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PROCESSO CIVIL ROMANO

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Academic year: 2021

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PROCESSO CIVIL ROMANO

● JUS ACTIONIS: direito subjetivo que o cidadão tem de poder acionar as autoridades públicas, quando tem um direito seu violado.

● Processo em geral é um conjunto de atos e regras que o possuidor de um direito deve seguir a fim de obter o seu reconhecimento.

● Processo civil romano é o conjunto das ações e regras que o cidadão romano devia seguir para realizar o seu direito

● A definição de ‘actio’ foi dada pelo jurisconsulto Celso é: o direito de perseguir em juízo aquilo que é devido a alguém.

● evolução mais perfeita do exercício do direito subjetivo, que se iniciou com o ‘fazer justiça com as próprias mãos’.

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CONCEITOS BÁSICOS

● AÇÃO – em latim, ‘actio’ deriva do verbo ‘agere’ (agir, realizar). Actiones in personam - actiones in rem.

● JUS e JUDICIUM – são as duas fases em que tramitava o processo civil romano mais antigo (legis actiones). In jure - apud judicem.

● PARTES – eram o ‘actor’ (autor) e o ‘reus’ (réu). Cidadãos “sui juris”.

● REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL INDIRETA

○ Somente no período de Justiniano, surgiu a figura do 'advogado' como representante da parte, podendo se manifestar em nome desta.

● ‘jurisdictio’ (jurisdição: dizer o direito - jus dicere)

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PRETORES - MAGISTRADOS SUPERIORES

● PRETORES: a partir de 367 a.C., magistrados encarregados de administrar e exercer a justiça. Poder de “imperium” (jus imperii)

● Dividiam-se em:

○ Pretores urbanos – julgavam causas entre os cidadãos romanos;

○ Pretores peregrinos – julgavam causas entre cidadãos romanos e estrangeiros ou entre estrangeiros somente;

○ Edis curuis - julgavam as questões envolvendo vendas de animais e de escravos.

○ Governadores – nas províncias romanas, acumulavam as funções executivas e judiciárias.

● JURISDIÇÃO: ‘jurisdictio’ era realizada com as três palavras formulares

obrigatórias: ‘do’ (designo um julgador); ‘dico’ (declaro o direito em favor de fulano); ‘addico’ (adjudico, isto é, entrego a coisa a fulano).

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ÓRGÃOS JULGADORES ESPECÍFICOS

● JUÍZES OU ÁRBITROS – Eram cidadãos designados pelos pretores para o julgamento de uma causa determinada.

● Recuperatores – existiram no final da república, eram um conselho de três a cinco cidadãos, que julgavam causas entre romanos e estrangeiros;

● Decenviri litibus juricandis – colegiado de dez cidadãos, que existiu entre os anos 242 a 227 a. C., para julgar ações que envolviam a liberdade e as

vendas públicas;

● Centunviri – conselho de 150 cidadãos, que existiu na segunda metade da República, para julgar ações sobre propriedade, sucessão e estado das pessoas.

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TRIBUNAL E ÓRGÃOS COLEGIADOS

● Dentro do Fórum Romano, havia o juiz sentava numa cadeira especial (“sella curulis”), que ficava sobre um pedestal de madeira elevado (“tribunal”).

● Depois, foram criadas as Basílicas, recintos fechados por cortinas, onde eram praticados os atos judiciais. Abriam-se as cortinas para a sentença.

Questiones perpertuae – órgão julgador colegiado, sob a presidência de um pretor, para julgamento das ações criminais. Compunha-se de cinquenta cidadãos, formando uma espécie de grande tribunal do júri nos moldes

modernos, em que o pretor apenas presidia e anunciava o resultado, não interferindo nas decisões.

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SISTEMAS PROCESSUAIS

● O Direito Romano conheceu três sistemas processuais, divididos em duas ordens de formação.

● ORDO JUDICIORUM PRIVATORUM - compreendia dois sistemas:

○ LEGIS ACTIONES - ações da lei, que remontam à Lei das XII Tábuas (totalmente oral)

○ PROCESSO FORMULAR - sistema de fórmulas, criado pela Lei Aebutia (149 a.C.), em parte oral e em parte escrito.

○ julgamento feito por um juiz privado (cidadão designado)

● EXTRAORDINARIA COGNITIO: a partir do séc. III d. C., início da justiça administrada e aplicada pelo Estado.

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LEGIS ACTIONES

● Exclusivo para cidadãos romanos (“jus civile”) ● Direito consuetudinário oral

● Pronúncia de palavras rituais obrigatórias ● Descrição de Cretella Junior:

“o réu é procurado pelo autor que, se o encontra na rua, lhe dirige as 'verba certa'

chamando-o achamando-o tribunal. O réu é chamando-obrigadchamando-o a atender à citaçãchamando-o e, se nãchamando-o a atende, chamando-o autchamando-or arranja testemunhas e o prende. Se o demandado foge, o autor tem o direito de empregar a força, prendendo-o e torcendo-lhe o pescoço.”

● Não cabia apelação das decisões.

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FASES PROCESSUAIS

● Todas as ações processuais são empreendidas pelas partes, sem participação do juiz ou dos agentes públicos.

● A primeira chamava-se IN JURE. O autor comparece perante o magistrado e expõe as suas pretensões e o réu as contesta.

● A segunda fase, chamada de IN JUDICIO ou APUD JUDICEM. O magistrado designa um juiz ou árbitro para julgar a demanda. Marca audiência.

● As partes travarão os embates judiciários perante o juiz ou árbitro, cada um defendendo o seu ponto de vista.

● Ao final, o juiz proferirá a sentença, cabendo ao vencedor a execução. ● Caso o perdedor não cumpra, o autor intentará ação executória.

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LEGIS ACTIONES - ESPÉCIES PROCESSUAIS

● LEGIS ACTIO PER SACRAMENTUM - espécie genérica usada quando a lei não prescrevia uma ação específica. Sacramentum = aposta judicial.

● LEGIS ACTIO PER JUDICIS POSTULACIONEM - ação para cobrança de dívidas de contratos verbais solenes. Sem sacramentum. Petição direta ao juiz.

● LEGIS ACTIO PER CONDITIONEM - ação para cobrança de dívidas de coisas e dinheiro. Conditionem = citação prévia do devedor pelo credor.

● LEGIS ACTIO PER MANUS INJECTIONEM - execução pessoal de decisões judiciais e dívidas monetárias. Injectionem = apoderamento do devedor. ● LEGIS ACTIO PER PIGNORIS CAPTIONEM - execução real de decisões

judiciais ou dívidas, voltada para os bens do devedor. Pignoris = penhor. Podia ser intentada diretamente pelo credor ou através dos publicanos.

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LEGIS ACTIONES - EVOLUÇÃO

● Os três primeiros tipos de ações evoluíram para transformar-se no atual processo de conhecimento.

● As duas últimas evoluíram para transformar-se nas ações executivas. ● As ações “per sacramentum” podiam ser intentadas “in personam” ou “in

rem” (ações pessoais - ações reais).

● As execuções do sistema “legis actiones” eram dirigidas totalmente pelos particulares, sem controle estatal.

● Seu excessivo formalismo e oralidade exigiram um aperfeiçoamento dos processos, assim como da estrutura judiciária estatal, evoluindo para o processo formular.

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PROCESSO FORMULAR

● Criado pela Lei Aebutia (149 a.C.), foi utilizado inicialmente em paralelo com o sistema “legis actiones”.

● Mantinha as etapas orais, mas tinha uma “fórmula” escrita pelo magistrado. ● A fórmula indicava ao juiz o fundamento jurídico da questão.

● Por força do “jus gentium”, era utilizado para romanos e estrangeiros.

● A fórmula significou ampliação do poder do magistrado estatal, dando mais importância ao conteúdo do que ao formalismo das “verba certa”.

● O sistema “legis actiones” foi abolido definitivamente pelo imperador Augusto, em 17 a. C.

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PROCESSO FORMULAR - 1a FASE

● As partes se dirigem ao magistrado, que toma conhecimento do pedido, faz o seu enquadramento e resume os pontos da lide (fórmula).

● O magistrado designa o juiz para julgar, encaminhando a este a fórmula, que deve ser seguida pelo julgador.

● O juiz deixa de ser mero expectador e pode participar ativamente da discussão entre as partes.

● Retirado o aspecto da violência, em caso de não comparecimento do réu perante o magistrado, que lhe aplicará multa. Reincidência = delito.

● O autor faz a “postulatio” e o réu faz a “contestatio”.

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PROCESSO FORMULAR - 2a FASE

● A fórmula é encaminhada ao juiz, a quem compete acompanhar a produção de provas do autor e as exceções apresentadas pelo réu.

● As provas podem ser orais ou escritas. Apreciando as provas e os argumentos, o juiz proferirá a “sententia”.

● Caso o juiz não obtenha um convencimento, pode abster-se de julgar aquela causa, que será passada para outro juiz.

● O julgamento deverá ser feito seguindo a fórmula traçada pelo magistrado. ● Não havia recurso, mas a parte perdedora podia tentar anular a sententia

oferecendo o dobro do valor da condenação e pedindo novo julgamento. ● Podia pedir ao pretor a substituição do juiz.

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PROCESSO FORMULAR - RECURSOS

● No período do império, foi instituído o recurso da sententia ao magistrado autor da fórmula; em última instância, recurso ao imperador.

● Princípio da “coisa julgada” (res judicata):

○ após a decisão final, as partes não podiam mais litigar pelo mesmo motivo, entendendo-se que a sententia é verdadeira em relação às mesmas partes e objeto.

○ a sententia, porém, era coisa julgada relativa, não absoluta, sendo proferida pelo juiz ○ mesmo assim, o magistrado não aceitaria novo pedido idêntico.

● Na execução da sentença, não era mais permitido escravizar o devedor, mas apenas apossar-se dos seus bens.

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COGNITIO EXTRA ORDINEM - 3a FASE

● A evolução do processo formular trouxe a possibilidade de um recurso ao magistrado autor da fórmula. Tornou obsoleta a figura do juiz.

● Com isso, a “ordo judiciorum privatorum” aos poucos foi entrando em desuso e surgindo um novo sistema processual “extra ordinem”.

● A cognitio extra ordinem ou extraordinaria cognitio significou o abandono da “ordo” antiga e com isso a abolição dos dois sistemas anteriores.

● A partir do séc. III d.C., iniciou-se a terceira fase do processo civil romano, que se caracterizou pela união das duas fases processuais tradicionais (in jure e apud judicem).

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EXTRAORDINARIA COGNITIO

● Principais mudanças da nova ordem processual:

○ unificação das fases anteriores

○ fim da oralidade, adoção de documentos escritos pelo magistrado e seus auxiliares ○ juízes deviam ter formação jurídica (profissionalização dos magistrados)

○ adotou-se a representação direta (profissionalização dos advogados) ○ fim da gratuidade judiciária (pagamento de custas processuais)

○ tramitação reservada aos litigantes apenas

○ magistrado passou a ter uma sala reservada (criação dos cancelos) ○ instituído o direito de apelação (organização das instâncias recursais) ○ o Estado Romano assume o comando das ações processuais

○ passagem do processo da esfera privada para o direito público ○ iniciou nas Províncias distantes, chegando até Roma

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REESTRUTURAÇÃO DA MAGISTRATURA

Havia três classes de magistrados:

i) superiores (os imperadores, os quais podiam julgar em qualquer

instância, mas também eram a instância máxima, e os praefecti pretorii); ii) ordinários (os magistrados, os prefeitos de Roma e de Constantinopla e os governadores das províncias);

iii) os pedâneos (juízes de pequenas causas, que ficavam na parte

anterior do fórum e apreciavam as causas mais magistrados as causas mais complexas).

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APERFEIÇOAMENTO DA REPRESENTAÇÃO

● A partir de Justiniano, surgiu a figura do 'procurator' ou representante para a lide, a quem uma pessoa confere poderes para representá-lo e agir em seu lugar.

● Podiam representar tanto o autor quanto o réu.

● Os advogados começaram a se reunir em corporações, constituindo uma classe social de destaque, com maiores prerrogativas.

● Eles participavam também do rateio das custas processuais (sportulae), juntamente com os serventuários da justiça.

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TRAMITAÇÃO PROCESSUAL

● O processo tramitava totalmente perante o magistrado. ● O autor apresentava o pedido (libellus conventionis)

● O juiz manda fazer a citação (litis demonstratio) por um “executor” ● O réu tinha prazo de 10 dias para contestar (libelus contraditionis)

● Perante o magistrado, as partes e advogados faziam um juramento de boa fé e tinham início os debates e produção de provas orais

● Concluídas as provas, o magistrado profere a “sententia”

● O perdedor podia interpor recurso (appelatio), que ia até o imperador

● Havendo apelação, a execução da sententia ficaria suspensa até a decisão final.

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EXECUÇÃO DA SENTENTIA

● A execução do julgado ficava ao encargo dos agentes judiciários. ● Admitia-se usar a força pública, em caso de recusa do executado ● A execução se dirigia aos bens do devedor, não à sua pessoa

● Caso o devedor não possuísse bens, podia ser preso em prisão pública ● Intervencionismo estatal na esfera dos negócios privados

● Este formato processual é adotado de forma geral em todos os países. ● A doutrina processualística brasileira é elaborada com base na tradição

romanista, trazida para cá pelos portugueses.

● Após a queda do Império Romano, o Direito Romano continuou sendo utilizado em toda a Europa e no Oriente Médio.

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