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TRIBUNAL DE JUSTIÇADO ESTADO DE SÃO PAULO SENTENÇA PROC ASSUNTO: INDENIZAÇÃO DANO MATERIAL E MORAL ADVOGADOS: Marcos

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TRIBUNAL DE JUSTIÇADO ESTADO DE SÃO PAULO SENTENÇA

PROC. 0149933-24.2012.8.26.0100

ASSUNTO: INDENIZAÇÃO DANO MATERIAL E MORAL ADVOGADOS: Marcos Roberto Arantes Almeida / Cláudia Alves VISTOS.

XXXXXXXXXXXXXXXX e XXXXXXXXXXXXXXX, qualificados nos autos, ajuizaram a presente ação de indenização por danos materiais e morais, com pedido de antecipação de tutela, contra QUEIROZ GALVÃO MAC CYRELA VENEZA EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO S/A, pessoa jurídica também qualificada, alegando, em síntese, que celebraram com o réu compromisso de compra e venda, para aquisição do imóvel descrito na inicial, comprometendo-se o réu à entrega do imóvel em setembro de 2011, o que não ocorreu até a presente data, sendo certo que o atraso na conclusão da obra (e consequente entrega do bem) gerou prejuízos. Pretendem a condenação da ré no pagamento de multa contratual no patamar de 1% sobre o valor do imóvel, no pagamento de indenização por danos materiais, consistente na restituição dos valores pagos a título de aluguel, no período de setembro de 2011 a maio de 2012, no valor mensal de R$ 2.216,00 (dois mil, duzentos e dezesseis reais), no pagamento de indenização por danos morais, em 20% sobre o valor atualizado do imóvel, além da restituição do montante correspondente ao reajuste do saldo devedor. A petição inicial veio instruída com procuração e documentos (fls. 47/139). O pedido de antecipação parcial dos efeitos da tutela foi deferido a fls. 141, para determinar a suspensão do pagamento das prestações vincendas. Os autores comprovaram a interposição de agravo de instrumento (fls. 162/176). Citado, o réu ofereceu contestação a fls. 212/236, alegando, em resumo, que a construção do empreendimento foi suspensa por força de decisão proferida em ação civil pública e, portanto, o atraso tem origem em fato alheio à sua vontade. Invocou sua boa-fé, especialmente para conclusão das obras durante o andamento da ação, bem como a cláusula XIII.1. Discorreu sobre a legalidade do prazo de tolerância e sobre a suspensão, por mera liberalidade, da exigibilidade das parcelas vincendas. Postulou, ao final, sua improcedência dos pedidos e juntou documentos (fls. 237/343). Réplica a fls. 348/355. É O BREVE RELATÓRIO. DECIDO. JULGO

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ANTECIPADAMENTE O PEDIDO, com fundamento no artigo 330, inciso I, do CPC, prescindindo o feito de aprofundamento instrutório, em razão dos elementos probatórios já constantes dos autos. Confira-se o entendimento a respeito: "Em matéria de julgamento antecipado da lide, predomina a prudente discrição do magistrado, no exame da necessidade ou não da realização de prova em audiência, ante as circunstâncias de cada caso concreto e a necessidade de não ofender o princípio basilar do pleno contraditório" (STJ-4ª Turma, REsp 3.047-ES, rel. Min. Athos Carneiro). Sem matéria preliminar a apreciar, no mérito, os pedidos são procedentes em parte. Como consabido, "aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito" (artigo 186 do Novo Código Civil) e, portanto, fica obrigado a repará-lo (artigo 927 do mesmo diploma). Assim, para que se configure ato ilícito, sujeito a indenização, necessários os seguintes requisitos: ação ou omissão (conduta do agente), culpa em sentido lato (dolo e culpa), prejuízo e, embora não explícito, nexo de causalidade (relação de causa e efeito entre conduta do agente e o prejuízo experimentado pela vítima). Neste aspecto, nos moldes do artigo 944 do CC, o valor da indenização corresponderá à extensão do dano. De início, assinalo que não é abusiva a cláusula que estabelece o prazo de tolerância de 180 dias para a entrega das obras, ainda que se trate de contrato de adesão; a inserção desta cláusula se justifica a fim de evitar que contratempos advindos de fatores imprevisíveis não onerem excessivamente a construtora. A esse respeito, já se decidiu: "CONTRATO - Compromisso de compra e venda Rescisão cumulada com indenização - Atraso na entrega da obra Alegação de que as chuvas prolongadas, a inadimplência dos demais compradores e os elevados juros bancários impediram a entrega no prazo acertado - Situações que não caracterizam caso fortuito ou força maior - Ação procedente - Recurso não provido" (JTJ 272/38). "Indenização por danos morais e materiais, decorrentes do atraso na entrega de obra. Compromisso de compra e venda de imóvel. Ocorrência da mora, a partir do término da prorrogação de 180 dias prevista no contrato. Dever de indenizar os danos materiais. Fixação na sentença que deve ser mantida. Aplicação da cláusula 10.8-J por simetria. Sentença devidamente fundamentada. Motivação do decisório adotada como fundamentação do julgamento em segundo grau. Inteligência do art. 252 do

RITJ. Recurso não provido" (TJSP, Apelação n.º

0031553-48.2011.8.26.0562, 5ª Câmara de Direito Privado, rel. Edson Luiz de Queiroz, data do julgamento 27.06.2012). "COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA. Imóvel em construção. Descumprimento do prazo contratual de entrega. Ação de indenização por danos materiais e morais proposta pelo

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comprador, cumulada com obrigação de fazer e imposição de multa. Sentença de procedência parcial. Apelação de ambas as partes. Cerceamento de defesa inocorrente. Atraso injustificado da entrega da obra. Multa pecuniária para hipótese de atraso não prevista no contrato. Inexigibilidade Danos morais não configurados. Recursos desprovidos" (TJSP, Apelação n.º 0020393-44.2011.8.26.0071, 4ª Câmara de Direito Privado, rel. Carlos Henrique Miguel Trevisan, data do julgamento 14.06.2012). Por outro lado, entretanto, restou demonstrado o descumprimento contratual pelo réu. De acordo com a escritura de promessa de compra e venda, as obras deveriam se encerrar em setembro de 2011, mas até o momento o imóvel não foi entregue aos autores. Não obstante, o réu afirma que, além do prazo de tolerância de 180 dias, os atrasos decorrentes de embargos judiciais das obras autorizam a prorrogação do prazo de entrega das unidades, tantos dias quanto forem os de retardamento, nos termos da cláusula XIII-1, fls. 59; contudo, o item 2 da referida cláusula informa que a data de início das obras não poderá ultrapassar o prazo de doze meses contados da data do registro da incorporação (fls. 59). A despeito da decisão proferida em sede de cognição sumária nos autos da ação civil pública, observo que em 04.09.2009 a requerida comunicou a paralisação das obras e, em 13.11.2009, noticiou a retomada da construção, ou seja, o pequeno lapso temporal decorrido entre a paralisação e a retomada da construção não serve de argumento consistente para justificar o atraso e, portanto, o descumprimento contratual. Vale dizer, ainda que se admita um ajuste no cronograma das obras, fato é que houve descumprimento contratual, porque não houve entrega das chaves até a presente data. A reforçar, relembro que a previsão de entrega do bem era setembro de 2011. Consequentemente, comprovada a mora da requerida, a partir do término do prazo de tolerância (em abril de 2012), impõe-se reconhecer sua obrigação de indenizar os autores os prejuízos materiais suportados até a efetiva entrega da unidade, na forma dos artigos 395, 402, 927 e 944, todos do Código Civil e do artigo 6º, inciso VI do Código de Defesa do Consumidor. Neste particular, o contrato não prevê cláusula penal, em caso de descumprimento das obrigações assumidas pelo réu; de qualquer modo, não cabe a cumulação pretendida, ou seja, da multa contratual de 1% sobre o valor do imóvel com o pedido de indenização por danos materiais. Assim, os autores fazem jus à reposição dos prejuízos materiais efetivamente experimentados, aqui correspondentes aos alugueis pagos, no período de 01.04.2012 (data do término de tolerância) até a data da efetiva entrega das chaves, na quantia mensal de R$ 2.216,00 (dois mil, duzentos e dezesseis reais). Igualmente, o pleito de indenização por danos morais não comporta acolhimento. Na lição de Sérgio Cavalieri Filho, "dano moral é a lesão de

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bem integrante da personalidade, tal como a honra, a liberdade, a saúde, a integridade psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação à vítima" (in Programa de Responsabilidade Civil, 2ª Edição, Malheiros Editores, p. 78). A lesão a bem personalíssimo, contudo, para caracterizar o dano moral, deve revestir-se de gravidade que, segundo Antunes Varela, citado por Sérgio Cavalieri Filho, "há de medir-se por um padrão objetivo e não à luz de fatores subjetivos". Assim, para que se configure o dano moral indenizável, a dor, o sofrimento, a tristeza, o vexame, impingidos, devem ser tais que, fugindo à normalidade, interfiram intensamente no comportamento e no bem estar psíquicos do indivíduo, o que e verifica na hipótese dos autos. De fato, o atraso na entrega da obra frustrou a legítima expectativa depositada no negócio jurídico entabulado com a requerida, frustração que se agravou com a notícia de ação judicial em curso. Nessa linha de raciocínio, mais uma vez, Sérgio Cavalieri Filho, pondera que "mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos". (in Programa de Responsabilidade Civil, 2ª Edição, pag. 78, Malheiros Editores). Assim, a indenização, por envolver valor inestimável, deve corresponder a uma quantia que conforte a vítima, sem enriquecê-la, de modo que não haja desequilíbrio excessivo no patrimônio do causador. É o que a doutrina denomina teoria do desestímulo, para fixação de valores em indenizações por danos morais (artigo 944 do Código Civil). Para atender ao acima explicitado, fixo a indenização por danos morais em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), para ambos os autores. Por fim, no que tange ao pedido de restituição do montante correspondente à atualização do saldo devedor, entendo que não assiste razão aos autores. A correção monetária, como se sabe, não é pena, mas sim mera atualização do poder liberatório da moeda. Em verdade, "o índice de correção monetária é um número-índice que traduz, o mais aproximadamente possível, a perda do valor da moeda, mediante comparação, entre os extremos de determinado período, da variação do preço de certos bens (mercadorias, serviços, salários, etc.), para revisão do pagamento das obrigações que deverá ser feito na medida dessa variação" (STF, ADIN n. 493-0-DF, Rel. Min. Moreira Alves). Em elucidativo acórdão exarado pelo Min. Demócrito Reinaldo, nos autos dos Embargos de Divergência no Recurso Especial n. 40.533-SP, j. em 9.2.1995,

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DJ 6.3.1995, p. 4276, a Corte Especial do STJ assim se pronunciou:

"PROCESSUAL CIVIL. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.

VENCIMENTOS E VANTAGENS DO SERVIDOR PÚBLICO. CORREÇÃO MONETÁRIA. PERIODO ENTRE MARÇO DE 1990 E JANEIRO DE 1991. VINCULAÇÃO AO IPC DO IBGE. É RESSABIDO QUE O REAJUSTE MONETÁRIO VISA EXCLUSIVAMENTE A MANTER NO TEMPO O VALOR REAL DA DÍVIDA, MEDIANTE A ALTERAÇÃO DE SUA EXPRESSÃO NOMINAL. NÃO GERA ACRÉSCIMO AO VALOR NEM TRADUZ SANÇÃO PUNITIVA. DECORRE DO SIMPLES TRANSCURSO DO TEMPO, SOB REGIME DE DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA. POR ISSO, IMPÕE-SE A APLICAÇÃO DE ÍNDICES QUE EFETIVAMENTE AFIRAM A REALIDADE INFLACIONÁRIA DO PERÍODO, DESCONSIDERANDO

O CONTROLE ARTIFICIAL PRATICADO POR MEIO DE

REITERADOS EXPURGOS NAS TAXAS APURADAS

MENSALMENTE. TAL DISCIPLINA APLICA-SE A TODOS OS RAMOS DO DIREITO, ALCANÇANDO, INCLUSIVE, OS DÉBITOS

JUDICIAIS ORIUNDOS DE DEMANDAS ACERCA DE

VENCIMENTOS E VANTAGENS DE SERVIDORES PÚBLICOS, MÁXIME POR TRATAR-SE DE VERBAS DE NATUREZA ALIMENTAR. O IPC DO IBGE É O ÍNDICE QUE MELHOR RETRATA A CORROSÃO INFLACIONÁRIA OCORRIDA NO PERIODO ENTRE MARÇO DE 1990 E JANEIRO DE 1991. PRECEDENTES. EMBARGOS

ACOLHIDOS, POR UNANIMIDADE". Pelo exposto, JULGO

PROCEDENTES EM PARTE OS PEDIDOS, declaro extinto o processo com resolução de mérito, com fundamento no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, confirmo a decisão que antecipou parcialmente os efeitos da tutela, condeno o réu no pagamento de indenização por danos materiais, no valor mensal de R$ 2.216,00 (dois mil, duzentos e dezesseis reais), no período de 01.04.2012 até a data da efetiva entrega das chaves, cujo cálculo será elaborado nos termos do artigo 475-B do CPC, e no pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), para ambos os autores, quantias que serão corrigidas monetariamente pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça de São Paulo, desde o ajuizamento, com incidência de juros moratórios de 1% ao mês desde a citação. Nos termos do artigo 21, parágrafo único, do CPC, reconheço a sucumbência mínima dos autores e condeno o réu ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 10% sobre o valor das condenações (artigo 20, §3º, do CPC). Oficie-se ao Exmo. Desembargador Relator do Agravo de Instrumento, comunicando-se a prolação de sentença.

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P.R.I.O. CERTIFICO e dou fé que, salvo para eventuais beneficiários da Assistência Judiciária, o valor do preparo (2% do valor da causa, observados os limites estabelecidos no art. 4º, § 1º, da Lei Estadual nº 11.608/03) a ser recolhido em GARE é de R$2.107,03. CERTIFICO ademais que, conforme o Provimento nº 833/04, o valor do porte de remessa e retorno dos autos à Segunda Instância, a ser recolhido ao Fundo Especial de Despesa do Tribunal de Justiça (F.E.D.T.J.), é de R$ 25,00 por volume de autos, totalizando o valor de R$50,00.

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