II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS
DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ
A construção de valores na sala de aula
Isabeli Rodrigues de AndradeAluna da 8ª. Etapa do Curso de Pedagogia e Licenciatura Plena em Gestão e Supervisão Escolar.
Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá isabeliandrade@ig.com.br
Maurina Passos Goulart Oliveira da Silva Orientadora - Profª do Curso de Pedagogia
Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá maurina@iron.com.br
RESUMO:
A pesquisa pretende analisar e discutir que tipo de trabalho tem sido feito pelas escolas para formação de valores. Podemos afirmar que ao se trabalhar valores estas escolas conseguem mudar o comportamento das crianças?
Na visão piagetiana e de autores que nele se têm inspirado, a educação moral ou educação em valores não poderia jamais se dar na forma de imposição de valores, nem deixada à livre escolha de cada um. Se quisermos educar para uma autonomia não é possível obtê-la por coação, ou seja, se quisermos formar alunos como pessoas capazes de refletir sobre os valores existentes, capazes de fazer opções por valores que tornem a vida social mais justa e feliz, capaz de serem críticos em relação aos contravalores, então é preciso que a escola crie situações em que essas escolhas, reflexões e críticas sejam solicitadas e possíveis de serem realizadas.
Considerando a pré-escola como um período privilegiado para aprendizagem e se bem aproveitados com vivências, situações cotidianas, experiências, diálogos, sem esquecer a afetividade e a formação de autoconceito positivo, já seria um grande passo para potencializar a diminuição das situações de indisciplina e violência em anos posteriores.
Esperamos contribuir para efetiva reflexão sobre o tema.
Palavras- chave: Pré-escola – Valores – Crianças Seção 3 – Curso de Pedagogia – Meio Ambiente. Apresentação: oral.
O interesse pelo tema surgiu a partir da minha “práxis”, atualmente sou professora de pré-escola e participo ativamente do processo de formação da criança, a escola qual eu atuo dá grande importância à Educação em Valores e vejo que essa educação escolar mais humanizada, que destaca a questão do respeito, solidariedade,
responsabilidade, amor, entre outras coisas tem tido grandes resultados em relação ao comportamento das crianças.
Mas acredito que isso só vem acontecer se o professor como o responsável por esse processo dentro da escola, estando ali diariamente com o aluno, deve se comprometer e refletir sobre sua prática, pois ele é o instrumento principal do processo, é um exemplo para seus alunos e as crianças aprendem melhor por exemplos, nossos comportamentos como educadores devem permitir que as crianças experimentem esses valores como seus, para usá-los na sua interação com os outros. Portanto é também na relação professor-aluno que se constrói valores, criam-se vínculos e laços de reciprocidade.
Vejo meus alunos como seres pensantes e procuro formar uma criança cidadã, que respeita o próximo e a si mesmo, que aceita as diferenças, não tem medo do novo, que seja capaz de criticar, prefira “ser” a “ter”, que brinque, ame e seja feliz, entre outras coisas.
Problematização: Não é uma tarefa fácil abordar a questão dos
valores na educação escolar. A Pedagogia Tradicional levou-nos acreditar por muitos séculos, que a principal tarefa da escola era a de transmitir somente os conteúdos escolares. É um modelo pedagógico que não se enquadra mais às exigências do mundo atual.
A educação escolar não se restringe mais, como no passado, a mera transmissão de conhecimentos, onde a atividade de ensinar era centrada no professor e o aluno era um mero recebedor de conteúdos. A educação escolar atual é agora entendida como processo de desenvolvimento, intelectual e moral do educando, onde o aluno passa a ser o centro do processo didático-pedagógico.
A educação mudou e a sociedade também. Estamos vivendo tempos críticos e violentos, acredito que isso acontece devido ao fato de que grande parte da humanidade tem esquecido seus valores e considerando-os até ultrapassados e desinteressantes. Tenho notado que tal situação vem se refletindo nas crianças, de modo que encontramos uma “carência” muito grande de atitudes de boa convivência: respeito, cooperação, compromisso, solidariedade, enfim valores humanos.
Hoje vivemos num mundo centrado no consumismo, no individualismo, na busca do prazer e na fuga da angústia, sendo assim, muitas pessoas acabam colocando valores secundários em primeiro plano, como o dinheiro, fama, sucesso e poder.
A partir das experiências em estágios, tenho notado a ausência da prática de valores com crianças nas escolas. Trabalhando atualmente como professora de pré-escola, estando ativamente participando do processo de contribuição para formação da criança, ressaltando que a escola em que atuo dá grande importância à educação em valores estando isso inserido na proposta pedagógica, venho compartilhar as seguintes questões:
Que tipo de trabalho tem sido feito pelas escolas para formação de valores?
Podemos afirmar que ao se trabalhar valores estas escolas conseguem mudar o comportamento das crianças?
Justificativa: Quando falamos em educação em valores, tomamos
esta expressão como processo social, no seio de uma determinada sociedade, visando, sobretudo, através da escola, levar os educandos à assimilação dos valores que, explicita ou implicitamente, estão presentes, nos procedimentos e atitudes dos professores, colegas de sala e pais de alunos, tendo em vista a formação dos indivíduos enquanto cidadãos.
Objetivo: Tentaremos identificar como os valores são trabalhados
na sala de aula e a compreensão das crianças de pré-escola a respeito, assim como a compreensão dos professores e seu papel na formação de valores.
Hipótese: Acreditamos que a família tem peso na formação da
criança, é considerado um espaço essencial, poderoso laboratório da convivência humana, no qual a criança pode treinar sua capacidade de relacionamento a partir de valores fundamentais. Mas, não dá pra falar que o peso é só da família, porque as crianças estão expostas aos meios de comunicação, à interação constante com as outras pessoas e padrões, fazendo com que a escola também faça parte dessa formação.
Metodologia: Para desenvolver este trabalho, realizaremos
pesquisa bibliográfica, em autores relevantes que abordam o tema. Serão feitas também visitas a escolas de educação infantil, para o acompanhamento das práticas desenvolvidas. Faremos entrevistas com direção, professores, pais e crianças.
Etapas da pesquisa em andamento: Para a descrição do presente
trabalho, percorremos estes caminhos:
Passamos pelas leituras e seleção dos teóricos;
Fizemos fichamentos que nos apoiariam na escrita do texto; Escrevemos a respeito da prática da professora-pesquisadora como ponto de partida, no sentido de enriquecer a leitura do trabalho e levar a uma melhor compreensão quanto à escolha do tema;
Escrevemos o capítulo onde se discute o conceito de valores, buscando esclarecimentos sobre essa temática e autores atuais e relevantes, discutindo sobre o papel da educação nos dias atuais.
Escrevemos outro capítulo que exploramos sobre como se dá a construção de valores na sala de aula, na relação professor-aluno.
Foram realizadas entrevistas com coordenadoras, professoras, pais e crianças de três diferentes escolas de educação infantil.
Principais Teóricos:
Marilu Martinelli: Aborda a importância de ensinar a pensar e a
enfrentar desafios internos e externos, apresenta crença no desenvolvimento de valores humanos e que “a vivência dos valores alicerça o caráter, e reflete-se na conduta como uma conquista da personalidade”.
Adela Cortina: Diferencia o ato de educar e o ato de doutrinar,
definindo como doutrinador aquele que “pretende transmitir conteúdos morais, com o objetivo de que acriança os incorpore e já não se deixe estar aberta a outros conteúdos possíveis; pretende dar-lhe as respostar e evitar que continue pensando” e o educador pelo contrário, “propõe como objetivo que a criança pense moralmente por si mesma quando seu desenvolvimento lhe permita, que se abra a conteúdos novos e decida a partir de sua autonomia o que quer escolher”.
Josep Maria Puig: O autor aborda a questão da construção da
personalidade moral. Tendo como um dos princípios, a educação em valores, destacando que para promover uma educação em valores coerente, deve-se propiciar condições para que os alunos desenvolvam sua capacidade dialógica, tomem consciência de seus próprios sentimentos e emoções, e desenvolvam a capacidade autônoma de tomada de decisões em situações conflitantes do ponto de vista ético/moral.
Celso Antunes: Aborda a questão da construção dos fundamentos
éticos na infância, sendo eles desenvolvidos a partir das relações sociais estabelecidas.
Yves de La Taille: Discute a questão dos limites e coloca que
“educar uma criança, longe de ser apenas impor-lhe limites, é, antes de tudo, ajudá-la cognitiva e emocionalmente a transpô-los”.
Julio Groppa Aquino: Discute sobre a questão da indisciplina na
escola e os confrontos em sala de aula, descrevendo sobre a relação professor-aluno.
Piaget: Discute sobre a construção da moralidade na criança, a
partir de seus experimentos e observações, propôs que a forma pela qual as crianças lidam com as regras, diz que as relações de coerção e de cooperação têm efeitos diversos sobre o desenvolvimento do indivíduo. Tenta compreender, quais as condições que obrigam a consciência do sujeito a agir moralmente, portanto de forma autônoma, a partir dasrelações de cooperação, de reciprocidade e respeito mútuo.
Considerações: Neste trabalho tentaremos abordar alguns
aspectos sobre a construção de valores na sala de aula, queremos esclarecer que pretendemos apenas levantar algumas questões para que elas sirvam de estímulo para reflexão, delineando pontos que consideramos fundamentais para o encaminhamento da problemática.
Bibliografia:
ANTUNES, Celso. A alfabetização moral em sala de aula e em casa, do nascimento aos doze anos. Petrópolis-RJ: Vozes, 2001.
ANTUNES, Celso. A linguagem do afeto como ensinar virtudes e transmitir valores. Campinas-SP: Papirus, 2005.
AQUINO, Julio Groppa. Confrontos na sala de aula. São Paulo: Summus, 1996.
AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na escola. 3ª ed. São Paulo: Summus, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Coordenação da Secretaria de Ensino Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. Vol. I e Vol. II.
CORTELLA, Mario Sergio & TAILLE, Yves de La. Nos Labirintos da Moral. Campinas-SP: Papirus, 2005.
CORTINA, Adela. O fazer ético. São Paulo: Moderna, 2003.
MARTINELLI, Marilu. Aulas de transformação. Fundação Peirópolis, 1996.
MARTINELLI, Marilu. Conversando sobre Educação em Valores Humanos. 2ª ed. São Paulo. Fundação Peirópolis, 1999.
PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994. PUIG, Josep Maria. A construção da personalidade moral. São Paulo: Ática, 1998.
PUIG, Josep Maria. Ética e valores: métodos para um ensino transversal. Casa do Psicólogo, 1998.
TAILLE, Yves de La. Limites: três dimensões educacionais. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2000.