregado percebe salário profissional da categoria, que sobre este deverá incidir, contemplando assim o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho insculpido no Enunciado 17 e 228.

Definições de atividades

insalubres

Nos termos do disposto no artigo 189 da CLT, pode-se definir atividades ou operações insalubres aquelas que, por natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixada em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus feitos.

Conceito de Adicional de

Insalubridade

Adicional de insalubridade é aquele que tem por finalidade compensar o trabalhador pelo trabalho prestado em condições que possibilitem a atuação de agentes nocivos à saúde.

Os agentes nocivos à saúde podem ser físicos, como o ruído excessivo; químicos, biológicos, aqueles encontrados em estabelecimento hospitalar bem como os produtos que contêm compostos de carbono. A portaria do Ministério do Trabalho n. 3.214/78, estabelece de forma taxativa os graus de insalubridade de

Jus Societas Ji-Paraná – RO – CEULJI/ULBRA v 1 p. 47-51 n.1 - 2007

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acordo com os agentes nocivos

encontra-dos no ambiente de trabalho do

empregado.

Os graus de insalubridade são estabelecidos em máximo, médio e mínimo, respectivamente em 40%, 20% e 10%, nos termos da NR 15, conforme a insalubridade encontrada.

O TST - assim já decidiu:

A insalubridade é caracterizada quando o agente nocivo agride o trabalhador acima dos limites de tolerância ou de concentração máxima permissível. Restar-se constatado, através de laudo pericial, que, apesar da utilização dos EPIs, ação do agente nocivo continua acima desses limites, devido é o pagamento do respectivo adicional (TST, E-RR 194.886/95.0. Rider de Brito, Ac SBDI-1 2.366/97).

Incidência do Adicional de

Insalubridade

É de competência do Ministério do Trabalho determinar as atividades e operações insalubres, como da mesma forma lhe cabe estabelecer normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, os meios de proteção bem como o limite máximo de exposição do empregado a esses agentes.

O Legislador deixa para o

Ministério do Trabalho a

regulamentação e o enquadramento das atividades consideradas insalubres; os agentes biológicos exigem contatos com animais, pacientes ou material infecto-contagiante; tendo de ser este contato permanente, nos termos da NR-15, anexo 14 da portaria 12/79.

Quanto ao trabalho rural, a Lei n.5.889 de 08/06/1973, em seu artigo 13, remete à regulamentação ao Ministério do Trabalho, portaria MT 3.067/88, manda aplicar no caso do trabalho rural o que couber a NR 15 da portaria 3214/78.

Cessação da Incidência

O

direito

à

percepção

do

adicional de insalubridade cessará

apenas com a eliminação ou a neutralização da insalubridade, o que pode ocorrer com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância fixado pela NR, ou, ainda, com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalho, que diminua a intensidade do agente agressivo à saúde, conforme estatui o artigo 191, Incisos I e II da CLT.

O Tribunal Superior do Trabalho - TST, através do Enunciado n. 80 assim manifestou: “A eliminação da insalubridade, pelo fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo, exclui a percepção do adicional respectivo”.

É de ressaltar que a diminuição da insalubridade ou eliminação de seus efeitos sobre o ser humano tem sido

uma preocupação constante da

Medicina do trabalho e do próprio legislador. As normas que versam sobre

a proteção ao ambiente ou ao

trabalhador de forma individual têm

dirigido e procurado não só os

aerodispersóides, mas todos os

agentes.

O Ministério do Trabalho recebeu uma faculdade legal importantíssima: a de determinar às empresas que adotem as medidas adequadas para neutralizar ou minimizar os efeitos nocivos da insalubridade.

Base de Cálculo do Adicional de

Insalubridade

A Consolidação das Leis do Trabalho CLT de 1943, em seu artigo 192, expressa que a base de cálculo do adicional de insalubridade graus máximo, médio e mínimo respectivamente 40%,20% e 10% será feito como base no salário mínimo.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, o adicional de insalubridade passou ser um direito social, estando alçado no artigo 7°, Inciso XXIII, estabelecendo que a remuneração será na forma da lei.

E o mesmo dispositivo em seu Inciso IV veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim.

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A partir de então passaram a existir

dúvidas e divergências quanto à

remuneração para base de cálculo do adicional de insalubridade, se seria sobre a remuneração do empregado ou sobre o salário mínimo, em face da restrição trazida pela própria Constituição Federal vedando a vinculação do salário mínimo para qualquer fim, passando então a existir posiciona-mentos diferentes, por parte de profissionais na área do Direito do Trabalho.

Tem sido intensa a discussão em torno do uso ou não do salário mínimo como base de cálculo para o adicional de Insalubridade nos termos do artigo 192 da CLT. Há autores e juristas que defendem, inclusive que o artigo 192 da CLT teria sido revogado pela Constituição Federal de 1988.

Outros, porém, defendem que ao vedar a vinculação do salário mínimo, o constituinte estaria proibindo a sua utilização como indexador econômico e não como parâmetro para base de cálculo, como o que ocorre com a remuneração do adicional de insalubridade, evoluindo esta última no sistema jurídico brasileiro.

O simples fato de a parte final do Inciso IV do art. 7°da Constituição Federal de 1988 vedar a vinculação do salário mínimo para qualquer fim, não se ver que tal vedação compreende a utilização do salário mínimo para cálculo do adicional de insalubridade, a restrição da não-vinculação do salário mínimo é simplesmente para efeito de evitar uma indexação da economia, como por exemplo, celebração de contratos de venda e compra, reajustamento de alugueres e outros.

A vedação trazida pelo Inciso IV do art. 7°da Constituição Federal/88 tem de ser interpretada de forma restrita, pois caso contrário não poderia o salário mínimo ser utilizado para fixação de salário mínimo profissional de algumas categorias profissionais, fixação de pensão alimentícia e indenizações por ato ilícito, aí estar-se-ia desvirtuando o próprio instituto.

Destarte, o Inciso IV do art. 7o da CF/88 não revogou o artigo 192 da CLT, estando este plenamente em vigor e compatível com o princípio constitucional. Sendo, portanto, o salário mínimo a base de cálculo da remuneração do adicional de insalubridade após o advento da norma

ápice.

Mozart Vitor Russomano, em sua obra Curso de Direito do Trabalho, em estudo sobre o salário mínimo, defende o salário mínimo como base de cálculo para o adicional de insalubridade nos seguintes termos: “A instituição de um salário mínimo para as atividades insalubres (salário mínimo normal, acrescido da porcentagem, que oscila em função do grau mínimo, médio ou máximo da insalubridade”).

Alice Monteiro de Barros, na obra Curso de Direito do º a Trabalho, Estudos em memória de Célio Goyata, 2 volume 3 edição, afirma:

[... ] a Carta Magna nada mais fez do que afirmar que a insalubridade e a periculosidade integram o todo remuneratório do trabalhador, mas não quer dizer que sobre este tenham incidência. Para confirmar esse raciocínio é de ver-se, que no fim do citado inciso constitucional, há uma expressa assertiva de que o adicional será devido na “forma da lei”, e está, atualmente vigente, é exatamente o artigo 192 da CLT com redação dada pela Lei n. 6.514 de “22/12/1977”.

O Supremo Tribunal Federal - STF assim também manifestou:

Longe fica de configurar preceito contrário à Carta o que revela o salário - mínimo como base de incidência da percentagem alusiva ao adicional a de insalubridade. (STF, 2 T, AG nº 177. 959-4 AGRG rel. Min. Marco Aurélio)

Adicional de insalubridade. Base de cálculo. Art. 7 , IV da Constituição Federal. Salário mínimo.O art. 7 , IV, da Constituição Federal, ao estabelecer ser vedada a vinculação do salário mínimo para qualquer fim visa, efetivamente, a evitar uma indexação da economia, impedindo que a variação do salário mínimo, em virtude de sua vinculação, constitue um fator inflacionário.

Ora, ao adotar o salário mínimo como base de cálculo do adicional de insalubridade, não se objetiva gerar efeitos econômicos, mas tãosomente estabelecer um parâmetro para o cálculo. Ao proibir que seja adotado tal procedimento, estar-se-ia desvirtuando institutos materiais do direito do trabalho, tais como o próprio adicional de insalubridade, o salário profissional, etc. Não

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se pode olvidar, outrossim, a existência de decisões, inclusive do Supremo Tribunal Federal, autorizando a fixação do salário mínimo como base de certos cálculos, como é o caso dos alimentos e da indenização por ato ilícito (STF RT 124/228, RT 714/126, Súmula 490 do STF). Embargos não conhecidos.

Adicional de Insalubridade Base

de Cálculo

A jurisprudência pacífica da Corte orienta-se no sentido de que a base de cálculo do adicional de insalubridade, mesmo na vigência da atual Constituição Federal, é o salário mínimo. Recurso parcialmente conhecido e provido.” TST RR 325.308/1996.2- Ac. a 4 T., 10.11. 99. Rel. Min. Barros Levenhagem.( LTR 64-03/359). Não se pode admitir interpretação de lei que vise, a partir de uma negativação da utilização do salário mínimo como base de cálculo, criar direitos não almejados pelo legislador. Pois em nenhum momento o legislador constituinte pretendeu com o Inciso IV do artigo 7° da Constituição Federal de 1988 alterar a base de cálculo do adicional de insalubridade de forma que fosse utilizado o salário contratual ou a remuneração do empregado.

Dessa forma, considerando o salário mínimo de hoje que é de R$ 260,00, o empregado irá receber a título de adicional de insalubridade o valor de R$ 104,00 (cento e quatro reais), se a insalubridade estiver em grau máximo 40% acima dos limites de tolerância.

EXEMPLO:

a. R$ 260,00 salário mínimo em setembro/04 X 40% grau máximo de insalubridade ---

R$104,00,valor devido a título de insalubridade

b. R$ 260,00 salário mínimo em setembro/04 X 20% grau médio de insalubridade ---

R$ 52,00, valor devido a título de insalubridade

c. R$ 260,00 salário mínimo em setembro/04 X 10% grau mínimo de insalubridade ---

R$ 26,00, valor devido a título de insalubridade

Assim, ainda que o empregado receba salário superior ao salário mínimo, a base de cálculo será a do salário mínimo, e não o salário contratual ou remuneração, salvo previsão em acordo ou convenção coletiva do trabalho.

Ademais, se o empregado percebe salário profissional fixado por lei,

convenção coletiva ou sentença

normativa, incidirá a base de cálculo

sobre o salário profissional,

posicionamento adotado pelo Tribunal Superior do Trabalho, através do Enunciado 17, restaurado através da Resolução administrativa do TST (PLENO) nº 121, de 26.10.03, que assim dispõe:

Adicional de Insalubridade -

Cálculo - Salário Profissional -

Restauração

O adicional de insalubridade devido a empregado que, por força de lei, convenção coletiva ou sentença normativa, percebe salário profissional será sobre este calculado.

Dessa forma, se o salário profissional de determinada profissão for de R$ 550,00, e o empregado percebe o salário profissional, sobre ele incidirá a base de cálculo do adicional de insalubridade. Porém, se a insalubridade no caso acima citado estiver em grau máximo acima dos limites de tolerância 40%, o empregado irá receber R$ 220,00(duzentos e vinte reais).

Integração do Adicional de

Insalubridade na Remuneração

É devido o adicional de insalubridade somente aos empregados que prestam serviço em ambiente considerado insalubre, precisamente nos graus 10, 20 e 40%, o que só pode ser constado através de perícia técnica comprovando a condição de insalubridade no trabalho. O pagamento do adicional de insalubridade integra a remuneração base do empregado para todos os efeitos, mas não em caráter definitivo, pois sendo eliminado a insalubridade cessar-se-á o pagamento.

O Enunciado no. 80 do TST assim dispõe: "A eliminação da insalubridade,

pelo fornecimento de aparelhos

protetores aprovados pelo órgão

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competente do Poder Executivo, exclui a percepção do adicional respectivo”.

Conclusão

Mesmo após o advento da

Constituição Federal de 1988, a base de cálculo do adicional de insalubridade é sobre o salário mínimo e não o salário contratual ou a remuneração, o salário mínimo é utilizado apenas como parâmetro não afrontando a Constituição Federal, estando em pleno vigor o artigo 192 da CLT.

Assim, se um empregado contratado para perceber por mês R$1.000,00, e o local de trabalho é considerado insalubre pela

perícia acima dos limites de tolerância, a base de cálculo incidirá sobre R$ 260,00, ou seja , o salário mínimo vigente nesta data. Ressalvado, porém, a situação quando empregado percebe salário profissional determinado por lei, convenção coletiva ou sentenças normativas, cuja base de cálculo será sobre este.

Não há de se falar que o artigo 192 da CLT foi revogado pelo artigo 7º. Inciso IV da Constituição Federal de 1988. Pois se considerar a inaplicabilidade do dispositivo consolidado estar-se-ia desvirtuando institutos materiais do direito do trabalho, o que é inaceitável.

Abstract

The taxable income of the additional one of insalubridade in the Right of the Brazilian work is on the national minimum wage, saved if the employee perceives professional fee of the category the one that belongs. The Federal Constitution of 1988, in its article 7º, Interpolated proposition IV, did not revoke article 192 of the Consolidation of the Laws of Work CLT, therefore the use of the minimum wage is only as parameter.

Word-key: additional of insalubridade, taxable income, minimum wage.

Referências

CARRION. Valentim, Comentários a CLT. 29. ed, São Paulo: Saraiva, São Paulo, 2004. BRASIL. Constituição Federal de 1988: Senado Federal, Brasília.

RUSSOMANO. Mozart Vitor. Curso de Direito do Trabalho. 5. ed, São Paulo: Jurá, 1995. BARROS. Alice Monteiro de, Curso de Direito do Trabalho - Estudos em memória de Célio Goyata, 2º volume, 3. ed. São Paulo: LTR, 1997.

MARTINS. Sérgio Pinto, Direito do Trabalho. 19.ed. São Paulo: Atlas, 2004. 6. LTR - Legislação

do Trabalho, março 2000, 64-03/359.

NASCIMENTO. Amauri Mascaro do. Iniciação ao Direito do Trabalho. 32. ed. São Paulo: LTR, 2004.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE: BASE DE CÁLCULO

APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

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