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A Interface da Produção Textual Lúdica na Arte. Andréa Diogo Universidade Federal de Uberlândia. Relato de Experiência

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A Interface da Produção Textual Lúdica na Arte

Andréa Diogo – anddiogo02@hotmail.com

Universidade Federal de Uberlândia

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RESUMO

O texto relata a vivência da “Oficina de Criações e Histórias” realizada no Festival de Arte 2003 – UFU com crianças de zero a seis anos e na sala de aula. O mesmo discute como a produção textual lúdica do arte educador – de cunho autoral, pode ser utilizada como recurso didático no processo ensino – aprendizagem.

A oficina mencionada aconteceu sob a perspectiva de propor uma experiência diferenciada de ensino e produção para a criança. Desta forma, foram propostos dois momentos distintos na atividade. No primeiro, contou-se a história inédita e autoral sobre cores quentes e frias intitulada “A Bonequinha”, pedindo para as crianças que desenhassem o que se lembrassem ou mais gostaram na história. Logo depois, que criassem a bonequinha tridimensionalmente. No segundo momento, que brincassem e construíssem brinquedos com jornal e barbante. Feito isto elas deveriam criar uma história com seus brinquedos.

O rico resultado deste processo foi documentado visto que, o mesmo mostrou ainda a interface da produção lúdica que permite ao educador atuar estimulantemente no processo de criação infantil, a um só tempo não perdendo de vista o próprio processo de criação individual.

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A Interface da Produção Textual Lúdica na Arte

O presente ensaio reflexivo objetiva discutir como a produção textual lúdica do arte educador – de cunho autoral, pode ser utilizada como recurso didático no processo ensino – aprendizagem, permitindo ao mesmo atuar estimulantemente no processo de criação infantil, sem perder de vista o próprio processo individual de criação.

A referida discussão é fundamentada a partir do relato da vivência de uma “Oficina de

Criações e Histórias” realizada no Festival de Arte 2003 – UFU, e repetida em sala de aula com

resultados positivos. Orientou-se a elaboração do projeto pelo desejo de propor uma experiência diferenciada de ensino e produção para as crianças. Estipulou-se a faixa etária de 06 à 10 anos para oficina. No entanto contou-se com a presença de duas crianças com 05 anos e outra com 11.

No primeiro momento, contou-se a história inédita e autoral sobre cores quentes e frias, intitulada “A Bonequinha”. Há que se fazer agora algumas pontuações. Primeiramente contar uma história difere de lê-la, requerendo assim, sua memorização, é preciso ainda ser convincente para faze-lo, caso contrário não será obtida a atenção da platéia. Não se informou as crianças que seria contada uma história, ao contrário, fez-se primeiro uma brincadeira adaptada de vivo-morto para que elas pudessem se desinibir e relaxar. A brincadeira por sua vez, por trabalhar com antebraços, audição, visão e a repetição mímica, exige atenção e concentração para não errar, o que vem a captar o interesse infantil para o que esta ocorrendo em sala.

Retomando-se o que era dito anteriormente, a história “A Bonequinha” fala de uma boneca que treme todo o tempo e atrapalha o sono de uma aranha que se dispõe a ajuda-la. Ao tentar descobrir a causa – sem sucesso, acaba por pedir auxílio a uma joaninha. Esta personagem consegue descobrir o motivo; faltava na vida da boneca as cores quentes e frias. Antes que se iniciasse a contação propriamente, as crianças foram desafiadas a imaginarem uma boneca, pois só elas seriam capazes de saberem como era a personagem da história. Uma vez contada, propôs-se a elas que depropôs-senhaspropôs-sem a personagem, as partes que mais gostaram na história, ou aquilo que

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se lembrassem. Tarefa cumprida por todos em 5 minutos. Pelas imagens obtidas observou-se que o potencial das crianças precisava de um desafio maior. Assim, pediu-se a elas que construíssem a bonequinha como elas a imaginaram. Para isto, disponibilizou-se jornal, barbante, retalhos coloridos, palitos de picolé, tesoura e cola.

Para o segundo momento, propôs-se que as crianças brincassem e construíssem brinquedos tridimensionais com jornal, barbante, papel crepom colorido e massinha caseira. Realizada esta atividade, as crianças construíram um espaço isolado com papel crafit para servir de palco. Elas foram então, estimuladas a criarem uma história com seus brinquedos. Esta mesma experiência foi repetida em sala de aula também com resultados positivos.

Até aqui manteve-se o enfoque no relato da experiência para ilustrar a discussão de como a produção textual lúdica pode ser estímulo à criação infantil e a um só tempo estímulo ao resgate da ludicidade do próprio educador no processo ensino aprendizagem. Objetivando direcionar a discussão para esta reflexão, cabe agora questionar-se: como produzir um texto lúdico sobre alguma especificidade da arte, e por que faze-lo?

As crianças tem uma necessidade anímica que atua como “instrumento de defesa e proteção contra um mundo que lhe é desconhecido”, Derdik (1990, p. 115), isto oferece coerência para compreender como as crianças não opõem resistência para aceitar animais e objetos falantes, humanizados. A produção textual deve ser encarada como um ato criador no qual se dá forma à idéias e imagens em uma nova ordenação de dados obtidos do real, por exemplo: a teoria das cores, em uma “realidade” lúdica, fantasiosa. É importante salientar que o fantástico puro não existe, pois de acordo com Held (1989, p. 28), se o mesmo tivesse esta natureza “apresentaria no máximo o desconhecido; sem nenhum contato conosco nos pareceria estranho”.

Nesta linha de pensamento tem-se que um dos princípios norteadores a ter-se em mente para a elaboração de uma história é o fato de que o fantástico, o anímico irá tocar o público infantil à medida que for feito por seres enraizados – de alguma maneira – no próprio cotidiano, nas vivências possíveis, ou seja, seres não totalmente abstratos.

Talvez nenhum outro motivo validaria mais semelhante vivencia, do que o fato de o educador ao se dispor proporcionar aos alunos uma experiência diferenciada, estar se colocando frente ao desafio de resgatar a própria ludicidade, bem como o processo individual de criação por vezes deixado de lado em virtude de outras exigências didáticas.

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No entanto, há que se deixar claro ainda, o fato de que amaneira como se conta a história é extremamente relevante. Para ser convincente é preciso acreditar na narração, no poder da imaginação infantil. A história da bonequinha foi contada sem o auxílio de qualquer imagem impressa, apenas representando gestuais, sons e expressões faciais. Note, não está se propondo uma representação teatral, mas sim, uma atuação simplificada que aponte caminhos possíveis ao imaginário infantil, caminhos estes desvinculados da tradicional exibição de uma imagem. Nada se tem contra o uso dela, que sem dúvida é importante para o referencial histórico, conforme já o provou Ana Mãe, ao sistematizar a proposta triangula de ensino. Enquanto método didático, se não é totalmente conhecido pelos alunos, o é parcialmente.

Assim, como a proposta triangular de ensino – ao contrário do que parece pensar algumas pessoas, não é uma bula, o desafio é renova-la para que o ensino de arte seja dinâmico, contínuo e criativo dando significado a ação processual do educador, bem como do aluno, para que se possa atingir o real sentido do que vem a ser processo de ensino – aprendizagem.

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Referência Bibliográfica

DERDIK, Edith. A representação da Figura Humana. IN:________O Desenvolvimento da Figura Humana no Desenho Infantil. São Paulo: Scipione, 1990. P. 143-191.

________, Edith. Formas de Pensar o Desenho: Desenvolvimento do Grafismo Infantil. São Paulo: Scipione, 1989.

HELD, Jacqueline. O Imaginário no Poder: As Crianças e a Literatura Fantástica. São Paulo: Scipione, 1989.

Monografia

DIOGO, Andréa. A História da Linha para Crianças: uma análise processual. Banco de dados UFU/DEART.

Referências

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