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AVALIAÇÃO DO ÂNGULO SUBTALAR DO RETROPÉ NO PLANO FRONTAL ATRAVÉS DO MÉTODO DE CINEMETRIA

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AVALIAÇÃO DO ÂNGULO SUBTALAR DO RETROPÉ NO

PLANO FRONTAL ATRAVÉS DO MÉTODO DE CINEMETRIA

Thaisa Roxo Rebelo Luiz Heleno Moreira Duque Universidade Federal Fluminense, Volta Redonda, RJ

RESUMO

A articulação subtalar é primordial e essencial para a proteção do sistema musculoesquelético.

Essa é responsável juntamente com a junta tarsal transversal por transformar a rotação tibial em pronação e supinação da parte do retropé para absorver o impacto durante a caminhada e a corrida. A Cinemetria trata da análise de parâmetros cinemáticos, onde são coletadas, através de câmeras de vídeo, imagens do movimento. O objetivo desse estudo é avaliar o ângulo subtalar do retropé no plano frontal e sua variável biomecânica (posição) através do método de cinemetria, proporcionando desta forma, maior conhecimento para o processo de avaliação desses indivíduos. Verificou-se que os valores citados por Winter, para os sujeitos 1, 2 e 3, corroboram com o marcador 2 da perna esquerda. Para o pé direito, os valores encontrados neste estudo estão ligeiramente abaixo.

Palavras-chave: Cinemetria. Ângulo Subtalar. Plano Frontal. Retropé.

EVALUATION OF THE SUBTALAR ANGLE REARFOOT ON THE

FRONTAL PLANE THROUGH THE CINEMETRY METHOD

ABSTRACT

The subtalar joint is primordial and essential for the protection of the musculoskeletal system. This is responsible together with the transverse tarsal joint for turning the tibial rotation into pronation and supination of the hind foot part to absorb impact during walking and running. Cinemetry deals with the analysis of kinematic parameters, where motion images are collected through video cameras. The objective of this study was to evaluate the subtalar angle rearfoot of the frontal plane and its biomechanical variable (position) through the cinemetry method, thus providing a better knowledge for the evaluation process of these individuals. It was found that the values cited by Winter for subjects 1, 2 and 3 corroborate with marker 2 of the left foot. For the right foot, the values found in this study are slightly below that found.

Keywords: Cinemetry. Subtalar Angle. Frontal Plane. Rearfoot.

EL O , T .R .; D U Q U E, L .H .M .; A va lia çã o d o â ng ul o s ub ta la r d o r et ro pé n o p la no f ro nt al a tr av és d o m ét od o d e c in em et ria . C ol ão P es qui sa e m uca çã o F ís ica , V ár ze a P au lis ta , v .1 7, n .0 1, p .1 5-22 , 2 01 8. I SS N ; 1 98 1-43 13 .

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INTRODUÇÃO

Nos últimos 100 anos, devido ao acelerado processo de urbanização, o homem busca se adaptar as superfícies na qual se desloca, ou seja, adaptar a estrutura do andar normal e seus detalhes básicos para responder às variações do contexto ambiental, sem que variações de ritmo e amplitude entre os seus componentes afetem a estabilidade (SANTOS, 2008).

O pé é formado por um conjunto de articulações que suportam e dissipam as forças verticais sobre elas e que se exercem na posição bípede, permitindo as diferentes formas de locomoção. Os pés também transmitem ao solo o resultado da cadeia cinética produzida pela ação dos vários músculos do tronco e dos membros inferiores (MCPOIL; BROCATO, 1993; HAMILL; KNUTZEN; TIMOTHY, 1999).

Enquanto unidade funcional da marcha, o pé constitui uma estrutura flexível que sustenta, equilibra e impulsiona o corpo. Sob sua conformação anatômica complexa, deposita-se grande sobrecarga em simples sustentação e marcha, mas principalmente durante exercícios por longos períodos em pé e também calçados muitas vezes inadequados e desconfortáveis (MEDINA et al., 1997; TOKARS; MOTTER, 2003; MARTINS; MELO, 2005; KULTHANAN; TECHAKAMPUCH; BED, 2004).

Segundo Hamill; Knutzen; Timothy (2016), a posição de um objeto refere-se à sua localização no espaço em algum referencial. A análise de fotogramas de vídeo ou de sensores determina a posição de um corpo ou de um ponto de referência de um segmento corporal em relação a dois referenciais em um sistema de referência 2D, o eixo x e o eixo y. A Cinemetria trata da análise de parâmetros cinemáticos, onde são coletadas, através de câmeras de vídeo, imagens do movimento. Essas imagens, ou frames, do movimento são tratados em softwares como o Kinovea, e os resultados obtidos servem de base para análise da posição de cada segmento corporal.

A aplicação de modelos do corpo humano, como por exemplo o modelo descrito por Winter (2005), é um método antropométrico utilizado para a determinação das massas e suas propriedades geométricas e inerciais de cada segmento corporal.

A pronação e supinação subtalar são movimentos que ocorrem na articulação entre o tálus e o calcâneo. A articulação subtalar pode realizar movimentos nos três planos do espaço de modo que a porção anterior do calcâneo se mova em três direções espaciais. Quando o calcâneo é inclinado em seu lado interno, é chamado de pronação, enquanto que se o faz no lado externo é chamado de supinação (FUCCI; BENINGNI; FORMASARI, 2003; KAPANDJI, 2000).

Estudos revelam que ângulos de pronação do retropé, maiores que 6 graus, predispõe a um risco maior de lesão em todo o membro inferior devido a sobrecarga nas estruturas mediais (NIGG, apud DALMAS; CORRÊA, 2016). O movimento excessivo de eversão na articulação subtalar, resulta num aumento no ângulo de pronação do retropé (hiperpronação do retropé), o que acarreta em modificações no alinhamento dos membros inferiores, como por exemplo, aumento na rotação medial das articulações de joelho e quadril, aumentando o risco de lesão.

Estudos realizados por SAADI et al., (1998), mostrou variações angulares das articulações subtalar direita e esquerda na marcha tridimensional em mulheres normais. Já SANTOS (2008), em estudos com indivíduos do sexo masculino, concluiu que o aumento do ângulo de eversão do calcanhar (overpronação) afetou consideravelmente variáveis biomecânicas da distribuição de pressão plantar durante a marcha, o que pode significar alguns riscos para a estrutura do pé, e até mesmo para todas as articulações do corpo envolvidas, alterando dessa forma o andar normal.

Sendo assim, o objetivo desse estudo é avaliar o ângulo subtalar do retropé no plano frontal e sua variável biomecânica (posição) através do método de cinemetria, proporcionando desta forma, maior conhecimento para o processo de avaliação desses indivíduos.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi constituído de uma amostra de 3 pessoas, com pés do tipo pronado, supinado e normal, sendo 2 do sexo feminino e 1 do sexo masculino, entre 25 e 40 anos de idade, média de ± 30 anos, média de ± 1,60 cm de altura, média de ± 67 kg, estudantes de mestrado do curso de Pós-Graduação de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense - UFF.

Foram excluídas da pesquisa indivíduos com patologias pregressas que causasse alterações na marcha e na postura estática, uso de dispositivos auxiliares, dificuldade de deambular descalço. Os indivíduos

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deverão assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido proposto, autorizando a captação de imagens fotográficas nas regiões a serem avaliadas durante o procedimento. As imagens captadas foram desenvolvidas na Universidade Federal Fluminense – UFF, campus da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda, no Laboratório de Biomecânica.

Para a cinemetria, este estudo utilizou câmera digital encontrada no modelo iPhone SE, fabricante Apple, com resolução de gravação 4k (2160p), 30 frames por segundo (FPS), 240 FPS de gravação slow motion, 12 megapixels, resolução 4290 x 2800 pixel, tamanho do sensor: 1/3 e abertura de lente F2.2. As imagens coletadas permitem uma análise cinemática bidimensional (2D), no plano frontal onde, para a reconstrução 2D após a calibração do volume espacial, utiliza-se o método de reconstituição de imagem (DLT - Direct Linear Transformation).

No sistema de medição, são definidos 18 pontos de calibração luminosos através de um calibrador com 2,50 m de altura, 2,50 m de largura e 2,50 m de profundidade. A calibração é realizada após reconhecimento dos pontos marcados no calibrador, sendo que as medidas entre os pontos foram automaticamente reconhecidas pelo software de calibração, com base no modelo de Kwon (1998). A calibração do sistema é refeita sempre antes do início de cada coleta, ou sempre que o posicionamento das câmeras fosse alterado.

AVALIAÇÃO DO ÂNGULO DA ARTICULAÇÃO SUBTALAR (RETROPÉ)

Para a avaliação do retropé no plano frontal, o indivíduo é colocado sobre uma plataforma de 60 cm de altura, com o peso distribuído de forma igual em ambos os pés. Para garantir o mesmo alinhamento de todos os indivíduos durante as marcações, estes são instruídos a posicionar o pé sobre uma linha reta marcada no solo, com distância de 10 cm, fazendo com que o centro do calcanhar ficasse no meio dessa linha e também o segundo dedo posicionado sobre a mesma (SANTOS, 2008).

Utilizando um lápis dermográfico e etiquetas de papel adesivo 3M de 1 mm de diâmetro, foram demarcados os seguintes pontos na face póstero-inferior de cada membro: um marcador no centro do calcanhar, 2 cm logo acima da sola do pé (1), outro ponto, 5 cm acima, no centro do calcanhar, na inserção do tendão de Aquiles (2), um terceiro no centro do tendão de Aquiles, na altura do maléolo medial (3) e um quarto, 15 cm acima do terceiro marcador no centro da perna (4) (PIAZZA et al., 2014; TARTARUGA et al., 2010, ORTEGA et al., 2009; SANTOS, 2008 e CHEUNG; NG, 2007).

Figura 1 – Demarcações dos pontos e mensuração da articulação subtalar.

Fonte: autoria própria.

O modelo adotado para quantificar o ângulo do retropé, foi traçar uma linha do primeiro ponto (1) até o segundo (2). Em seguida, uma segunda reta que se origina no ponto mais alto (4) e passa pelo ponto correspondente ao maléolo medial (3) (TARTARUGA et al., 2010; DE WIT; CLERCG; LEONOIR, 1995).

A intersecção dos prolongamentos de ambas as retas resulta em um eixo vertical para o ângulo do retropé, sendo a eversão considerada positiva e a inversão negativa, onde o pé normal, de 0° a 6°; pé pronado, > 7° e pé supinado, < 0°. As imagens foram gravadas e mensuradas por meio do software AutoCad 2007®.

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AVALIAÇÃO DINÂMICA

Para a avaliação dinâmica é adotado um modelo de marcha padrão para todos os indivíduos, onde o mesmo caminha descalço e ereto, em linha reta, sobre uma passarela emborrachada medindo 2,50m x 1m, realizando três passos para ambas as pernas, iniciando com o pé direito e, em seguida, repetindo o procedimento, iniciando com o pé esquerdo.

A fase foi determinada a partir do contato inicial do calcanhar com o solo até o desprendimento total dos dedos (apoio inicial, apoio médio, apoio terminal e pré-balanço). Do material filmado, foi selecionado, do período médio do teste, para cada membro inferior. A preferência pelo período médio da filmagem deveu-se ao fato de que, depois de algumas idas e vindas, o indivíduo já está adaptado à situação do exame, não acelerando nem desacelerando a marcha, o que influiria sobre o padrão da mesma (SAADI et al., 1998). As filmagens foram transferidas para o software Kinovea® 0.8.25, para colher os resultados obtidos.

No Kinovea, o sistema de coordenadas adotado é o sistema cartesiano, onde consiste em dois eixos (plano x - y) onde x é horizontal e y vertical. O sistema de referência 2D resulta os pontos de calibração x e y, que para a direita são positivos e esquerda são negativos. Após a análise, os dados referentes à cinemática no Kinovea são exportados e armazenados no software Microsoft Excel 2016®, em forma de planilha para cada indivíduo.

O MATLAB (do inglês Matrix Laboratory) é um software de computação numérica de análise e visualização de dados. Para este estudo é desenvolvido uma rotina matemática em ambiente MATLAB™ afim de realizar o sistema de calibração do ambiente, denominado método de reconstituição de imagem (DLT - Direct Linear Transformation) bidimensional no plano frontal, onde através das coordenadas u e v virtuais são comparadas as coordenadas X, Y e Z real. A rotina matemática utilizada é o método implantado por Kwon (1998).

A planilha contendo os dados provenientes do Kinovea são normalizados para cada indivíduo, considerando o primeiro frame com o tempo 0 (zero). Feito isso, os dados contendo tempo e as coordenadas x e y para os marcadores 1, 2, 3 e 4 são submetidos a uma rotina matemática no MATLAB afim de gerar gráficos para a variável biomecânica (posição) do pé direito e para o pé esquerdo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para melhor entendimento, a apresentação dos dados referentes a cada indivíduo é realizada de forma gráfica, sendo dividida de acordo com a posição de quatro marcadores, conforme mencionado na metodologia. As medições são realizadas na horizontal para os pés direito e esquerdo. Os indivíduos são nomeados segundo o tipo de desvio biomecânico observado na medição estática, onde o sujeito 1 tem ambos os pés supinados, o sujeito 2 possui pés pronados e o sujeito 3 é considerado normal.

ANÁLISE DOS GRÁFICOS SUJEITO 1

Neste estudo, analisa-se apenas os marcadores 2 e 4 devido ao fato de que o marcador 2 corresponder a articulação subtalar, fator importante para os movimentos de inversão e eversão, e o marcador 4 corresponder a articulação femorotibial, cuja rotação é empregada na marcha através dos movimentos de inversão e eversão do pé.

Esta análise experimental representa a posição vertical do marcador 2 do calcâneo, onde os pontos tracejados são os pontos experimentais obtidos através da cinemetria e as linhas são os polinômios de ajuste da análise experimental, sendo a primeira linha para o pé esquerdo e a segunda linha para o pé direito. Os polinômios escolhidos são de grau 3, pois está sendo assumido neste trabalho que a posição vertical de cada um dos marcadores seja linear.

Em sua posição vertical, o marcador 2 apresenta elevação nos tempos de 0,6 até 0,9 segundos para o pé direito e 0,6 até 0,8 para o pé esquerdo, nas posições 0,18 metros e 0,25 metros respectivamente. Estes instantes de elevação em ambos pés são caracterizados pela fase de apoio terminal, onde segundo Perry (2005), esta fase é responsável pelo desprendimento dos dedos.

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Em sua posição vertical, o marcador 4 apresenta uma elevação nos tempos 0,7 até 0,9 segundos tanto para o pé esquerdo quanto para o pé direito, nas posições 0,3 metros e 0,36 metros respectivamente. Isto quer dizer que ambos os pés se elevam da mesma forma durante a marcha.

Figura 2 e 3 – Posição vertical marcador 2 e 4 para o sujeito 1.

Fonte: MATLAB, 2015.

SUJEITO 2

O sujeito 2 apresenta os pés do tipo pronado. Em sua posição vertical no marcador 2, os pés direito e esquerdo apresentam um comportamento semelhante ao longo do tempo, apresentando elevação nos instantes de 0,7 até 0,95 segundos, nas posições de 0,15 metros para o pé direito e 0,23 metros para o pé esquerdo.

Já no marcador 4, também há um comportamento semelhante em ambos os pés, onde ocorrem picos de elevação no tempo de 0,7 até 0,95 segundos, nas posições de 0,28 metros para o pé direito e 0,33 metros para o pé esquerdo. Isto quer dizer que ambos os pés se elevam da mesma forma durante a marcha.

Figura 4 e 5 – Posição vertical do marcador 2 e 4 para o sujeito 2.

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SUJEITO 3

O sujeito 3 que tem os pés do tipo normal, no marcador 2 apresenta um comportamento igual para ambos os pés, onde há um pico de oscilação nos tempos de 0,85 até 1,1 segundos para o pé direito e 0,79 até 1,1 para o pé esquerdo, nas posições de 0,17 metros para o pé direito e 0,24 metros para o pé esquerdo. No marcador 4, o comportamento também se demonstrou constante, onde há uma pequena oscilação nos tempos de 0,8 segundos até 1,1 segundos para ambos os pés, na posição vertical de 0,31 metros para o pé direito e 0,34 metros para o pé esquerdo.

Figura 6 e 7 – Posição vertical do marcador 2 e 4 para o sujeito 3.

Fonte: MATLAB, 2015.

CONCLUSÃO

A articulação subtalar desempenha um papel fundamental na conversão de uma estrutura móvel, como o pé tem que ser durante choque do calcanhar, numa estrutura rígida para atender os requisitos necessários à fase de impulso. A subtalar também é importante para proporcionar harmonia à marcha, em superfícies irregulares, absorvendo impactos durante o choque do calcanhar e aumentando a mobilidade do tornozelo, particularmente nos graus extremos de movimento. (STIEHL, 1991).

Imediatamente após o choque do calcanhar, o tornozelo estende, causando rotação medial da tíbia e adução do tálus. A articulação subtalar prona, produzindo deslocamento anterior do tálus e do navicular. O calcâneo everte, permitindo assim máxima amplitude de movimento de médio-társica. As superfícies articulares do cubóide e do navicular se encontram mais paralelas, produzindo um pé flexível. Durante o apoio médio, a tíbia avança sobre o tálus e os movimentos de rotação lateral de tíbia e abdução do tálus acompanham a flexão.

Estudos realizados com Trudeau et al., (2017) e Rabiei et al., (2016), mostram que há maior acurácia na marcação dos pontos em calçados adaptados, diminuindo a interferência do movimento do pé colocados na parte externa do sapato. Relatam também a utilização de marcadores ósseos para medir quanto o calcâneo se move dentro do sapato enquanto o indivíduo realiza uma corrida. Porém, os participantes relataram desconforto possivelmente devido a limitações relacionadas ao controle motor da anestesia local. Já Kosonen et al., (2017), relata maior confiabilidade e conforto na utilização de marcadores de superfície.

Ao toque do calcanhar, o aspecto lateral da sola do sapato toca o chão tipicamente primeiro com um ângulo de 5 - 10° (no plano frontal). Foi demandado que um alargamento da sola do calcanhar aumentaria a alavanca sobre a articulação subtalar, provocando uma maior eversão inicial e / ou velocidade máxima de eversão na corrida (STACOFF et al., 2000).

Por outro lado, Kosonen et al., (2017), em estudos realizados com palmilhas com apoio na borda medial do pé em indivíduos com hiperpronação, comparado a indivíduos com pés normais, observou que os resultados cinemáticos reduziram o pico de eversão do antepé em relação ao retropé e a tíbia, durante a marcha e a corrida. Esses resultados indicam que a palmilha controlou o movimento do pé tanto na marcha

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No que diz respeito aos gráficos de posição, Winter (2005) refere que, na marcha normal, o pico de elevação vertical do calcâneo é de aproximadamente 0,25 metros, e que este valor é de extrema importância para evitar que o indivíduo toque com o pé no solo antes do contato inicial e tropece. O mesmo autor ainda afirma que, embora não seja muita a diferença, o valor do pico de elevação vertical do calcâneo é proporcionalmente superior à velocidade da marcha, ou seja, à medida que a velocidade da marcha aumenta, o valor do pico de elevação vertical do calcâneo também aumenta. No entanto,

Winter (2005) apresenta valores de cerca de 0,23 metros para uma marcha lenta, também em indivíduos normais.

Podemos dizer que neste estudo os sujeitos 1, 2 e 3 corroboram com os valores citados por Winter, apenas no pé esquerdo, para o marcador 2. No entanto, para o pé direito, esses valores estão ligeiramente abaixo.

Por fim, algumas sugestões para novos estudos: investigação em cinemetria 3D, com ênfase no plano transverso, devida a alta correlação entre a rotação interna da tíbia e a rotação do retropé, estudo que vem sendo utilizado atualmente, com poucos resultados. A utilização de mais de duas câmeras digitais, com maior resolução, para obter o maior número de frames e ângulos. Utilização de um software, com ferramentas de maior precisão. A análise da marcha fazendo recurso à utilização de outros instrumentos, como da eletromiografia e baropodometria, estes auxiliariam na compreensão das causas e consequências de um padrão de marcha alterado nestes sujeitos.

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