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INTRODUÇÃO (PGE 2. R. Periodontia - Março Volume 19 - Número 01. Mestranda em Periodontia FORP- USP. Graduanda em Odontologia FORP - USP

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INTRODUÇÃO

O fator etiológico primário da doença periodontal é o biofilme dental. O grau de destruição tecidual produzida na doença depende da inter-relação entre o biofilme dental (antígenos, lipopolissacarídeos bacterianos (LPS) e fatores de virulência) e a resposta imunoinflamatória do hospedeiro. A presença das bactérias e dos LPS levam ao aumento da produção de uma série de mediadores pró-inflamatórios e antiinflamatórios por ativação do mecanismo de defesa. A quebra na produção homeostática desses mediadores inflamatórios (TNF-α, IL-6, IL-1, metaloproteinases da matriz (MMPs), prostaglandina E2 (PGE2) amplificam o dano tecidual e, neste caso, o dano periodontal que pode resultar num processo de doença restrito ao tecido gengival (gengivite) ou que envolva os tecidos de suporte dos dentes, especialmente o tecido ósseo (periodontite) (Taba et al., 2005).

A presença das bactérias e dos LPS induzem a liberação de citocinas e mediadores inflamatórios responsáveis pela resposta inflamatória. O aspecto protetor da resposta imune inclui o recrutamento de neutrófilos, a produção de anticorpos protetores e

possivelmente a liberação de citocinas

antiinflamatórias, como o TGF-α, IL-4, IL-10 e IL-12,

ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS E POTENCIAIS ALVOS

PARA MODULAÇÃO DA RESPOSTA DO PACIENTE

PERIODONTAL

Therapeutic strategies and potential targets for host response modulation of periodontal patients

Annelissa Zorzeto Rodrigues1, Viviane Keiko dos Santos Kawata2, Arthur Belém Novaes Júnior3, Sérgio Luiz Scombatti de

Sousa4, Márcio Fernando de Moraes Grisi4, Daniela Bazan Palioto4, Mário Taba Júnior4

RESUMO

A compreensão dos mecanismos imunológicos da patogênese da doença periodontal tem se tornado cada vez mais importante à medida que as evidências científicas indicam novas possibilidades de tratamento da doença. O ligante do receptor ativador do fator nuclear kB (RANKL) e a osteoprotegerina (OPG) são moléculas relacionadas à reabsorção óssea na periodontite e podem ser moduladas a partir do uso de drogas. Os inibidores de metaloproteinases da matriz (MMPs), drogas antiinflamatórias e os bisfosfonatos têm demonstrado re-sultados promissores como terapia adjunta nos casos de periodontite crônica. Sendo assim, o objetivo dessa revisão de literatura é esclarecer os principais componentes e even-tos biológicos da resposta imunológica enfatizando o me-canismo de reabsorção óssea na doença periodontal e os potenciais alvos para ação de moduladores da resposta do hospedeiro.

UNITERMOS:

1 Mestranda em Periodontia FORP- USP 2 Graduanda em Odontologia FORP - USP

3 Professor Titular de Periodontia da FORP e Coordenador do Curso de Pós- Graduação em

Periodontia- USP

4 Professor Associado de Periodontia FORP- USP

Recebimento: 12/02/08 - Correção: 03/06/08 - Aceite: 19/08/08

Periodontite, Resposta do Hospedeiro, Reabsorção óssea. R Periodontia 2009; 19:14-21.

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que estão diretamente relacionadas a supressão da resposta inflamatória destr utiva. O processo de transição da gengiva saudável para uma gengiva inflamada é caracterizada pelo aumento do fluxo sanguíneo na área lesada e por um aumento da permeabilidade vascular, vermelhidão, secreção, ativação e recr utamento de neutrófilos polimorfonucleares (PMN) e monócitos para a região do sulco por ação quimiotática. Essa fase inicial representa a fase de inflamação aguda (AAP, 2002). A persistência do estímulo agressor dá início à resposta imune caracterizada pela presença de células especializadas como macrófagos e linfócitos T (Teng, 2003). Essas células são responsáveis pela apresentação do antígeno e pela secreção de anticorpos por células do plasma, respectivamente, caracterizando o início da resposta imune e o estabelecimento de um quadro crônico (Salvi & Lang, 2005). Os macrófagos e linfócitos T estão diretamente envolvidos na reabsorção óssea por expressarem RANKL e osteoprotegerina (OPG), além de outros mediadores inflamatórios e citocinas como a IL-1β, TNF-α, PGE2, responsáveis pela regulação da diferenciação e ativação de osteoclastos (Kawai et al., 2006; Jin et al., 2007).

A compreensão dos mecanismos que permeiam o processo de reabsorção óssea na doença periodontal possibilita o estabelecimento de novas formas de tratamento baseadas na tentativa de interromper os eventos inflamatórios e imunológicos. Este artigo pretende enfocar os avanços mais recentes na área, abordando as interações moleculares e os mecanismos associados com a resposta inata e adaptativa do hospedeiro. Adicionalmente, facilitar a compreensão do desenvolvimento e das inovações terapêuticas para os futuros tratamentos periodontais.

REVISÃO DA LITERATURA E DISCUSSÃO 1 Imunologia e Reabsorção Óssea na Doença Periodontal

Os eventos imunes e inflamatórios nos tecidos periodontais resultam em alteração no tecido epitelial e conjuntivo, seguido de proliferação e migração apical do epitélio juncional (Taba et al., 2005). À medida que a doença progride para estágios mais avançados, ocorre uma destruição tecidual significativa envolvendo reabsorção óssea e perda de colágeno, o qual é necessário à inserção dos tecidos, via citocinas e mediadores inflamatórios (Teng, 2003). O tecido ósseo é um tecido conjuntivo mineralizado e sua remodelação envolve a deposição de matriz óssea pelos osteoblastos e a reabsorção pelos osteoclasto. Os osteoclastos atingem os sítios de reabsorção via corrente sanguínea e o equilíbrio entre a deposição e a reabsorção de matriz óssea é regulado por parâmetros físicos (estímulos mecânicos, como a movimentação ortodôntica) e pela liberação de polipeptídeos (hormônios, como a PGE2 e o PTH, e citocinas, como a IL1, IL-6 e o TNF-α) (Heymann & Rousselle, 2000).

As células T estão envolvidas na destruição óssea na doença periodontal por influenciarem e direcionarem a diferenciação das células em TH1 e TH2. Desta forma, podem ter grandes impactos no desenvolvimento e/ou progressão da doença periodontal (Kawai et al., 2006). As células TH1 produzem citocinas inflamatórias, participantes na destruição dos tecidos (TGF-α, IL-1, IL-6, MMPs, PGE2), enquanto que as células TH2 produzem citocinas antiinflamatórias (TGF-α,

Figura 1 - Eventos inflamatórios e imunológicos que ocorrem nos tecidos periodontais após a agressão bacteriana. Os patógenos do biofilme, por ação direta ou via lipopolissacarídeos (LPS), ativam os leucócitos polimorfonucleares (PMN), monócitos e macrófagos. (criação de Viviane

Kawata) Figura 2 - Neutrófilos e macrófagos ativados iniciam uma série de eventos pró-inflamatórios apartir da produção de interleucina (IL)-1, IL-6, prostaglandina (PGE

2), fator estimulador de

colônia de granulócitos e macrófagos (GM-CSF), fator de necrose tumoral (TNF) e metalo-proteinases (MMPs). Essas substâncias atuam diretamente no processo de reabsorção óssea na doença periodontal. (criação de Viviane Kawata)

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IL-4, IL-10 e IL-12). Estas respostas dependem do tipo de antígeno e da duração do estímulo (Teng, 2003).

1.1 Chave Reguladora da Osteoclastogenese: RANKL

O ligante do receptor ativador k B (RANKL) é conhecido como uma chave reguladora da osteoclastogenese (Jin et al., 2007). As células T expressam RANKL, assim como osteoblastos e fibroblastos (fibroblastos gengivais, do ligamento periodontal e fibroblastos sinoviais) após induzida a sua expressão por bactéria ou produtos do metabolismo bacteriano (Belibasakis et al., 2005). O RANKL foi descrito por Kong et al. (1999) como sendo uma molécula da família do TNF reguladora da remodelação óssea por seu envolvimento na diferenciação, ativação e sobrevivência de osteoclastos e seus precursores. O precursor RANKL é uma proteína solúvel e que, uma vez ligada ao receptor RANK, desencadeia obrigatoriamente a ativação dos osteoclastos. Isso sugere que os microrganismos podem induzir a expressão do RANKL em células T ativando os osteoclastos pela ligação do receptor com o precursor RANK. Essa ligação induz a diferenciação e ativação de precursores dos osteoclastos em osteoclastos maduros (Teng, 2003).

As células B também podem produzir RANKL, além de citocinas como a IL-1β, TNF-α e a IL-6 que estão envolvidas na ativação de osteoclastos, aumentando sua atuação como importante agente envolvido na destruição óssea na doença periodontal (Jin et al., 2007). Por outro lado, a OPG, molécula da família do receptor TNF, é considerada a moléculas protetoras do osso. Ela tem a mesma conformação da RANKL, sendo capaz de se ligar ao precursor RANKL, inibindo a ativação dos osteoclastos e a destruição óssea (Teng, 2003). Além disso, é responsável pela indução de apoptose em células osteoclásticas (Romas et al., 2002). Na doença periodontal os estudos vêm demonstrando que independente do tipo de periodontite, crônica ou agressiva, há um aumento dos níveis de RANKL e uma redução nos níveis de OPG, com diferentes padrões de expressão dessas proteínas (Bostanci et al., 2007).

Segundo Bostanci et al. (2007) a expressão do gene de RANKL ou OPG é regulada diferentemente nos tecidos gengivais dependendo da forma da doença periodontal. Assim, um aumento dos níveis de expressão de RANKL nos tecidos periodontais pode indicar um quadro de periodontite. O autor também demonstrou que em pacientes com periodontite agressiva a expressão de RANKL é maior. Em estudo anterior Garlet et al. (2004) observaram uma maior expressão de OPG em pacientes com periodontite crônica o

que poderia justificar o padrão de destruição tecidual diferente nesses dois tipos de doença.

1.2 Citocinas e Reabsorção Óssea

A reabsorção óssea também pode ser desencadeada por citocinas como a IL-1β, TNF-α e PGE

2, cujo mecanismo

independe da imunidade mediada por células. Além disso, as citocinas podem atuar em sinergismo com a RANKL, gerando a reabsorção (Jin et al., 2007). Ambas as vias são inibidas pela molécula protetora do osso, a OPG. O INF-γ e a IL-4 são citocinas inibidoras da RANKL e da reabsorção óssea, atuando como inibidora da diferenciação de células pré-osteocláticas em osteoclastos maduros (Gròska et al., 2003).

As citocinas são produzidas por uma variedade de células incluindo macrófagos/monócitos, linfócitos, células dendríticas, neutrófilos, células endoteliais e fibroblastos e, apesar de vários estudos demonstrarem que a atividade biológica das citocinas pode estar diretamente relacionadas à destruição dos tecidos periodontais, perda de inserção, destruição do colágeno e reabsorção óssea alveolar (Taba et al., 2005), o mecanismo biológico para progressão da periodontite ainda não está totalmente estabelecido, permanecendo ainda algumas controvérsias. Alguns estudos demonstram existir uma correlação positiva entre os altos níveis de citocinas e os achados clínicos em pacientes com periodontite crônica enquanto outros não encontraram diferença (Reddy et al., 2003).

A IL-1β, TNF-α, IFN-y, IL-2 e IL-6 são citocinas que parecem ter papel importante na iniciação e progressão da periodontite. O estudo de Gróska et al. (2003) mostrou, a partir de amostras de soro, uma grande variabilidade nos níveis de diferentes citocinas entre pacientes saudáveis e pacientes com periodontite crônica, bem como diferenças dentro de cada grupo. Nesse estudo não foi obser vada predominância significante de nenhum tipo de citocina que pudesse ter valor preditor para determinação da progressão da doença periodontal. No entanto, os níveis de algumas citocinas como a IL-1β e o TNF-α foram detectadas em altas concentrações em pacientes com periodontite crônica avançada quando comparados aos pacientes saudáveis, sugerindo uma possível atividade biológica dessas citocinas que podem estar diretamente relacionadas ao padrão de destruição dos tecidos periodontais. Uma observação interessante foi a correlação entre os altos níveis de IL-1β e IL-10, TNF-α e IL-4 e os altos índices de sangramento, profundidade de sondagem e nível clínico de inserção encontrados nos tecidos inflamados, mecanismo este provavelmente compensatório apresentado pelas citocinas

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antiinflamatórias IL-10 e IL-4 à resposta inflamatória exacerbada de IL-1β e TNF-α. Altos níveis de IFN-y e IL-2 em pacientes com profundidade de sondagem e > 5 mm também foram encontrados (Gróska et al., 2003).

Honda et al. (2006) observaram que a resposta celular às citocinas pró-inflamatórias é regulada negativamente por citocinas antiinflamatórias e o balanço entre estas duas categorias de citocinas poderia ser importante no resultado inflamatório. Segundo os autores, esperava-se que a atividade das citocinas inflamatórias pudesse ser suprimida com eficácia em lesões estáveis de gengivites, ao passo que isto não poderia ser considerado no caso da periodontite. Entretanto, diferenças totais das expressões para citocinas inflamatórias e antiinflamatórias entre gengivites e periodontites foram inesperadamente pequenas, exceto para RANKL e hsp60.

1.3 Expressão da hsp60 na resposta auto-imune na doença periodontal

Os produtos bacterianos gerados na doença periodontal podem acarretar o aumento da expressão da proteína endógena de choque térmico, hsp60 (Heat Shock Protein 60). Estudos demonstraram que essa proteína dita como chaperona está elevada em ambas as respostas imunes, celular e humoral, em pacientes com periodontite (Tabeta, 2000). Elas também podem estar envolvidas no aumento da produção de IFN- γ por células T, e de TNF- α por macrófagos (Ueki, 2002). Subseqüentemente, estes mediadores podem ativar a produção de MMPs e PGE

2 além da diferenciação de

osteoclastos, resultando assim em destruição do tecido conjuntivo e em reabsorção óssea (Schwartz et al., 1997).

A resposta de células T hsp60-específico pode exercer, no balanço de citocinas, diferenças sutis na expressão da doença uma vez que a hsp60 também pode estar envolvida na regulação da expressão de citocinas com características inflamatórias e antiinflamatórias como o TGF-1 (fator de crescimento transfor mador 1α) a IL-4 e IL-10, respectivamente, que se apresentam em concentração elevada na periodontite (Honda, 2006).

1.4 Metaloproteinases da matriz (MMPs)

As MMPs são uma família de endopeptidases dependentes de zinco e cálcio que são liberadas por uma variedade de células (neutrófilos, macrófagos, fibroblastos células endoteliais, osteoblastos e osteoclastos) encontradas no periodonto (AAP, 2002). Elas são proteinases extracelulares, produzidas de forma latente, e sua ativação ocorre a partir da ativação de uma cascata que envolve outras MMPs. A ligação da MMP a sítios específicos da membrana celular ou da matriz extracelular resulta em orientação específica, a partir

do substrato, determinando um estado de ativação ou inibição de atividade da proteinase (Delaissé et al., 2003).

Muitos eventos fisiológicos e patológicos são caracterizados pela atividade das MMPs que estão envolvidas no processo de degradação dos constituintes da matriz extracelular. Na doença periodontal uma das hipóteses é que as células do hospedeiro, estimuladas direta ou indiretamente pelos componentes do biofilme dental, secretem as MMPs. Assim elas promoveriam o remodelamento do tecido conjuntivo e a reabsorção óssea (Golub et al., 1995). Alguns tipos de MMPs, capazes de solubilizar o colágeno têm sido identificadas em áreas de reabsorção óssea incluindo a colagenase intersticial 13 e MMP-14), gelatinase (MMP-2 e MMP-9) e outros tipos de MMPs como a MMP-1(MMP-2 (Delaissé et al., 2003). A maioria das MMPs é produzida pelos próprios osteoclastos e, dentre os vários tipos, a mais importante é a MMP-1, a principal proteinase envolvida no processo destrutivo e, na progressão da doença (AAP,2002).

A regulação da atividade das MMPs envolve a ativação de inibidores teciduais endógenos os TIMPs, além das á-macroglobulinas (Salvi & Lang, 2005). Em condições de homeostasia os níveis de TIMPs são equivalentes aos das MMPs, e desta forma é mantida a integridade tecidual. No entanto, em condições patológicas os níveis elevados de MMP nem sempre são compensados pelo aumento dos níveis de TIMPs resultando em destruição tecidual (AAP, 2002). No tecido periodontal inflamado, o desequilíbrio entre MMP e TIMP leva à destruição excessiva dos componentes da

Figura 3 - Diferentes tipos celulares envolvidos na ativação de precursores osteoclásticos, bem como, das respectivas citocinas por eles liberadas. Ativação de precursores osteoclásticos pela ligação do receptor RANKL com o seu ligante RANK resultando em ativação das células osteoclásticas e conseqüente reabsorção óssea. E inativação desse precursor osteoclástico quando da ligação RANKL/OPG resultando na inibição do processo de reabsorção. Mostrando assim a importância do sistema imune como regulador da reabsorção óssea. (criação de Viviane Kawata)

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matriz extracelular resultando em perda de inserção e reabsorção óssea (Salvi & Lang, 2005). Em diferentes condições periodontais (saúde, gengivite, periodontite crônica ou agressiva) associada à presença de fatores locais (fumo), podem ser encontradas diferentes combinações de MMPs (Ingman et al., 1996). O reconhecimento dos níveis de MMPs e de seus inibidores endógenos permitiu aos pesquisadores desenvolverem estratégias de tratamento de diversas doenças a partir da fabricação de inibidores sintéticos dessas proteinases.

1.5 Influência na terapia periodontal

Baseados nos conhecimentos mais recentes sobre os mecanismos imunológicos envolvidos no processo de reabsorção óssea na doença periodontal os pesquisadores passaram a estudar a possibilidade de interferir no processo de desenvolvimento da doença a partir do controle bacteriano e da modulação da resposta imunológica do hospedeiro. Assim, a intervenção poderia se ocorrer por:

1- Interferência na interação antígeno- célula T; 2- Estimulação da resposta tecidual protetora; 3- Interferência na interação RANKL- RANK;

4- Interferência na ativação da célula T por redução da expressão de RANKL e interação RANKL/OPG. Ou seja, por inibição de MMPs com antiproteinases; bloqueadores de citocinas inflamatórias e PGE

2 com drogas antiinflamatórias;

e inibição da atividade de osteoclastos com agentes “bone-sparing”, respectivamente (Reddy et al., 2003).

1.5.1 Antiproteinases

A antiproteinase mais usada no tratamento da periodontite é a tetraciclina. Além de sua capacidade antimicrobiana as tetraciclinas são capazes de inibirem neutrófilos, osteoclastos e MMPs (Ingman et al., 1993). A doxiciclina é uma tetraciclina sintética bastante usada e, em subdosagem (20 mg, duas vezes ao dia), tem ação anticolagenolítica sendo um importante e eficiente inibidor de colagenase sem promover resistência bacteriana, que é um dos efeitos adversos do uso constante de antimicrobianos (Thomas et al., 2000).

Os estudos mostram que a administração de doxiciclina em subdosagem, em longo prazo dá a impressão clínica de melhora na saúde periodontal. E, quando associada à terapia periodontal básica (raspagem e alisamento radicular) resulta em maior ganho clínico de inserção e redução na profundidade de sondagem. No entanto, os resultados não mostram diferença em relação ao índice gengival, índice de placa e índice de sangramento à sondagem. Os estudos mostram que os resultados obtidos são alcançados quando

esta droga é administrada em longo prazo (6-12 meses) (Reddy et al., 2003). Um estudo multicêntrico nos EUA e outro no Reino Unido mostraram um ganho clínico de inserção estatisticamente significante bem como uma redução da profundidade de sondagem quando a doxiciclina em subdosagem é usada como terapia adjunta à terapia periodontal básica (Novak et al., 2002).

1.5.2 Antiinflamatórios

Já no grupo das drogas antiinflamatórias, os antiinflamatórios não-esteroidais (AINES), como a aspirina, o ibuprofeno e naproxeno são capazes de prevenir a formação de metabólitos do ácido araquidônico. Klein & Raisz (1970) relataram que a prostaglandina, especificamente a PGE

2, tem o potencial de induzir reabsorção óssea.

As prostaglandinas em geral são sintetizadas durante a fase inflamatória aguda e, desta forma, o uso de AINES podem ter efeito clínico sobre a doença. Em pacientes fumantes com periodontite crônica, a administração desse tipo de medicamento tem importantes resultados em relação à redução da profundidade de sondagem e ao ganho clínico de inserção (Kur tis et al., 2007).

Segundo Reddy et al., (2003) a redução dos níveis de mediadores pró-inflamatórios como resultado do uso de AINES poderia limitar a reabsorção óssea alveolar mediada pela resposta imune na periodontite e na doença periimplantar.

Os AINES mais usados são os que bloqueiam os receptores COX2 bloqueando assim a produção de PGE

2,

PGI-2, LTB4 (FitzGerald & Patrono, 2001). O fato dos AINES suprimirem a reabsorção óssea alveolar sugere que a produção de metabólitos do ácido aracdônico pode ser uma via de controle da progressão a doença periodontal (Salvi & Lang, 2005).

1.5.3 Bisfosfonatos

A descoberta do receptor OPG revelou uma das chaves reguladoras do mecanismo de diferenciação e ativação dos osteoclastos. Os fatores reguladores da atividade ostoclástica e osteoblástica foram impor tantes alvos para o desenvolvimento farmacológico e clínico de estratégias que permitissem modular os processos de formação e reabsorção óssea (Salvi & Lang, 2005).

Os bisfosfonatos têm sido bastante usados nos últimos anos no tratamento de pacientes com doenças ósseas com quadros de reabsorção. Eles inibem a reabsorção óssea por redução da atividade dos osteoclastos (Sato et al., 1991). Os bisfosfonatos representam uma classe de compostos

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químicos presentes no soro e na urina com características quelantes em relação ao cálcio tendo sido amplamente usados no controle de doenças caracterizadas pela reabsorção óssea (Fleisch, 1997) devido à afinidade de se ligarem a cristais de hidroxiapatita e prevenirem o aumento e dissolução desta, além de sua habilidade em aumentar a diferenciação de osteoblastos. Desta forma, também podem ser aplicados no tratamento da doença periodontal tendo potencial importância na redução da perda óssea ao redor de dentes e implantes (Reddy et al., 2003). Em relação à perda óssea na doença periodontal a administração dos bisfosfonatos pode ter importantes aplicações (Salvi & Lang, 2005). Estudos in vitro demonstram que eles podem reduzir a atividade de várias MMPs, incluindo a MMP-3, MMP-8 e MMP-13, por células do ligamento periodontal (Nakaya et al., 2000).

Recentemente, no entanto, os estudos têm mostrado que o uso prolongado de bisfosfonatos pode estar relacionado a osteonecrose. Por ser um potencial inibidor de osteoclastos esses medicamentos acabam por suprimir o turnover do tecido ósseo, comprometendo, desta forma, até a cicatrização fisiológica. Assim, apesar dos animadores resultados terapêuticos é importante avaliar o risco-benefício do uso prolongado dos bisfosfonatos (Salvi & Lang, 2005).

1.6 Perspectivas futuras

A busca por potenciais alvos para ação de medicamentos visando à modulação da resposta do paciente periodontal é uma tendência atual. Os antiinflamatórios, os inibidores de MMP e os bisfosfonatos têm como propósito comum bloquear processos que culminam com a destruição tecidual. Um novo campo de estudo que pode mudar o foco de atuação é a terapia gênica. Nessa proposta o objetivo não é bloquear processos já desencadeados com o uso de drogas, mas sim a regulagem de eventos biológicos a nível intracelular. Assim, através da alteração de genes específicos, modifica-se o padrão da resposta do hospedeiro. A futura terapia periodontal gênica poderá suplementar a função celular, induzindo uma resposta mais favorável ao tratamento, e desta forma impedir a progressão da doença ou até levar a cura (Taba et al., 2005).

CONCLUSÃO

A doença periodontal está diretamente relacionada à resposta individual do hospedeiro. A interação de RANK/RANKL/OPG tem função primordial no controle da remodelação óssea. A compreensão dos mecanismos envolvidos no processo de estabelecimento e progressão da doença permite a identificação de potenciais alvos para

a ação de moduladores da resposta, uma

abordagem adjuvante ao tratamento convencional que poderá minimizar a destruição periodontal e prevenir futuras perdas dentárias.

AGRADECIMENTOS

Utilizou-se a abordagem FLAE (ênfase para primeiro e último nome) para seqüência dos autores. Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de mestrado da AZR e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (processo 308661/2006-0 MTJ).

ABSTRACT

The immunologic aspect of the periodontal disease has become an important part of the studies focusing on the potential possibilities of bone loss blockage. Receptor activator of NF-kβ (RANKL) and osteoprotegerin (OPG) are essential molecules that regulate bone remodeling. The system RANKL-OPG can be regulated by the use of modulating agents such as bone-sparing bisphosphonates agents, inhibitors of the matrix metalloproteinases (MMPs) and antiinflammatory drugs. These molecules have been postulated to be of therapeutic value as an adjunctive therapy to the management of chronic periodontitis. Thus, the aim of this literature review is to discuss the main components of the immunologic response events showing the immune-regulatory mechanisms of the bone resorption in periodontal disease and the potential targets for the host modulation.

UNITERMS: Periodontitis; Host response; Bone resorption

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Endereço para correspondência: Mario Taba Jr

Av. do Café, S/N

CEP: 14000-100 - Ribeirão Preto – SP E-mail: mtaba@forp.usp.br)

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