• Nenhum resultado encontrado

Zygmunt Bauman: Ética na Modernidade Líquida

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Zygmunt Bauman: Ética na Modernidade Líquida"

Copied!
30
0
0

Texto

(1)
(2)

A sociedade é um mecanismo que nos ajuda a lidar com o destino

de sermos entes morais.

Zygmunt Bauman

(3)

Rede de instituições destinada a garantir:

• repetição de rotinas

• padrões de conduta aceitáveis

• justiça e conforto para todos os membros da sociedade

Finalidade dessa garantia:

• guiar nossa conduta de sorte que possamos nos sentir seguros em nossa relações recíprocas, ajudar-nos uns aos outros, cooperar e derivar nossa de convivência prazer não corrompido pelo medo ou pela desconfiança.

Para isso, as instituições devem limitar as escolhas

individuais (qualidade e quantidade)

Noção de Sociedade

(4)

Situação

Não conseguem manter sua forma por muito tempo – nem se

espera que o façam

Se dissolvem mais rápido que o tempo que leva para moldá-las e

estabelecê-las.

São

sociedades líquidas

(5)

Modernidade Líquida

Resumo do livro

(6)

Modernidade Líquida: Prefácio: Ser leve e líquido

• Os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com

facilidade. Os fluidos não fixam o espaço nem prendem o tempo. Os sólidos têm dimensões espaciais claras e suprimem o tempo; os líquidos não se

atêm muito a qualquer forma e estão constantemente prontos (e propensos) a mudá-la e, o que conta para eles, é o tempo.

• Ao descrever os sólidos podemos ignorar completamente o tempo; ao

descrever os fluidos, deixar o tempo de fora seria um grave erro. Descrições dos fluidos são fotos instantâneas, que precisam ser datadas.

• A desintegração social é tanto uma condição quanto um resultado da nova técnica do poder, que tem como ferramentas principais o desengajamento e a arte da fuga.

• Para que o poder tenha liberdade de fluir, o mundo deve estar livre de

cercas, barreiras, fronteiras fortificadas e barricadas. Precisa que o sólido se liquefaça.

(7)

Modernidade Líquida: Cap. 1: Emancipação

• Dificuldade de lidarmos com a liberdade: “a libertação é uma bênção ou uma

maldição?”

• Necessidade de uma crítica social que saiba trabalhar com as duas características de nossa situação: inexistência de um telos e

desregulamentação e privatização das tarefas e deveres.

• Realocação do discurso ético/político do quadro da “sociedade justa” para o dos “direitos humanos” – os indivíduos têm o direito de permanecerem

diferentes e de escolherem à vontade seus próprios modelos de felicidade e de modo de vida adequado.

• O indivíduo é o pior inimigo do cidadão: a individuação consiste em

transformar a “identidade” humana de um “dado” em uma “tarefa” e de encarregar os atores da responsabilidade de realizar esta tarefa e das consequências (e do efeitos colaterais) de sua realização.

(8)

Modernidade Líquida: Cap. 1: Emancipação

• Estabelecimento de uma autonomia de direito (independentemente de a autonomia de fato também ter sido estabelecida).

• Libertar as pessoas pode tornar o ato de escolher insignificante e isto leva à

corrosão e à lenta desintegração da cidadania.

• Ser um indivíduo de direito significa:

a) não ter ninguém a quem culpar pela própria miséria

b) não procurar as causas das próprias derrotas senão na própria indolência e preguiça

c) não procurar outro remédio senão tentar com mais e mais determinação.

Nota: Viver diariamente com o risco da autorreprovação e do autodesprezo é torturante.

(9)

Modernidade Líquida: Cap. 2: Individualidade

• Inversão dos prognósticos de Huxley e Orwell: ao invés dos indivíduos não poderem controlar suas próprias vidas eles foram condenados a fazê-lo numa sociedade sem administradores, projetistas e supervisores.

• Discurso de Joshua (ordem é regra, desordem é exceção)  Discurso do Gênesis (desordem é regra, ordem é exceção).

• Capitalismo pesado (matéria/navio)  Capitalismo leve (conhecimento/avião). Regulação  inovação e empreendedorismo. Ford  Microsoft/Apple/Google... • Novo tipo de incerteza: não saber os fins, em lugar da incerteza tradicional de

não saber os meios. A maioria das vidas humanas consuma-se na agonia quanto à escolha de objetivos, e não na procura de meios para os fins, que não exigem tanta reflexão. O capitalismo leve tende a ser obcecado por valores.

• Perguntamos: o que posso fazer? ao invés de como fazer o que não posso deixar de fazer?

(10)

Modernidade Líquida: Cap. 2: Individualidade

• Compulsão e consumismo: a compra como ritual de exorcismo. A compra se tornou um vínculo social.

• Por causa da inflação de autoridades, elas não mais ordenam; buscam se tornar agradáveis aos eleitores; tentam e seduzem.

• Desaparecimento da Política como arte de traduzir problemas privados em questões públicas (e vice-versa).

• O líder é substituído por casos (exemplos e receitas).

• O excesso de oportunidades faz crescer as ameaças de desestruturação, e desarticulação da individualidade.

• Numa sociedade líquida (onde nada é prédeterminado ou irrevogável) já não temos o Grande Irmão, mas também não temos o Irmão Mais Velho.

(11)

Modernidade Líquida: Cap. 3: Tempo/Espaço

• A comunidade já não é lugar de convívio, mas de abrigo contra a

violência e de provisão de “facilidades” (serviços, entretenimento, etc.).

• Rodeando a comunidade (condomínio) há 2 espaços de convivência com

estranhos: a) espaços de admiração e b) espaços de consumo. São lugares

públicos mas não civis.

• Ambos não são espaços civis porque têm pouca ou nenhuma relação com a vida diária que flui fora dos portões – cada um deles é um “lugar sem lugar”. • São: não-lugares, espaços vazios, espaços não-vistos e não requerem

domínio da sofisticada e difícil arte da civilidade, pois reduzem o

comportamento em público a preceitos simples e fáceis de aprender. São

espaços vazios de significado.

• Civilidade = capacidade de interagir com estranhos sem utilizar essa

estranheza contra eles e sem pressioná-los a abandoná-la ou a renunciar a alguns dos traços que os fazem estranhos.

(12)

Modernidade Líquida: Cap. 4: Trabalho

• O valor do trabalho foi deslocado do futuro para o presente – a “qualidade do futuro” foi condicionada ao que se é capaz de fazer no presente. Crenças de fundo: somos nós

que fazemos acontecer e o tempo está a nosso favor.

• Grande questão (e menos respondível) da modernidade líquida, não é, “O que

fazer?” (para tornar o mundo melhor ou mais feliz), mas “Quem vai fazê-lo?”.

• Questão da realização do progresso: não é mais vista como destino da espécie (tarefa histórica), mas como tarefa do indivíduo ancorado em seu próprio presente

(empreendedor).

• Na era da incerteza o estar-no-mundo é sentido menos como uma cadeia de ações legal, obediente, lógica, consistente e cumulativa, e mais como um jogo, em que o “mundo lá fora” é o dos jogadores.

• Portanto, devemos nos comportar como todos os jogadores: mantendo as cartas fechadas junto ao peito.

• Como em qualquer jogo, os planos para o futuro tendem a se tornar transitórios e inconstantes, não passando de poucos movimentos à frente.

(13)

• Trabalho no capitalismo pesado: a interdependência entre capital e trabalho desapareceu: os trabalhadores dependiam do trabalho para sua sobrevivência e o capital dependia de empregá-los para sua reprodução e crescimento. Nenhuma dos dois podia mudar-se com facilidade para outra parte.

• Trabalho no capitalismo leve: O longo prazo foi substituído pelo curto prazo. Flexibilidade é a nova regra – a incerteza de contratos temporários no lugar da segurança empregos vitalícios.

• A incerteza atual é uma poderosa força individualizadora: os medos, ansiedades e angústias contemporâneos são feitos para serem sofridos em solidão. Não se

somam, não se acumulam numa causa comum e isto minou o espírito de militância e participação política. No lugar da confiança e da solidariedade entraram a

incerteza e o Você S.A.

(14)

Modernidade Líquida: Cap. 5: Comunidade

• Querela: Comunitários vs. Liberais.

• Os arreios com os quais as coletividades atam seus membros a uma história conjunta, ao costume, linguagem e escola, ficam mais esgarçados a cada ano que passa.

• Cada vez menos gente sente que faz (e fará) parte de uma comunidade por muito tempo.

• Porém, a fragilidade e transitoriedade dos laços com a comunidade é um preço inevitável do direito de os indivíduos perseguirem seus objetivos pessoais.

• Mas não pode deixar de ser, simultaneamente, um obstáculo dos mais formidáveis para perseguir eficazmente esses objetivos.

• Este paradoxo está profundamente enraizado na natureza da vida na modernidade líquida.

(15)

Modernidade Líquida: Cap. 5: Comunidade

• Hoje, a comunidade está mais próxima da idéia de lar (lugar de nascimento e proteção) que da ideia de espaço público – daí o principal arquétipo de

comunidade ser o da etnia.

• Etnia: naturaliza a história

a) A cultura é um fato da natureza e devemos escolher a lealdade a nossa natureza.

b) A lealdade com a unidade étnica fortaleceu a lealdade com o Estado-nação (único “caso de sucesso” da comunidade nos tempos

modernos) e, portanto, com o nacionalismo.

• A comunidade baseada na etnia é mais refratária aos estranhos:

• o nós, significa pessoas como nós

(16)

O nós é hoje um ato de autoproteção – o desejo de comunidade é

defensivo.

Richard Sennett

(17)

Incertezas e ambiguidades em todos os assuntos

Erotização do discurso político

As rotinas já não produzem mais os resultados esperados

Substituição da idéia de perigo (vai e vem; é externo) pela de

risco (está sempre presente; decorre de nossos atos)

A crise se tornou a condição permanente das coisas

(18)

Experiências anteriores não dão conta das rápidas e imprevisíveis

mudanças de circunstâncias, propósitos, riscos etc.

A velocidade vale mais do que a duração

Trocamos as referências pela flexibilidade

Por isso:

a)

usar a experiência nos planejamentos é quase sempre

ineficaz

b)

e o sucesso obtido no passado é estéril – é visto como

página virada ou a ser virada e não mais como história

ou

biografia

(19)

Passagem de estruturas de solidariedade coletiva para as de

disputa e competição

Enfraquecimento dos sistemas de proteção estatal às

adversidades

Fim da perspectiva do planejamento a longo prazo

Metamorfose do cidadão: o sujeito de direitos virou indivíduo em

busca de afirmação no espaço social

(20)

A

Política

(arte de propor objetivos de organizações sociais e

resolver conflitos de interesses) dissociou-se do

poder

(capacidade de decidir a ação).

(21)

Consequências da vida líquida no CUIDADO DE Si

 Os indivíduos têm o direito de permanecerem diferentes e de escolherem à vontade seus próprios modelos de felicidade e de modo de vida adequado

 Buscamos oportunidades mais de acordo com nossa disponibilidade atual do que com nossas próprias preferências

 Se estabeleceu uma autonomia de direito sem que uma autonomia de fato

também tenha sido estabelecida.

 Identidade: dado  tarefa

 Responsabilização dos indivíduos pelos “fracassos” em sua vida

• Cada um por si: estamos encarregados da responsabilidade de realizar – sozinhos – esta tarefa e das consequências de sua realização.

(22)

Ser um indivíduo significa:

Não ter ninguém a quem culpar pela própria miséria.

Não procurar as causas das próprias derrotas senão na própria

indolência e preguiça.

Não procurar outro remédio senão tentar com mais e mais

determinação.

Viver diariamente com o risco da autorreprovação e do

autodesprezo não é fácil.

(23)

Impera a prontidão em mudar de:

a)

normas, táticas e estilos

b)

abandonar compromissos

E isso: repentinamente, sem aviso e sem arrependimento

MORALIDADE

Na vida cotidiana queremos a

distração

Nos compromissos (contratos) queremos a liberdade do

distrato

Nos relacionamentos (tratos) queremos a liberdade de

destrato, desconsideração, indiferença etc.

(24)

Consequências da vida líquida na MORALIDADE

Quando Deus perguntou a Caim onde estava Abel, Caim replicou,

zangado, com outra pergunta: “Sou por acaso o guardião de meu

irmão? Com essa pergunta de Caim começou toda a imoralidade.

(25)

As preocupações mais intensas e obstinadas que assombram este

tipo de vida são os temores de ser pego tirando uma soneca, não

conseguir acompanhar a rapidez dos eventos, ficar para trás, deixar

passar as datas de vencimento, ficar sobrecarregado de bens agora

indesejáveis, perder o momento que pede mudança e mudar de

rumo antes de tomar o caminho de volta.

Z. Bauman – A vida líquida (p.9)

(26)

Recuperar a importância da sabedoria.

Se você quer a paz, cuide da justiça.

Revitalizar o espaço público

Reaproximar a Política do poder

(27)

Trocar a atitude de conformidade à norma pela

de conduta responsável

A percepção das consequências deve preceder a

consciência da norma

Diminuir a distância entre o que é de direito

e o que é de fato  justiça

O que fazer?

(28)

Não tolerar negociações sobre o que é intolerável

Diminuir o impacto destrutivo do consumismo

reincorporando o hábito da

reciprocidade

em nosso estilo

de vida

(29)

Revalorizar o

longo prazo e as virtudes que cuidam

dele:

Respeito | Consideração

Prudência

Paciência

Perseverança

Bom humor

Boa-fé e boa-vontade (honestidade)

(30)

Do jeito que as coisas estão, é de supor que 19 dentre 20

habitantes do planeta estariam em melhor situação se a

reciprocidade

substituísse a troca de mercadorias.

Z. Bauman – Em busca da política; p. 192

Referências

Documentos relacionados

Portanto, o MELP é um modelo de programação linear inteira mista que de- fine ao longo do horizonte de planejamento um cronograma de construção de usinas hidrelétricas,

Para utilizarmos o Performance Prism, no TIC da Universidade Federal do Ceará, a fim de criarmos indicadores de desempenho para subsidiar a avaliação desse setor, e facilitar

2 — Para efeitos do disposto na alínea h) do número an- terior serão apenas consideradas transportadoras aéreas que utilizem com regularidade os aeroportos coordenados as que

A COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA (PPGGeo) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - REGIONAL JATAÍ, no uso de suas atribuições legais

13 Departamentos – Término do prazo para a digitação on-line pelos docentes e/ou departamentos de ensino das notas finais referentes à avaliação dos alunos regulares do

A fim de obter uma descrição molecular da adsorção, foram realizados cálculos de estrutura eletrônica para a obtenção de distâncias de ligação e

Todavia, é através da análise da redistribuição eletrônica que podemos interpretar o fenômeno de interação intermolecular na formação da ligação de hidrogênio, e para

A evolução histórica das formas de gestão na Administração Pública tem sua origem no Império quando era denominada Patrimonialista, passando a partir da década de 30 para a