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INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO, MOBILIDADE ESTUDANTIL E DE DOCENTES NO SERIDÓ POTIGUAR: UM OLHAR PARA O ENSINO MÉDIO 2010 A 2017

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INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO, MOBILIDADE ESTUDANTIL E DE DOCENTES NO SERIDÓ POTIGUAR: UM OLHAR PARA O ENSINO

MÉDIO – 2010 A 2017

Leandro Nazareno Basílio JúniorWilson FuscoRESUMO:

Os investimentos educacionais observados nas primeiras décadas do século XXI ganharam bastante visibilidade no Brasil, principalmente no que se refere ao ensino superior. No entanto, as medidas também trouxeram resultados positivos para o nível médio, como as construções e a interiorização de diversas unidades de Institutos Federais (IF) em todo o Brasil. Tendo isso em vista, busca-se neste trabalho observar quais as mudanças que novas oportunidades educacionais trouxeram para a mobilidade populacional, em especial para estudantes e docentes do nível médio no Seridó Potiguar em tempos recentes. Para isso, como fontes de dados foram utilizados os Censos Escolares do Inep de 2010 e 2017. Os dados foram utilizados de maneira descritiva. Como resultados, pode-se observar que o fluxo de tanto estudantes do ensino médio como de docentes do mesmo nível cresceu na região, bem como as origens e destinos, o que indica que não só o ensino superior tem contribuído para a dinamização dos deslocamentos populacionais, mas também o ensino médio, sendo essa uma indicação adicional que investimentos em educação contribuem para uma dinamização regional.

Palavras-chave: Seridó Potiguar; Mobilidade estudantil; Mobilidade de docentes; Investimentos em educação.

INTRODUÇÃO

As políticas de expansão e interiorização do ensino superior e técnico, implementadas durante as primeiras décadas do século XXI no Brasil, contribuíram para que houvesse uma modificação na maneira como estudantes se deslocavam/deslocam no espaço. No país, entre 2000 e 2010, o contingente populacional que se deslocava por razão de estudo ou trabalho aumentou de 7,4 milhões para 15,4 milhões de pessoas (ARANHA, 2005; DELGADO et al., 2016). Destas, por volta de 4,3 milhões declararam motivo atinente ao estudo (IBGE, 2010).

Essas mudanças nos fluxos populacionais e o crescimento do contingente de deslocamentos estudantis ocorreram sobretudo para o nível superior, tendo-se em vista que o maior crescimento do número de vagas e investimentos foram feitos para este nível. No entanto, apesar de não ter havido uma ampliação no ensino médio tradicional, como houve com o ensino superior, houve a ampliação e interiorização dos Institutos Federais (IF), que além do ensino superior também ofertam o ensino médio integrado com o ensino técnico e

Mestre em Demografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: leandojr7@hotmail.com

Doutor em Demografia pela Unicamp. Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco e investigador colaborador no Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. E-mail: wilson.fusco@fundaj.gov.br

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o ensino técnico subsequente. Tal ampliação seguramente trouxe mudanças e crescimento aos fluxos de estudantes de nível médio, devido às instalações dos IF em localidades estratégicas e pelo interesse da população jovem de diversos municípios pelos cursos ofertados.

Esse quadro juntamente com outras políticas públicas de cunho social e econômico – como o Bolsa Família, a valorização do salário mínimo, bolsas de estudo como as do Programa de Formação de Recursos Humanos da Petrobras (PFRH), entre outras – contribuíram para que pessoas pudessem permanecer na escola, bem como para melhorias do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) (PNUD, 2013), da renda e dos níveis educacionais da região (IBGE, 2000; IBGE, 2010). Com a transição demográfica em curso no período, o número de adolescentes também cresceu, demandando mais serviços educacionais e mais vagas tanto para o ensino médio quanto para o superior (BASÍLIO JR.; FUSCO, 2019). A tabela a seguir fornece dados dobre o crescimento da demanda para o ensino médio no país de acordo com os últimos censos realizados.

TABELA 1 – População estudantil no Brasil por nível educacional (2000 e 2010)

Nível educacional 2000 % 2010 %

Ensino Médio 8.742.645 16,4 10.599.372 17,8

Ensino Superior 3.026.558 5,7 7.119.166 12,0

Fonte: IBGE (Censos Demográficos de 2000 e 2010).

Tendo esses aspectos em vista, este trabalho tem como foco a Região do Seridó Potiguar1, localizada no estado do Rio Grande do Norte, no Nordeste brasileiro. Como

muitos lugares do interior do Nordeste, o Seridó recebeu investimentos educacionais. Entre eles pode-se citar a ampliação de vagas e criação de novos cursos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) localizada na região, além do surgimento de faculdades privadas e da construção de uma universidade estadual. Em relação ao ensino médio, foram construídos três IF na região, um no município de Caicó, um em Currais Novos e um em Parelhas, com este último fornecendo somente cursos de nível médio.

Os investimentos tanto no ensino superior como no médio técnico contribuíram para um crescimento expressivo no número de deslocamentos pendulares entre estudantes na região entre 2000 e 2010 (BASÍLIO JR.; FUSCO, 2019). Basílio Jr. e Fusco (2019)

1 Neste estudo é considerada a Região Seridó a área que abrange as duas microrregiões norte-rio-grandenses Seridó Oriental e Seridó Ocidental, localizadas na parte meridional do estado e composta pelos municípios: Jardim de Piranhas, Serra Negra do Norte, São Fernando, Timbaúba dos Batistas, São João do Sabugi, Ipueira, Caicó, Cruzeta, São José do Seridó, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas, Parelhas, Santana do Seridó, e Equador.

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utilizaram dados dos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes aos anos citados para mostrar como o contingente de deslocamentos pendulares de estudantes cresceu e se diversificou na região.

Como o próximo Censo Demográfico do IBGE (2021) ainda não foi realizado, não é possível saber de que modo os fluxos pendulares de alunos de nível superior ocorreram após o ano de 2010. Todavia, há uma fonte que pode revelar os deslocamentos pendulares entre os estudantes do ensino médio, o Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Dessa forma, este trabalho tem como objetivo o levantamento dos deslocamentos de estudantes de ensino médio entre os anos de 2010 e 2017 no Seridó para o aporte de dados mais recentes para a região.

Como a proporção de deslocamentos diários de alunos de nível superior é muito maior entre os estudantes de modo geral, os fluxos de alunos do ensino médio podem indicar possíveis cenários de crescimento dos deslocamentos para o ensino superior. Levando-se em consideração que uma mudança no cenário educacional também traz mudanças para o do trabalho, neste estudo também são levantados os deslocamentos diários de docentes de ensino médio na região para o mesmo período.

MÉTODOS

Para o levantamento das informações, foram utilizados como fontes de dados os Censos Escolares do Inep dos anos de 2010 e 2017. O recorte espacial é o Seridó Potiguar (composto por 17 municípios). O recorte educacional é o ensino médio presencial2. Para se

alcançar o maior número de pessoas possível que pudessem estar frequentando algum curso de nível médio, foi realizado um recorte etário de 14 a 39 anos. 14 por ser a idade de entrada no ensino médio e 39 por nem todas as pessoas maiores de idade terem tido oportunidade de frequentar o ensino médio ou curso técnico em tempos de juventude.

Em tempos mais recentes pessoas que nunca tiveram oportunidade de estudar anteriormente e que estão no mercado de trabalho podem buscar avanços em suas carreiras através de um curso técnico ou superior. Pessoas que estão desempregadas buscam adquirir novas habilidades em vista um mercado de trabalho que está em constante mudança. Não

2 Os níveis selecionados para 2010 foram: Ensino Médio (1ª Série, 2ª Série, 3ª Série, 4ª Série, Não Seriada), Integrado (1ª Série, 2ª Série, 3ª Série, 4ª Série, Não Seriada), Normal/Magistério (1ª Série, 2ª Série, 3ª Série, 4ª Série), Educação Profissional (Concomitante e Subsequente), EJA (Presencial – Ensino Médio, e EJA – Presencial – Integrada à Ed. Profissional de Nível Médio). Os níveis selecionados para 2017 foram: Ensino Médio (1ª Série, 2ª Série, 3ª Série, 4ª Série, Não Seriada), Curso Técnico Integrado (Ensino Médio Integrado – 1ª Série, 2ª Série, 3ª Série, 4ª Série, Não Seriada), Normal/Magistério (1ª Série, 2ª Série, 3ª Série, 4ª Série), Curso Técnico (Concomitante e Subsequente), Curso FIC integrado na modalidade EJA – Nível Médio, EJA – Ensino Médio, e Curso Técnico Integrado na Modalidade EJA (EJA integrada à Educação Profissional de Nível Médio).

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obstante, há outras que buscam uma transição de vida e acabam entrando no ensino superior ou no técnico. Estas são pessoas que muitas vezes são pais com filhos já crescidos, ou que se divorciaram ou perderam membros familiares (JACOBY, 2015).

Assim, com esse recorte etário os dados dos deslocamentos referentes aos municípios e suas respectivas quantidades podem ser levantados com mais precisão em relação à população estudante. Além disso, há uma seletividade em relação à mobilidade para essas idades. De acordo com Vignoli (2008), jovens adultos se deslocam mais e com mais frequência no espaço.

Dessa forma, na realização dos procedimentos metodológicos, foram aplicados inicialmente os filtros que selecionaram os 17 municípios do Seridó. Após isso, foi selecionada a população referente ao ensino médio (citada na nota 2) para a obtenção das observações relativas aos estudantes de nível médio dos Censos Escolares. Com tais dados à disposição, realizou-se um cruzamento entre as variáveis município de residência e município da escola. Com essas informações, obteve-se os destinos dos estudantes seridoenses, bem como os estudantes dos demais municípios que se dirigiam a instituições de ensino situadas no Seridó.

Os Censos Escolares também fornecem dados referentes aos municípios de trabalho e de residência dos docentes do ensino básico. Para os deslocamentos dos docentes foi seguida a mesma lógica: para o ano de 2010 recodificou-se a variável Município de Residência em uma variável diferente, na qual foram selecionados somente os municípios seridoenses e que se chamou Município de Endereço dos Docentes do Seridó. Assim, foi feito o cruzamento desta com a variável Município da Escola. Com isso, passou-se a ter as informações relativas aos municípios onde os docentes com endereço no Seridó trabalhavam, tendo sido selecionados apenas aqueles que trabalhavam fora do município de residência.

Para se saber quais os docentes se deslocavam para o Seridó, transformou-se a variável Município da Escola em uma variável contendo somente os municípios do Seridó chamada Municípios das Escolas no Seridó. Após isso, foi realizado o cruzamento para a identificação dos municípios que fornecem mais docentes ao Seridó. Para 2017 foi realizado o mesmo processo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela a seguir mostra os primeiros resultados levantados referentes aos deslocamentos pendulares de estudantes do ensino médio nos anos de 2010 e 2017.

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TABELA 2 – Deslocamentos pendulares de estudantes entre 14 e 39 anos, ensino médio no Seridó Potiguar (2010 e 2017)

Local 2010 2017

Entradas % Saídas % Entradas % Saídas %

Caicó (Polo) 408 61,6 31 4,7 501 58,7 14 1,6 Seridó Ocidental 32 4,8 308 46,5 25 2,9 284 33,3 Seridó Oriental 222 33,5 323 48,8 328 38,4 556 65,1

Total 662 100,0 662 100,0 854 100,0 854 100,0

Fonte: Inep – Microdados dos Censos Escolares de 2010 e 2017.

Quando se leva a Tabela 2 em consideração, percebe-se primeiramente que entre os períodos considerados houve um crescimento na mobilidade pendular para o ensino médio na Região Seridó de aproximadamente de 29%. Também pode-se observar que a maior parte dos fluxos da região se dirigiam para Caicó nos dois períodos. Contudo, verifica-se uma pequena perda de participação de Caicó em 2017, que se dá principalmente pela entrada de Parelhas de maneira mais incisiva diante da construção do IFRN em seu território em 2015.

No ano de 2010, depois de Caicó, Currais Novos recebia o maior número de estudantes da região com 25,8% do total, ao passo que Parelhas contabilizava 2,9%. Como já citado, em 2017, Parelhas passa a ter uma participação mais incisiva, passando a receber 13,9% de todos os deslocamentos provindos da região, um crescimento de 379,3% entre os dois períodos, onde a maior parte desse crescimento seguramente deve ter ocorrido entre 2015 e 2017.

Dos estudantes que se deslocavam em 2010, 19,2% saíam de Jardim de Piranhas com 98,4% deles se dirigindo a Caicó, os quais compunham 30,6% dos estudantes de ensino médio diários da região que Caicó recebia no período. Após Jardim de Piranhas, São João do Sabugi fornecia mais estudantes ao município, com 16,9% do total. Assim, as duas origens com maiores fluxos provinham do próprio Seridó Ocidental, enquanto que Cruzeta, que não se encaixa nesse grupo, mas que possui fronteiras com Caicó, fornecia 9,8%. Nesse mesmo período, os estudantes deslocavam-se principalmente de Acari e Jardim do Seridó para Currais Novos, com 32,2% e 21,1% respectivamente dos fluxos para este município. Após esses dois sobressaía-se Parelhas, com 19,3%.

Em 2017, os fluxos de estudantes que mais se evidenciaram foram os de Jardim do Seridó (16,6% do total) em direção a Caicó e a Parelhas. De todos os deslocamentos desse município, Caicó era o destino de 41,5% deles, bem como Parelhas, com os mesmos 41,5%, ficando Currais Novos com 16,9%. Ressalta-se, dessa forma, a maior atração de

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Parelhas em relação a Currais Novos, algo que acaba se tornando lógico devido à proximidade de Jardim do Seridó com Caicó e Parelhas.

Para Currais Novos, ainda em 2017, destaca-se principalmente a quantidade de pessoas proveniente de Acari. Este município configurava-se como o segundo local com mais fluxos de saída de estudantes de nível médio para a Região Seridó (somente atrás de Jardim do Seridó), possuindo 13,3% do total. Destes, 86,8% se dirigiam a Currais Novos, 9,6% a Parelhas e 3,5% a Caicó. Após Jardim de Piranhas e Acari, pode-se sublinhar as saídas de São João do Sabugi (10% do total), Cruzeta (9,3%) e Serra Negra do Norte (8,3%).

Na Figura 1, a seguir, a evolução dos principais deslocamentos de estudantes de nível médio no Seridó Potiguar entre 2010 e 2017 pode ser observada graficamente.

FIGURA 7 – Principais deslocamentos pendulares de estudantes entre 14 e 39 anos, ensino médio no Seridó Potiguar (2010 e 2017)

Fonte: Inep – Microdados dos Censos Escolares de 2010 e 2017.

Como resumo, pode-se afirmar que Caicó se coloca como a principal cidade receptora de estudantes do ensino médio. Também fica claro o crescimento nos valores e na diversidade de origens durante o período analisado. Parelhas e Currais Novos são os outros destinos que se destacavam em 2010 na recepção de estudantes de nível médio. No entanto, diferentemente de Caicó, esses municípios recebiam mais estudantes de poucas cidades. Currais Novos recebia mais população pendular de Acari e Parelhas de Jardim do Seridó.

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TABELA 3 – Deslocamentos de docentes para nível médio no Seridó Potiguar (2010 e 2017)

Local 2010 2017

Entradas % Saídas % Entradas % Saídas %

Caicó (Polo) 49 22,8 66 30,7 103 21,6 148 31,1 Seridó Ocidental 72 33,5 27 12,6 105 22,1 47 9,9 Seridó Oriental 94 43,7 122 56,7 268 56,3 281 59,0

Total 215 100,0 215 100,0 476 100,0 476 100,0

Fonte: Inep – Microdados dos Censos Escolares de 2010 e 2017.

Segundo os dados do Censo Escolar de 2010, do número total de professores do ensino básico que moravam no Seridó, 28,2% eram docentes do ensino de nível médio e, destes, 16,8% trabalhavam em outros municípios do Seridó ou de outras regiões do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Observa-se, também, que 35,7% dos que trabalhavam em outros municípios se deslocavam de modo diário dentro do Seridó em 2010, os quais estão representados na Tabela 3, ao passo que os demais se dirigiam para fora da região.

Em relação a 2017, o censo revela que houve uma variação positiva de 4% quanto aos professores de ensino básico que viviam no Seridó. Todavia, em relação aos do ensino médio a variação foi negativa (-10,4%), os quais passaram a constituir 24,3% dos professores totais do ensino básico. Apesar dessa redução, o número de docentes que passou a se deslocar aumentou. O valor cresceu em 75,1%, constituindo, assim, 32,8% do total de professores do ensino médio (ganho de 16 pontos percentuais). Além disso, como pode se observar na Tabela 3, o contingente de professores que se deslocavam dentro do Seridó aumentou (variação de 121,4%), passando a constituir 45,1% dos deslocamentos totais dos professores do nível médio que moravam na região.

Ademais, os dados dos censos apontam que os deslocamentos dos docentes de nível médio de Caicó são significativos em relação aos demais municípios da região. Não se pode fazer uma comparação individual dos municípios em relação às saídas por meio da Tabela 3, contudo, de acordo com o Censo Escolar de 2010 e como se observa na tabela, as saídas de Caicó correspondiam à maior proporção em termos individuais (30,7% do total). Após Caicó se encontravam São José do Seridó (12,1%) e Cruzeta (9,3%). Os docentes de Caicó se dirigiam principalmente para Jardim de Piranhas (22,7%) e para Serra Negra do Norte (18,2%) e os de São José do Seridó para Cruzeta (38,4%), Caicó (30,8%) e Jardim do Seridó (30,8%).

Uma informação importante a se considerar é que os censos escolares somente fornecem dados a respeito de professores do ensino básico, contudo, dentre os docentes do nível médio também há aqueles que ministram no ensino superior. Esse fato é muito

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recorrente nos IF, os quais possuem cursos nos dois níveis de ensino. Outros professores também podem ministrar em IES privadas. Dessa forma, a expansão do ensino superior também causa efeitos nos deslocamentos para professores do ensino médio. Por meio da Tabela 3, percebe-se que Caicó, um dos maiores formadores de licenciados da região, aumentou os seus fluxos para os demais municípios do Seridó em 124,2%.

Consequentemente, os municípios do Seridó Oriental foram os que ganharam mais docentes em termos de deslocamentos diários. Cabe destacar que 54,4% dos que saíam de Caicó se dirigiam para o Seridó Oriental, principalmente para Cruzeta, Currais Novos e Acari, com, respectivamente, 20,3%, 9,5% e 8,8% do total, ao passo que para o Seridó Ocidental 23% se dirigiam para Jardim de Piranhas e 16,2% para Timbaúba dos Batistas. Apesar de Currais Novos estar entre os municípios de sua microrregião a receber mais docentes de Caicó, esse município fornecia 185,7% de docentes diários a mais para Caicó.

Dos professores que saíam do Seridó Oriental para os demais municípios seridoenses, 28,1% eram provenientes de Currais Novos, e após Caicó o seu principal destino era Acari e Cruzeta em 2017. Acari e Jardim do Seridó eram os municípios que forneciam mais professores do Seridó Oriental após Currais Novos, com 22,4% e 21,7% do total da microrregião, respectivamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi observado nos resultados, pode-se afirmar que em períodos recentes os movimentos pendulares continuam a crescer entre os estudantes no Seridó Potiguar. O crescimento observado para os alunos do ensino médio também podem ser um indicativo de crescimento para o ensino superior, tendo-se em vista que os deslocamentos para este nível crescem de forma mais rápida.

O maior número de deslocamentos diários de docentes também é algo a se considerar, pois pode-se inferir a partir disso que a maior dinâmica e oferta de trabalho em diferentes municípios na área educacional foram influenciadas pelos investimentos. Isso é importante no sentido de atração populacional (professores) e permanência dos profissionais que se formam na região.

REFERÊNCIAS

ARANHA, V. Mobilidade Pendular na Metrópole Paulista. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, SP, v. 19, n. 4, p. 96-109, 2005.

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BASÍLIO JR., L. N.; FUSCO, W. A expansão do ensino técnico e superior no Seridó Potiguar e suas influências na mobilidade pendular entre 2000 e 2010. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE MIGRAÇÕES, 11., 2019, São Paulo, SP. Anais... Belo Horizonte, MG: ABEP, 2019.

DELGADO, P. R. et al. Mobilidade nas Regiões Metropolitanas Brasileiras: processos migratórios e deslocamentos pendulares. In: BALBIM, R.; KRAUSE, C.; LINKE, C. C. (org.). Cidade e movimento: mobilidades e interações no desenvolvimento urbano. Brasília, DF: IPEA, 2016. p. 223-245.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Microdados da amostra do Censo Demográfico de 2010. Rio de Janeiro, RJ, 2010.

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INEP – INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Censo Escolar de 2017. Brasília, DF, 2017.

INEP – INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Censo Escolar de 2010. Brasília, DF, 2010.

JACOBY, B. Enhancing commuter student success: what‘s theory got to do with it? New Directions for Student Services, [S. l.], n. 150, p. 3-12, 2015.

PNUD – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Brasília, DF, 2013. Disponível em: http://atlasbrasil.org.br/2013/. Acesso em: 23 mar. 2019.

VIGNOLI, J. R. Migración interna de la población joven: el caso de América Latina. Revista Latinoamericana de Población, Buenos Aires, v. 2, n. 3, p. 9-26, 2008.

Referências

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