RESPONSABILIDADE CIVIL
Thiago Loyola
Responsabilidade
Civil Objetiva – Teoria
do Risco
• Responsabilidade Subjetiva –Teoria da Culpa • Culpa Lato sensu – Imprudência, imperícia,
negligência e dolo.
Elementos caracterizadores da Culpa:
a) Conduta Voluntária
b) A Previsão ou previsibilidade
c) Falta de cuidado, cautela, diligência e atenção
O agente quer a causa, mas, não, o efeito. Quer a conduta, não o resultado.
Imprudência = falta de cuidado + ação Negligência = falta de cuidado + omissão
Imperícia = falta de qualificação ou treinamento
É a reparação de danos injustos, resultantes de violação de um dever
geral de cuidado, com a finalidade de recomposição do equilíbrio violado.
São pressupostos da responsabilidade civil subjetiva:
➢ Ato ilícito;
➢ Culpa;
➢ Dano;
Ato Ilícito – art. 186 CC (é uma cláusula aberta)
Conduta contrária ao ordenamento. O cerne do ato ilícito são a
antijuridicidade e imputabilidade.
Antijuridicidade: é o elemento objetivo do ato ilícito. É a conduta contrária
ao direito, ofende a norma. É uma ação ou omissão que ofende a norma.
Neminen Laedere (ninguém pode prejudicar o outro).
Imputabilidade: é o elemento subjetivo. Significa atribuir, censurar. A
1. Não há responsabilidade civil contra o incapaz (absoluta ou relativamente). No ECA, a conduta praticada pelo menor é ato-fato, não se indaga o aspecto psicológico).
2. Responsabilidade civil por ato de terceiro ou responsabilidade civil indireta, art. 932 do CC. Ex.: pais quando respondem pelos danos causados pelos filhos.
3. Os pais que têm filho que causam dano a terceiros não podem alegar que o criou bem,
culpa in vigilando. A responsabilidade dos pais é objetiva – Teoria da Substituição: os pais
substituem os filhos, o tutor substitui o tutelado e o curador, o curatelado.
4. A responsabilidade civil encontra limite no patrimônio mínimo. É um limite humanitário da responsabilidade civil.
Se os pais não tiverem patrimônio suficiente para reparar o dano, mas o incapaz tem, este responderá, civilmente, por equidade (art. 928 do CC). Haverá um litisconsórcio sucessivo. O Código Civil pretende reparar o dano causado pelo incapaz.
A reparação será subsidiária e mitigada. Subsidiária: o incapaz só responderá se os pais não tiverem condições de pagar em favor da vítima. Mitigada: o juiz utiliza da equidade e poderá diminuir o valor a ser pagão pelo menor (prestigiando o princípio da proporcionalidade), art. 928 do C.Civil. Segundo os art. 928 c/c 932, I, CC, se um dos genitores não tiver a guarda não terá a obrigação de reparar o dano. Mas, por outro lado, o poder de família é do casal, tendo os pais responsabilidade solidária (posição minoritária).
O responsável não tem direito de regresso, art. 934 CC. Desta forma o código tenta evitar a quebra de harmonia entre pais e filhos. Porém, o filho, terá que trazer à colação o valor da reparação prestada pelos pais, pois adiantamento de legítima.
O art. 942, § único do CC só é aplicado quando ocorrer uma das hipóteses do art. 932, III, IV, V, já que somente nestes casos haverá responsabilidade solidária. Como mais uma forma de proteger a vítima, os donos de escola respondem solidariamente com os pais, pois estes contribuíram para a educação dos filhos.
Quando ocorrer emancipação voluntária, o emancipado não responderá por ato ilícito. Os pais ainda responderão pelo ato ilícito praticado pelo então emancipado, uma vez que este ainda é dependente econômico daqueles. Neste caso, poderá haver litisconsórcio passivo facultativo, En 41 CJF.
Há casos em que o incapaz responderá diretamente. Quando o menor é condenado por ato infracional, art. 116 do ECA, ele responderá com seu próprio patrimônio. En 40 CJF.
O ato ilícito é gênero e tem como espécies:
1- ato ilícito stricto sensu ou indenizatório: é ato ilícito em que há dano,
art. 186 do CC;
2- ato ilícito invalidante: quando o negócio jurídico é inválido, art. 182
do CC;
3- ato ilícito caducificante: art. 1638, 1992 do CC;
Culpa:
“lato sensu” abrange culpa e dolo.
Culpa “stricto sensu”:
Dolo,
conduta intencional.
Para a fixação do quantum a ser indenizado, o juiz não olha a culpa, mas sim a
extensão do dano, art. 944 CC e 944, § único CC, sendo que para este último
artigo haverá possibilidade de reduzir a indenização utilizando uma cláusula geral
da equidade.
Assim, onde houver desproporção entre o dano e o grau de culpa, o juiz
Código Civil brasileiro adotou como regra geral a responsabilidade civil subjetiva
(art. 186), o ofensor tem o dever de reparar ou de restituir o mal causado desde que
comprovado o dano, o nexo causal
e a sua culpa
.
Neste sentido, Sergio Cavalieri Filho expõe que:
"Por essa concepção clássica, todavia, a vítima só obterá a reparação do dano se
provar a culpa do agente, o que nem sempre é possível na sociedade moderna. O
desenvolvimento industrial, proporcionado pelo advento do maquinismo e outros
inventos tecnológicos, bem como o crescimento populacional geraram novas situações
que não podiam ser amparadas pelo conceito tradicional de culpa"
ABUSO DE DIREITO
A pessoa exerce o direito subjetivo ou o potestativo de modo desproporcional, fere a boa-fé objetiva, o direito é exercido de forma distorcida a ponto de violar a finalidade para a qual este direito fora concedido pelo ordenamento.
Não olha o elemento psicológico, não é conduta ilegal. É ilícito na finalidade, não na origem.
A ilicitude ocorrerá devido à falta de legitimidade, o ofensor viola materialmente os limites éticos do ordenamento jurídico
No abuso do direito, o juiz é quem diz o que é ilícito, tem cláusula geral que deve ser preenchida pela jurisprudência, Resp. 466.667/SP.
TEORIA DO DANO
Dano é a lesão ao bem protegido pelo ordenamento jurídico. Pode haver ato ilícito sem dano.
O dano se divide em: ➢ Patrimonial;
➢ Extrapatrimonial.
Dano patrimonial (art. 402 do CC): é lesão a um interesse econômico, interesse pecuniário.
Dano emergente (art. 402 do CC): são os prejuízos efetivamente
sofridos pela vítima. É o decréscimo patrimonial.
Lucro cessante ou lucros frustrados (art. 402 do CC): é o que a vítima
deixou de auferir razoavelmente (certamente). Tudo o que a vítima deixou
de ganhar. Também chamado de lucro frustrado.
Segundo o art. 947 CC, deve-se buscar primeiro a recomposição à
situação primitiva.
O lucro cessante somente será concedido se provar que se não houvesse ocorrido o dano, provavelmente haveria um ganho econômico. Não pode pedir lucros cessantes de atividade
ilícita, como a atividade de camelô.
Teoria da Perda de uma Chance (art. 402 do CC): é uma subclasse do dano emergente. É a
oportunidade dissipada de obter futura vantagem ou de evitar um prejuízo em razão da prática de um dano injusto, Resp. 788.459.
É o meio caminho entre dano emergente e lucro cessante. O benefício não era certo, era aleatório, mas havia uma chance e esta tinha um valor econômico. O valor da indenização deve ser menor que do lucro cessante. O juiz calcula com base na razoabilidade ou probabilidade, desta forma, ele faz uma proporcionalidade.
Dano Moral ou Extrapatrimonial
É uma lesão ao direito da personalidade da pessoa humana. Atinge a liberdade, igualdade, solidariedade ou psicofísica. Tradicionalmente prevalece entendimento de que só existe dano moral quando a dignidade é atingida, art. 5º, V e X, CRFB/88.
A reparação é gênero em que são espécies a indenização e a compensação. Dano patrimonial:
• função de indenização; • função ressarcitória ;
RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE TERCEIRO (art. 932, I e II; 933 CC)
O terceiro responde quando houver relação de subordinação.
Art. 932, III, do CC: responsabilidade do patrão por fato do empregado. Neste caso, pode haver litisconsórsio passivo facultativo. É caso de responsabilidade objetiva impura ou imprópria, discute culpa no antecedente e responsabilidade objetiva no conseqüente.
Motorista de determinada empresa que atropela alguém: não cabe alegação de culpa in eligendo. Súmula 341 do STF foi revogada. Se o atropelamento ocorreu fora do horário de trabalho do empregado, a empresa
será responsável da mesma forma.
Neste caso, será aplicada a teoria da aparência, art. 932, III, do CC. O empregado se aproveitou da ocasião do emprego.
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL E CONTRATUAL
É toda aquela com origem na lei, com assento em situações previstas e regradas
pelo ordenamento jurídico.
Na responsabilidade contratual tem por origem delimitadora os termos pactuados
em instrumento contratual firmado livremente entre as partes.
A aplicabilidade da responsabilidade civil contratual ou extracontratual (aquiliana)
no campo do direito privado encontra-se bastante definida, com sedimentado amparo
no Código Civil (arts. 186 e 422), tendo aplicabilidade notadamente nas relações
envolvendo particulares, os quais possuem maior liberdade para a composição ou
recomposição entre si.
ABUSO DE DIREITO
A pessoa exerce o direito subjetivo ou o potestativo de modo desproporcional, fere a boa-fé
objetiva, o direito é exercido de forma distorcida a ponto de violar a finalidade para a qual
este direito fora concedido pelo ordenamento.
Não olha o elemento psicológico, não é conduta ilegal. É ilícito na finalidade, não na origem.
A ilicitude ocorrerá devido à falta de legitimidade, o ofensor viola materialmente os limites éticos do ordenamento jurídico ( é ilícito na finalidade, mas lícito na origem).
No abuso do direito, o juiz é quem diz o que é ilícito, tem cláusula geral que deve ser preenchida pela jurisprudência, Resp. 466.667/SP.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
• Desta forma surge a responsabilidade civil objetiva que se encontra
retratara no vigente Código Civil brasileiro (art. 927, §único) como sistema
subsidiário, segundo a qual deve o ofensor reparar, restituindo ou
restaurando o ofendido independentemente de culpa, bastando a
comprovação do dano e do nexo causal.
A responsabilidade objetiva ocorrerá nos casos em que a lei permitir ou
quando o juiz constatar que os danos foram feitos por uma atividade risco.
O artigo 927, § único do Código Civil é uma cláusula geral de risco. Será
considerada atividade de risco, aquelas que têm danosidade excessiva. São
atividades mais perigosas que as demais. Tem potencialidade lesiva mais ampla
que as outras.
Ela é intrinsecamente perigosa. Ex: distribuição de combustível, atividades
tóxicas, explosivas.
Art. 931 do CC: responsabilidade objetiva. Vai além do CDC. Amplia a proteção à pessoa, é
responsabilidade objetiva, não é dano ao consumidor, mas haverá responsabilidade por ter colocado o produto em circulação. Responde pelos produtos defeituosos postos em circulação.
Este artigo amplia o conceito de defeito de produto. Mesmo que a vítima seja um comerciante, ele estará protegido pelo defeito do produto que não atende às expectativas de segurança. Também defende a teoria do risco do desenvolvimento, como nos casos de medicamentos em que posteriormente descobre-se que estes produzem efeitos colaterais maléficos.
A responsabilidade do empresário será atribuída a ele por ter colocado a mercadoria em circulação, o defeito já existia, no entanto, não havia sido detectado.
RESPONSABILIODADE PELO FATO DA COISA/ANIMAL
Animais: se o cão ataca pessoa (art. 936 do CC) haverá responsabilidade civil, que será elidida se for
provada culpa da vítima, força maior ou fato de terceiro (causas de exclusão do nexo causal). Não é causa de exclusão da responsabilidade a alegação de “culpa in custodiendo”.
Art. 938 CC: responsabilidade pela queda de coisas. Se o imóvel for alugado quem responde é o
inquilino, já que o referido artigo fala em “quem habitar”. Na ação ajuizada contra o condomínio, não se discute culpa, só depois, os condôminos entre si, discutirão culpa.
Art. 937 CC – refere-se à ruína de prédio. Haverá responsabilidade objetiva do proprietário (dano
infecto). Para alguns, o art. 937 do CC é responsabilidade subjetiva, pois o artigo fala “se esta provier de falta de reparos”. Caso a vítima seja um terceiro (bystander – observador) a construtora responderá solidariamente. Art. 17 do CDC: será consumidor por equiparação.
ABUSO DE DIREITO
A pessoa exerce o direito subjetivo ou o potestativo de modo desproporcional, fere a
boa-fé objetiva, o direito é exercido de forma distorcida a ponto de violar a finalidade para a qual
este direito fora concedido pelo ordenamento.
Não olha o elemento psicológico, não é conduta ilegal. É ilícito na finalidade, não na origem.
A ilicitude ocorrerá devido à falta de legitimidade, o ofensor viola materialmente os limites éticos do ordenamento jurídico ( é ilícito na finalidade, mas lícito na origem).
No abuso do direito, o juiz é quem diz o que é ilícito, tem cláusula geral que deve ser preenchida pela jurisprudência, Resp. 466.667/SP