Faculdade
de
Medicina
da
Universidade
de
Lisboa:
a
formar
profissionais
de saúde
£ com
soberba
satisfação
e
orgulho
que
José
Fernandes
e
Fernandes,
diretor da
Faculdade de
Medicina da
Universidade
de
Lisboa
abre
as
portas
da
centenária
Faculdade de
Medicina
Portuguesa.
ara
melhor
contextualizar
aFaculdade
de
Medicina
da
Universidade
deLisboa
(FMUL),
conte-me
um poucoda história
quelhe
deu origem?A
Faculdade de Medicina foi criada, em 191 1,pelo governo daRepública, masas suasorigens remontam àEscola Médico-Cirúrgica que, em
1836, sucedeu àRealEscola deCirurgia deLisboa,
instalada, em 1825, no Hospital de S.José. As atuais instalações, no Hospital deSanta Maria,
datam daconstrução do edifício Hospital Escolar
de Lisboa, inaugurado, em 1953, na área da
Cidade Universitária. No mesmo campus a
Faculdade temagora umnovo edifício
-
EdifícioEgas Moniz
-
dedicado ao ensino das ciências fundamentais eàinvestigação biomédica, eonde se localiza o Instituto de Medicina Molecular(IMM).
Desde outubro de2010,
com apublicação dePortaria noDiário daRepública a Faculdade de Medicina, o Hospital de Santa
Maria
-CHLN
e oInstituto
deMedicina
Molecular constituem oCentro Académico de medicina deLisboa(CAML).
No ano passado, a
FMUL
comemorou oseuprimeiro
centenário. Comodecorreram
as comemorações?A
Faculdade de Medicina é uma das quatroescolas que,em 191 1,deuorigem àUniversidade
deLisboa. Tem um passado notável na criação
deCiência e no desenvolvimento da Medicina
como, por exemplo, na descoberta da Angio-grafia, por Egas Moniz, que veio aalargar-se a
todos os setores do sistema circulatório, arterial
e venoso.
A
mesma,constituiu
a EscolaPortuguesa deAngiografia, aLeucotomia
pré-frontal
- percursora daPsico-Cirurgia
- edeterminou, também, a atribuição do Prémio Nobel a Egas
Moniz. Constituiu,
ainda, aEndarterectomia - uma intervenção cirúrgica
iniciada por João Cid dos Santos - destinada a
desobstruir asartérias obstruídas pela doença e, assim, melhorar acirculação arterial.
As comemorações daFaculdade iniciaram-se em
2010
edecorreram
até2011
apar
das organizadas pela Universidade deLisboa. Foram centradas no "Dia daFaculdade". Assim, em 30deabril de2010,aConferência
"A
qualidade einovação impelem areforma do Sistema de Saúde", pelo Professor Lord Darzi
of
Denham PC,KBE,
marcou o início oficial do Ciclo de Comemorações. Em2011,para além deoutrasiniciativas, houve um colóquio internacional
sobre Ensino Medico e Investigação com a
participação dos Profs. David Golan deHarvard
e
Alam
Fischer doInstituto Necker de Paris.Como se caracteriza a
oferta formativa
da
FMUL?
Na formação pré-graduada temos o Mestrado
Integrado emMedicina - éoCurso deMedicina com outra nomenclatura. Participamos na
Licenciatura em Ciências da Saúde da
Univer-sidade deLisboa e, em conjunto com o Instituto
Superior Técnico, co-organizamos oMestrado
Integrado
emEngenharia
Biomédica.
Na
formação pós-graduada avançada, oprogramaé diversificado desde oDoutoramento - nas áreas
daMedicina, Ciências Biomédicas eCiências e
Tecnologias da Saúde; Mestrados em áreas específicas e de interdisciplinaridade avários
programas
que consubstanciam o nossoempenho na atualização profissional eeducação continuada em medicina eBiomedicina, quese
agrupam consoante a duração em Cursos de Especialização, Aperfeiçoamento eAtualização.
O
quediferencia
a vossametodologia
de ensino das demais Faculdades deMedicina
do país?A
Faculdade promoveu umareforma doEnsinopré-graduado, que se iniciou em
2007/08
ecompletou cinco anos, com o
objetivo
demodernizar aorganização curricular,
promo-vendo áreas de integração de conhecimentos e
reduzindo as fronteiras entre as diferentes disciplinas. Assim criou novas
iniciativas
pedagógicas sobre áreasatuais do conhecimento
médico, como a Oncobiologia, o
Envelheci-mento, a Saúde Mental, a Introdução àMedicina da
Mulher
e daCriança,
Neurociências,
Microbiologia eImunidade eInfeção, alargandoo leque de cadeiras opcionais e fomentando o
gosto pela Ciência. Neste sentido, aFaculdade
tem um programa de Ensino pela
Ciência
chamado ProgramaGAPIC,
onde os alunos competem pelo financiamento do seu projeto de investigação sob aorientação dum Professorou
Investigador.
Temosdesenvolvido
aintrodução deSimulação noensino pré-graduado, que iniciámos em 1997, com modelos mecâni-cos e computorizados e temos fomentado a
aprendizagem estruturada da Comunicação
Médico-Doente,
através de atuação pluri-disciplinar em várias áreas de ensino. Outradimensão
dareforma
foi
avivência
deEnfermagem
logo nol
g ano; a exposiçãoprecoce dos alunos, dos l2 e2-anos, aocontacto
com doentes emCentros deSaúde; e, no 3° ano,
oestágio hospitalar de seis semanas consecu-tivas.
A
reforma expressa a visão unitária eintegrada da formação que, orientada para a
Medicina
Clínica,
tem
umaorganização
semestral e estrutura modular - em vez das disciplinas tradicionais - visando, assim, uma melhor integração de conhecimentos, maior interligação da ciência fundamental com a
medicina clínica, procurando, ainda, fomentar
a aquisição de competências profissionais, da
comunicação aoexercício clínico, daformação ética àdimensão social da Medicina eàSaúde
Pública,
baseadas numa sólida educação científica.O
Instituto
de Formação Avançada é umadas vossas unidades. Como se distinguem
os
Mestrados
eDoutoramentos
aqui
integrados?
É uma estrutura administrativa que apoia e
promove aformação pós-graduada daFaculdade de
Medicina.
Os programas de FormaçãoAvançada sãodaresponsabilidade dosDocentes, Investigadores eMédicos hospitalares ligados,
também, à Faculdade havendo uma estreita ligação com oConselho Científico daFaculdade.
O
Instituto
deFormação
Avançadaapre-senta formação contínua.
A
quem sedirige
esta formação equais as suas mais-valias?
Essa formação tem como público alvo os
médicos, enfermeiros, técnicos deSaúde, isto é,
todas aspessoas dasáreas dasCiências daSaúde,
Tecnologias da Saúde eCiências Biomédicas.
Temos uma excelente cooperação comaEscola
Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa
(ESTeSeI).
Qual
é a vossataxa
deempregabilidade?
Como
analisa
as saídasprofissionais
na área da Saúde?Os diplomados emMedicina têm tido, atéagora,
uma empregabilidade de 100%, bem como os
diplomados em Engenharia Biomédica (ensino em parceria com o
IST). A
Licenciatura em Ciências da Saúde procura colmatar uma carênciaque é a formação qualificada em profissões
associadas àMedicina. Eintegrada no 1QCiclo e
complementada por 29s Ciclos de Mestrado,
orientados para uma profissão naárea Saúde.
A
Faculdade contempla um contingente de cinco vagas de ingresso no Mestrado Integrado de
Medicina para estes alunos que completaram o
primeiro ciclo daLicenciatura em Ciências da Saúde.
Que
parcerias
têm
para
osalunos
procederem
a estágios?A
Faculdade criou Protocolos deAfiliação paraoensino com um extenso elenco deinstituições
deSaúde, hospitalares ecentros de Saúde, que
permitem assegurar osestágios do 6.9ano. Este
éum ano profissionalizante sem ensino formal,
bem como os estágios curriculares durante os anos iniciais.
Como
fomenta
oempreendedorismo
nosalunos?
Que
tipo
deatividades
são desenvolvidas nesteâmbito?
No âmbito do
IMM,
edirigido sobretudo aosinvestigadores, há iniciativas formativas no sentido de fomentar atranslação da inovação
científica
para a sua aplicação prática.Na
formação médica essa não tem sido anossa preocupação prioritária, embora existam áreasde formação dedicadas à Gestão em Saúde e
Governação Clínica, as quais têm suscitado grande interesse dos estudantes eque iremos
reforçar quer na pré-graduação, quer na
Qual
onúmero
de alunos afrequentar
aFMUL?
No ano letivo de 2011/12 havia um total de
2801, dos quais 2178 no Mestrado Integrado
em
Medicina,
329 em Mestrados, 231 em programas deDoutoramento e 63 em Cursos de Especialização, com duração deum ano. Existe,ainda, um número muito
significativo
de médicos e outros profissionais que frequentam cursos deformação demenor duração.A
estratégia da Faculdade é desenvolver aFormação
Avançada nas áreasclínicas,
potenciando as competências das instituições
do Centro Académico de Medicina, Hospital e
IMM.
Como
secarateriza
ocorpo
docente
einvestigador que faz
parte
daFMUL?
É altamentequalificado,
com um elevado número de doutorados.A
sua participação científica é reconhecida nacional einterna-cionalmente
emuitos
serviçosclínicos
hospitalares-
Clínicas Universitárias-
sãounidades de referência médica, aproveitando a
sinergia que decorre da estreita associação e colaboração da Faculdade com o seu Hospital Universitário.
O
Erasmus é um bom veículo euma
boaforma
detrazer
novas culturas, ideais, mastambém
delevar
os valores daFMUL
para
fora. Como tem funcionado
estegénero
demobilidade
tanto
para
docentes comopara
discentes? Osprogramas
de
mo-bilidade têm boa aceitação no contexto daFMUL?
Sem dúvida! Apesar dosprogramas demobilidade terem que ser adaptados àrealidade do ensino médico, temos queprevenir oturismo estudantil
efomentar uma exigência igual para com esses
estudantes quenos procuram. Recebemo-los de
muitas ediversificadas Escolas Europeias, com quem temos protocolos de cooperação e para
onde enviamos, também, os nossos estudantes.
Reforçámos programas de mobilidade muito
ativos com o Brasil, em particular com as
Universidades Federais, eque queremos alargar
aosoutros países lusófonos. Este foi designado por 'Programa Egas
Moniz',
em homenagemaoúnico Prémio Nobel daMedicina deLíngua
Portuguesa eProfessor daFaculdade deMedicina.
A
investigação é um dos pontos altos maisimportantes
do mundo daMedicina.
Que projetos é que aFMUL
tem desenvolvido noâmbito
da
investigação
nasmais
variadas
vertentes da saúde?A
Faculdade deMedicina tem um empenho sérioe continuo na investigação científica, honrando
uma tradição de que se orgulha. Há anos, e
aproveitando o impulso oficial à constituição deLaboratórios Associados paraaInvestigação,
foi criado oInstituto de Medicina Molecular
-IMM
- que resultou da fusão dos Centros deInvestigação da Faculdade, classificados com
Excelente ou
Muito
Bom, por uma avaliaçãoexterna internacional.
A
Faculdade apoia ofuncionamento do
IMM.
Este tem tido uma elevada projeção anível nacional einternacional afirmando-se como uma instituição dereferência nasua áreade atuação. Existem outros CentrosdeInvestigação não integrados no
IMM
emais ligados àsClínicas Universitárias que produzem também investigação clínica com mérito. Foi curioso notar que quando seanalisaram aspublicações internacionais em língua inglesa e
indexadas no Web
of
Knowledge, o CentroAcadémico deMedicina deLisboa
(CAML)
istoé,
IMM
+
Faculdade +HSM,
ocupava um lugar cimeiro entre asinstituições portuguesas, oquefoi reconfortante e indicador de que aestratégia seguida foi correcta.
As investigações
originam,
comcerteza,
inúmeras
publicações.Têm
um bomfluxo
de publicações
nasprincipais
revistas
internacionais
da
área?No contexto atual, o importante é ter artigos
de referência em publicações internacionais, e não tanto promover publicações próprias. O
conjunto
CAML,
Faculdade,IMM
eHSM
tem, de facto, uma produtividadecientífica
de qualidade que valeapena salientar, e para a qualmuito contribuiu aexcelente atividade do
IMM
nainvestigação biomédica fundamental.
Nos
rankings
internacionais
depublica-ções e
investigação
científica,
têm
alcançado uma boa posição?Temos uma posição dedestaque nas nossas áreas deintervenção eaanálise quantitativa, agregada, da investigação conduzida e referenciada às
instituições do
CAML,
obtida, porexemplo, noWeb
of
Knowledge, permite-nos indicar que, noperído de2006-2010, temos 1.746 publicações.
Estando
com os olhos postos nofuturo,
sempre com um pé àfrente na investigação,sente que há obrigação, por parte da
FMUL,
em estar na senda das novas tecnologias? O que tem sido feito em prol disso? Colaboramos ativamente no Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica doInstituto SuperirorTécnico
e temosvários
projetos
paraaprofundar estacolaboração com outras Escolas
daUniversidade Técnica.
A Faculdade está empenhada no processo de
fusão das Universidades Clássica eTécnica de
Lisboa e espera poder constituir umpolo seguro
de desenvolvimento dainvestigação nasCiências daVidaedaSaúde, em estreita colaboração com
as outras Escolas e, desse modo, promover a
inovação científica e tecnológica. Temos em
construção um novo edifício nonosso campas académico que esperamos vir a proporcionar
essa cooperação que materializará, na nossa realidade, anova revolução do Conhecimento,
a
Convergência
dasBioCiências
com asEngenharias. Também na parte
clínica,
aFaculdade, através do
HSM,
tem procuradoacompanhar e em algumas áreas
liderar
aincorporação denovas tecnologias da inovação
terapêutica,
ao serviço dos doentes e da comunidade.Com
o começo deste novo ano letivo, têm novidadespara apresentar
aos alunos?Após vários anos dereforma do ensino,
decidiu-se, a partir dos resultados de autoavaliação interna, e num processo que contou com a
colaboração das estruturas representativas dos
alunos e dos docentes, promover alterações nos
cursos que seiniciam este ano. Estou certo que melhorarão aqualidade eeficácia doensino.
Iremos desenvolver mais a Simulação na aprendizagem de atos e atitude em Medicina Clínica, com especial ênfase na Medicina de
Urgência. Temos uma vasta atividade nesta área,
contemplando várias disciplinas médicas, e esta
tem sido uma mais
valia
significativa
da Faculdade, masnem sempre reconhecida...Mantemos
todo o apoio não obstante àsdificuldades financeiras queafetam, também, a
Faculdade, aos programas deinvestigação dos
alunos, e
estimulamos,
cadavez
mais, aindividual eprofissional erespeito pela Ética naMedicina Clínica e na Investigação.
Têm
perspetivaspara abrir
novos cursos epós-graduações?
Pretendemos reforçar,
já
em2012/2013,
aoferta na área dos mestrados e cursos de
especialização profissionalizantes, como o
mestrado em Nutrição Clínica com a Escola Superior deTecnologias da Saúde deLisboa, e o
curso deespecialização emMedicina Hiperbárica
e Subaquática, com a Escola Naval -iniciativas
que resultam dos Protocolos estabelecidos eda
forte colaboração com essas Escolas Sueriores.
Haverá, certamente, iniciativas de formação
avançada em áreas daMedicina Clínica.
Projetos
emcurso
que
mereçam
ser destacados.Estando em curso o
projeto
de fusão daUniversidade "Clássica" de Lisboa com a
Universidade Técnica de Lisboa, aFaculdade,
no
contexto
desta novaUniversidade,
participará na criação de uma grande área académica deensino, investigação, transferênciade conhecimento e prestação de serviço à
Comunidade,
comverdadeira
dimensão
internacional, no âmbito das Ciências daSaúde edaVida,ajudando aconcretizar aConvergência
dasBioCiências e daMedicina, com asCiências Físicas eaEngenharia, aqual materializa anova etapa daevolução do conhecimento biológico e
biomédico nesta nova era de Medicina pós
-genómica.
Quais são as vossas perspetivas de
futuro?
No futuro, no contexto da nova Universidade,considero adesignação Ciências da Saúde eda
Vida útil abrangente, mantendo a união dos diferentes setores desde asCiências
Fundamen-tais Da Vida- como BioCiências, BioEngenharia eBioMedicina dispersas em várias Faculdades -às da Saúde que incorporam objetivos mais pragmáticos deintervenção na Sociedade como
Medicina,
Medicina
Veterinária,Medicina
Dentária, Psicologia, Farmácia e Motricidade Humana e Tecnologias doIST.
A
FMUL,
integrada no Centro Académico de Medicina,
tendo o
IMM
como parceiro privilegiado para ainvestigação biomédica e oHospital como núcleo para a prestação de serviços e introdução de
inovação, constitui âncora para este desenvol-vimento. Não ignoramos asdificuldades do tempo presente, mas sabemos oque queremos, qual a
rota a seguir e estou certo que saberemos
aproveitar os ventos, mesmo os desfavoráveis, para atingir osnossos objetivos