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UM FILME DE MAREN ADE TONI ERDMANN

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Academic year: 2021

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TONI

ERDMANN

UM FILME DE MAREN ADE

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SINOPSE CURTA

Ines é uma mulher de negócios de uma grande empresa alemã sediada em Bucareste. Quando o pai lhe aparece inesperadamente, Ines não consegue esconder a sua contrariedade. Embora leve uma vida perfeitamente organizada sem qualquer solavanco, quando o pai lhe pergunta: “És feliz?”, a sua incapacidade em responder desencadeia uma perturbação profunda. Este pai irritante – do qual ela se envergonha – faz tudo para a ajudar a encontrar um sentido para a vida, recorrendo à invenção dum personagem: o engraçado Toni Erdmann...

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SINOPSE LONGA

Winfried não vê muito a filha, Ines. É professor de música e vê-se subitamente sem alunos, por isso, quando o cão morre de velhice, decide fazer uma surpresa à filha. É uma visita confrangedora, pois Ines – uma mulher absolutamente dedicada à carreira – está em Bucareste, a trabalhar num projecto importante de gestão empresarial. A alteração geográfica não facilita a complicada relação dos dois. O brincalhão Winfried adora arreliar a filha com partidas palermas. Como se não bastasse, decide participar na rotina dela, infiltrando-se nas suas demoradas reuniões, nos bares dos hotéis e nas apresentações de resultados. Pai e filha chegam a um impasse e Winfried concorda em regressar para a Alemanha. É então que surge o espalhafatoso “Toni Erdmann”: o alter-ego de Winfried, um tipo de falinhas-mansas. Disfarçado com um fato muito piroso, uma estranha cabeleira e dentes falsos ainda mais desconformes, Toni apresenta-se na vida profissional de Ines, alegando ser o life coach do CEO dela. Enquanto Toni, Winfried é ainda mais arrojado e não se detém perante nada, mas Ines mostra-se à altura da situação. Quanto mais exageram, mais se aproximam. No meio de toda a loucura, Ines começa a perceber que talvez o seu excêntrico pai mereça fazer parte da sua vida.

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SOBRE A REALIZADORA

O segundo filme de Maren Ade, ALLE ANDEREN/EVERYONE ELSE, ganhou dois Ursos de Prata no Festival de Berlim 2009: o Prémio do Júri e o Prémio de Melhor Actriz para Birgit Minichmayr. O drama – que retrata uma relação moderna – estreou em mais de 25 países e recebeu três nomeações para os Prémios de Cinema Alemão (German Film Awards). O primeiro filme da realizadora, THE FOREST FOR THE TREES, ganhou o Prémio Especial do Júri no Festival de Sundance 2005, e foi nomeado para Melhor Filme para o Prémios de Cinema Alemão (German Film Awards). Maren Ade trabalha também como produtora para outros realizadores. Em 2000, abriu uma produtora cinematográfica, Komplizen Film, em parceria com a produtora Janine Jackowski.

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ENTREVISTA COM MAREN ADE

Como surgiu a ideia do filme e deste colorido personagem que é o pai da Ines: Toni Erdmann?

A minha família costuma ser a minha primeira fonte de inspiração, alimenta-me as narrativas e pode influenciar os laços entre as personagens. O pai de Ines, Winfried, inventa um alter-ego, numa tentativa desesperada e audaciosa de recuperar a ligação pai-filha. É assim que Toni Erdmann ganha vida!

O humor é amiúde a melhor forma de transcender a realidade. Incapaz de comunicar com a filha, Winfried encontra aqui uma forma de fugir à situação, criando um personagem. O humor é a sua única arma e é através dele que eles vão conseguir voltar a comunicar...

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As suas personagens femininas estão constantemente em sintonia com os seus paradoxos. Isso reflete uma característica que encontra nas mulheres da sociedade actual?

Ines trabalha num meio predominantemente liderado por homens, um estado de coisas que ela interiorizou. Ela considera-se “um deles”, naquele grupo de homens. O problema é que eles não a vêem com os mesmos olhos. Questionei algumas mulheres que ocupam cargos de direcção e a maioria afirma que gostaria de ser a excepção que confirma a regra, mesmo que isso signifique muitas vezes para elas um certo isolamento. Penso que a Ines é uma verdadeira mulher da actualidade. Quando iniciou a sua carreira, convenceu-se que o livre arbítrio e a igualdade eram um dado adquirido para as mulheres da sua geração e que, consequentemente, o feminismo já não tinha razão de ser. Quando ela declara: “Se eu fosse feminista, não toleraria homens como tu”, di-lo com convicção. Refere-se com desdém ao workshop “A Palavra às Mulheres” ou à Associação Contra o Assédio no Trabalho e assume o mesmo tom sarcástico, e até sexista, quando fala da Anca “que sabe como chegar lá”. Mas para ser franca, a minha intenção não foi denunciar o sexismo no mundo do trabalho. Quis apenas mostrar as coisas conforme são, e acontece que o sexismo faz parte do mundo em que vivemos. A história da igualdade entre os sexos é um tema que tem o condão de me irritar, dada a importância que lhe atribuímos. Enquanto mulher, costumo identificar-me com os personagens masculinos. Quero

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dizer que quando vejo um James Bond, não me identifico com a Bond girl, e sim com o próprio James Bond. Talvez seja portanto melhor considerar a Ines uma personagem moderna e, por conseguinte, dum género “neutro”, um pouco como um homem que se permite chorar de vez em quando e que poderia confessar ter problemas com a figura paterna.

Então, aquilo que poderia parecer ser um simples conflito familiar revela-se muito para lá disso... Trata-se de um conflito de gerações?

Sim, ao situar a acção do filme na Roménia, pude sublinhar o aspecto político do conflito que se desenha entre os dois protagonistas: dum lado temos o pai que fez tudo para garantir que a filha beneficia da segurança e da independência de espírito necessários ao seu sucesso enquanto mulher adulta, e do outro, a filha que escolheu uma vida bastante distanciada dos ideais do pai e que privilegia uma carreira num meio extremamente conservador em que tudo gira em torno da rentabilidade e do lucro, ou seja, valores que ele, pai, desprezou toda a vida. A liberdade que a geração de Winfried procurou obter abriu – na verdade – a porta a um capitalismo descontrolado subjugado à livre concorrência e ao lucro. Paradoxalmente, ele soube transmitir a Ines todas as competências necessárias para alcançar o sucesso nesse mundo liberal, nomeadamente a flexibilidade, a auto-confiança e a firme crença de que não há limites. Por seu turno, Ines considera demasiado simplista o “politicamente correcto” que governa o pensamento e as atitudes de Winfried. Para a geração do pai dela, foi mais necessário do que na dela

afirmar-se, para se distanciar da geração anterior. Embora, desde então, Winfried pareça viver resignado, o seu lado rebelde vai poder reemergir com as características de Toni. Quando Ines o atira deliberadamente para uma situação que o projecta para o seio da sua actividade profissional, as velhas questões políticas assumem um cunho mais pessoal e revelam-se igualmente actuais. A sua reacção demonstra que a incerteza se implantou sob a sua visão ingenuamente humanista.

O filme é um apelo ao “deixa andar”?

Para mim, o termo “deixa andar” está demasiado próximo da palavra “abandono”, faz-me pensar logo em expressões tiradas dos livros de auto-ajuda. Mais do que um apelo ao “deixa andar”, o meu filme incentiva a que nos assumamos plenamente. Aquilo que Ines faz no fim do filme é bastante radical e é precisa uma certa dose de coragem para o fazer. Pode parecer um bocado estranho, mas para ela é um novo recomeço: a partir daquele dia, ela será sempre a mulher que abriu a porta ao patrão vestida como veio ao mundo.

Ela não se deixa nada ir; na realidade, pode até dizer-se que tomou as rédeas à situação. No final do filme, confrontamo-nos com dois personagens que souberam, amadurecer e aceitar-se tal como são. Podemos também considerar que Toni “aceitar-se esconde” atrás do seu papel, como se costuma dizer, mas eu, ao invés, penso que Winfried se revela plenamente nos papéis que interpreta. Isso aplica-se particularmente na festa kukeri que é a ilustração do seu verdadeiro eu, ele é mesmo aquela criatura de grande porte, cheia de melancolia e com uma cabeça estranha.

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O filme não mostra também que tudo tem um fim?

Todas as relações entre pais e filhos são feitas de rupturas. Quando se abre um novo capítulo para uma criança, isso significa – para os pais – que algo chega ao fim. Vejo isso actualmente com os meus filhos. O meu filho delira com cada centímetro que conquista, e a mim, é a melancolia que me invade. É por isso que há algumas cenas de ruptura no filme.

O Winfried tem um aluno que decide interromper os estudos, morre-lhe o cão, ele e a filha despedem-se várias vezes, sem nunca dizer adeus... O abraço do fim do filme é uma forma de transmitir essa ideia dum adeus. A máscara kukeri transforma Winfried e, durante um momento, Ines tem a sensação de se encontrar diante do seu pai de antigamente, grande e desastrado, o pai que ela conheceu quando era criança. No espaço de um instante, ela pode voltar a ser a menina que foi.

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REVISTA DE IMPRENSA

Um filme comovedor e maravilhoso sobre os laços parentais.

Libération

Uma comédia hilariante duma audácia infinita e uma obra ‘apalhaçada’ desempenhada por dois comediantes formidáveis. Le Monde

Da emoção, do riso, do amor: em 2h42 (não nos aborrecemos um segundo que seja), o filme apresenta-se como uma vida condensada, um comprimido de euforia que leva a reconsiderar o essencial.

Première

Uma evocação dissimulada dos absurdos e banalidades da vida moderna. Absolutamente genial. Time Out

Se TONI ERDMANN soa um pouco estranho, é porque é. É precisamente e excitantemente tão estranho quanto à vida. Telegraph Uma comédia alemã do constrangimento (...) tão comovente como implausivelmente engraçado. The Hollywood Reporter

Surpreendente, incómodo, refrescante e realmente hilariante.

Screendaily

TONI ERDMANN, como um elefante numa loja de porcelanas.

Cineuropa

2016 - Alemanha, Áustria, Roménia - 2h42 Distribuição Alambique / O Som e a Fúria

Referências

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